Capítulo 13

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AURORA DELANEY

Nunca fui uma pessoa muito sensitiva. Geralmente não percebo um desastre até que ele esteja, de fato, acontecendo. Mas, por algum motivo desconhecido, quando Liya e eu atravessamos a porta do banheiro feminino pude sentir.

A ansiedade em minhas veias. O famoso tornado antes da tempestade. Quando o vento começa a ficar furioso, levando tudo e todos que estiverem diante de si.

Engoli em seco, nervosa de súbito, e ignorei ao máximo toda aquela tensão palpável no ar.

O baile continuava, as pessoas bebericando de suas taças enquanto sorriam umas para as outras.

Até que, de repente, enquanto Liya e eu íamos abrindo caminho entre os convidados até o bar, todo o salão foi engolido por um breu imenso.

Em segundos, todas as luzes, ao mesmo tempo, se apagaram.

Entreabri os lábios, meu coração acelerando cada vez mais e mais.

— O que está acontecendo? — Sussurei para quem provavelmente devia ser Liya.

Pude ouvir alguns burburinhos ao meu redor, em todo o salão. Algumas vozes femininas se sobrepunham às outras, tornando tudo meio confuso.

— Droga. — Ouvi Liya resmungar de algum canto.

Muita gente se movia ao mesmo tempo, dificultando nosso encontro.

— O que houve? — Comecei a andar pelo escuro, tentando encontrar Liya o mais rápido possível. — O que está acontecendo Liya? Cadê você? Por que apagaram as luzes?

— Fique parada. — Liya murmurou um pouco mais próxima de mim, sua voz agora mais nítida e clara. — Vou ao seu encontro. Apenas não se mexa.

— Me diga o que está acontecendo! — Cochichei de volta, mas agora parada.

Paralisada de medo, de confusão, de humilhação.

Maldita hora em que meu celular descarrega.

Alguma garota faz um som com o intuito de, provavelmente, calar nossa boca. Reviro os olhos.

Droga, é mesmo. Está escuro. Ela não pode me ver.

— Não estou te achando! — Liya resmungou em tom baixo, mas agora sua voz está meio longe.

— Deixe que eu vá até você. — Sugeri e ela cochichou alguma palavra em concordância.

Então, cuidadosamente, comecei a me esgueirar entre as pessoas, tomando o máximo de cuidado possível para não pisar no pé de alguém.

— Diga alguma coisa. Assim fica mais fácil enxergar você nesse escuro. — Murmurei meio perdida em toda aquela escuridão e barulho das pessoas.

Avancei mais dois passos, dessa vez mais confiante, mas acabei batendo em um peitoral tão rígido que se não fosse a respiração batendo perto da minha orelha eu não pensaria ser um ser humano.

— Droga, me desculpe. — Disse, imediatamente me afastando da pessoa que eu sequer podia ver.

Esperei pelo menos dois segundos, pensando que o cara fosse me xingar ou dizer que não tinha problema.

Mas sua reação foi claramente oposta.

Àquela altura muitas pessoas, principalmente garotas, estavam murmurando palavras que sinceramente eu não estava nem aí, mas isso acabava dificultando escutar qualquer outra coisa.

Mas a risada traiçoeira que ressoou tão perto de mim foi um som inconfundível.

E me deixou paralisada imediatamente.

Deusa das Sombras Where stories live. Discover now