Capítulo 54

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Serena

Meu coração parou por uma fração de segundo — Virei-me lentamente para encarar Kalel, o rosto dele estava tão pálido que pensei que fosse desmaiar. Mas não. Ele encarava Nicholas, seu pai, o pai dele. Não, ele era meu tio, ele... — Engoli em seco com a confusão que era aquela família. Então Ash começou a caminhar na direção dele — Kalel. Segurou seu ombro com força e disse:

— Você é meu filho, Kalel. — Nicholas engoliu em seco. — Eu te reconheço como tal. Não é bastado, mas sim um legítimo. — Lágrimas escorreram pelo rosto do Kalel, em contrapasso Nicholas deu um sorriso fraco. — Eu te reconheço como rei de Vênus — E lágrimas escorreram pelos olhos do Nicholas. — Não precisa provar nada a ninguém, é o seu reino.

Kalel parecia não saber como reagir, apertou minha mão, eu apertei de volta. O rosto lavado por lágrimas esboçou um sorriso fraco.

— Fiz de tudo para te manter seguro. — Nicholas continuou falando. — Eu prometi proteger a minha família. Eu não sabia que Anastácia estava grávida. Eu... — Fechou os olhos com força. — Nós seriamos uma família feliz se dependesse de mim.

— Mas não de mim. — A voz de Helena me fez ter vontade de socá-la.

— Claro que não. — Nicholas disse com raiva. — Iria matá-lo, assim como fez com Catherine e com meu pai!

— Nosso pai? — Dhrumond se aproximou de nós.

— Doses de arsênico podem matar qualquer um, incluindo sua irmã. — Helena disse simplesmente. — Seu pai morreu com um veneno mais simples, bastou uma carta de suicídio e pronto, ninguém fala mais nisso. Afinal, a família real tem que demonstrar ser perfeita sempre. Ele já queria passar a coroa, os filhos morreram, quem não iria acreditar que ele tirou a própria vida?

— Você... — Dhrumond falou irritado.

— Teria feito o mesmo se aquela maldita enfermeira não fosse plutaniana. — Helena disse com desdém. — O veneno nunca foi para a minha filha, mas assim como em todas as oportunidades, aproveitei-me da situação.

— Tentou matar Kalel — Disse como em uma pergunta. — Você me disse que tinha sido abusada naquele dia, mas... — Minha cabeça doeu. — Você nunca foi, apenas... o Dante tinha ou não a maldita marca de lua? — Perguntei, chorando de raiva.

Helena riu.

— Apenas mulheres herdam a marca de lua. — Ela respondeu. — Dante se marcou sim, quando ele fez a coroa por cima, foi apenas para que a rebelião não fosse ligada a mim. Eu sempre fui a boazinha para isso. Agora faça a pergunta que realmente quer saber — Suas palavras me deixavam enojada. — Ele nunca abusaria de mim.

— Por que o Kalel? — Voltei a perguntar.

— Porque ele sempre teve que mostrar a todos que era o legítimo, que um bastardo poderia assumir o trono. Porém, esse foi o começo de todos os meus problemas.

— O veneno no açúcar... — Dhrumond sussurro.

— Mandei que Juliete se livrasse dele — Helena falou com naturalidade. — Ela já sabia que Liam, ou Hades, como gostam de falar, estava vivo. Todas as minhas damas de companhia sabiam que eu tinha fugido. Porém, eu falava mais com a Juliete. — Explicou. — Confiava mais nela, ela até mesmo aceitou ser a fiel companheira de Anastácia para ficar de olho nela por mim. Aquela traidora... — Murmurou. — Usando a minha coroa na coroação do bastardo dela.

Dourado. Anastácia usava uma coroa dourada, o ouro de Plutão não o tradicional ouro branco de Vênus. Helena havia tirado a coroa da cabeça dela, não pelo ouro branco ser o melhor — Como ela havia dito, mas sim porque era o ouro dela, do seu reino.

Queda de Estado (Coroa de Vênus - Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora