CAPÍTULO 3: Posso te ajudar?

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Português:

Lembro de quando entrei na faculdade logo após completar 18 anos. Foram longos quatro anos estudando Fotografia. Sempre fui uma pessoa muito sociável. Meus colegas sempre diziam que eu tinha o dom de "atrair as pessoas, mesmo sem fazer nada". Apesar de ter uma vida social estável - mesmo incrivelmente sendo uma pessoa introvertida, eu nunca me apaixonei. Lembro da exata expressão no rosto dos meus amigos, enquanto jantávamos em um restaurante, após eu dizer que nunca havia namorado em toda a minha vida. Sinceramente, nunca entendi o porquê as pessoas pensarem ser absurdo o fato de um jovem-adulto nunca ter se relacionado romanticamente com alguém, mesmo que seja apenas um beijo. Acredito firmemente que cada pessoa tem o seu tempo na vida, pra literalmente qualquer experiência. Penso que, ser forçado a fazer algo que não tenho preparo apenas para não ser mal visto pelas pessoas é um pensamento ignorante. Hilariantemente, sempre escutei várias pessoas dizerem que seu primeiro beijo ou primeiro namoro foram horríveis e que não gostariam de lembrar. Posso não ter total certeza mas sei que estas pessoas em sua maioria se sentiram pressionadas pelos outros e não estavam realmente prontas para estes momentos. Por isso sempre fui muito decidido: só iria passar por estas experiências quando encontrasse alguém que realmente amasse. Perdão para quem pensa de outra forma, mas este sou eu!

Retornando...

Nunca tinha sentido meu coração bater tão rápido na vida. A primeiro momento, imaginei ser o susto repentino que tomei ao trombar com este jovem, já que sempre fui uma pessoa muito fácil de assustar - não são boas lembranças. Lembro-me quando criança, em uma calada noite, quando dormi na casa dos meus tios. Meu primo teve a terrível ideia de se vestir com uma máscara de terror e dar-me um susto enquanto tomava um copo d'agua. Pude sentir seu desespero quando me viu caído no chão afogado com a água enquanto meus tios tentavam me ajudar. Por pouco não visitei o hospital.

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Foram alguns segundos com meu rosto colado ao dele e pude notar todas as suas características. Olhos finos, pele lisa e clara, boca levemente rosada, quase como um batom natural. Um simples brinco na orelha direita e além de tudo... cabelo rosa, mas bem claro! Sempre achei intimidador pessoas com cabelo colorido, pois em minha cabeça, eram pessoas livres que não se importavam com a opinião alheia. Quando ele retirou levemente suas mãos de meu ombro e cintura, me disse com uma voz super misteriosa:

- Posso te ajudar?

Sinceramente, tinha certeza que estava vivendo uma cena de dorama. Por um segundo, me questionei se não estava em um set de gravação e não me lembrava. Foi apenas o tempo dele dizer estas poucas palavras que um terceiro, a alguns passos além de nós, chama por seu nome:

- Hyuk!

Era um outro garoto, também como uma aparência muito desejável. Novamente, este cara de cabelo rosa diz a ele:

- E aí, Hyeongseop hyung! Já estava a caminho!

Bom, ao menos ele teve a pequena consideração de reverenciar levemente a cabeça para mim e pedir licença. Quando vi estes dois saírem juntos, continuei admirando seus traços mesmo de longe. Qualquer um que estivesse passando por ali acharia hilário ver um homem de 1,74 de altura parado encarando algo, sem ao menos piscar, com a boca levemente aberta, processando o que acabara de acontecer. Só retornei aos meus sentidos quando duas mulheres sutilmente me pediram licença para entrar na cafeteria, pois eu estava barrando a entrada. Tentei relevar tudo e fui até uma loja de conveniência, quase que ao lado da onde eu estava. Já estava determinado de que não sairía mais de casa neste dia, mesmo sendo o meu primeiro. Acho que foram experiências demais para apenas algumas horas de chegada. Rapidamente cheguei em casa e preparei o meu amado rámen sabor camarão. Eu sei que viver a base de comida instantânea não é algo bom, mas eu estava com vergonha de utilizar os utensílios de Taerae, meu colega de quarto, pois ainda não éramos íntimos -  e ele também não estava em casa.

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Passava das 8 da noite quando abri meus olhos com a visão levemente embaçada. Conseguia ver imagens em movimento na televisão, mas sem poder identificar o que eram. Eu estava jogado no sofá com uma fina coberta estendida sobre mim. Estava um cheiro maravilhoso no ar, mas não conseguia descobrir o que era. Quando me levanto e sento no sofá, vejo este colega de quarto, fazendo a refeição para o jantar. Em um momento, ele olha para trás e vê que o estou observando. Deu-me um suave sorriso seguido de uma pequena risada e diz:

- Ei hyung, já estou terminando o jantar. Fique a vontade e sente-se na mesa!

Com um pouco de receio fiz o que ele me pediu. Pouco depois, chegou com o prato que havia preparado. Era tteokbokki. Já tinha experimentando esta comida enquanto estava no Vietnã e lembro de quão delicioso era. Com entusiasmo, peguei os hashis e comecei a me saborear. Tinha perdido completamente a vergonha que tivera a menos de 5 minutos. Taerae me observava comer como se estivesse satisfeito e feliz por eu ter gostado da refeição. Pegou a jarra de água que estava sobre a mesa, despejou sobre os dois copos e estendeu o braço para que eu pegasse um deles. Então tentou puxar assunto:

- Bom, creio que esteja surpreso com a situação. Peço desculpas por ter quebrado sua expectativa.

Me senti mal em ouví-lo dizer isso. Imediatamente neguei suas desculpas e disse que não havia problema algum. Disse também que poderíamos ser bons parceiros de apartamento se cooperássemos juntos. Foi o suficiente para conversarmos por três horas diretas. Beirando as 11 da noite, olhei o horário pelo meu celular e lembrei - a essência do porquê eu estar neste país - meu trabalho. Lembrei que teria de acordar 6 da manhã e ainda não havia preparado minhas roupas e documentos. Taerae notou meu leve desespero e disse que eu poderia ir aos meus afazeres enquanto lavava as louças. Pedi licença e fui me organizar. Não tirei nada das bagagens de viagem além do que usaria no trabalho: um terno, minha câmera e minha pasta de documentos. Já era um pouco mais de meia-noite quando apaguei as luzes e fui dormir. Por mais que eu tivesse dormido por mais de seis horas diretas durante a tarde, não foram o suficiente para repôr as energias da viagem. Deitei-me e rapidamente pensei como havia sido um dia intenso. Desejava que o amanhã - ou hoje, por já ter passado da meia-noite - fosse incrível e que tudo daria certo.

Rapidamente, parei para pensar no misterioso homem de cabelo rosa que havia encontrado mais cedo. Me questionei se nunca mais o veria na minha vida novamente, igual a um conhecido menino ao qual encontrei naquela praia há 17 anos atrás, na qual nunca soube seu nome, apenas o sorriso que me dera ao se despedir de mim, com a luz do entardecer refletido em seu rosto.

Boa noite!

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"Obrigado Taerae, estava uma delícia :')"

25/02/2020

When The Sun Goes Down I'll Be There! [BonBin Fic] Where stories live. Discover now