Capítulo 1

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Diogo narrando:

Enfim voltamos para a cidade de onde nunca deveríamos ter saido, o lugar que eu nasci. Minha mãe estava eufórica dentro do carro, pois por pura conhecidencia (ou não) íamos morar ao lado da casa da sua melhor amiga. Elas não se viam há anos. 17 pra ser exato.

— Finalmente você vai conhecer sua "quase madrinha". - ela com um sorriso no rosto.

— Hã? como assim “quase madrinha”? - perguntei confuso enquanto ela dirigia.

Ai ela me explicou que Cecília, sua melhor amiga e ela tinha dado a luz aos seus filhos no mesmo dia, e que como eram super amigas uma decidiu ser madrinha do filho da outra. Mas não deu tempo porque minha mãe teve que ir embora quando eu tinha apenas cinco meses de vida.

Eu vivi somente cinco meses aqui nessa cidade, meses que nem me lembro, e nem poderia me lembrar, só era um bebê. Mas sento que aqui é meu lugar, que deveríamos ter ficado aqui, como era uma cidade pequena talvez ela teria parado de se prostituir.

É minha mãe infelizmente era uma prostituta, nunca condenei-a por sua “profissão” só queria ter passado mais tempo com ela, não ter que me mudar de cidade várias vezes por ano prejudicando meus estudos e principalmente não ter sofrido bulliyng por isso. Mas ela vai mudar agora que voltamos pra cá.

Tenho certeza.

Estava em silêncio no carro,
mas notei que minha mãe estava bem anciosa. Paramos em frente a uma casa grande e bonita, provavelmente onde íamos morar, abaixei o vidro para ver melhor, do lado da casa que seria nossa, tinha outra que acho que era da Cecília minha “quase madrinha”.

Minha mãe desceu do carro e foi andando até enfrente a casa de sua amiga e me gritou:

—Diogo! Vem cá meu filho - disse contente.

— Tô indo já mãe!

Quando sai do carro fui caminhando até ela que já estava voltando.

—Acho que a Ceci não está em casa - falou vindo em minha direção.

— Então vamos entrar mãe que o caminhão de mudanças já deve estar chegando.

—Tudo bem vamos - disse com um sorriso.

Abri a porta de trás do carro e peguei sua mochila e a minha enquanto ela me abraçava e falou com aquele sorriso de sempre.

— Nossa meu garotinho é um cavalheiro - dando um beijo na minha bochecha, respondi com um sorriso, que ela dizia ser meu maior charme.

Eu amava minha mãe incondicionalmente, e queria que esse ano fosse o melhor de nossas vidas e aproveitaria o máximo que pudesse, porque ano que vem eu iria para a faculdade.

Samira narrando:

Realmente eu estava anciosa em voltar a morar em Califórnia, (não a dos Estados Unidos, a do Paraná mesmo) onde eu vivi momentos inesquecíveis como o nascimento de Diogo, e onde conheci Cecília minha melhor amiga. Tudo foi incrível engravidamos na mesma época e nossos filhos nasceram no mesmo dia. Obra do destino.

Infelizmente tive que ir embora dali quando Diogo tinha só cinco meses de vida, por isso nem deu para nós sermos madrinhas uma do filho da outra como planejamos.

Eu sei que nunca fui um exemplo de mãe, sei que Diogo sofreu muito por isso, mas eu vou mudar, e já comecei largando minha profissão.

Antes e até mesmo depois dele eu me prostituía, não por hobby, mas por falta de dinheiro e emprego, queria dar uma vida melhor para ele, ter uma casa própria entre outras coisas. Todos me criticam por isso.

Aliás toda sociedade crítica uma mulher que faz isso. Mas eu não tiro a razão deles. Tenho até vergonha disso.

Por minhas burradas e pela minha inexperiência como mãe perdi muita coisa da infância do meu filho, mas vou tentar recuperar tudo pois ele irá para faculdade no ano seguinte, eu tenho muito orgulho dele, que teve uma mãe que não era tão mãe assim, uma mulher super problemática. E nem por isso ele seguiu um mau caminho sempre foi um bom garoto.

É bom voltar, pois sei que terei muito apoio de Cecília, mas tenho medo que alguns segredos do passado venham a tona.

Segredos que pode mudar muitas vidas.

Te quero ao meu lado !Où les histoires vivent. Découvrez maintenant