4- Oliver

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               Continuei andando mesmo ouvindo Lúcia me xingando, entrei dentro de casa achando que meu pai já estava dormindo. Abri a porta da cozinha devagar, e ao me virar ele estava atrás de mim.
                    - Porque você está entrando molhado na minha cozinha? - disse ele com os braços cruzados, e nervoso.
                   - Eu estava na piscina, e eu vi o senhor olhando pela janela do seu quarto. - respondi, e ele me deu um tapa na cara.
                    - PORRA OLIVER! A filha do meu sócio é nosso vizinho. - disse ele aumentando a voz. - Fique com quem quiser, menos ela.
                     Ele pegou o copo de uísque e quando ele saiu, eu gritei:
                      - Eu sou adulto, e eu posso ficar com quem quiser.
                      Ele começou a rir da minha cara e se aproximou:
                     - Você acha mesmo que ela ia gostar de alguém como você? - ele me perguntou, rindo. - Com problemas, cheios de defeitos e que nunca faria ela feliz?
                     Minha vontade era de responder e gritar com ele, porém não estava afim de apanhar de novo. Apenas concordei com oque ele disse, e sai o deixando sozinho na cozinha.
                    Ao subir as escadas para meu quarto, Júlia estava descendo as escadas.
                     - Não escuta oque ele diz, e mentira é você sabe. - ela me disse, com aquela voz doce.
                    - Eu acho que é verdade, por isso as pessoas que eu amo se afastam ou vão embora. - segurando pra não chorar, terminei de dizer. - Porque eles me veem como eu sou, meus defeitos e meus problemas, e principalmente o caos que eu sou.
                     E quando ela abriu a boca pra falar alguma coisa, eu não deixei. Apenas me virei e continue subindo as escadas, e fui direto para meu quarto. Me joguei na cama, como sempre fazia ao brigar com meu pai.
                     Não liguei nenhuma luz, só fiquei ali no escuro. E uma luz veio da janela, fui fechar a janela e era o quarto de Lúcia que estava iluminando o meu. Vi ela entrando de cabeça baixa e triste, então fechei as cortinas antes que ela me visse. E sentei no chão e me encostei minha cabeça na cama, e fiquei ali refletindo.
                     Quando ia ao psicólogo, ele me pedia para escrever em um caderno oque eu sentia. E sempre resolvia, então dentro de uma caixa de baixo da cama eu escondia ele. E fui em uma folha limpa e comecei a escrever.

" Querido Diário,

              Essa é uma das milhões de vezes que venho escrever sobre isso, depois de discutir com meu pai. Faz muito tempo que não escrevo nada, porém nada mudou.
              As vezes acho que meu pai tem toda razão, ninguém vai gostar do caos que eu sou. E quando ela ver meus defeitos e problemas, ela vai embora como todo mundo sempre faz. Como a Marry fez.
               E graças ao caos e confusão que eu sou, a garota que eu apaixonado a 3 anos vai acabar se machucando. E eu nunca quis a machucá-la, e sim a fazer feliz. Porém eu Oliver Blake nunca vou poder fazer Lúcia Ramirez feliz..."
  
                   E antes que eu pudesse terminar de escrever, Olívia chega de fininho no meu quarto. Ela se sentou no chão ao meu lado, e fechou o caderno e me abraçou forte.
                  Ela passou a mão onde o nosso pai me deu um tapa, e disse:
                  - Ele te bateu de novo? - com os olhos de lágrimas. - Oliver isso está passando dos limites, duas vezes em 1 noite, sempre te bate por nada.
                  Eu abri um sorriso e respondi:
                 - Melhor ele bater em mim, do que em você Olívia. Eu sei que o papai nunca vai mudar, ele sempre foi um alcoólatra.
                   Olívia sempre chorava quando o papai me batia, e mesmo tendo vontade de chorar também. Eu apenas respirava fundo, e fingia que tava tudo bem.
                  - Eu deveria ter apanhado por causa da briga, não você. - disse ela, com voz de choro.
                  - Enquanto eu tiver vivo, o papai nunca vai encostar um dedo em você. - respondi, limpando suas lágrimas.
                   Uma vez minha mãe me disse pra nunca levantar um dedo pra uma mulher, e sempre me ensinou a proteger as minhas irmãs. Se caso alguém as machucasse, e eu cumpri a minha promessa que fiz com ela.
                  "Nunca deixar o papai encostar um dedo nas minhas irmãs...". E eu estava cumprindo a promessa, mesmo que fosse pra eu apanhar no lugar delas.
                    Ela beijou a minha bochecha, e me deixou sozinho. Eu resolvi ir dormi pra esfriar a cabeça, as horas se passaram e acordei com o sol batendo em meu rosto. Resolvi me levantar para fechá-la e voltar a dormi, porém tinha um carro diferente estacionado em frente de casa.
                      Apenas vesti uma camisa e resolvi descer, e ao descer as escadas eu escutei uma voz familiar. E corri para abraçar a Alanna, minha irmã mais velha.
                        - O'Conner quanto tempo? - disse ela me abraçando bem forte. - Como você cresceu.
                        - Na verdade foi você que encolheu, oque você está fazendo aqui? - perguntei a ela.
                        Ela pegou na minha mão e me guiou até a cozinha, e em cima da ilha tinha três caixas, uma de cada cor e com nomes em cada uma dela. A minha era verde, da Olívia champanhe e a do meu pai branca.

Minha felicidade tem olhos castanhosWhere stories live. Discover now