Escolhida para lutar

By gabsalgayer

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A ameaça está próxima. O rei feiticeiro de Thails pretende comandar todos os reinos do continente de Loxigan... More

Prólogo
Capítulo 1 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒖𝒎
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒅𝒐𝒊𝒔
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒕𝒓𝒆𝒔
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 35
Epílogo

Capítulo 34

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By gabsalgayer

𝐎 𝐝𝐢𝐚 𝐝𝐚 𝐥𝐮𝐭𝐚

Os dias nunca passaram tão depressa. Ethan chegara na manhã após o primeiro ataque, e houveram mais três após sua chegada, fiz o mesmo com cada um dos soldados os tornando completamente inofensivos ao apagar suas habilidades de combate. E utilizando-os como fonte de informação contra Thails...

Cada um dos soldados sabia minha localização exata no momento do ataque, isso significa que Thails está totalmente concentrado na minha assinatura de magia.

Ethan estava dormindo em meu quarto desde o primeiro dia, usara a desculpa de que se sentiria melhor se estivesse comigo o tempo todo até a hora da luta. Me surpreendo que tenha me deixado ir ao banheiro sozinha...

-Eu já disse que isso é inútil? - digo para Ash que costurava a bainha da minha calça para que eu pudesse colocar mais uma adaga ali. - Só poderei entrar com uma espada, é contra as regras levar mais de duas armas para dentro do ringue.

-Eu não ligo, vai ter uma arma extra - ela diz ignorando-me completamente. 

-Possivelmente não usarei minha espada, feiticeiros não costumam usar algo além do próprio poder - digo e ela ergue levemente a cabeça para me encarar.

-Se você morrer, eu mato você - Ash me abraça fortemente e eu retribuo na mesma intensidade.

-Darei meu melhor - digo baixinho e sinto-a assentir.

Saímos da cabine andando apressadamente até a sede dos campeões de fora.

A arena de Thails ficava no meio da praça pública e era a maior arena que eu já tinha visto, a cor cinza reluzia de vez em quando à luz do sol, quase completamente coberta pelo sangue dos outros competidores. Minha conclusão era que nunca limpavam a arena para deixá-la mais assustadora, acreditei que era a teoria mais plausível. 

Na cabine encontrei meus irmãos, Ethan, Nick, Julian, Malvon e mais pessoas que não reconheci...

-Tem alguém querendo falar com você - Ethan murmura em meu ouvido quando me aproximei.

Dou um sorrisinho para minha família e o deixo me guiar para onde quem queria falar comigo estava.

Avisto os filhos de Jake em poucos minutos de caminhada.

-Por que eles estão aqui? Já disse que não quero plateia - digo baixo e Ethan suspira mas não diz nada.

Avançamos até estarmos próximos o suficiente para conversamos.

-Olá, Victoria - Ettore, o mais velho cumprimenta com um sorriso levemente forçado.

-Ettore - aceno com a cabeça com um mísero sorriso. - Ahmun - refaço o movimento e ele sorri mostrando seu leve diastema exatamente como Heike. Sorrio um pouco ao lembrar mas logo reparo que tem mais um a quem não cumprimentei. - Franklin.

-Eu vim tentar me redimir - o mais novo parece pensar, quando demora demais recebe um cutucão de Ahmun. - Eu tinha pouco mais de um ano quando nosso pai morreu e não sou bom em lidar com o fato de nunca tê-lo conhecido. Culpei você sem razão pois nem você o conheceu, foi só mais uma vítima e sinto muito tê-la destratado. Eu queria conhecê-la mais que Ettore e Ahmun quando descobrimos que estava viva, sabia que tínhamos algo em comum mas você era exatamente como nossa mãe descreveu Alina, então não pude me controlar e sinto muito por qualquer coisa que possa tê-la ofendido...

-Você disse a verdade - começo encarando seus olhos. - Eu aprecio a sinceridade, e de certa forma a coragem de falar aquilo para alguém que nem conhecia. Se algum dia formos próximos de alguma forma, eu gostaria de saber o que pensam sobre mim, mas isso não é sobre Jake ou Alina, é sobre mim, quem eu sou. Não tenho a mesma criação que você tiveram, cresci em meio a uma guerra na qual eu tinha que lutar sozinha, não fui ensinada a trair mas fui ensinada a matar, depois fui ensinada a ser educada e tratar a todos com respeito, graças à Caste, Malvon e meus pais e não à Jake e Alina. Aceito suas desculpas e entendo seus motivos, mas não esperava isso de alguém criado com tanta empatia e amor. 

Frank apenas assentiu devagar e desviou o olhar. 

-Posso? - Ahmun pergunta e eu o encaro demorando para entender que queria me abraçar. Assinto e ele me toma em um abraço firme. - Boa sorte.

Saímos do abraço e eu sorrio em sua direção mais abertamente, depois encaro Ettore e Frank assentindo para os dois.

A corneta de iniciação soa ensurdecedora por alguns segundos chamando-me para a arena.

Corro até meus irmãos com Ethan no meu encalço e os abraço um por um sem tempo de ouvir seus desejos de boa sorte.

Ethan corre comigo até a entrada da arena, me ajuda com a capa e quando eu ia correr para minha marcação ele me puxa para um abraço desesperado.

Eu não sabia o que dizer, sabia que ele também não, então apenas retribuí seu abraço e me afastei o suficiente para segurar seu rosto com as duas mãos e tomar sua boca em um selinho demorado.

Por um segundo achei que ele não me deixaria entrar, e parte minha implorava para que ele me arrastasse para fora da arena me levando para Ahgnares para viver uma vida tranquila ao seu lado sem correr riscos, mas a outra parte engoliu seco e se afastou lentamente. 

Me posiciono jogando o cabelo para trás do ombro. Eu o usava em um rabo de cavalo alto para não me atrapalhar ou pegar fogo... Vestia uma calça de couro preta, uma blusa de chiffon branca de mangas longas e um corpete marrom de couro que ia até os ombros assegurando que não morreria no primeiro golpe, meus inseparáveis coturnos me acompanhavam talvez hoje pela última vez. 

Thails me encarava com os olhos famintos do outro lado do domo. Ele, diferente de mim, usava uma armadura simples porém completa, com o capacete horrendo cobrindo os olhos, nariz, queixo e as maçãs do rosto quase não podia ver suas emoções mas sua linguagem corporal mostrava o quão nervoso estava, ele não fazia isso há algum tempo e estava na cara.

-Senhoras e senhores, apresento-vos hoje, os campeões - a voz soa por todo o reino, sabia que haviam não só os habitantes de Thails como muitos outros que puderam entrar para testemunhar uma morte significativa e que a luta estava sendo transmitida por todo o continente. - Thails, o rei dos feiticeiros contra... Victória Rebecca, princesa de Sargenis.

Todos vibravam nas arquibancadas, temendo pela morte de Thails ou pela minha, todos sabiam que teria um corpo sem vida nessa arena hoje, e seja lá qual fosse mudaria completamente o rumo de Loxigan.

Então a corneta soa anunciando que a luta começara.

Thails começa lançando fios vermelhos me fazendo lembrar do chicote, ele estava brincando comigo. Enquanto os fios ameaçavam me acertar, lancei uma carga de energia em direção aos seus pés vendo-a explodir o derrubando.

O homem se recompõe desajeitadamente pelos ferros que o protegiam. 

Balanço a espada na mão esquerda com sorrisinho esperando seu próximo golpe. 

Ele lança quatro cargas vermelhas que explodiam tão próximas que retardavam meus sentidos. Em uma linha contínua com magia o acerto no meio da armadura, ele berra e desvia ficando de lado enquanto cuidava meus movimentos, dou alguns passos para sua esquerda deixando-o quase de costas para mim. 

Sem deixar que revidasse, o acerto novamente na cabeça o livrando do seu capacete ridículo.

Thails se vira com os olhos praticamente pegando fogo e recita palavras que não reconheci, mas logo descobri para o que serviam.

A dor me atingiu nas pernas primeiro e subia devagar pelo meu tronco. Minha espada foi deixada de lado pouco antes de eu cair de joelhos. Sentia a névoa invisível se espalhando por entre minhas costelas, afetando meus pulmões, fígado e rins.

Em poucos segundos eu já não conseguia respirar, foi quando Carli interviu.

Quase pude sentir meus olhos se tornarem roxos quando ela, mesmo grunhindo de dor, me pôs de pé.

-Você não pode usar sua parte lupina, é a regra! - Thails berra.

-Só é uma regra porque não pode me vencer com o que tem - não reconheci minha voz, ela saíra como se fossem milhares falando a mesma frase. 

-É contra as regras!! - ele insiste.

-Você fez as regras por quinhentos anos, chegou a hora do governo ser renovado - as vozes falam enquanto meus pés começavam a se mover em sua direção.

-Precisa ser justo! Feiticeiro contra feiticeiro! - Thails recuava.

-Era justo me matar por nascer? Você e o seu complexo de superioridade já reinaram por tempo suficiente! - as vozes começavam a ficar mais altas.

-Eu sei o que é melhor para o meu povo! Você acaba de ser sentenciada a morte, Rebecca, e será uma honra matá-la aqui mesmo - ele berra.

