CAPÍTULO 1

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************* Queridos leitores, para que a experiência da leitura seja mais prazerosa, sugiro ouvirem a música acima, chama-se SETE VÉUS e foi a canção que me inspirou a escrever a linda história de amor entre Antônia e Hafiq, é só clicar no ícone, beijos mil Misha Anderson.


                                                                               ANTÔNIA


Já ajeitei o vestido e arrumei os cabelos três vezes.

Eu tenho que encarar o fato de que mexê-los de um lado para o outro não vai deixá-los com uma aparência melhor do que esse emaranhado de cachos indomados.

Roer as unhas também não é nada legal.

Essas manias são aceitáveis e muito bonitinhas quando você é uma garotinha e eu definitivamente já passei da fase do baile de debutante e do nervosismo da primeira dança.

Isso tudo é ridículo para uma mulher de 26 anos, independente, madura e senhora de seu destino.

Eu estou fazendo essas afirmações idiotas pra quem mesmo?

Antônia, a quem você está querendo enganar?

Já o vi algumas vezes, vagando absorto em seus pensamentos, enquanto toma café na Cafeteria da Galeria de artes onde eu trabalho e o impacto da visão deste homem nunca muda.

É sempre a mesma sensação de boca seca, pernas fracas e mãos trêmulas.

Tão diferente da postura que ele emana. Ele transpira autocontrole, confiança e domínio.

A maneira como ele observa tudo ao seu redor, com os queixos levantados levemente, uma das mãos repousadas no colo enquanto bebe o seu chá, recostado na cadeira de forma relaxada, incomoda-me demais.

Incomoda-me por que é totalmente oposto a minha falta de controle.

Eu sou uma mulher com muitas qualidades, sou alegre, sincera, vibrante, mas detesto as algemas do bom gosto e dos bons modos.

Detesto por que é algo que eu não consigo possuir, eu não tenho esse domínio frio dos meus pensamentos mais íntimos, do que sinto, como desejo e o quanto quero.

Com certeza, esse é o meu maior defeito, eu sou uma negação em disfarces. O meu rosto e o meu corpo são livros abertos, qualquer pessoa é capaz de me ler, eu falo com os olhos, antes da minha boca emitir qualquer som.

E pra mim isso é péssimo por que eu sempre fico em desvantagem.

Ainda mais quando eu me deparo com um homem como esse, um enigma. Se eu sou um livro aberto, ele é um papiro escrito em sânscrito, inteligível e indecifrável.

Ontem, ele sentou-se em uma banqueta na cafeteria e mesmo escrevendo em um guardanapo algo que parecia importante, desnudava-me com os olhos, e por mais que eu tentasse decifrar, não tive a menor ideia do que se passava na cabeça desse moreno lindo quando ele me olhava.

Observei-o de longe, ele levantou-se e caminhou em minha direção, foi inevitável, prendi a respiração ao senti-lo cada vez mais perto, mas estranhamente ele não veio até a mim.

Deixou "esquecido" um papel em cima da mesa, cumprimentou-me em um meneio com a cabeça e foi embora.

Esperei alguns minutos para certificar-me que ele não voltaria e movi as minhas pernas lerdas o mais rápido que pude, para ver o que estava escrito naquele pedaço de guardanapo.

OS VÉUS DE ANTÔNIAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora