- Eu só queria entender uma coisa, Andrea. - seu olhar fixo ao meu, sem me dar uma oportunidade de resposta - Em qual momento? Um mísero momento, eu te dei essa liberdade?
Ela tinha razão, ali naquele momento - ou em qualquer outro - desses últimos meses, Miranda Priestly, não me deu liberdade.
Não me deu liberdade para voltar.
Não me deu liberdade para entrar em sua casa novamente.
Ou tentar bagunçar o que ela já tinha ajeitado.
- Esse direito de andar ao meu lado, de sentar na minha mesa e comemorar com minhas filhas...
- Nossas, Miranda - respondi com raiva.
Respondi com raiva de que não era eu quem estava sendo mãe das ruivas,... Outra pessoa. Outro alguém.
Miranda sorriu debochada, sentada no trono do Diabo, passou os dedos nos lábios e me olhou novamente com o mais puro nojo que um ser humano poderia sentir.
- Minhas
- Por favor, Miranda! Eu não tive escolha, porra! - soquei o ar para não socar a cara dessa mulher.
- Todo mundo tem - disse - Há oito anos, você fez uma escolha, agora arque com as consequências.
Seu olhar - frio como o inverno - não demonstrou nada. Nem compaixão, nem amor e muito menos piedade.
Mas o outono chegou.
E o clima não vai ser muito agradável em Nova York.
- Posso arcar com as consequências, mas minha escolha agora é ficar. E a sua escolha agora, Miranda? Que eu me lembre, sou casada ainda com você. - virei as costas e sai rindo.
- Vai embora, Andrea.
Olhei novamente em sua direção.
- Essa casa está no meu nome, a casa é minha. Os incomodados que se retirem, avise sua amante que o quarto principal é meu.
O jogo virou muito rápido.
Que nem Miranda Priestly estava preparada.
