Capítulo IV

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"Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te."

Friedrich Nietzsche.

A equipe tinha duas semanas de folga para as festividades de Natal e ano novo e a família aproveitou para passar com os parentes. Pousam no aeroporto Salgado Filho com as crianças empolgadas por andarem de avião e, na saída, encontraram o Jorge e a esposa, ele com uma menina no colo. Os amigos abraçaram-se.

– Ei, que saudades! Desde que vocês foram para o pós-doutorado, na Inglaterra, não nos vemos a não ser por e-mail. Então, decidiram começar uma prole? – perguntou Gabriela, sorrindo. – Que linda! Quantos meses?

– É mesmo, faz um tempão. Esta é a pequena Solange, um ano e meio. Tem mais um encomendado.

– Legal, pra quando é?

– Em cinco meses. – Andreia mostrou a bariga ainda pequena.

– Parabéns – afirmou Miguel, jovial. – Estão indo ou voltando?

– Vamos para Miami, passar duas semanas de férias.

– Oba, isso é muito bacana.

– É mesmo, e como vai São Paulo?

– Solitário – respondeu Gabi, dando um suspiro. – Com Miguel de segundas às sextas no Rio, eu sinto muita solidão. Mas o projeto está terminando, graças a Deus, e Miguel ganhou duas semanas de folga. Viemos ver a família.

– É bom voltar à nossa cidade – comentou Miguel. – Estamos com muitas saudades daqui e dos amigos, gente.

– Vocês verão que nada mudou. – Jorge deu uma risada. – Tomem algumas por nós, junto com a turma. O pessoal tá se encontrando no Beer Street, ao lado do Kripton. Temos de ir que é o nosso voo.

– Claro, boa viagem. – Quando Jorge abraçou e beijou Gabriela, disse-lhe:

– Gabi, obrigado pelo que me disseste no teu casamento. Nunca fui tão feliz.

– Ora, para isso é que existem os amigos, Jorge, não é? Boa viajem.

― ☼ ―

Ficaram na casa dos pais da Gabriela, que fizeram um jantar para toda a família. A reunião do primeiro dia foi, como sempre, para matar saudades e contar as novidades, tudo muito descontraído. Os garotos não largavam os quatro avós de quem sentiam muitas saudades. No dia seguinte, foram passear pela cidade, levando os filhos para o Parque Farroupilha e, à noite, as crianças ficaram com os avós maternos enquanto o casal saiu com os amigos. No Natal, passaram todos na casa dos pais da Gabi que promoveram uma bela festa em especial para as crianças que ganharam presentes aos montes. As duas semanas passaram rápido, mas tiveram um gostinho de férias e Miguel sentia-se descansado, além de feliz. Quando retornam a São Paulo ainda sobraram dois dias, que a família aproveitou para passar junta, passeando muito. No parque Ibirapuera e com as crianças, Gabriela perguntou:

– Amor, o mundial de Wushu não é em São Paulo? – olhou para o Miguel. – Lembro de ter lido qualquer coisa no jornal.

– Sim, em pouco mais de um mês, meados para fins de Fevereiro. Fui chamado para participar e acho que vou entrar no campeonato. Sabes, é engraçado como o Brasil tem sido sorteado duas vezes em um espaço de poucos anos depois de muitos anos sem nunca ter essa sorte!

– É mesmo. Eu vou querer assistir, amor.

– Claro, meu anjo, tudo o que tu quiseres.

– Miguel, como foi que entraste para o Wushu? – perguntou, curiosa. – Nunca me contaste!

O EscritorWhere stories live. Discover now