Capítulo bônus - O egocentrismo inocente da Kristen Stewart da música (por Igor)

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Amanda era um desafio.

Não só porque ela extremamente cabeça dura quanto a não querer cantar, mas especialmente porque ela era cabeça dura sobre tudo, mesmo depois que aceitou soltar a voz. O problema era a música, era a banda, era roupa e era o Eduardo. Era um pouco engraçado, na verdade, como ela achava que tudo rodava em volta do umbigo dela e, ao mesmo tempo, não tinha a menor ideia de que fazia isso. Era um egocentrismo inocente e normalmente eu queria rir, mas na fase final do acampamento, a maior vontade era de dar um soco mesmo.

Mas eu não podia lidar com um olho roxo no palco.

― Não tem nada acontecendo entre eu e Eduardo.

Claro que a equipe de maquiagem talvez pudesse...

Eu estava de saco cheio desse relacionamento-não-relacionamento deles dois. A tensão era sempre tão presente que eu tinha vontade de empurrar os dois na direção um do outro e falar "agora se beijem", igual eu fazia com as minhas Barbies. Escondido no meu armário, literalmente e metaforicamente, porque minha mãe não podia ver que eu tinha Barbies.

Não tinha nada acontecendo entre ela e Eduardo, claro. Eles só dividiam barracas, salas, cantos, sonhos e melhores amigos. Não tinha nada acontecendo entre ela e Eduardo, onde já se viu! Ela só ficava da cor do cabelo dele toda vez que tentava se aproximar de alguma forma mais incisiva. Não tinha nada acontecendo entre ela e Eduardo, que ideia mais sem pé nem cabeça! Ela só estava totalmente apaixonada pelo cara e não tinha ideia do que fazer.

Eu não conseguia entender o motivo. Quer dizer, não é possível que ela realmente ache que Eduardo não está interessado. Qualquer um pode perceber o interesse dele e Amanda não é burra. Ninguém que responde o meu formulário sobre a Lady Gaga daquela forma pode ser burra. Porém, acho que ela é medrosa. Está com medo de achar que sim, ele gosta dela e descobrir que não é o caso. Então ela simplesmente ignora todos os sinais e sofre sozinha. Cadê aquela melhor amiga chata dela nessas horas de necessidade? Para dar um tapa na cara dela – desde que não deixe marcas – e fazê-la acordar para realidade?

Até poderia não me meter na situação, mas era muito tenso ter que conviver com esse desenrolar de fatos que nunca, nunca mesmo, desenrolava. Acho que por um lado eu deveria sim ficar preocupado, porque vai que dá tudo errado? E o show? Mas, na verdade, raciocine comigo: era melhor a química do ódio do que química nenhuma e do jeito que Amanda estava se comportando, o que teríamos seria química nenhuma.

Por exemplo, domingo. Passamos a droga do dia inteiro ensaiando Escreve Aí do Luan Santana e ela parecia estar querendo abrir um buraco no chão todas as vezes. Mal olhava na cara do pobre do Eduardo, que fazia o impossível para manter o nível da canção digno de um show final, mas não conseguia, porque Amanda não fazia o mínimo esforço para ter uma boa expressão. Ou para ter qualquer tipo de expressão. Se existia uma Kristen Stewart da música, era Amanda.

Sinceramente, não sei como ela consegue. É muito difícil manter uma cara de paisagem daquela com Eduardo por perto. Com Eduardo cantando por perto, era mais difícil ainda. Com Eduardo cantando e interpretando a música logo ao lado, eu realmente jurava ser impossível. Mas Amanda não. Amanda ignorava com maestria. Na verdade, ela parecia sim incomodada. Mas não incomodada do tipo "meu jesus, como é que faz para conseguir respirar mesmo?". Era mais incomodada tipo "quando esse sofrimento vai acabar, meu Deus, até quando tenho que sofrer dessa maneira, por que coisas ruins acontecem com pessoas boas?". Ó vida, ó céus, ó azar.

E se a melhor amiga chata dela não ia falar nada, eu ia. E assim chegamos na resposta: "Não tem nada acontecendo entre eu e Eduardo". Porém, se tinha uma coisa que eu me orgulhava sobre minha personalidade (e na verdade tinham muitas), era que eu não desistia fácil.

Acampamento de Inverno para Músicos (nem tão) TalentososOnde as histórias ganham vida. Descobre agora