V

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Scarlett on

Ele não disse nada

Pelos últimos minutos, tudo que preencheu o ambiente foi o mais puro silêncio. E por algum motivo isso me incomodava

-Eu sinto muito-ele enfim se permite dizer

-Já faz muito tempo-digo sem me importar- mas há quanto tempo está aqui?

-Há cerca de 5 anos aparentemente-pontua e eu me sinto mal por ele

5 anos em um cubículo escuro, com pouquíssima água e comida e sem uma alma viva para conversar

Qualquer pessoa no lugar dele estaria completamente doido nesse exato momento

-Por que me ajudou quando cheguei aqui? Poderia ter desconfiado de minha identidade. Eu podia ser uma inimiga

-Estava ferida-pontua com seriedade- por sinal, extremamente ferida

-Tente se sair melhor ao ser cercada na floresta-murmuro mais para mim do que para ele enquanto revirara os olhos

-Se eu não te ajudasse teria morrido e é um fardo que não poderia carregar. Aliás, está presa aqui comigo. O único motivo para isso, seria se tivesse incomodado muito o supremo

-Conhece o novo supremo?-indago- ou melhor, o que você faz aqui embaixo? Quer dizer, há 18 portas fortificadas te separando da superfície. Você deve ter feito algo horrendo!

-Se acha que eu fiz algo assim, por que está aqui conversando comigo?-questiona e eu dou de ombros

-Porque você me ajudou-respondo sabendo que não era só isso. Ele me intrigava- qualquer um no seu lugar já estaria louco. Não tentou fugir?

Ele parecia estar em outro mundo depois que perguntei aquilo a ele

Parecia ter entrado em outra dimensão

-Cristopher?-o chamo receosa

-Não-responde e eu sinto a necessidade de fugir dali

Sua voz era imperativa, poderosa e assustadora. Eu senti algo por alguns instantes que não sentia há décadas: medo. Eu senti medo.

O tom baixo e grave, a postura intimidadora... a plantinha sabia ser assustadora

-Por que não tentou?-crio coragem para perguntar e agradeço a firmeza em minha voz

Eu poderia ter tido um leve gostinho do medo, mas não mostraria isso a absolutamente ninguém e não me daria ao luxo de ceder a esse sentimento irritante e insignificante.

A cada pingo de medo, eu crio uma onda de coragem

-Não quero falar sobre isso-diz com dureza e eu rio sarcástica, nada satisfeita com sua bipolaridade repentina

-Não quer? Até onde eu sei, meu querido companheiro, estamos presos aqui e vamos ficar por mais um bom tempo se você não colaborar e me fornecer informações. Eu, ao contrário de você, tenho que lutar. Preciso de lutar. Pessoas precisam de mim lá fora e eu não me darei ao luxo de ficar de braços cruzados esperando alguém fazer isso por mim!

Eu preciso das informações dele para escapar. Não me importa que há dias ele era uma concha vazia sem personalidade. Se ele não lutar, eu vou.

-É inútil. Não há como sair daqui-pontua antes de se deitar no chão duro e virar para a parede, de costas para mim

Bufo irada fazendo o mesmo que ele ao caminhar até o colchonete

Amanhã, quando recuperasse minhas forças, daria um jeito de sair daqui. Nem que fosse a última coisa que eu fizesse

A loba da revolução Onde as histórias ganham vida. Descobre agora