CAPÍTULO 4

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                                                                           HAFIQ


Ela senta-se da forma mais ereta possível, com as pernas cruzadas, mal vestida e sexy pra cacete com uma camisolinha velha, tentando manter a indiferença e o último fio de dignidade que ainda lhe resta.

Antônia me aponta outro sofá para eu sentar-me e eu suspiro longamente, tentando dissipar a tensão que emana de nós dois.

Eu tento me sentar da forma mais relaxada possível.

Sou um homem que não tenho problemas de autoestima, sei do efeito que eu causo nas mulheres, a maioria joga-se em cima de mim como urubus na carniça, é incrível, a combinação de beleza, um pouco de educação e bastante dinheiro torna-o irresistível.

Irresistível e... Profundamente solitário.

As relações amorosas que eu vivi, se algumas fodas agradáveis podem ser definidas como relacionamento, foram sempre mantidas da mesma forma, tudo rápido e fácil, algumas menos breves e outras, para ser sincero comigo mesmo, eu nem me lembro do nome.

Era tudo bem simples: Querer, possuir, descartar e seguir em frente.

Durante anos me alimentei e me deixei levar por esse jogo viciado de sexo descomplicado e controle total das minhas emoções.

Eu posso dizer que me sinto bem dentro de minha própria pele, sou totalmente consciente do meu poder e não penso duas vezes em exercê-lo sobre tudo e todos sempre que é necessário.

Porém, apesar de toda a minha autoconfiança, me pego nesse exato momento, sentado em uma casa classe média e irritantemente acolhedora, retorcendo-me no sofá de forma incômoda.

Esfregando a mão no queixo, as pernas cruzadas, o calcanhar repousando no joelho, batendo o pé pra descarregar o estresse.

Agora coloco as mãos na coxa, os dedos tamborilando nervosamente e não consigo detectar, o que faz eu me sentir assim tão desconfortável.

E aí eu desço os olhos pela camisola branca e velha de Antônia, o decote mal cobrindo os seios e encontro a resposta.

Eu percebo, é ela, em sua beleza natural e enervante, é toda ela que me desconcerta.

- Prefiro conversar com você quando estiver vestida de modo adequado.

Modo adequado? Mas por que cargas d'água eu falei uma idiotice dessas?

Ela respira forte e afasta uma mecha de cabelo que cai em seu rosto, parece irritada.

- Eu estava dormindo, descansando na minha casa.

Ela enfatizou bem o "minha casa", Tão grosseira essa mulher, vou ter um enorme prazer em ensinar-lhe os bons modos, ela abre os braços apontando a casa e completa.

- Você que chegou sem eu esperar.

Essa frase dispara em mim pensamentos tão obscenos que chego a me irritar.

Eu cheguei sem ela esperar?

Imagino-me logo em seguida suspendendo essa camisolinha patética e comendo ela bem fundo sem dar tempo de nós dois pensarmos, isso sim é algo que eu queria fazer sem ela esperar.

Que porra é essa! Eu preciso me acalmar, não tenho todo tempo do mundo pra resolver isso.

Mais o inferno dessa a camisola é curta pra cacete e pra terminar de ferrar com tudo, antes dela sentar-se, eu vi a sombra da tanga que ela tá usando, eu não estou falando de qualquer calçola, é uma porra de uma tanguinha branca minúscula, toda enterrada nessa bunda empinada e redondinha.

OS VÉUS DE ANTÔNIAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora