15. Nostalgia

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Flora

– Ela... – Eu escondo o rosto nas mãos depois de fungar, tentando controlar o choro – Ela me encontrou depois que você foi suspensa e disse que iria embora de Los Angeles porque você falou que faria da vida dela um inferno. Que voltaria a morar com o pai.

– Me leva pra casa – Ela diz, exausta.

– Jeniffer... – Tento conversar.

– Não, você vai processar isso sozinha. Eu disse. Na sua casa, ou com Karen. Mas não comigo. Eu não posso.

– Tá legal, mas eu finalmente entendi. Era isso que você queria, não é? Eu recebi a mensagem. Ela não me amava. Ela nem sequer... gostava de mim.

E não é isso o que estou fazendo com Jeniffer? Usando ela para conseguir um objetivo exatamente da mesma forma?

– Flora – Ela toca meu braço – Me leva pra casa, ou eu vou pegar um uber.

– Acho que eu não consigo me mover – Soluço, e agarro o volante com tanta força que os nós dos meus dedos ficam brancos.

– Vem, eu dirijo – Jeniffer suavemente segura minhas mãos para que eu me afaste do painel e pega as chaves. Ela abre a porta para mim do lado de fora e me ajuda a levantar.

Tenho a sensação de ter apenas piscado e pulamos para o momento seguinte, para as ruas brilhantes e congestionadas de Los Angeles. Mas sei que deve ter passado mais tempo. Não sei quando, mas Jeniffer ligou o aquecedor e eu percebi que estive tremendo o tempo todo.

A recorrente intensidade dos meus sentimentos nunca me levou tão longe no fim das contas. No meio de tantos motivos, em meio a tantas noites sem sentido, seu silêncio finalmente tinha me reconfortado. Eu não falei nada, e ela não tentou me forçar.

Quando chegamos na nossa rua, Jeniffer colocou o carro dentro da garagem, se despediu de mim ainda dentro de casa, sem me tocar, e saiu pela porta da frente. Ainda sem dizer uma palavra sequer.

Jeniffer não responde minhas mensagens há duas semanas

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Jeniffer não responde minhas mensagens há duas semanas. Disse que eu preciso de um tempo para entender tudo e que eu vou saber quando estarei pronta para conversar com ela de novo.

No último jogo contra Minnesota semana passada eu quase estraguei tudo e fiquei no banco pelo resto da partida porque não conseguia me concentrar. Nós quase perdemos, e apesar da bronca que levei na frente de todo mundo dentro do vestiário, eu não conseguia me importar muito. Apenas abaixava a cabeça, ouvia e concordava.

Fazia tudo no automático. Exceto pela terapia. Era a segunda vez que eu conversava com Karen desde que soube a verdade. É o dia da semana que mais espero ultimamente, ao invés dos dias de jogos.

Falo sobre as coisas horríveis e dolorosas em que por muito tempo evitei pensar. Sobre como Ellie me fez acreditar que eu tinha uma péssima passada de ataque, para sempre poder dizer na frente de todo mundo que eu estava errando. Acreditava que era para o meu bem.

Tudo ou nada (Romance Sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora