Eternamente, Lara Jean

By Miss_Lari

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O inesperado aconteceu e agora os destinos de Lara Jean e Peter Kavinsky estão conectados para sempre. Como n... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54

Capítulo 40

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By Miss_Lari

No outro dia à tarde estou no quarto organizando minha mochila para voltar para a UNC. Já passavam das quatro horas da tarde, então em poucos minutos iriamos embora. Peter já estava arrumado, sentado na sala assistindo a uma partida de futebol americano.

Ouço o som de um celular vibrando sobre a cama. Os lençóis ainda estavam bagunçados, então tenho dificuldade de encontrá-lo. Enquanto isso, a vibração sinalizando a chegada de mensagens não para.

Quando encontro finalmente o celular, vejo que era o de Peter e não o meu. Eu sabia a sua senha, assim como ele sabia a minha, mas nunca tive vontade de checar o seu celular. Para mim, aquilo era uma invasão de privacidade sem tamanho. Mas quando pego o celular nas minhas mãos e as mensagens continuam chegando, a curiosidade fala mais alto.

Digito sua senha e de forma automática visualizo a mensagem recém recebida.

Meus olhos se arregalam e cubro a boca com uma das mãos. É a foto de uma garota completamente nua, usando apenas um boné do time de lacrosse da Adler High, em uma posição totalmente exposta, para dizer o mínimo.

Meu estômago começa a embrulhar, enquanto as fotos continuam chegando, em diferentes ângulos e posições.

Respiro fundo e me sento na cama.

Boa sorte para o jogo de amanhã!

Essa é a última mensagem. Lembro-me que Peter havia dito que o time da escola iria jogar no outro dia, mas não cheguei a dar muita importância para a informação.

A garota da foto é loira e tem o corpo muito bonito. Não parece ser uma adolescente, mas também não parece ser tão mais velha. Seu rosto me é estranhamente familiar.

A garota que tirou as fotos no baile de homecoming!

Lembro-me do seu atrevimento, nos interceptando no ginásio. E depois do seu corpo colado ao de Peter, enquanto ela tirava inúmeras fotos.

Meus dedos trêmulos deslizam até encontrarem as primeiras mensagens enviadas por aquele número para o celular de Peter.

Fora na semana em que eu voltei para a UNC. Ou seja, na semana posterior ao baile.

As primeiras mensagens foram apagadas por Peter. Em seguida, ele pergunta quem era a pessoa que estava mandando as mensagens e a garota responde que era uma admiradora. Mais algumas mensagens apagadas e um pedido de Peter que a pessoa pare de enviar aquele tipo de foto para ele.

Então as mensagens apagadas eram fotos íntimas, provavelmente.

Alguns dias depois, a garota se identifica nas mensagens pelo nome de Kelly. Peter diz que sabe quem ela é e pede novamente que ela pare de importuná-lo. Pelo número de mensagens apagadas, ele deveria ter recebido muitas fotos íntimas da garota.

As mensagens foram se tornando mais e mais frequentes, mas Peter não as respondia. Elogios sobre como ele se vestia ou fantasias que a garota tinha com Peter.

Por que ele não bloqueou o número de uma vez?

As últimas mensagens, antes das fotos íntimas, eram de sexta-feira.

Sua namorada é muito gorda!

Sim, minha filha. Eu estou grávida!

Ela teria me visto na escola, então.

Quando chego novamente nas fotos, sinto um embrulho no estômago, ao ver o corpo da garota exposto daquela maneira.

Peter entra no quarto e estranha, ao me ver com o seu celular nas mãos.

- O que significa isso, você pode me dizer?

Mostro a tela do celular para ele.

Peter arregala os olhos e seu rosto fica totalmente vermelho, enquanto ele toma o celular das minhas mãos.

- Merda!

- Eu não mexi no seu celular de propósito. Você sabe que eu não faço esse tipo de coisa. Mas ele estava vibrando na cama, e quando olhei... que fotos nojentas!

Meu estômago se revira novamente.

- Covey, não é nada disso que você está pensando... eu... eu posso explicar!

- Explicar o quê? Essa garota estava mandando essas mensagens para você desde o baile!

Ele se senta na cama e tenta segurar as minhas mãos, mas eu as afasto.

- Lembra o que você disse ontem? Que a gente não é responsável pelo que as outras pessoas fazem?

- Por que você não bloqueou o número? Essa garota é menor de idade? Isso... isso é pornografia infantil!

- Por isso mesmo não apaguei as mensagens, só as fotos. Eu fiquei com medo, Covey! Essa maluca fica me cercando na escola... e se ela inventar alguma história? Isso pode prejudicar até a minha carreira!

- E você não me diz nada? Isso tudo acontecendo e você não me diz nada?

- Eu não queria deixar você nervosa, amor! Já estava sendo tão difícil a sua volta para a UNC...

Fecho os olhos e balanço a cabeça, sentindo uma lágrima escorrer dos meus olhos.

- Como você é hipócrita! Eu estava me sentindo tão culpada por causa do John! E isso... isso é muito pior! O que o John tem feito demais, por acaso?! Me dado uma carona?!

- Não distorça as coisas, Lara Jean!

- Não estou distorcendo.

Peter põe as duas mãos na cabeça, respirando fundo. Levanto-me e termino de arrumar a minha bolsa.

- Você pode me deixar sozinha, por favor? Eu preciso me trocar.

- Onde você vai?

- Vou voltar para a UNC.

- Pensei que a gente iria mais tarde...

- Não quero ir com você!

- Não seja infantil, Lara Jean. Eu estava com raiva, e nem por isso deixei de dormir com você ontem à noite.

- Devia estar com peso na consciência, não é? Pelo que estava escondendo de mim!

Peter segura os cabelos com os dedos, de forma nervosa, mas não resiste. