Capítulo Onze

2K 316 232
                                    

Mais um saindo do forno!

Não te amo com os olhos, que te percebem mil defeitos, mas com o coração, que apesar do que vê, adora se apaixonar

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Não te amo com os olhos, que te percebem mil defeitos, mas com o coração, que apesar do que vê, adora se apaixonar.

(William Shakespeare)

Aquiles

— Você está sangrando. — Olívia aponta meu curativo. Engulo a última porção do bolo de chocolate e olho meu ombro. Terei de pedir a Hermes para suturar os pontos rompidos. Não vou chamar o médico para ouvir sermões. Não estou com paciência para essa merda.

— Alguns pontos romperam, mas não estou reclamando — informo com um meio sorriso sacana e tomo o restante da minha xícara de café. Ela cora um pouco, provavelmente lembrando de como a peguei forte ontem, mesmo que o braço estivesse ferido.

— Uma bala? — pergunta, e eu assinto. — Não brinque com isso. Se quiser, posso suturar de novo — oferece, surpreendendo-me pra caralho. Então, um sorriso sardônico curva sua boca e ela acrescenta: — Se confiar em mim com uma agulha perto de você, claro.

Semicerro os olhos sobre a garota abusada. Um sorriso sarcástico se abre no meu rosto e a coloco no seu maldito lugar.

— Você é a minha boa escrava — sussurro perverso. Ela arfa baixinho. — Fará o que for melhor para o seu dono — completo, divertindo-me com a forma como seus olhos cintilam com petulância. Sei que está segurando uma tréplica.

— Onde tem uma caixa de primeiros socorros? — pergunta, já se levantando.

Alice foi levada ainda há pouco pela babá, para tomar banho e se preparar para o nosso jogo de xadrez, às dez. A pequena estava conversadeira durante o café, para variar. Encheu-me de perguntas sobre como machuquei o ombro. Se sua cabecinha pudesse entender quem sou eu, não iria me querer por perto. Olívia a continha quando exagerava nas perguntas e me peguei rindo da sua curiosidade infantil, em diversos momentos. Embora tenha sido algo íntimo demais para se fazer, admito que gostei de compartilhar uma refeição com elas. O carinho e cuidado flagrante da mãe, dando comida na boca da filha, a menina fazendo o mesmo com Olívia. Não consegui tirar os olhos das duas, um sentimento insano de posse vibrando em meu peito. Percebo que além da mãe, estou começando a me sentir possessivo sobre a filha também. Que merda está havendo comigo? A risadinha de Alice preenchendo a cozinha, lançando uma energia boa e leve ao redor. Eu acho que gosto disso, ter as duas em minha casa. Eu devo ter batido a porra da cabeça, porque nunca gostei de envolvimentos nesse nível. Escravas são escravas, fodidas duramente na masmorra e tratadas com indiferença fora de lá. Nunca quis saber de suas malditas vidas. Não posso começar essa merda agora.

— Em meu escritório há uma — respondo, pondo-me de pé também. Estou saciado e a dor na ferida passou por completo. Olívia possui habilidades culinárias excepcionais. Estou ficando viciado em sua comida também. Não ordeno que faça o desjejum, mas ela sempre faz. Parece algo que lhe dá prazer, cozinhar para a sua pequena, então, beneficio-me por tabela.

PRISIONEIRO 77 (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now