O Natal da Esperança [DEGUSTA...

By LFFreitas

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Caio e eu éramos melhores amigos desde crianças. Nos conhecemos na escola, ele me defendia dos outros garotos... More

Sinopse
Sobre a história e seus personagens
Prólogo
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo quatro
Capítulo cinco
Capítulo seis
Capítulo sete
Disponível na Amazon!

Capítulo três

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By LFFreitas

Caio


Eu te odeio por me fazer mentir pra ela.

A mensagem da Ana Clara veio seguida por uma série de emojis com cara de bravo, e eu tive a única reação àquilo: eu ri. Estava arrumando a mala, já me preparando seguir para o aeroporto, mas precisei fazer uma pausa e responder:

E eu te amo mais por ter feito esse grande sacrifício

Ela levou poucos segundos para responder com um emoji rolando os olhos e eu entendi que seria o máximo que eu conseguiria dela naquele momento, então apenas voltei ao trabalho, finalizando com a bagagem. Seriam menos de três semanas e eu ficaria na casa da minha mãe – outra cúmplice minha em toda aquela mentira –, então não precisaria levar tanta coisa.

Chamei um táxi e segui para o aeroporto. Várias horas depois, eu estava desembarcando no Brasil. Minha mãe e meu tio Marcos me esperavam logo que saí da área de desembarque. Dei um abraço apertado em cada um deles. Óbvio que o da minha mãe foi o mais longo, porque ela não parava de chorar.

— Até que enfim você criou juízo e se lembrou de que tem família! — ela disse logo que se afastou, me dando um tapa no ombro.

Eu tinha vinte anos de idade, era um homem alto... bem mais do que a minha mãe. Mas os tapas dela ainda doíam.

— Eu nunca esqueci de vocês, mãe. Sabe que tenho me dedicado muito à faculdade. Mas o importante é que estou aqui. E onde está a tia Lu e as crianças?

— Você não iria conseguir fazer uma surpresa para a Lara se as crianças viessem — minha mãe lembrou, rindo. — Eles na mesma hora iriam mandar mensagem para a irmã contando que você chegou.

Meu tio Marcos concordou.

— Além disso, hoje tem reunião na escola deles e Luciana está lá agora. Mas está ansiosa em te rever. Faremos um jantar especial hoje para comemorar.

— Farei questão de cozinhar! — minha mãe contou, empolgada. E aquilo me trouxe empolgação também.

— Estou mesmo morrendo de saudades da sua comida, mãe.

Seguimos para fora do aeroporto, onde tivemos que nos separar. Meu tio e minha mãe precisavam ir para a empresa, tinham ido até lá apenas para me receber. Antes das despedidas, no entanto, tio Marcos decidiu colaborar com minha surpresa.

— Lara hoje foi para a faculdade para pegar as notas e fazer a rematrícula do próximo semestre, mas deve demorar um pouco para voltar porque avisou que sairá com os colegas de turma para uma despedida de fim de ano. E esse mês a Madalena está de férias. — Ele pegou uma chave no bolso do paletó e me entregou. — Lara vai ficar muito feliz ao chegar em casa e te encontrar lá.

— Valeu, tio.

Aceitei a chave e enfim nos despedimos. A casa do meu tio, na realidade, era um lugar onde eu me sentia mais à vontade do que no apartamento da minha mãe, onde eu havia crescido e vivido até meus dezoito anos. Era na cobertura do prédio, onde meu tio morava com a família, que eu, Lara e Ana Clara passávamos juntos a maior parte do tempo em que não estávamos na escola. Era onde brincávamos, assistíamos a filmes e séries, nadávamos na piscina, conversávamos assuntos pertinentes à nossa adolescência...

Era o lugar onde eu tinha a maior parte das minhas mais estimadas lembranças.

Fui primeiro para o apartamento da minha mãe, na intenção de deixar as minhas coisas e tomar um banho depois de tantas horas de viagem. Meu quarto permanecia do mesmo jeito que eu tinha deixado quando fui embora há dois anos, e voltar me trouxe uma sensação de nostalgia. Os bonecos de super-heróis decorando as prateleiras, as medalhas conquistadas nos anos de atletismo no colégio... tudo ali parecia agora pertencer a um passado tão distante, ao mesmo tempo em que eram parte de quem eu verdadeiramente era.

Sentei-me na minha cama, pensando a respeito disso, quando meu celular tocou. Sorri olhando para o nome exibido na tela. Eu podia ter feito bons amigos no decorrer da minha vida, mas nada jamais poderia superar os laços que me ligavam às duas meninas que cresceram comigo. E era uma delas que me ligava.

— Já chegou? Por que ainda não me ligou? — ela foi logo cobrando, sem sequer dizer 'alô'.

— Oi, Ana Clara. Eu estou bem, e você? Fiz uma boa viagem, aliás, obrigado por perguntar.

— Eu perguntaria tudo isso se você tivesse me ligado.

— Eu acabei de chegar. Vai ter um jantar hoje à noite na casa dos meus tios, já sabe que está convocada a aparecer, não é?

— Pode deixar que vou. Aproveito para levar o chute na canela que você está merecendo por me fazer mentir para a minha melhor amiga.

Quando Ana Clara falava daquele jeito, fazia com que eu me lembrasse dos motivos de eu ter armado aquela surpresa apenas para a Lara, e não para as duas. Eu já podia prever a reação de Lara: ela iria chorar, ficar emocionada, talvez dar alguns gritos... mas ficaria genuinamente feliz. Ana Clara também ficaria, mas antes disso ela passaria por um estágio de raiva e certamente iria me bater.

Eu era bem mais alto e mais forte do que ela. E isso não tinha qualquer relevância. Ela realmente era capaz de me machucar.

— Desculpe por isso. Mas valerá a pena. Meu tio deixou a chave do apartamento dele comigo, já estou indo para lá para esperar a Lara voltar da faculdade.

— É bom valer mesmo. Ela ficou arrasada quando sua mãe disse a ela que você não viria, tadinha. E foi no mesmo dia que eu contei que vou para Buenos Aires passar o Natal com a minha mãe.

— Você vai mesmo? — Eu não gostava daquela ideia.

Os pais da Ana Clara nunca foram exatamente as minhas pessoas preferidas no mundo. Eu imaginava que a mãe dela não iria reagir nada bem quando ela contasse sobre sua sexualidade. Assim como o pai não tinha reagido bem, mas quando aconteceu Lara e eu estávamos por perto para segurar a barra. Dessa vez, ela estaria em outro país. E mesmo quando retornasse ao Brasil, eu é que não estaria mais por aqui.

— É, eu vou, já está decidido. Mas temos uma semana até eu viajar, pretendo aproveitar muito a sua presença por aqui.

— Sem chutes na canela?

— Aí vai depender de como você vai se comportar. Aliás, ainda pretende voltar para a Europa depois do ano novo?

— Sim. Ainda terei dois anos de estudos no exterior.

— E depois disso? Novo CEO da MH?

— Eu ainda não sei. Estou recebendo boas propostas de trabalho no exterior.

— Duvido que qualquer desses empregos seja mais legal do que ser sobrinho do dono da empresa.

Eu ri. Colocando naquela perspectiva, a coisa parecia ser simples a ser decidida.

— Meu tio já falou inúmeras vezes sobre me colocar no comando da empresa, mas... Não sei se estou pronto para isso. Meu tio é o cara da tecnologia, né? Já eu... Não chego nem perto do conhecimento dele.

— Eu imagino que ele espera que você passe algum tempo na empresa aprendendo tudo, antes de te passar o comando.

— Verdade. Mas acho que tenho um pouco de medo de decepcionar o meu tio.

— O Marcos é louco por você, Caio. Acho bem difícil que você o decepcione algum dia.

Eu sabia que ela tinha razão na primeira parte. Meu tio foi a figura paterna da minha vida, já que meu pai sempre foi completamente ausente. Ele deu o apartamento para a minha mãe quando eu era pequeno, deu a ela um cargo grande em sua empresa, sempre pagou pelos meus estudos... ele sempre fez tudo por nós. E eu o amava e era grato por tudo. Mas era exatamente esse amor e essa gratidão que me faziam sentir aquele medo constante de vir a desapontá-lo. Se fosse para assumir a empresa dele, eu queria estar preparado. O máximo que eu pudesse estar.

Mas aquele não era o momento de discutir a respeito daquilo. Sabendo que Lara logo poderia chegar, despedi-me de Ana Clara e encerrei a ligação. Tomei um banho, troquei de roupas e subi pelo elevador até a cobertura do prédio.

Entrar lá tinha novamente o gosto de nostalgia. Era como voltar à parte mais feliz da minha vida.

Estava tudo silencioso, o que me dava um sinal de que Lara ainda não devia ter voltado. Por isso, decidi subir para esperar por ela na área externa da cobertura, onde ficava a piscina, de modo com que eu pudesse pegar um ar. Logo que cheguei ao corredor do segundo andar, no entanto, fui detido por uma bola de pelos que veio pulando em minha direção.

— Harry! Você ainda se lembra de mim, garoto? — indaguei enquanto passava a mão sobre a cabeça do cachorro malhado que pulava em cima de mim, parecendo muito feliz em me ver.

Aquela era mais uma coisa que me fazia me sentir em casa.

Detive-me ali, brincando com Harry, até que fui surpreendido quando a porta de um dos banheiros se abriu. A visão a seguir fez com que eu momentaneamente perdesse o ar.

Uma mulher linda saía com o corpo enrolado em uma toalha. Os cabelos loiros molhados caíam sobre os ombros, e eu não pude evitar descer os olhos por aquele corpo cheio de curvas, chegando até a prótese ao lado da outra perna torneada. Subi novamente o olhar, encontrando aquele rosto lindo, com os mesmos olhos doces que eu conhecia desde os meus oito anos de idade.

Aquela mulher linda era simplesmente a minha melhor amiga.

E eu sempre soube que ela era bonita. Na adolescência, via meus colegas enlouquecidos querendo ficar com ela, mas o meu olhar para ela sempre tinha sido o de melhor amigo.

Pela primeira vez, de forma completamente inusitada... depois de dois anos sem vê-la, eu a via como uma mulher.

Ficamos por algum tempo em silêncio, presos naquela troca de olhares, ambos sem reação, sem palavras. Até que os olhos dela começaram a transbordar e um leve sorriso surgiu em seu rosto, antes que ela praticamente se jogasse em meus braços, abraçando-me com força.


***** 

Boa noite, meninas! Como vocês estão? <3 

Acertou quem apostou que o Caio estava planejando uma surpresa para a Lara! =) Sei não, mas eu acho que ela gostou da surpresa. O que vocês acham? hahahaha...

Domingo teremos capítulo extra, não esqueçam! <3 Espero que estejam curtindo essa nova história.

Muitos beijos, tenham um lindo final de semana! <3 

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