27 CAVALEIRO

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Após o urro do dragão uma ventania dissipou o sopro de escuridão. O mostro debatia suas asas e sacudia a cabeça. No topo dela entre os chifres estava Lucas com sua espada cravada até os ossos da criatura.

Logo abaixo, a terceira vítima do dragão, um mago vigiado por um fantasma e envolto numa bolha de ectoplasma.

Grossas gotas de ácido caiam da boca do monstro e os fantasmas pareciam confusos com o aparente ataque de um dos seus.

Lucas conseguiu empurrar a espada mais profundamente. O segundo urro do dragão fez os fantasmas reagirem e virem todos contra o cavaleiro negro. 

Eles dispararam miasma, mas Diertoch retirou sua espada e com um golpe horizontal cortou todos pela metade de uma vez.

A força da espada era tanta que o seu balançar criava vento suficiente para afastar a cortina de miasma que foi lançada em sua direção. Luiza assistiu aquilo enquanto murmurava o quanto seu marido era assustador.

Lembrou-se das palavras de Breno e então olhou em volta o procurando. Assim que o viu caído com os outros dois correu para ajudá-los.

Eles estavam envoltos pelo ectoplasma. Primeiro ela ficou confusa e quase colocou a mão naquela gosma, entretanto lembrou-se do cetro.

Refazendo a proteção todo o ectoplasma foi repelido aos pedaços e os três recobraram a consciência vendo-se dentro da cúpula de luz criada pelo cetro na mão de Luiza.

Breno foi logo ver como ela estava.

– Estou bem. – disse ela em tom emocionado – O Lucas me salvou. –

Os três homens se levantaram e viram o cavaleiro das trevas combater o dragão negro ancestral a espadadas.

Novamente raios aleatórios desceram do céu jogando alguns dos magos envoltos em ectoplasmas contra as árvores e outros rolando pelo chão. Com isso foram libertos do casulo pegajoso e recuperavam seus sentidos.

Um dos raios foi direto para Diertoch que o recebeu em sua lâmina e o reconduziu contra o dragão. Uma manobra tão poderosa que todos ficaram impressionados.

– Ele é mesmo um monstro das trevas... – resmungou Kalesi.

– Ele não é um monstro! Olhe está lutando por vocês! – Luiza tentou defender seu marido, porém os magos da luz desviaram o olhar. Nem concordando, nem discordando dela.

Breno reagiu dizendo que eles podiam lutar por si mesmos e conjurou algumas lanças de luz transpassando a pele do dragão e paralisando-o em um ataque que deferia contra o cavaleiro negro.

Lucas olhou para Breno por alguns segundos, mas não expressou nada apenas voltou a lutar. Aproveitando a paralisia do mostro para cravar sua espada fundo no pescoço da criatura com tanta força que uma das escamas se soltou caindo rachada no chão.

Vendo a inciativa de Kalesi os outros magos também conjuraram suas lanças contra o mostro. Mesmo os que estavam distantes e se recuperando sozinhos do ectoplasma usaram suas forças contra o dragão.

Mas entre as lanças uma atingiu Lucas bem no peito, fazendo-o soltar a espada e cair no chão paralisado.

Luiza reagiu imediatamente – Nele Não! – gritou correndo para acudi-lo e desfazendo a cúpula de luz.

Breno olhou em volta – Quem fez isso? Pare! – apelou, entretanto era impossível saber. Luiza largou o cetro e segurou a lança de luz no peito dele tentando puxa-la, com as duas mãos. Mas nem se mexia.

Com muito esforço Lucas moveu sua mão agarrando a lança em seu peito e apertando com força dissolveu-a – Malditos... Se querem tanto morrer que lutem sozinhos... – agarrou sua mulher pelo pulso e cobrindo-se em uma bola de fumaça negra mover-se rapidamente para longe dali como uma sombra.

Parou entre as árvores, distante o bastante para ver o dragão pequeno entre as folhagens. Apenas esticou a mão e sua espada de escuridão se desprendeu do monstro vindo até ele.

– Vamos embora – disse irritado e puxando Luiza ainda segurada pelo pulso. Mas ela se recusou preocupada com os outros.

– Não viu que me dispensaram? Que se resolvam sozinhos. –

– Deve ter sido um acidente. O Breno também está lá... – suplicou com o olhar, mas Lucas estava irredutível.

Enquanto isso o dragão se soltava das lanças enfraquecidas e soprou. Diferente do primeiro sobro que foi apenas escuridão, esse segundo era de trevas ácidas.

Uma nuvem verde corrosiva se propagou, todos os magos gritaram de dor e Luiza viu até mesmo a vegetação se contorcer sendo dissolvida.

– Vamos antes que o ácido nos alcance... – disse Lucas tentando leva-la.

– Você não é como eles dizem... Sei que protege os humanos, que não vai abandoná-los... Por favor, prove que eles estavam errados... – ela o abraçou em lágrimas.

Lucas acariciou os cabelos de sua amada e enxugou as lagrimas dela – Farei por você – levantou o elmo e beijou-a nos lábios.

– Mas prometa que nunca mais vai fugir e me espere aqui... – disse ele dando um passo em direção ao campo de batalha.

Recolocou o Elmo e erguendo sua espada conjurou uma magia longa. Luiza não entendia nem uma das palavras, mas via espantada as sombras negras se condensarem ao redor dele.

Densas e faiscantes como raios negros e amarelados. Da mesma forma o céu escuro começou a reagir igualmente.

Ouvindo o som de trovões, Luiza se abraçou ao cetro. Ele terminou as palavras mágicas e atingido por um raio negro desapareceu levado pela eletricidade e seguindo pelas nuvens do céu.

Diertoch reapareceu descendo junto com esse raio sobre o pescoço do dragão. Sua lamina eletrizada decepou a criatura instantaneamente e o impacto deslocou uma onda de ar dispersando todo o sopro de trevas ácidas do dragão.

Os magos sentiram o alivio em seus corpos, mas suas mentes estavam abaladas com o sentimento de quase morte e o assustador cavaleiro negro imponente sobre o dragão sem vida. 

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Era Um MagoWhere stories live. Discover now