Capitulo 4

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Acordei cedo e animada, depois de vários dias tentando, finalmente havia conseguido uma entrevista de emprego, era em uma livraria e eu realmente não tinha experiência nem ideia de como seria, mas já era alguma coisa e com certeza melhor que nada.

Tomei um banho rápido e abri meu guarda- roupa. Eu não havia pensado tão longe, não havia pensado sobre a entrevista e em como seria a roupa que eu deveria usar. Tia Rose sempre disse que em uma entrevista deve-se ir de modo formal e elegante, e isso realmente me ajudou muito a conseguir a vaga no restaurante de Izac, mas uma livraria era um lugar mais casual, não é como se eu fosse ficar lá de salto e vestido o dia todo, tinha que ser algo confortável e a primeira impressão é a que fica, se eu fosse formal demais, eles poderiam achar que eu não me adaptaria lá, resolvi então vestir um vestido básico e descontraído e um sapato baixo, não tão casual e nem tão formal.

Depois de muitas tentativas falhas eu havia aprendido a fazer um chá descente e esse era meu café da manhã todo dia.

Peguei um copo descartável e coloquei o chá, me olhei no espelho uma última vez e arrumei meu vestido, eu precisava desse emprego, e nada podia dar errado, de todos os lugares que enviei currículo, aquele tinha sido o único que retornou, e eu realmente não poderia perder essa oportunidade.

Sai do prédio agradecendo a Deus mentalmente por não encontrar dona Lucinda, li no papel o endereço da livraria, não era muito longe, dava para ir caminhando e isso seria realmente muito bom.

A última entrevista de emprego que eu havia feito aconteceu há seis anos, eu realmente nem lembrava como era e estava com muito medo de ter alguma prova ou coisa do gênero.

Entrei na livraria apreensiva, era um lugar muito calmo e escuro, as únicas luzes que existiam era de castiçais em algumas paredes ou a dos abajures de estudo empoeirados nas mesas, parecia um lugar da época medieval. Em um canto afastado da livraria se encontrava um café, mas ninguém realmente se sentava lá para tomar alguma coisa, as poucas pessoas que bebiam algo estavam sentadas nas mesas lendo algo.

Era quente lá dentro, talvez pelo café ou por ser fechado demais, o cheiro forte dos livros era reconfortante, até mesmo para mim que não era muito fã de livros.

Parecia um bom lugar para trabalhar, silencioso e sem muito movimento, as pessoas entravam para comprar o livro desejado e já saia ou sentava em alguma mesa e lia em um silêncio confortável. O salário não era ruim, era perto de casa, confortável e não exigia muito esforço físico.

- Senhorita Blanchard? - Uma mulher sorridente se aproximou colocando alguns livros que ela carregava na mesa em minha frente e estendendo a mão para mim.

-Me chame de Eloise. - Dei meu melhor sorriso segurando a mão dela em um cumprimento desengonçado.

- Sou Sandra, prazer em conhecê-la. - A mulher se sentou na cadeira enquanto fazia um coque sem jeito no cabelo cacheado. - Sente-se por favor. - Ela acenou com a cabeça para a cadeira na frente dela.

Ela tinha cabelos ruivos naturais, daqueles raros e maravilhosos, me contive para não a elogiar e parecer desesperada.

Eu estava desesperada!

Sentei-me tentando não a encarar muito, não queria parecer insegura ou ansiosa, embora essas fossem as emoções que eu sentia agora, não era uma boa impressão para se passar em uma entrevista de emprego.

-O currículo da senhorita está bem vago... - Ela comentou o segurando na mão e isso foi o suficiente para meu coração gelar. - Mas seu chefe fez uma carta de recomendação muito boa. - Ela continuou levantando os olhos para mim. - Uma de nossas funcionárias vai sair essa semana, e precisamos preencher a vaga o mais rápido possível.

 Mudança faz parte, reviravoltas a parte.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora