04 | O Estranho

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Existem regras que todo ser humano deve seguir

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Existem regras que todo ser humano deve seguir.

Quando nascemos é dever de nossos pais nos ensinarmos sobre as coisas boas e ruins, eles que ditam o que é certo e errado, por exemplo, são eles que dizem que correr atrás dos primos com uma faca é errado.

É de conhecimento popular que a barreira que jamais deve ser ultrapassada é o limite. Para tudo há um limite, funciona como um manual de instruções acerca de tudo que conhecemos sobre nós mesmos e as pessoas ao nosso redor, e quando avançamos mais do que conhecemos, as consequências podem ser catastróficas. A parte chata sobre essas demarcações é que é impossível descobrir suas fronteiras sem correr riscos, às vezes pode ser fatal.

Sempre fui atraída pelo apocalipse, gostava de testar até onde meu corpo suportaria, descobri que sou exatamente igual a um diamante: resistente à pressão, brilhante e valioso. Quando comecei a me envolver com o mundo do crime pensei que seria uma coisa passageira, então estabeleci "regras" para me nortear nas vielas de névoa e sangue. As que considero mais preciosas são: nunca aceitar bebida de idiotas, não esquecer de comprar minhas bolsas da Prada e em hipótese alguma cogitar a ideia de aceitar trabalhos que a máfia esteja pelo meio.

Por ironia do destino ou não, Benjamin e Pierre me apresentaram uma missão que oferecia de bandeja uma entrada vip para a toca do inferno. Não sei a razão de ter perguntado sobre Giorgio Marcino, aparentemente havia um demoniozinho sussurrando no meu ouvido para que eu trilhasse o caminho do perigo, talvez esse demônio fosse eu mesma.

Talvez o universo estivesse brincando comigo, pois, qual a probabilidade do "homem mais poderoso do mundo", o rei da máfia, ser o mesmo homem para qual sensualizei na boate de Samantha Jones? É coincidência demais para ser verdade, e não costumo acreditar no acaso. Não sei como esperam que eu consiga matar um homem tão bonito e gostoso, mas felizmente para Giorgio, ele morrerá por mãos macias e delicadas.

Pierre e Benjamim me deram a garantia de que esse plano não tem falhas e, se seguido corretamente, tudo ocorrerá da melhor forma. Essa é a questão em jogo: não deixar as coisas fugirem do controle da racionalidade e emoção. Estou arriscando minha vida com a convicção de que ainda existem resquícios da mulher que já fui, que depois de todos esses anos vivendo sob pecados, sangue e crueldade, ainda há esperanças de nadar contra a correnteza. Sou uma tola e ainda acredito que posso melhorar, só que não custa tentar.

Nesse mesmo momento encontro-me sentada na poltrona da mansão paradisíaca do ilustre Pierre, me sentindo como em uma cena de filme, enquanto dou um trago em seu charuto. Estávamos arquitetando o plano há dias, eu, o velho e Benjamim, três cabeças pensando em todos os minuciosos detalhes. Uma coisa posso admitir, mesmo surdo de um ouvido e usando fralda geriátrica, Pierre é verdadeiramente um gênio quando se trata de estratégias.

— É sério que vocês querem que eu finja ser uma pobre garota órfã? — Perguntei, arqueando as sobrancelhas, incrédula com a sugestão que mais parecia os livros para adolescentes.

Desejo Ordinário - O Rei da MáfiaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora