Reis e Magos VIII

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O Rei sobrevoou rápido a batalha que se formava, ele procurou uma saída mas a Fada parecia estar certa quando dizia que apenas com sangue se sairia da caixa. Logo ele viu que nuvens negras seguiam seu voo, elas tinham um formato que lembrava serpentes com asas, os antigos chamavam aquilo de dragões, mas Affenis sabia que dragões eram invenções para assustar crianças mal criadas. Porém, aquelas nuvens eram bem reais.

O Elfo não se sentia cansado faziam incontáveis anos, contudo o sopro de vida que havia voltado aos seus pulmões parecia lhe dar impulso para assistir aquilo que mais gostava, que era a morte de seus adversários. No seu rosto alguns pelos brancos nasciam, transparecendo uma barba branca mas ainda rala. O Elfo sempre foi chamado de velho, mas aquele detalhe era impactante para ele, ver que o seu corpo já não era tão resistente o fazia voltar a temer. Ele estava se tornando tão humano quanto aqueles que matou, tão medroso quanto as fadas que o criaram, ele tinha que conter tudo isso.

Os cajados do mago azuli e do Velho Elfo se encontravam em pesados golpes, do lado de Venceslau na maioria eram invocações aquáticas, rajadas de vento e pedras, o Elfo controlava ainda que lento, com bastante facilidade os elementos naturais. O seu cajado movimentava-se desviando os disparos do adversário e revidando-os com ramos de plantas, fumaças que tomavam formas de enxames de insetos e de pequenos animais de aparencia demôniaca.

A batalha dos homens era quase calma, a não ser pelo poderio mágico que os dois possuiam, porém os movimentos eram simplórios e calmos, como se ambos admirassem o poder do adversário. Em contramão, Nikki e Bianca corriam loucamente uma atrás da outra, entregues a gritos furiosos e de ofensas, a Fada voava em alguns momentos, mas precisava se concentrar em manter a magia dos dragões para conter o Rei.

Em desespero contido, Sizor conseguiu arrastar-se com London até onde era a parede da tal caixa mágica. De onde estavam podiam ver que Venceslau e o Elfo faziam uma batalha calculista, daquelas que poderiam ser pintadas em um quadro, ou aparecer nos jornais por ser demorada e entre dois grandes mestres. O problema que os preocupava de verdade era a batalha da Rainha contra a Loira Maluca (Sizor achou que o apelido caia muito bem para a Fada), as duas lançavam raios, estacas de gelo e outros tipos de energia que faziam o humano se arrepiar. London olhava para o céu constantemente preocupada com o destino do Rei. Ele voava e desferia golpes com as pernas e asas contra uns 5 dragões de fumaça negra, que pareciam nem sentir os esforços do soberano para detê-los. A felinídia estava vendo um festival de bizarrices, um icarídeo, talvez o último da espécie lutava contra lendas de ninar em forma de fumaça, caso não corresse risco de vida ela até acharia engraçado.

Mesmo estando sentada, London foi capaz de pular, seu namorado estava com tanto medo que estando agarrado nela foi levantado junto. A tigresa viu uma espécie de aura furiosa ao lado da Rainha Bianca, uma magia diferente estava se apresentando na caixa, ela podia sentir, mas não entendia.

A fúria da nova magia que cobria a Rainha não era própria dela, era diferente da fúria cruel do Elfo ou da Fada Negra, era um furor mágico natural, parecia até necessário para que tudo funcionasse corretamente. Sizor soltou um grito deveras afeminado quando a dois metros dele a Rainha se transformou em um gigante de neve, o que fez toda a beleza dos bonecos construídos por ele no inverno ir por água abaixo.

London poderia dizer que naquela transformação, viu deus. O V, que ela sabia ser uma entidade cultuada em Stanis não tinha forma física, mas ela o viu ajudando a Rainha, isso ela não esqueceria, porém seria melhor guardar segredo, Sizor podia ser seu namorado, mas taxar pessoas de loucas era um passatempo feliz pra ele.

A Fada não era tão fraca, e em resposta a Bianca ela se transformou em uma Dragão Negra, majestosa e tenebrosa ao mesmo tempo. A força usada na transformação pareceu consumir os inimigos do Rei Affenis, que começou a despencar de cansaço. Ele havia lutado por todos aqueles minutos infinitos sozinho e sem nem sequer pousar, estava esgotado e desmaiou.

O monstro que agora era Bianca apenas observou a queda do seu amor, não seria possível salva-lo onde ela estava, na forma em que estava. Sizor e London olhavam atônitos aos rápidos acontecimentos, o humano podia ver que a queda era desconcertada, o Rei estava desacordado e visivelmente ferido.

Quando Affenis iria tocar o chão e morrer com o impacto, Venceslau abandonou a luta com o Elfo que não havia tido pausas, o Azuli tirou o impacto da queda, mas assim tirou a própria vida.

Bastou o simples discuido de Venceslau (que sabia estar cometendo suicídio) para o Elfo acertá-lo na cabeça com o cajado. O corpo do azuli brilhou em verde enquanto ele ainda estava no chão pelo efeito da pancada. Venceslau explodiu em incontáveis pedaços, mas havia salvado o Rei.

Distraída pela cena bizarra da morte de seu amigo, que se sacrificou pelo seu marido, Bianca tomou uma mordida no ombro do Dragão que a Fada havia se tornado. O Sangue de Venceslau parecia começar a enfraquecer a caixa mágica, então London e Sizor correram para ajudar o Rei, se esquecendo do inimigo que ainda estava livre, o Velho Elfo.

Os Contos das Ilhas III - Reis e MagosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora