Reis e Magos III

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A noite mal havia começado e algo dizia a Sizor que sua insônia o atacaria novamente. Seus vizinhos anões já haviam parado de gritar a cerca de uma hora e ele sabia que aquele era o sinal para apagar nos sonhos. O céu da Ilha Stanis estava tão estrelado que ele começava a achar que os reis, que ele raramente via em público eram realmente escolhidos do deus V, só poderia ser uma linda homenagem.

Ele sabia que London conhecia os soberanos pessoalmente mas nunca teve interesse em questionar sobre como eram os reis de sua terra. Namorar com uma felinídia filha do Vice-Rei lhe trazia vantagens inúteis como essa, e o fato de que qualquer trombadinha morador das Grandes Árvores pensava duas vezes antes de se meter com ele, todos conheciam a fama de durão do seu sogro, Leono.

Um grito assustador vindo da casa ao lado, a dos anões, fez Sizor se levantar e ir até a porta de seus vizinhos e preocupado bater.

- Sr. Folhagem, sou eu, o Sizor, precisa de alguma coisa ?! - Ele só havia saido e sua cama porque sabia que ainda gritalhões, os seus vizinhos respeitavam e muito o sono da madrugada.

A pequena porta do casal de anões se abriu e ali estava a Senhora Folhagem. Seus cabelos castanhos cacheados caiam no ombro, a pele morena também era algo marcante, Sizor diria que os Folhagens são seus parentes se não conhecesse tão bem a própria árvore genealógica. Mas sempre estranhou a sua semelhança com os vizinhos, apesar da diferença na estatura.

- Menino Sizor, desculpa ter te acordado com meu grito, mas eu fiquei realmente assustada. - A anã estava envergonhada, pelo visto ela odiava ser incomoda (apenas de madrugada). - Meu Amor, é o vizinho, o menino Sizor. - Ela gritou para o marido que os convidou a entrar.

Sizor se sentou no chão depois de muito insistir que as cadeiras não iriam lhe suportar, e então o Sr. Folhagem começou a contar o porque do grito, enquanto sua mulher lhes servia um chá.

- Nós recebemos uma nunlae vinda do Norte, da parte mais louca da família, eles avistaram um estranho navio na orla da Ilha a dois dias, pediram para que fugissimos mas não sabemos como nem o porque. Até agora não aconteceu nada não é mesmo jovem? Não há o que temer.

Sizor analisou as palavras do anão e começou a entender o porque de sua insônia, algo importante iria lhe acontecer.

- Mil perdões partir tão rapidamente, foi um prazer visitá-los, mesma nessa hora. Porém essa noticia me deu a necessidade de fazer algo.

- Mas menino, estamos na madrugada, as ruas do Centro Antigo são muito perigosas. - Disse a Sra. Folhagem.

- Não se preocupe e durma Sra. Folhagem, seu marido está certo, esta carta deve estar equivocada. - Ele trocou olhares com o anão, que balançou a cabeça em concordância. Sizor sabia que o seu vizinho estava entendendo algo de suas ideias.

O jovem saiu as pressas da casa vizinha e só teve tempo de pegar alguns utensílios em sua casa, ele iria ao encontro de London, precisava ir.

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A Rainha Ômega nunca foi de pedir coisas incomodas aos seus servos quando caia a noite, ela própria ia até a cozinha para pegar o seu copo de água. Enquanto voltava para o quarto real, em um dos corredores ela simplesmente gelou e largou o copo no chão.

Talvez pela primeira vez ela estivesse arrependida de ter ido a cozinha, ela precisava da presença de seu marido, ela precisava estar junto do Rei. Ela tinha sentido pura magia, uma magia diferente das comuns, que ela só havia sentido a exatos 25 anos. A mesma magia que havia lhe tirado muitas coisas, ela não sabia se queria fugir ou enfrentar como o cargo de Rainha lhe pedia para fazer, Ômega não queria passar por nada daquilo novamente. Num súbito ela correu até o quarto, sabia que o rei não tinha sensibilidade mágica, o que colocava ele em grande perigo.

Depois de correr o mais rápido que pode ela abriu a grande porta do quarto Real, e ali estava Stella, a mulher de seu Vice-Rei, com uma espada em punhos. A cena era tão incompreensível para Ômega quanto a magia que ela estava voltando a sentir.

- O que diabos está fazendo em meu quarto com uma espada Stella ? - A Rainha olhou para a cama onde seu Rei ainda dormia, pelo visto ela havia chegado a tempo de tentar salvar a pátria.

- Muito simples minha Rainha, eu vim aqui matá-los e ajudar a iniciar uma nova Era em Stanis.

Os Contos das Ilhas III - Reis e MagosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora