Capítulo quatro

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Lara

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Lara

O combinado era que, depois de resolver minhas pendências na faculdade, eu iria a um barzinho lá perto, onde meus colegas de turma se reuniam para a nossa confraternização de final de ano.

Contudo, na última hora, eu decidi que, em vez disso, queria voltar para casa. Como atleta, eu evitava álcool – tomava no máximo uns dois drinks em ocasiões como aquela, mas dessa vez nem para isso eu me sentia animada. A ideia de passar pelo meu terceiro Natal consecutivo sem o Caio e o primeiro sem a Ana Clara ainda me abalava bastante.

Talvez fosse um sinal de que estava na hora de crescer, de cada um de nós seguir o seu rumo na vida. Ana Clara algum dia voltaria a namorar alguém e talvez se casasse e assim teria sua própria família. O Caio também, algum dia conheceria uma garota, se apaixonaria, e...

Interrompi meus próprios pensamentos, sentindo aquela última ideia me incomodar. O que era aquilo? Ciúmes de amiga, àquela altura da vida? Já tínhamos vinte anos, ele teve algumas namoradinhas durante a época de colégio, e, depois que se mudou, volta e meia me contava que estava saindo com alguém. Mas nada tinha sido sério até então. De repente, a ideia de ele algum dia me contar que iria se casar com uma mulher me pareceu aterrorizante.

Que droga, era óbvio que isso algum dia iria acontecer. E seria algo bom, não seria? Meu amigo merecia ser feliz.

Por conta desse desânimo, segui da faculdade direto para casa. Madalena estava de férias, meus irmãos na escola, minha mãe em uma reunião de pais e meu pai na empresa. Então, logo que entrei, Harry me recebeu com uma grande festa, já que ele, como todo bom cachorro, odiava ficar sozinho.

Após brincar um pouco com ele, subi para o meu quarto. Meus planos para o final do dia eram tomar um bom banho e ficar na cama lendo. Meus irmãos entrariam de férias na escola no dia seguinte, e combinamos de passar um tempo juntos, inclusive iríamos montar nossa árvore de Natal ainda naquele semana. Por mais que eu estivesse desanimada, fazia questão de disfarçar isso e manter a magia das festas, especialmente pela minha família.

Já estava pronta para o meu banho, quando lembrei que ainda não tinha resolvido a questão do meu chuveiro. Então, coloquei novamente a minha prótese e, enrolada em uma toalha – nem sei porque, já que estava completamente sozinha em casa –, segui para o banheiro social do segundo andar da casa. Passei algum tempo embaixo do chuveiro, tentando não pensar em nada, e ao mesmo tempo pensando em tudo.

Ao terminar, enxuguei meu corpo, coloquei novamente a prótese e voltei a me enrolar na toalha, saindo do banheiro ainda com os cabelos molhados.

Logo que abri a porta, eu o vi...

Nada nessa vida poderia me preparar para aquela visão.

Em um primeiro momento, acreditei que estivesse delirando. Não podia ser verdade. Como ele poderia estar ali, naquele corredor... em minha casa... diante de mim? Eu tinha conversado com ele apenas alguns dias antes, e ele estava na Europa, falando sobre seu estágio, lamentando que não teria um recesso de fim de ano.

O Natal da Esperança [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now