Capítulo 4

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Kalel

Eu estava com uma sensação estranha. Estava completamente suado ao acordar, minha cabeça doía e tudo parecia girar ao meu redor. Milena foi a primeira pessoa que vi, ela estava acompanhada de uma mulher que nunca vi na vida. Elas estavam falando comigo, mas eu não conseguia entender absolutamente nada. Tentei me levantar. Porém, elas me impediram.

Só então percebi o quão lerdo estava, pois só naquele momento que reparei que estava na enfermaria. Consegui entender algo como antídoto e chamar minha mãe. Aparentemente, ela precisava me contar algo.

Tomei algo que a amiga de Milena havia me dado, não sei dizer o que era, apenas que tinha um gosto bem forte. Não demorou muito para que eu visse minha mãe adentrando a enfermaria na companhia de Milena. A enfermeira saiu do local junto da amiga. Deixando-me a sós com minha mãe.

— Querido, até que enfim. — Ela me abraçou com força.

— Eu não lembro de nada, apenas de ter tomado uma flechada, depois disso eu só...

— Ficou apagado por quase uma semana. — Arregalei os olhos ao ouvir aquilo.

— Onde ela está? — Perguntei de imediato.

— Meu filho, preciso que fique calmo. — Pediu com cautela.

— Onde ela está? — Meu tom foi um pouco mais alto. Senti meu coração se apertando.

— Ela declarou guerra. — Ela disse com calma.

Pisquei algumas vezes ao escutar aquilo.

— Kalel! — Ela chamou.

— Onde ela está? — Eu estava ficando nervoso.

— Em Plutão.

Ela continuou falando, mas eu não ouvia nada. Minha respiração falhou e minha mãe começou a gritar. Mais uma vez não consegui entender. A amiga da enfermeira conseguiu me ajudar a controlá-la.

***

Pensei que nada poderia ser pior do que ser obrigado a comer carvão para reter o veneno. Porém, ao saber que Elias tinha falecido, assim como Juliete, pude ver que tudo sempre pode piorar.

Fiquei um tempo com Madu e Cora para prestar minhas condolências. Queria perguntar a Madu o que de fato Serena estava fazendo. Entretanto, não seria conveniente perguntar isso a ela agora. Por causa disso, decidi perguntar ao Kyrus sobre o que ele sabia.

O problema em questão foi que Késya, a nova enfermeira, ou seja lá o que quer que ela seja, conseguiu me explicar que a falta de ar que senti durante o momento em que estavam me contando sobre o plano da Serena, era o que chamam de: "crise de ansiedade."

Ao que parece, tais crises ocorrem por uma condição psicológica. Ela me aconselhou fazer meditação para que eu conseguisse me controlar melhor. Porém, eu não estava com muita paciência para meditar. Queria respostas, precisava delas.

Quando já tinha completado dez dias desde a minha tentativa de assassinato, fui liberado para treinar. Noah estava com Serena, assim como Jade, isso era tudo o que eu sabia. Além disso, sabia que os Arnarsons tinham retornado a Mercúrio.

Chamei Kyrus e Matthew para treinarem comigo. Não podia ficar acamado por mais um dia sequer. Precisava me manter em movimento, era isso ou teria mais uma de minhas "crises." Um rei que não manda em nada, pois — aparentemente — eu era apenas um boneco de porcelana, frágil e indefeso.

— Olha só se a bela adormecida já não se levantou! — Kyrus me cumprimentou ao adentrar na sala de treino com Matthew.

— Acho incrível a relação que todos têm com Vossa Majestade. — Matthew falou entre risos.

Queda de Estado (Coroa de Vênus - Livro 3)Where stories live. Discover now