3. Me conta da sua janela

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Flora

Nós tínhamos acabado de voltar de Ohio com mais uma vitória, então o time achou que seria uma boa ideia deixar as malas em casa depois de descer do ônibus. Eu estava exausta, mas precisava comemorar não só o nosso ótimo desempenho em quadra, como também ter conseguido entrar de mansinho no quarto de Olivia e termos passado a noite juntas.

O material com Jeniffer, apesar do estresse, foi um sucesso. A NCAA estava bombando de assinantes e a Califórnia estava ganhando espaço no vôlei nacional. As pessoas estavam se interessando cada dia mais pelo esporte, e tenho recebido as mais diversas mensagens no Instagram. Meu humor estava nas alturas e eu achava que nada podia me abalar.

O problema é que as Trojans também ganharam a partida em casa dessa semana. Então, quando Leah soltou um gritinho no banco do carona do meu carro a caminho do Wayne's, eu soube, lá no fundo do meu estômago, que tinha a ver comigo.

– Você precisa ver essa entrevista – Ela colocou o celular na minha cara quando parei no sinal vermelho. Na tela, Jeniffer aparece com o rosto vermelho e com a torcida da USC em peso no ginásio da universidade.

– Ok, eu tenho uma pergunta que não quer calar – O reporte dá um sorrindo enigmático para a câmera.

– Manda – Jeniffer sorri, ajeitando os fios de cabelo que se soltaram do rabo de cavalo.

– Não é segredo pra ninguém que você e a Florence soltam faíscas há algum tempo. É uma interação bem... interessante de ver, como saiu no Youtube essa semana.

– Bom, somos boas rivais.

– Ah meu Deus, ela é tão falsa – Resmungo colocando a primeira marcha para voltar à rodovia.

– Algumas pessoas costumam dizer que vocês exalam certa tensão sexual em quadra. Pode comentar sobre isso?

– Ai gente – Ela solta uma risada, com certeza é muito boa com as câmeras, isso eu tenho que admitir, ela deu um show de falsa simpatia quando estávamos gravando juntas, e quase pude acreditar que estávamos de volta ao colégio – Florence é realmente muito bonita, vocês sabem bem disso, e eu sempre achei ela linda desde o colégio, mas não passamos de oponentes, fora e dentro da quadra – Jeniffer deve ter percebido o que falou, pois abriu um pouco mais os olhos, e emendou logo em seguida – Aliás, me diga uma jogadora de vôlei que não seja atraente, a sua própria maneira.

– Nisso você tem razão, Jenn. Ótimo jogo hoje.

– Obrigada Nick, te vejo no próximo – Ela piscou um olho só e voltou saltitante para as colegas de time.

– Idiota – Revirei os olhos – Com essa vitória elas vão encostar na gente nas parciais.

– É, mas você ouviu? – Leah insiste, se inclinando sobre a marcha na minha direção – Ela te acha bonita.

– Que que tem?

– Flora, a gente pode usar isso ao nosso favor. Você lembra no ano passado quando eu estava distribuindo péssimas bolas em um amistoso beneficente porque não tirava os olhos do juíz?

– Nossa, eu quis te matar aquele dia, porque... ah meu Deus! – Me viro para ela também – Você tem um ponto muito bom, vou pensar sobre o assunto amanhã.

O Davey Wayne's é o ponto de encontro obrigatório dos universitários de Los Angeles em qualquer dia da semana, principalmente em dia de dose dupla. Se você aparecer depois das nove, não vai mais encontrar lugar para sentar. Leah e eu chegamos às dez e meia, e é como entrar numa sauna cheia de corpos suados. O salão principal está lotado. Mal posso ver o balcão do bar, de tanta gente que tem na frente dele, e todas as mesas dos setores laterais estão ocupadas.

Tudo ou nada (Romance Sáfico)Where stories live. Discover now