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Aaron Miller

Eu estava na sala de aula, batucando impacientemente a caneta na mesa, enquanto a professora tentava explicar algum conteúdo que eu simplesmente não estava prestando atenção. Parecia que ela estava falando em outra língua, pois nada daquilo conseguia entrar na minha cabeça de jeito nenhum.

Além disso, eu nem fazia ideia de qual matéria estávamos estudando. Seria Física? Geografia? Não tinha a menor idéia. Olhava para o lado, esperando encontrar a minha colega de sempre, mas ela não estava ali. Infelizmente, ela tinha sido colocada em outra turma, e eu odiava profundamente quem teve a maldita ideia de separar a gente.

A sensação de estar sozinho naquela sala de aula, sem a presença dela ao meu lado, era desoladora. Nossas conversas, risadas e até mesmo as distrações mútuas eram parte essencial da minha rotina escolar. Agora, tudo parecia vazio e sem sentido.

A raiva fervia dentro de mim, alimentada pela injustiça de nos separarem sem motivo aparente.

Não tinha nem Calleb e Nicolas aqui, eu estava completamente sozinho nessa maldita turma.

Porra, sempre estudamos juntos na mesma turma, e agora, no último ano, decidiram fazer essa maldita mudança. É inacreditável!

Tem merda na cabeça? Só pode.

Qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa, estava sendo mais interessante do que o que aquela velha na frente da sala estava falando.

"Os átomos são importantes para..."

Que se foda essa merda de átomos! Que caralho! Eu não conseguia me importar menos com essa baboseira.

Meu cérebro estava em outro lugar, pensando em qualquer coisa que não envolvesse aquela aula entediante.

Esse sinal nunca bate na hora certa? Olho para o relógio em meu pulso e constato que ainda são 7:10.

Bufo novamente, percebendo que ainda tenho que suportar mais 40 longos minutos dessa aula interminável.

Mas de que adianta? Tenho certeza de que haverá mais aulas chatas e monótonas ao longo do dia. É como se o tempo estivesse se arrastando lentamente, prolongando o meu sofrimento.

Meu sonho é que essa escola exploda, comigo dentro de preferência.

Eu encarava meu caderno, com todas as páginas em branco, e já tinha se passado uma boa parte do ano. Porra! Eu sou um jogador, por que diabos eu deveria perder tempo escrevendo?

Mas, pensando bem... talvez escrever algumas coisas não seja tão ruim assim, né?

Começo a vasculhar meu estojo em busca de uma caneta, mas não encontro nada. Será que vou ter que escrever com o dedo? Essa é uma situação ridícula, mas se for a única opção, talvez eu possa improvisar e deixar algumas anotações com o dedo mesmo. Pelo menos assim, posso dizer que tentei fazer algo produtivo durante essa aula tediosa.

— Ei. — Cutuco a menina sentada em minha frente, chamando sua atenção.

Ela tinha cabelos castanhos, curtos na altura do ombro, com algumas mechas rosa na nuca, o que a tornava única e interessante.

Ela virou para mim, com o rosto levemente corado

— O-oi.. — Ela respondeu, parecendo surpresa e tímida.

Mas já? Nem fiz nada ainda.

— Me empresta um lápis, ou uma caneta? — Peço, tentando soar casual, embora emprestar seja uma palavra muito forte para mim. Se depender de mim, ela nunca mais verá isso.

Coração de Quarterback Where stories live. Discover now