2- Oliver

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            Me levantei da cama, e peguei minha calça e vesti. Abri as cortinas, e vi Lúcia sentada atrás da porta do seu quarto chorando.
- Baby, volta pra cama. - disse Anne, batendo no lado vazio da cama.
- Vista suas roupas, e vá pra sua casa. - respondi curto e grosso. - Aliás não vou te levar pra casa.
Ela se levantou, vestiu suas roupas e saiu. Assim que ela fechou a porta, levantei pra vesti minha calça, quando estava passando ela pela perna a porta se abriu novamente.
- Já disse que não quero minha casa virando um puteiro? - disse meu pai com os braços cruzados, encostado na porta. - Você trás uma garota por dia.
- O senhor disse, nunca se apaixone por ninguém. Durma com milhões de garotas, porém não se apaixonei. Respondi olhando nos seus olhos.
- Eu só disse isso, porque sabia o quão inútil você é. Oliver meu filho, você não entende que não é suficiente pra fazer alguém ficar.
As suas palavras doíam como facadas, e todas as vezes que eu fingia que não doíam. Quando na verdade, eu morria um pouco a cada palavra.
- Sua mãe, a sua irmã e a Catherine. Você não foi bom o suficiente, pra fazer nenhuma delas ficar. - disse ele com um sorriso no rosto.
- Não fala da mamãe, e principalmente da minha irmã. Você não as amou o suficiente, para de colocar a culpa em mim. - Respondi com meu sangue fervendo.
Ele se aproximou e deu um tapa na minha cara, e riu de mim.
- Me respeita garoto, eu sou seu pai. - disse ele rindo de mim. - Pelo menos eu sou um homem bem sucedido, e sou muito bom pra Júlia, já você é um fracassado e que nunca vai ser bom pra nenhuma garota.
Enquanto ele dizia, e percebia que aquilo era verdade. Eu não era bom o suficiente pra fazer ninguém ficar, minha mãe está internada em um hospital para pessoas com Alzheimer, minha irmã mais velha se mudou com o namorado pra Londres, e Catherine foi a primeira garota que amei e ela foi embora, sumiu do mapa.
- Durma com quantas quiser, porém se mais alguém ver milhões de garotas entrando pela porta, todo dia. - disse ele afastando de mim. - Você e eu vamos ter uma conversar, aliás amanhã quero você na empresa.
Ele bateu a porta, e eu peguei um dos travesseiros da minha cama e comecei a gritar nela. E uma mão encostava no meu ombro, e quando tirei o travesseiro era Olívia.
- Eu escutei tudo atrás da porta, e você sabe que tudo que ele disse e mentira. - disse Olívia sorrindo. - Eu ainda estou aqui, e você me faz ficar todos os dias.
Ela me abraçou com toda a força do mundo, e mesmo nas pontas do pé. Ela fazia carinho no meu cabelo, e eu respondi:
- Na verdade, tudo que ele me fala todo santo dia e verdade. Talvez eu não seja bom o suficiente, pra fazer alguém ficar.
Olívia pegou meu rosto, com suas mãozinhas delicadas e olhou pra mim.
- Você só não encontrou alguém, que de fato queira ficar. - e uma lágrima escorria pelo seu rosto. - Nossa irmã foi corajosa e foi viver a vida, ela nunca pertenceu a nada disso.
Ela era a única pessoa que me fazia chorar, com suas lindas palavras.
- Já a mamãe, ela não se lembra direito da gente. - ela colocou a mão no meu coração. - Mas, ela está bem aqui! Mesmo que ela não ficou fisicamente, mentalmente ela está com você é comigo.
Quando percebi, lágrimas escorriam pelo meu rosto como uma cachoeira. E Olívia as limpava com sua blusa de moletom, e me abraçava enquanto me dizia palavras.
- Se você tentar se matar, e morrer. Eu juro Oliver que eu te mato. - disse ela cruzando os braços.
- Como vai me matar? Se eu já vou estar morto? - respondi rindo da cara dela.
Ela me deu um soco no peito, e começou a rir também.
- Shiuuuu! Você entendeu.
Olívia deu um beijo na minha bochecha e saiu do quarto, e como sempre fazia deixava um pouco da porta do seu quarto aberto. Porque ela sabia que no meio da noite, eu surtava e fazia merda.
Quando voltei pra janela, Lúcia já não estava mais lá. Ver ela chorando, me mostrou que eu devia melhor pra não machucar ninguém de novo. Porque ter o coração por alguém que amamos, machuca e não se cicatriza com facilidade.
Eu tinha problemas pra dormi, e virava a noite acordado. Resolvi ir pro porão, fazia muito tempo que não descia lá em baixo, peguei a chave que era pingente do meu colar pra abrir uma das portas. Era o quarto que usava pra ser meu estúdio pra pintar e desenhar, era meu refugiou quando acontecia alguma coisa.
Estava tudo cheio de poeira e tudo muito sujo, peguei um pano que estava na lavandeira e comecei a limpar todo aquela poeira. Jogar tinta e pincéis estragados fora, fazia 3 anos que não entrava ali e não pintava nada.

Minha felicidade tem olhos castanhosजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें