Acordo sobressaltado, sentindo algo ruim dentro de mim. Tateio a cama procurando a Cindy e bufo irritado. Odeio quando ela não está em meus braços. Pisco lentamente vendo que ainda está escuro, olho para o despertador vendo que é de madrugada.
Levanto-me da cama rapidamente, vestindo uma bermuda e uma camisa, e abrindo a porta do quarto vendo faróis de carros do lado de fora da casa, e vários homens descendo deles. Merda!
Saio correndo pela casa procurando a Cindy, encaro a porta escancarada, eu tinha a fechado antes de dormir. Chamo por ela, sentindo um vazio no meu peito. Aconteceu alguma coisa...
Pego a arma com o coração acelerado, me escondo atrás da porta da sala, esperando um dos caras lá de fora entrar. Eu irei explodir os miolos de qualquer um deles se tiverem feito algo a Cindy.
Olho para o chão, escutando passos. Um homem adentra pela porta e saio do esconderijo, mirando a arma no seu rosto. O cara parece não se assustar com o que faço, pois apenas liga a luz da sala e iluminando tudo. Encaro friamente o Dragão, o Dominic Salvatore.
— Xavier.._sussurra me encarando meio... Emocionado? Cara maluco —Finalmente achei você, demorou um pouco, mas achei. E pode abaixar essa arma? Não vai querer atirar em mim —sorrio sem humor.
— Quer apostar? — pergunto debochado e ele apenas cruza os braços, dando um passo a frente.
— Atira — o Dragão manda me desafiando, coloco o dedo no gatilho mas não disparo, eu não consigo... — Foi o que eu pensei. Eu não vou fazer nada contra você, abaixa essa merda — diz com tédio.
— Cadê ela? Cadê a Cindy? — pergunto entre dentes e ele franze o cenho confuso.
— Quem é Cindy? Ah, a patricinha corajosa — fala recordando — Por quê eu deveria saber dela? — abaixo a arma, muito preocupado.
— Cindy! — saio gritando pela casa, adentrando em todos os cômodos a procurando, caminho até o cômodo que ela pinta e não a encontro — Minha Dama... — aperto os punhos em completo desespero, ela não ia embora. Algo aconteceu — Se não foi você, manda esses seus capangas procurarem ela! Vasculharem esta fazenda inteira! —digo olhando para o Dragão.
— Ouviu ele, diga aos outros e façam! —manda para um de seus homens que está dentro da casa.
— O que quer comigo? — pergunto o encarando sério.
— Você é meu filho! — rio ainda em choque, negando com a cabeça.
— Não, não. Eu não sou seu filho, meus pais morreram atropelados após me abandonarem.
— Isso foi o que o Trevor te fez acreditar, e fez a nossa família acreditar também. Eu acreditava que você estava morto! Todos acreditavam!
— Eu não tô com cabeça para ouvir nada, eu preciso achar a Cindy e depois conversamos —falo atordoado.
— Onde a viu pela última vez? — Dominic indaga curioso.
— Ela estava nos meus braços dormindo, e quando acordei, não estava mais lá. A porta estava escancarada e você e seus homens estavam descendo do carro!
— Ouvi o som de um carro dando partida antes de entrar nessa casa... —sussurra pensativo.
— Achei ela! — escuto a voz de um dos homens dele e saio da casa correndo. Encaro um cara careca que está com a Nina nas mãos — Achei a Cindy, aqui ela! — levanta a Nina.
— Isto é um gato seu animal! A Cindy é uma garota! Não mostraram uma foto dela a ele? — Dominic esbraveja incrédulo.
— Não, mas eu ouvi um dos homens dizerem que a Cindy era uma gata, então eu deduzi que era a gatinha... — aperto minhas mãos nervoso. Caminho até o cara careca, pego a Nina dos braços dele — De nada, cara! — responde irônico e o encaro friamente — Eu.. eu não disse nada.. — sussurra dando um passo para trás.
— Fica com ela e cuida bem! — entrego a Nina a outro marmanjo com cara de lerdo — Como me achou? Foram os caras que você enviou que te informaram onde estou? — pergunto olhando para o Dominic.
— Bom... Eu já sabia onde estava por causa que você deu um recado pelo celular dizendo para eu não te procurar mais. E... a polícia recebeu uma denúncia anônima dizendo que estariam aqui, a denúncia veio de um tal Bobbie Histon — trinco meu maxilar.
— Bobbie Histon? — ele assente — Filho da puta!! Ele levou ela! — as veias do meu pescoço pulsam de raiva. Um dos capangas do Dragão aparece ofegante.
— Tinha um rastro na floresta, de um veículo, mas se perdeu... Não conseguimos achar mais nada — acerto um soco no capô de um carro — Ele é o seu filho —soa mais como uma afirmação do que como resposta —Fisicamente ele parece com a Penélope e o pequeno Greg, mas a personalidade é completamente sua chefe — diz ao Dragão.
— Xavier, é melhor voltarmos a Chicago. A Cindy não está mais por perto, garanto que iremos achá-la — chuto o pneu de um carro e caminho até uma Ferrari, estendo a mão para ele jogar a chave do veículo e o mesmo nega — No seu estado não é bom dirigir, a não ser que queira bater em uma árvore — abaixo a mão, abrindo a porta do carro.
[......]
Desço do carro, encarando uma verdadeira mansão, no território do Dragão. A casa é cercada de seguranças, e possuem câmeras por todo lado. Adentro, sendo seguido pelo Dominic.
— Entra aí — Dominic diz ao passar pela porta, e o sigo — A Penélope não sabe que eu achei você, quer que eu fale agora ou nós conversamos primeiro?
— Eu acho melhor nós conversamos, preciso entender algumas coisas antes de ver a.. a minha mãe — murmuro o fim, apesar de já tê-la visto, eu não sei se estou pronto.
— Por aqui — o sigo até uma área da enorme mansão, no fim tem uma tem uma porta — O meu galpão, onde eu resolvo alguns negócios — adentro, com outros capangas vindo atrás. Sento-me em uma cadeira preta, olhando para uma mesa da mesma cor — Quer começar a falar sobre o quê? Já mandei alguns dos meus homens vasculharem a vida do tal Bobbie Histon, iremos encontrá-la, logo!
— Eu sei, se eu não achá-la, não sei o farei — murmuro angustiado — Vamos conversar, rápido. E depois irei atrás da Cindy.
— Antes de você nascer, eu e o Trevor éramos parceiros, mas ele era obcecado pela Penélope. Isso eu não podia esquecer. O mundo do tráfico sempre foi perigoso, cheio de artimanhas, se você entrar é bem difícil de sair ileso.
— Eu sei — murmuro olhando para as minhas mãos.
— Um dia o Trevor tentou agarrar a Penélope a força e eu quase o matei, nós brigamos, se eu o visse novamente iria matá-lo. Tudo piorou quando ele soube que a Penélope estava grávida... Grávida de você — ele passa a mão na barba — O Trevor não entrou mais em contato, apenas traficava no lado Sul de Chicago. Aos poucos ele foi se tornando poderoso, mais perigoso. Quando você tinha três anos, eu e sua mãe fomos a um parque. Um dos meus antigos homens, era X9, o Trevor havia o mandado e nos enganou. Em um instante você estava conosco, ao nosso lado, e depois havia sumido... —coça a garganta, abaixando a cabeça.
— Eu fui encontrado perdido em uma rua escura, e o Trevor que me achou — completo.
— Eu e sua mãe ficamos desesperados, colocamos toda a cidade à sua procura. Até que fomos informados que um moleque de três anos foi encontrado morto numa beira de estrada, morto a6 tiros. Eu nunca fui um homem de muitos amigos, sempre teria alguém querendo me matar. Saber que você estava "morto" me destruiu, destruiu sua mãe. Nós não aguentavamos ficar em Chicago e fomos embora por um tempo... — o corto.
— E não olharam o corpo do moleque para saber se era eu? — pergunto confuso.
— Eu olhei, Xavier, e tudo parecia você, eu estava tão abalado que não pensava mais em nada, eu só queria vingança. Vingança por terem te "matado". A Penélope me fez prometer que eu não iria atrás de vingança, eu prometi a ela, mas não cumpri. Demorei anos, muitos anos para achar pistas de quem tinha te assassinado. Eu e sua mãe tivemos outro filho, o Gregory — sorrio fraco.
— Eu lembro dele, eu o vi num parque de diversões. O moleque parece muito comigo.
— É, parece sim... — Dominic murmura sorrindo — Bom, nossa família voltou a Chicago, porque minhas suspeitas eram que o Trevor tinha mandado atirar em você. Nós iniciamos uma guerra, confrontos, sangue por todo lado, e eu não ia parar até vingar a sua suposta morte. Mas aí, uma patricinha invadiu o meu território e consequentemente um cara veio atrás dela, e foi quando eu te vi Xavier... Eu não pude acreditar, eu sentia que era você, mas não pude acreditar.
— Por incrível que pareça eu também senti algo, quando eu olhei para o Greg, você e a Penélope, uma sensação faniliar — sussurro.
— Eu decidi investigar sua vida. Descobri que era um traficante, que o Trevor o criou. Sequestrou o meu filho e o criou... — diz entre dentes e com raiva no olhar e também tristeza — E tinha um romance secreto, e não tão secreto com uma patricinha, Cindy Padilla, filha do empresário Otto e da bailarina renomada Mônnica Padilla. Eu vi o vídeo da apresentação dela, que a mesma confessa que se envolveu com você mesmo sabendo que era um traficante. Bem corajosa a Cindy, ela parece te amar de verdade.
— É... — murmuro com a voz embargada e coço a garganta.
— Acho que você precisa de uns minutos para absorver tudo, estarei lá fora —levanto da cadeira ao mesmo tempo que ele — Xavier, eu não vou deixar o que o Trevor barato. Sua ficha será limpa, não será mais procurado pela polícia. E acharemos a minha nora — ele estende a mão e eu aperto.
— Valeu! — ele sorrir sincero, saindo do galpão e fechando a porta. Permito as lágrimas que segurava caírem, aperto meus cabelos com força.
Eu fico feliz em saber que eu tenho uma família, um pirralho de seis anos que posso chamar de irmão, um pai e uma mãe. Mas, tudo isso some quando eu lembro, quando eu sei e sinto que a minha Cindy está em perigo.
Dói muito. Parece que dispararam milhares de tiros contra mim, no meu coração. E eu não sei onde ela está, como ela está. Eu tenho medo. Muito medo.
Eu nunca havia me importado com ninguém antes dela, nunca. Era apenas eu e eu... Até conhecê-la. Cada parte de mim a ama, ela é a chama ardente da minha vida. O sonho que eu nunca sonhei.
A minha Dama é tudo pra mim, e sem ela... Eu não sou nada, nada...