Felipe C. Oliveira

Hades 

A vida é uma peça sem fim
Uma dúvida misteriosa,
Observado pelos anjos serafins,
E por asas nunca mais majestosas. 
Lá de baixo ele ri.
Todo mundo o conhece - diabo, satã,
e o meu favorito: Lúcifer
Quem sou diante disso?
Resguardo minhas emoções,
Observo tudo com meu olhar vazio.
Quanto tempo mais devo suportar?

Já contei sorrisos capazes de alegrar um coro dos altíssimos,
Já contei lágrimas que afogam mil e um caídos.
Meu Deus, Pai poderoso,
Todos trilhamos o mesmo caminho
Isso vindo de mim, um diabo pecador furioso.
De todas as formas sempre pecamos diante de sua face.


Dentro de mim reconheço seu amor 
Embora que uma pequena parte insiste 
Em questionar suas razões. 
Essa é minha vergonha.

Vejo o Céu, sonho com o Paraíso.
Vejo o Chão,lembro que só me aguarda um inferno.
Isso é engraçado.
"Você define suas ações"
Quem dera eu pudesse controlar as rédeas do meu destino. 
Mas não posso.
Como sou capaz de amar a alegria se já nem posso me olhar.
Vergonha, desprezo, miséria.
Quem dera eu pudesse nunca ter nascido.
Se deus me desse um desejo que fosse para me transformar
Não em um novo ser cheio de luz ou de sombras,
Queria ser apenas simples lembrança,
Aquela que ninguém se lembra depois de criança.
Queria acordar em um nada onde ninguém sentirá minha falta.
Sou assim, e aceito meu fim.

Um mundo onde posso dormir sem sonhar e sem menos acordar.
Um velho mundo esquecido rodeado de flores; o recanto dos lobos.

As peças já foram jogadas; a maioria sacrificada atirando minha dor contra os algozes,
Mesmo assim insisto em desejar o limbo,
Ou o lugar chamado Hades.
Meu pai, santo deus, perdoa meus dizeres, mas se me concedesse um único desejo egoísta
Que fosse para encontrar um lugar silencioso. 
Amém.