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A convivência entre Graziela e Carminha foi ficando cada vez mais difícil. Renato ainda tentava ocultar os fatos da mulher e reforçou a idéia deque elas não deveriam mais se encontrar. Graziela lhe telefonava algumas vezes, mas ela sempre inventava uma desculpa para não atender. 

Carminha nunca mais compareceu à casa de Amélia e passou a evitar o convívio social. 

- Você não deve agir dessa forma - protestou Renato. - Está exagerando. As pessoas vão desconfiar. 

- De que? De que Beatriz não é realmente nossa filha? 

- Não diga isso! As crianças ainda vão acabar ouvindo você, e aí,  tudo estará perdido. 

- Oh! Renato, faça alguma coisa. Não deixe essa mulher estragar a nossa felicidade. 

- Não me pressione, Carminha! O que posso fazer? 

- Não sei, não sei! 

O jantar foi servido, e os dois foram para a sala, onde os filhos já os aguardavam ao redor da mesa. 

- Boa-noite - cumprimentou o pai, tentando parecer natural. 

- Oi - responderam os dois em uníssono. 

Renato e Carminha sentaram-se para comer, e a mulher ficou olhando para os filhos com os olhos marejados. 

Se a história de Beatriz viesse à tona, ela se veria forçada a contar a verdade aos dois, e como é que eles reagiriam ao saber que não eram seus filhos legítimos? 

- Está se sentindo bem, mãe? - perguntou Beatriz, notando o brilho em seu olhar. 

- Estou - respondeu ela, tentando se recompor. -

 Você tem andado estranha ultimamente. Está acontecendo alguma coisa que eu não saiba? 

- Não está acontecendo nada - objetou Renato. - Sua mãe tem trabalhado demais e precisa descansar. 

- Não sei. Mamãe anda esquisita. Quase não sai, parece estar sempre em sobressalto. 

- É - concordou Nícolas. - Nem Graziela tem vindo mais aqui. 

Renato e Carminha se entreolharam assustados, enquanto Beatriz respondia baixinho: 

- Graças a Deus.

- Por que você não liga para ela? - sugeriu Nícolas inocentemente. - Vocês podiam ir ao cinema. 

- Graziela tem andado ocupada - explicou Carminha. - Por isso não tem vindo nos visitar. 

- Ocupada tentando roubar o marido de alguém?-perguntou Beatriz ironicamente. 

- Graziela não precisa disso - defendeu Nícolas. - Como é que você sabe? 

- Muito bem, agora chega de falar de Graziela - censurou Renato. - Terminem de jantar que é melhor. 

- O que foi que ela lhe fez, mãe? - insistiu Beatriz. - Não gosto dela, mas você gostava. Por que, de repente, pararam de se ver? 

- Como disse seu pai, ela anda ocupada. 

- Será que você finalmente abriu os olhos e percebeu que ela estava dando em cima do papai?

 - Chega dessa conversa, Beatriz! - ralhou Renato. - Vamos jantar em paz e deixar Graziela de lado. 

Ninguém mais insistiu, mas Beatriz ficou profundamente desconfiada. A repentina mudança de atitude da mãe era muito estranha. Como, porém, não gostava de Graziela, preferiu não questionar mais e torceu para que ela e a mãe tivessem brigado e não voltassem mais a se falar.

Gêmeas - Não se separa o que a vida juntouOnde histórias criam vida. Descubra agora