O Diabo de Santa Claus • JiKo...

By K_M_R_Leda

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[COMPLETA] Em uma viagem ao exterior, Jimin escuta uma lenda sobre o monstro natalino que nasceu naquelas ter... More

❄| Capítulo 1 |❄
❄| Capítulo 2 |❄
❄| Capítulo 3 |❄
❄| Capítulo 4 |❄

❄| Capítulo 5 |❄

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By K_M_R_Leda

Bem-vindos de volta para este último capítulo!

Vocês lerão agora a conclusão deste conto/short fic. Não se esqueçam de ativar a playlist para ser envolvido pelo clima da história. Desejo-lhes uma boa leitura💜

❄|5|❄

A véspera de Natal nas Highlands amanheceu coberta por um grosso manto de neve, fragmentos de gelo e cristais que refletiam a luz do Sol opaco. O fiorde estava completamente congelado, perfeito para um passeio sobre a água endurecida.

Quando Jeon Jungkook despertou, ele pensou em convidar Jimin para patinar, como sempre fazia todo ano em épocas assim. Ignorando o fato de que a partir de agora deveria fingir não conhecer o outro rapaz, ele organizou os patins de seu baú e os levou consigo numa sacola enquanto descia as escadas do castelo.

Seu percurso foi interrompido quando, ao atravessar a sala principal, se deparou com a figura de seu pai.

O semblante severo do homem escondia todos os seus pensamentos.

— Aonde você pensa que vai? — perguntou o homem. Ele se encontrava em pé, ao lado de uma das janelas, com as duas mãos unidas atrás do corpo.

— Patinar. Os lagos estão congelados... Será um bom exercício matinal — explicou Jungkook, esforçando-se para não denunciar o leve nervosismo que começava a surgir em seu peito.

— Hm, e o que há dentro da sacola?

— Meus patins, pai...

— Pelo tamanho, parece haver mais do que um par de calçados. Para quem será entregue o outro par?

Jungkook engoliu em seco.

— Estou levando os dois para mim, meu pai. Não me encontrarei com ninguém. — Ele deu um passo para trás, seu coração batia forte. — Agora, com a sua licença.

— Você está indo atrás daquele garoto?

O jovem nobre hesitou antes de se virar para sair.

— "Garoto"? Não compreendo, pai — disse, cínico. Sua mão tremeu levemente.

— O auxiliar de Noel, aquele rapaz que fez a escultura de nossa família. — O duque falava calmamente, como se estivesse comentando algo costumeiro.

— Eu não sei por qual motivo iria me encontrar com aquele... Plebeu.

Depois de Jungkook ter dito isso, o seu pai se aproximou dele a passos lentos, com o semblante intacto. Quando parou bem diante do filho, o homem usou toda a força do punho direito para esmurrá-lo, derrubando-o ao chão.

Gotas de sangue jorraram do nariz de Jungkook.

— Então foi isso o que se tornou enquanto estive longe de casa durante todos esses anos? Um maldito SODOMITA? — A ira do duque agora explodia.

"Sodomita", um homem que se deita com outros homens. Para aquela sociedade, esse era um dos piores tipos de pecador.

— Pa-pai, eu...

— Desgraçou o teu nome e o meu sangue! Meu próprio filho foi atraído pelo Diabo!

— Não, pai, eu nunca quis... — Lágrimas se misturaram ao sangue que manchava o rosto do jovem rapaz.

— Aquele menino te trouxe a imundice! Aquele desgraçado!

Quando o Duque citou Jimin, Jungkook se ergueu do chão e passou a usar um tom mais grave, menos submisso.

— Ele não é culpado, meu pai. Sou eu! Eu!

O rapaz recebeu outro golpe no rosto. Sua face latejava de dor.

— CALADO! — vociferou o homem com os olhos injetados. — O que você fez... Esse erro jamais aconteceu, você está me entendendo!? A nossa reputação e a nossa proteção não podem ser maculadas por causa de um deslize seu!

Com a mandíbula trêmula e cabisbaixo, Jungkook assentiu.

— Nunca mais se repetirá, eu prometo, pai. Eu juro!... Então, por favor, não deposite a sua ira no garoto.

O duque encarou o filho com desprezo e decepção profunda antes de falar:

— A primeira coisa que fiz foi me livrar de futuros infortúnios, Jeon Jungkook.

— O que o senhor quer dizer? — O peito do rapaz pesou.

Vendo o olhar cortante do pai, Jungkook engoliu em seco e sentiu todo o mundo girar ao seu redor.

— O que o senhor fez com o Jimin...!? — Ele ergueu as mãos para alcançar as mangas da camisa do duque. Este se afastou rapidamente, enojado com o toque do filho.

— Joguei aquele moleque aos lobos. Era o que merecia. — Foi a resposta do homem, e ela veio como mil facas atravessando a alma de Jungkook.

O corpo do rapaz pendeu para o lado, fraco e petrificado. As lágrimas de seus olhos secaram, não porque não quisesse chorar, mas porque a dor que começava a se alastrar pelo seu peito era tão arrasadora a ponto de querer obliterar cada mínimo fragmento dele.

Precisou de alguns segundos para a negação pairar em sua mente.

Aquilo não poderia ser verdade. Jimin poderia estar apenas machucado. Talvez gravemente machucado, mas com certeza vivo.

Ele tinha que estar vivo!

Com essa esperança ainda acesa no único ponto quente de seu coração, Jungkook correu para fora do castelo, ignorando todas as ameaças de seu pai.

O rapaz atravessou os campos abertos e a vila movimentada, e chegou ao início da floresta que envolvia o fiorde.

Perdeu novamente a razão quando avistou um aglomerado de pessoas ao redor de algo caído no meio da neve.

Quando Jungkook se aproximou, percebeu a cor vermelha que pintava o manto branco e congelado sobre a grama. Os seus joelhos cederam quando ele viu o rosto pálido e sem vida de Jimin.

De seu amado Jimin.

O corpo jogado estava coberto por rasgos, arranhões e mordidas. Era uma cena triste e terrível demais de se presenciar.

Jungkook desabou num choro desolado, completamente arrasado e sem fim.

Ele se sentia perdido, cortado ao meio e estilhaçado. O homem que amava estava morto, e havia morrido de um jeito cruel.

— Perdão. Perdão... — Não conseguia dizer mais nada, pois havia escolhido carregar a culpa junto ao luto.

Minutos mais tarde, o velho Noel aproximou-se daquela multidão e recebeu a notícia da morte de seu acolhido. Imerso num silêncio cheio de dor, ele tocou a face do filho adotado com todo o cuidado do mundo e se deitou ao seu lado.

Quem assistia à cena temia pelo coração do carpinteiro, que já era um ancião quase centenário, e lamentava por ele e por tudo o que precisava presenciar.

Noel então cerrou as pálpebras, deixou uma lágrima escorrer e se entregou ao frio da eternidade.

Jeon Jungkook percebeu que tinha perdido não apenas o amor de sua vida, mas também uma figura paterna inigualável.

Murchou como uma planta no inverno. Quebrou-se como uma estátua de gelo fino. Estava perdido e não poderia pedir ajuda a ninguém. Ninguém.

Seus irmãos não o entenderiam. Seu pai o condenaria novamente.

Jungkook só tinha a solidão e a dor ao seu lado.

Trancou-se em seu quarto durante toda a véspera de Natal. Chorou até perder toda a água do corpo. Pensou em morrer, em tirar a própria vida, mas ainda temia a palavra de Deus, então desamarrou a corda do pescoço antes de acrescentar mais um pecado às suas costas.

Recusou-se a participar de festas e de refeições fartas. Não havia felicidade em seu peito, então como estaria presente em tais eventos? Impossível.

Como seria sua vida dali por diante? Quando pensou nisso, voltou a sonhar com a corda no pescoço.

"O inferno não poderia ser pior do que aquilo", pensou. E logo em seguida orou a Deus, pedindo perdão e implorando para que os seus pensamentos ruins não afetassem a alma de Jimin e nem a de Noel.

— Jimin — Adormeceu murmurando o nome do amado, pedindo aos céus para que fosse levado para o lado dele.

Porém, ao acordar no meio da madrugada, viu que ainda estava ali, naquele quarto vazio e escuro.

Jungkook se aproximou da janela e se sentou no parapeito, apoiando as costas da cabeça na parede de pedra. Ele observou o céu noturno com pesar, com a falsa impressão de que tudo aquilo não passava de um grande e terrível delírio.

Jimin não pode estar morto de verdade..., pensou rapidamente, antes de retornar à cruel realidade.

Em breve seria o dia de Natal. O Natal mais triste de toda a sua vida. Não haveria festas com os aldeões, não presentearia as crianças pobres com os brinquedos de Noel, não beijaria Jimin até o Sol raiar...

Fechou os olhos e deixou mais algumas lágrimas caírem, e então fez um pedido silencioso.

Naquela noite ocorreu um milagre que desencadearia o surgimento de um conjunto de tradições e contos, afetando milhares de gerações do futuro.

Os céus permitiram o retorno de uma alma para a Terra, a alma de Noel, para que ela pudesse continuar a levar alegria aos pequenos, como sempre o fizera em vida.

O espírito do velho carpinteiro viajou o mundo para realizar pedidos a todas as crianças, sem distinção de idade, sexo ou etnia. O último lugar que visitou foi aquele onde residia o seu antigo lar.

Lá, ele apareceu diante de Jungkook e lhe entregou o mais especial dos presentes: A possibilidade de rever o amor de sua vida. Mas o reencontro não poderia acontecer naquele momento, pois a alma de Jimin só renasceria dali a algumas centenas de anos.

Jungkook precisaria sacrificar a vida normal que tinha para poder ser digno daquela graça. Ele deveria passar toda a eternidade ao lado do espírito de Noel, como seu fiel ajudante, até finalmente poder rever Jimin.

E assim nasceu o Diabo de Santa Claus, o temido demônio natalino. Seu único carma era o de carregar a imagem de um anjo negro com chifres e asas assustadoras, e sua única miséria era aquela que residia no vazio do coração. Fora isso, restava apenas um jovem bondoso em busca de seu amado.

Equando ele o reencontrou, se amaram a noite inteira. Se amaram pela eternidade,em vida e em morte.

(Ilustração de minha autoria, também postada no meu IG de escritora: @Kaka.Leda ❤️)


❄❄❄❄

Muito obrigada pela sua presença. Você leu até aqui, então estou extremamente agradecida💜💜. Espero ter entregado um pouco de emoção com esta história tão curtinha e ter divertido os leitores nesta data especial!

Desejo-lhes Feliz Natal, felicidade, amor(todo tipo de amor!) e saúde (muuuuita saúde)💜

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