-Você pode me matar, pode matar todos que quiser porque não sabe o que é justo. Seu endeusamento próprio lhe cega tanto que o faz pensar que é insubstituível, mas qualquer um dos seus finados filhos poderia exercer seu ofício com mais justiça se não tivesse sido morto.

As vozes se interrompem quando minhas mãos começam a se erguer com a palma virada para o chão.

-Você morre hoje.

Ao mesmo tempo que minhas mãos se fecham, sinto algo afiado atravessar minha garganta, era a adaga extra de Thails.

Caímos ao mesmo tempo, ambos em câmera lenta embora ele estivesse morrendo mais rápido com sangue jorrando pelos seus olhos, boca, nariz e ouvidos, engasgando com seu próprio sangue, assim como eu.

Depois de cair de joelhos com a cabeça erguida, o tempo volta ao normal e eu posso ouvir os gritos de Abbadon, não tão altos quanto os de minha família.

Quando Carli me devolve o controle, uma onda de dor corta meu raciocínio assim como minhas forças para continuar de joelhos me fazendo cair.

Ethan chegou em mim primeiro. A metade da pequena parte minha que ainda conseguia pensar só queria dizer para ele que estava tudo bem, a outra metade estava em desespero e só sabia pensar que não estava pronta para perder a guerra que vinha lutando desde o dia em que nasci.

Meu companheiro não chorava, não tinha reação nenhuma, estava em pânico mais ainda sim eu sabia que era apenas pelo sangue, ele não tinha se dado conta que eram meus últimos momentos.

-Não tente falar, tudo bem? Eu vou salvar você, você vai ficar bem - ele diz baixinho sem saber onde colocar as mãos com medo de me causar dor.

Eu sentia sangue saindo pela minha boca, a falta de ar começava a me afetar.

Ethan pega a minha mão e se prepara para recitar as palavras estranhas, o impeço soltando sua mão em um mínimo movimento. Meus olhos queriam encarar os dele até que a Lua tivesse empatia suficiente para me receber ao seu lado em seu templo, fazendo das nuvens minha cama e das estrelas minha família.

Já sentia minhas lágrimas escorrendo dos meus olhos e molhando meu cabelo.

-Precisa me deixar fazer isso - Ethan insiste e eu encontro o rosto inchado e vermelho de Ash por trás de seu ombro. Quando a encaro, seus soluços se tornam altos.

Seu dever é cuidar do seu continente e, se não for pedir demais, cuidar da minha família -digo na mente de Ethan.

Meu companheiro arregala os olhos finalmente marejados, eu ia ficar muito brava se ele não chorasse...

-Não pode morrer - ele começa mas eu meus olhos estavam pesados demais para mantê-los abertos, então os fechei. - Não tem permissão para morrer, Victória! - Ethan berrava.

Sua voz estava se afastando, eu não estava caindo, não estava me mexendo, mas ele estava se afastando de alguma forma. Senti o que nos ligava ficar silencioso, o ruído de sua respiração e seus batimentos já não me acalentavam, seu desespero pertencia a apenas ele, eu estava calma, a morte já era bem vinda.

Carli grunhia no fundo de minha mente, ela queria se despedir de Rae, mas era necessário muito esforço e estávamos cansadas.

E tudo ficou silencioso, calmo. 

Mas não era escuro, ou sombrio, talvez fosse para Thails. Mas para mim era lindo, eu sempre fui encantada pelo silêncio e pela noite, os dois eram sempre muito bem vindos, principalmente depois de uma luta.

Dessa vez eles só não iriam embora.

-Você faz as coisas como se a morte fosse o fim - uma voz calma e levemente indignada soa no nada. - Menina tola, eu sabia que não devia tê-la estimado tanto... 

Eu não conhecia quem falava em minha mente, e em meio a tanta calmaria não sabia se queria descobrir.

-Você sempre foi contra o seu destino, minha Victória - ela fala. - Muito teimosa, foi uma jornada longa e muito difícil para nós duas, não acha?

Não respondo, não saberia como.

-Estamos em sua mente, é só você pensar e estará me respondendo, boba.

Quem é você? 

-Quem você gostaria que eu fosse? - ela rebate. - Sua filha já sente sua falta, seu companheiro tenta ressuscitá-la e sua família chora cuspidosamente em cima de seu corpo frio, quem você gostaria que eu fosse? 

Alguém que os tirasse desse sofrimento.

-Você irá acordar em breve, meu amor - uma brisa quente me acalma como uma mão carinhosa. - Preciso apenas de alguns minutos - ela diz.

Para quê? 

-Para ter a escolhida mais poderosa dos três continentes.

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