01 FUGA

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Imagens inspiradas nas obras de Pierre-Auguste Renoir.

Dedico as brincadeiras de infância com minha prima. Ela inventou a sombra verde.

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– Não vou me casar com Fernando! Não quero herdar esta fazenda! – resmunga Luiza em sua cama. Maldizendo por ser filha única e seus pais quererem juntar as terras com os vizinhos. Depois que já está tudo resolvido. Ela analisa o vestido de casamento simples, sem rendas, adequado a uma camponesa  – Não vou usa-lo mamãe... – sussurra em seu quarto se preparando para fugir a noite.

Luiza finge dormir em sua cama, enquanto escuta os sussurros de conversa entre seus pais no quarto ao lado. A mãe não está certa de que deveriam forçar esse casamento, mas o pai argumenta não ter alternativa – A fazenda é um trabalho pesado para nós três, além disso, é a herança dela... Estamos fazendo o melhor para ela... –

Ouvindo aquilo Luiza só conseguia sentir raiva, ela não aceitava aquelas obrigações e sonhava com as ruas da cidade próxima – Prefiro trabalhar na cidade conhecendo gente nova do que herdar uma fazenda caindo aos pedaços. – resmungava baixinho.

Assim esperou seus pais dormirem para sair da cama em silêncio. Pegou a bolsa de fuga escondida embaixo da cama, com cuidado abriu a janela. Olhou uma última vez para seu quarto, desprezou o vestido de noiva pendurado e saltou para a escuridão da noite. Com cuidado pulou a cerca que dava para o pasto e cortando caminho seguiu escondida até próximo da saída da cidade.

Pouco antes de alcançar a estrada encontra um grupo de jovens. Luiza estranha toda aquela gente ao redor da fogueira justamente naquele lugar e naquela hora da noite. Sem tempo para dar toda a volta ela se aproxima cautelosamente, procurando uma forma de passar desapercebida.

Quando reconhece a voz de Fernando, Luiza percebe que esse grupo de jovens são os padrinhos e o próprio noivo dela que estão fazendo uma despedida de solteiro. Bêbado o noivo elogia a beleza da noiva e confessa o seu amor – Seus cabelos castanhos e olhos negros são como essa noite, mas brilham mais que nossa fogueira! Todos sabem que gosto dela desde criança, mas ela nunca me notou! – disse com certa tristeza virando um gole de sua bebida.

Todos riram do noivo apaixonado e zombaram de sua declaração. – Não importa mais Fernando ela será sua esposa! Hahaha! – disse seu amigo o abraçando e derramando bebida sem perceber.

– Me importa, porque a amo. Seu jeito prestativo, seu olhar sincero. Desde quanto tínhamos a altura da cerca demonstro meu carinho, mas Luiza não vê, talvez seja isso que eu ame nela também – resmungou Fernando segurando o copo com as duas mãos e olha para a bebida com se esperasse alguma resposta. De alguma forma aquelas palavras atrapalhadas tocam o coração da moça que fica corada e distraída.

No meio da bagunça dos rapazes um deles nota a presença do espião e corre para agarra-lo. Revelando assim a moça em sua fuga. Mas todos estão tomados pela bebida e só conseguem comemorar como se ela tivesse ido ali para ver o noivo.

Esse por sua vez fica um pouco tímido. Até que um deles tem uma ideia idiota: Entrar na montanha mal-assombrada naquela noite como teste para mostrar coragem na frente de Luiza. Tomados pela bebida eles aceitam o desafio imediatamente e praticamente arrastam a moça junto.

A floresta ficava na lateral da estrada, não havia problemas em passar ao redor, mas entrar nela era um tabu. Olhar aquele nevoeiro negro que os impedia de ver um metro após a primeira linha de árvores já era um aviso suficiente para se afastar.

Olhando-a de perto, Luiza engoliu a seco e lembrou-se das histórias macabras de seu avô – "Quem entra nunca mais sai". – eram as palavras de seu avô ecoando em sua memória. Mas eles entraram.

Poucos passos á frente às tochas se apagam com um vento frio e cheiro de carniça. A escuridão era absoluta e apenas gritos são ouvidos.

Na confusão o noivo protege a menina e foge com ela. Mas eles são atacados por sombras verdes translucidas. Luiza congela tomada pelo cheiro forte de morte e o brilho verde do fantasma que se aproxima lentamente. Sendo a única luz que ferindo o breu tinge a atmosfera de verde macabro. 

Outro grito de dor é ouvido ao lado. Virando os olhos para o som Luiza ver o fantasma se inclinar sobre algo, descendo até o chão em uma bolha borbulhante. Bruscamente ela é agarrada pelo braço. Sendo levada pelo noivo, eles são surpreendidos por mais uma dessas sobras verdes, para salvá-la Fernando luta sozinho gritado para que ela corra, se sacrificando.

Seguindo o caminho que ele apontou, ouve os gritos de dor de seu noivo e corre com todas as forças. Repentinamente se vê fora da floresta. Assombrada espera alguns segundo não acreditando no que tinha acontecido. Se recuperando do choque Luiza finalmente levanta e procura ajuda, com passos nervosos olha para trás várias vezes.

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