CAPÍTULO 6

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Acordei cansada, tive uma noite de sono agitada, ainda sinto as mãos de Hafiq pelo meu corpo, que merda! Por que ele tinha que ser irmão de Zie?

Pelo menos estou conseguindo me alimentar melhor, tomo um iogurte e um suco de laranja bem gelado, preparo rapidinho um mingau para Kaled.

Sentado na cadeirinha, Kaled espalha mingau pra tudo que é lado e me sorri daquele jeito inocente que eu tanto admirava em Zie.

- Mama, quer nanana. Hum!!! bom a nanana.

E a banana se amassa toda entre as suas mãos gordinhas, mas que menino mais danado!

Ele é um menino muito doce e travesso, uma boa mistura minha e de Aziz, mulato, cabelos castanhos cacheados, olhos castanhos curiosos e alegres.

Em mais uma manhã de choro e birra, no placar mamãe x Kaled, eu perco humilhantemente, desisto por hoje dessa batalha e deixo Kaled levar escondido a chupeta na mochilinha da creche.

Após deixá-lo na escola, retorno correndo para casa, ainda dá tempo de tomar uma chuveirada e arrumar-me rapidamente.

Até que eu não estou nada mal, visto correndo um vestido fluido amarelo acima dos joelhos, as alças finas e o corte ajustado, deixou-me com uma aparência mais feminina.

Passo um gloss em um tom dourado suave nos lábios e dirijo em meio ao trânsito caótico de Salvador até a Galeria.

Ao entrar na Galeria, repassando mentalmente as atividades que tenho a cumprir hoje, encontro os funcionários agitados e apreensivos.

Brenda, a minha amiga carioca, joga os longos cabelos loiros de lado e puxa-me até a cadeira mais próxima, ajeitando o corpo volumoso na outra cadeira em frente.

Despeja com gestos agitados e falando feito uma matraca o boato do momento sobre a galeria.

- Tônia, você soube que a Galeria foi vendida? Paulo me disse que pouquíssimos funcionários permaneceram no emprego, quase todos serão demitidos. Agora você veja se isso é justo, justo agora que eu estava juntando um dinheiro para colocar o silicone, esse desastre desaba na minha cabeça.

Eu olho para os seios de Brenda e me pergunto de onde ela tirou a ideia em por silicone nos seios, ela já tem os peitos enormes, sinceramente, ela só pode não regular do juízo direito.

E continua a tagarelar como uma surtada, segurando as minhas mãos.

- Veja Toninha como as minhas mãos estão frias, eu vou ter um ataque de pelancas, Ai minha Nossa Senhora dos desempregados, tomara que eu não leve um pé na bunda, como será se eu perder esse emprego, eu não quero voltar pra vida dos programas, tantos homens me penetrando firme e forte, ai não quero nem pensar! Eu não queria voltar pra aquela vida de stripper.

- Deve ser boato, Paulo não me falou nada disso. Que maluquice é essa Brenda? A gente se conhece há tanto tempo, você nunca me disse que fez programas, que foi stripper.

- Brincadeirinha, mas bem que eu queria. Fazer programas só com homens lindos, suados, bem dotados, dançar naquele cano com a calcinha cheia de dinheiro, todos os homens querendo te alisar, te comer e você ainda receber dinheiro por isso, fala sério, isso sim que é emprego. Tá aí, se eu for demitida, vou procurar um emprego mais conveniente pra mim, já está decidido, vou para o ramo do sexo.

Só Brenda mesmo para em um momento desses de tensão falar tanta maluquice. Esta notícia me deixou nervosa pra cacete, tomara que eu não seja demitida, até resolver os problemas da herança de Kaled eu preciso do meu emprego para nos manter.

Não tenho muita noção das finanças de Aziz, pelo que havíamos conversado alguns meses atrás, Aziz fez alguns investimentos financeiros meio arriscado, provavelmente as contas estão no vermelho, tenho que me manter financeiramente com o salário que recebo na Galeria.

OS VÉUS DE ANTÔNIAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora