(dias atuais) Capitulo 1

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Observei o homem moreno sentado na mesa perto da minha, ele não tirava os olhos do notebook, nem para dar os pequenos goles em seu café, enquanto digitava com uma velocidade impressionante.

          - Sinceramente, me lembre de nunca mais comprar passagem nessa companhia, nunca vi atrasar o voo por 3 horas. - Minha tia falou ao sentar-se à mesa trazendo consigo duas xícaras de chá e me entregando uma.

          - Essas coisas acontecem tia, talvez esteja chovendo no meio do caminho, sei lá, tanta coisa pode acontecer. - Expliquei mergulhando o sachê na xícara. – E também se eles arriscarem, e alguma coisa acontecer, vai ficar pior pra imagem deles.

         - Então quer dizer que atrasar 3 horas pra decolar não deixa uma imagem ruim pra eles?

        - Talvez deixe, mas é melhor do que arriscar e dar algo errado... - Murmurei baixo tomando o chá.

       Tia Rose tinha acordado de mau humor, isso costumava acontecer com frequência, principalmente quando algo diferente ia acontecer. Ela tinha medo de como seria daqui pra frente, então ficava sem paciência e irritada com tudo. Por isso não insisti em conversar.

          - E também, posso ficar aqui caso o voo atrase muito, eu posso tentar mudar minha passagem pra amanhã cedo e pronto.

        - Nem pense nisso Eloise, se você ficar hoje, você vai querer ficar mais e mais, quando parar pra ver já vai estar aqui há dez anos com o cachorro que pensou em me dar, vendo filmes e se deprimindo.

          - Não é porque eu ia te dar um cachorro que te acho depressiva tia. – Expliquei calma. - Eu só queria dar algo que fizesse com que você se lembrasse de mim quando sentisse minha falta.

          - Você não é um cachorro Eloise. – Ela me olhou séria por um momento. – E eu realmente não teria paciência para dar banho, levar pra passear e limpar cocôs.

         - Tudo bem tia, eu já entendi isso. – Declarei sem ânimo nenhum.

      Suspirei aliviada ao ouvir o anúncio do meu voo pelos altos- falantes. Realmente minha tia não estava em um bom dia, e não seria fácil ficar sentada com ela em uma mesa de café por muito tempo.

       - Parece que é o seu... – Ela comentou baixinho e percebo pelo tom de sua voz que se aquilo demorasse mais um pouco, ela iria chorar.

     Ninguém nunca saía feliz quando minha tia chorava.

        - Sim tia. – Levantei a olhando e peguei minha bolsa. - Eu te ligo quando o avião pousar. – Sorri a abraçando.

          - E quando chegar ao apartamento, quando comer, e na hora que for dormir... – Ela falou com a voz embargada me abraçando com muita força. Muita. Mesmo.

       - Eu sei tia. – Revirei os olhos me livrando do abraço. – Pode deixar. – A beijei na bochecha caminhando para o local de embarque.

         - Não use celular no avião e não deixe ninguém usar, aquilo é um perigo. – Ela alertou pela milésima vez me ajudando a levar as malas.

             - Deixa comigo. – Gargalhei colocando as malas na esteira e virando para encará-la.

        - Se cuida, não converse com pessoas que pareçam muito estranhas e tome cuidado com os assaltos. – Ela me abraçou de novo, com menos força que a última vez.

         - Tudo bem, fica bem tia, e se cuida, por favor. – Falei com ar de responsável a olhando e me virei indo para o avião.

        Nunca fomos muito próximas, a relação mais intensa que tínhamos era quando ela estava triste com seus príncipes-sapos, mas ela era o mais próximo de família que tive nos últimos 8 anos e fez muita coisa por mim.

       Um dos motivos para eu ter aceitado me mudar, era que ela fazia muita questão disso, da mudança, de um curso. Ela realmente queria que eu tivesse uma vida "melhor" que a dela. Claro que uma vida "melhor" para ela era completamente o oposto de uma vida boa para mim.

