8. Tem um elefante na sala

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Flora

Quando finalmente desço para o saguão, Jeniffer já está lá, conversando com algumas jogadoras de outros estados. Tá legal, como se ela fosse um poço de simpatia. Tudo o que eu quero é que a máscara dela caia esse fim de semana. Leah olha de soslaio para mim, com um sorriso sapeca no rosto.

Essa manhã eu contei sobre meu esbarrão com Jeniffer no corredor, e ela se animou com a ideia de termos interagido um pouco sozinhas. Perguntou sobre o que falamos, mas fui vaga sobre isso. Pareceu errado confidenciar a outra pessoa que ela tem tido pesadelos. Não sou tão baixa.

Nos corredores do hotel, era comum ver grupos de jogadoras usando suas camisetas de equipe, discutindo estratégias e compartilhando histórias de vitórias e desafios. Elas se cumprimentavam calorosamente, formando um tipo de comunidade de entusiastas.

No salão principal, uma área foi reservada para palestras e workshops ministrados por renomados treinadores e especialistas do esporte. As conversas eram diversificadas e abordavam tópicos como técnicas de saque, táticas de jogo, treinamento físico e nutrição adequada para atletas. Nós tirávamos notas, fazíamos perguntas e participávamos de debates acalorados, aproveitando a oportunidade de aprender com os melhores.

Uma área de exposição foi montada ao lado do salão principal, onde empresas relacionadas ao voleibol exibiam seus produtos e serviços. Desde equipamentos esportivos de alta qualidade até roupas personalizadas e tecnologia de análise de desempenho. Nós tínhamos a chance de explorar e adquirir tudo o que precisávamos para impulsionar o jogo. Claro que essa parte ficou nas mãos de James Connor.

Mas a parte boa mesmo começou depois, quando fomos entrevistadas e bajuladas. A imprensa desempenhava um papel importante no evento. Repórteres, fotógrafos e cinegrafistas circulavam pelo local, entrevistando jogadores, treinadores e organizadores. Coletivas de imprensa eram realizadas regularmente, proporcionando aos meios de comunicação a oportunidade de obter informações exclusivas, insights sobre as expectativas dos jogadores, atualizações sobre as últimas tendências do esporte, e claro, muita fofoca.

Em uma coletiva de imprensa, chamaram eu e Jeniffer, e tomamos nossos lugares atrás da mesa, uma ao lado da outra. Era uma das coletivas mais aguardadas, depois do papo com o treinador da seleção americana de vôlei feminino, Karch Kiraly. Até eu dei um jeito de entrar e conseguir um autógrafo e uma foto com ele antes dele seguir com sua agenda.

Nós trocávamos olhares carregados de hostilidade enquanto a imprensa se acomodava, ignorando os flashes de câmeras que disparavam. É isso, chega de fingir que éramos ao menos cordiais uma com a outra fora das quadras.

Até que as perguntas começaram.

– Como vocês estão lidando com a pressão colocada em cima de vocês desde o último campeonato?

– Foi a primeira vez que nos enfrentamos juntas na final – Tomo as rédeas – Geralmente uma das equipes era eliminada na semi, mas ano passado foi bem diferente e intenso. Acho que por causa disso as pessoas ficaram eufóricas com a promessa de mais uma final como aquela. Acredite, os Bruins estão trabalhando para isso.

– E as Trojans, Jenn?

– Treinando como nunca. Por pouco não fomos eliminadas pelo Texas na semi do ano passado, mas conseguimos, vencemos – Ela diz aquilo especificamente para mim, é claro, não poderia ser menos óbvia – Estamos dando o nosso melhor para vencermos de novo.

– Como vocês descreveriam a  a experiência de subir na carreira tão jovens? – Uma mulher de mais ou menos trinta anos sentada na frente pergunta.

Tudo ou nada (Romance Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora