Capítulo XXIII

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   Um abraço.

 Era só isso que ela precisava no momento. De um colo e carinho também. 
Assim que a loira abriu a porta da mansão onde vivia com Klaus, Bonnie se lançou nos braços dela e chorou copiosamente em seu ombro. 
Caroline, muito assustada, com a atitude da amiga, buscou de imediato saber o que estava acontecendo, mas tudo que Bonnie conseguiu expressar naquele momento foram fortes e convulsivos soluços. 

Preocupada, Caroline conduziu-a até o sofá principal. Bonnie sentou-se primeiro e Caroline se acomodou ao seu lado.

- Aqui, toma isso.- ofereceu um copo com água trazido pela funcionária. Bonnie segurou-o com as mãos trêmulas, levou-o aos lábios e  bebericou o líquido açucarado. Sentindo-se melhor, ela repousou o copo sobre a  mesinha mais próxima e em seguida se obrigou a dizer: 
- O Damon… ele tem outra. Ele simplesmente mentiu para mim esse tempo todo, sempre teve outra no lugar da Elena, uma substituta que ele considerava a altura, e não era eu essa pessoa. Nunca foi eu quem ele queria, ou quem ele amou, Care. E isso dói tanto- os olhos começaram a lacrimejar novamente. 
-O que mais machuca é perceber que parecia óbvio para todo mundo, menos para mim. ‐ ela não conseguia evitar que uma  dor repentina a consumisse todas as vezes, em que lembrava de como Damon brincou com seus sentimentos. 

- Bon, eu sinto muito… sinto mesmo. Era para eu ter ido com você... queria ter dito poucas e boas na cara daquele babaca. Não fica  assim, amiga.- sempre carinhosa, Caroline se arrastou  para ficar mais perto de Bonnie. Então segurou a mão a baixinha e acariciou-a. 

- Não se sinta culpada, traição não é sobre quem é traído. É sempre  sobre quem trai. Foi o Damon a pior pessoa dessa história, foi ele que teve a oportunidade de ter como esposa, a mulher mais linda, gentil e inteligente do mundo e deixou escapar.

‐ Eu tentei tanto. Queria  construir uma vida com ele, ter nossa casa, filhos, um cachorro… eu o amava, eu sempre o amei, e o que ele me deu em troca? - ela fungou. O coração batia tão forte e apertado que Bonnie pensou que ele ia parar a qualquer momento.  Acreditava que estava pronta para seguir em frente, mas foi só voltar para aquela bendita cidade, onde a história deles começou, que tudo voltou com  a força de uma avalanche. Não doía porque ela era a alma gêmea de Damon, doía porque ela esperava dele lealdade e sinceridade, e recebeu engano e traição. Damon poderia ter dito toda verdade, mas se acovardou, preferiu vê-la ser humilhada daquela forma, a ser verdadeiro com ela.

‐ Você vai ficar bem, amiga. Vai doer, mas depois vai sarar, sempre sara. E para ser sincera, foi bom descobrir agora, assim você poupa o dinheiro que gastaria numa festa de casamento. Você merece o melhor, Bon. Merece alguém que a ame acima de tudo e todos as coisas. 

-Como o Klaus ama você. -um sorriso fraco brincou nos lábios de Bonnie. 

-Tanto quanto.-assentiu a loira. 

Bonnie sabia que merecia algo melhor. Alguém melhor. E talvez tivesse tido esse alguém na palma das mãos e deixou-o escapar. Lorenzo fora desde o ensino médio o homem que mais lhe amou -romanticamente- nessa vida, mas ela  estava cega demais para ver, que era ele quem sempre esteve lá. Quem gostava de  tê-la por perto, quem sempre a protegeu e acolheu-a. Damon nunca foi real, fora esse  tempo todo apenas uma holografia que ela criou e projetou. Ele nunca existirá  para além da sua imaginação. Enzo não, ele era real, e ela deixou ir por duas vezes. Bonnie chorou. Dessa vez não de decepção. Sentia um misto de raiva, mágoa e ódio de si mesma por ter sido tola. 

-Eu o perdi…

- Não sua tola. Damon foi quem te perdeu.

- Não falo do Damon. Falo do Enzo, eu o pedi. O perdi para aquela loira desaforada, mas acima de tudo, o pedi porque fui uma tola, ridícula. Eu deixei o melhor homem que conheci, ir… -o olhar vago de desilusão.

Imprensa  (Bonenzo)Where stories live. Discover now