        Mas era tão bom observar ela fazendo os planos por mim, até como eu iria decorar meu apartamento ela planejou.

      Isso era tão importante para ela, que achei que era o mínimo que eu podia fazer para agradecer por tudo que ela fez. Desde ter aceitado minha guarda, cobrado minhas notas na escola, e me ajudado a arrumar meu primeiro emprego. Por tudo que ela fez.

        Observei pela janela o chão ficando cada vez mais distante, o avião indo cada vez mais alto. E pela primeira vez, a ficha realmente parecia ter caído. Eu estava realmente me mudando, pra outra cidade, sem conhecer ninguém, sem emprego nem faculdade decidida, a única coisa que eu tinha segurança no momento era o apartamento, que não era lá essas coisas, mas segundo minha tia o que mais importa é a localização: "O apartamento a gente decora e arruma aqui e ali, a localização não tem como mudar Eloise." Repeti as palavras dela mentalmente várias vezes. Eu nem tinha idéia de como era o apartamento, eu sabia que a localização não era ruim, que o apartamento era no térreo e que era velho. E não estava nem um pouco ansiosa para conhecer minha nova casa.

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       Eu sabia que era difícil conseguir um táxi em New York, mas pensei que era difícil só em filme, tipo quando o carro passa perto da calçada, espirra água em você e daí aparece do além um homem super gostoso te entregando a blusa dele.

         - EI! – gritei alto fazendo sinal com a mão igual louca.

         - Moça?? – Escutei uma voz rouca e velha, possivelmente por uso excessivo de cigarro. – Por que você não experimenta o serviço de táxi do aeroporto? É bem ali, olha. - Um senhor, de aparentemente quarenta anos com uniforme de guarda apontou com o dedo para a outra entrada de acesso do aeroporto. E suspirei me sentindo idiota ao ver cinco carros de táxis parados ali, praticamente do meu lado.

          - Meu Deus, obrigada. - Dei o melhor sorriso forçado que consigo, corando em seguida.

        - Se ajudar em algo. – Ele sorriu, fazendo uma pausa. - Você não é a única que faz isso. - Ele falou com uma voz animadora. - Já perdi as contas de quantas vezes eu pedi pra mudar o ponto de táxi pra perto da sala de embarque ou pra cá, eles fingem que não escutam. - Ele suspirou parecendo frustrado e pensativo, mas sorriu para mim. – Bem-vinda a New York!

        - Valeu. – Acenei agradecida sem jeito, sorrindo.

      Andei até o ponto de táxi sorrindo, afinal era bom saber que as pessoas daqui eram simpáticas e bastante receptivas. Porque, eu era profissional em não saber cumprimentar pessoas desconhecidas, desde sempre.

      Sorri ao ver o taxista vir em minha direção e pegar as malas que estavam em meu carrinho, agradeci com um aceno de cabeça, o entregando o papel com o endereço da minha futura casa escrito.

       Encostei a cabeça no banco olhando a janela, as ruas que passavam rápido pela janela, e as milhares de pessoas andando apressadas pela calçada, eram uma ótima distração. Era algo completamente diferente da minha antiga cidade, e eu realmente gostaria de saber como essas pessoas estavam conseguindo andar no meio de tantas outras tão apertadas e não ter um ataque de claustrofobia, no mínimo. 

          - Bem agitado, né? – Fui surpreendida pela voz do motorista, e notei que ele estava me encarando pelo retrovisor.

       - Ah...sim, é bem agitado. – Respondi desconfortavelmente voltando a olhar a janela. – Mas dá pra se acostumar com isso.

       - Com certeza dá pra se acostumar. - Ele me lançou um sorriso profissional daqueles que deve dar pra toda pessoa entra no táxi dele. - Parece que chegamos senhorita!  – Ele anunciou parando o carro.

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 Mudança faz parte, reviravoltas a parte.Where stories live. Discover now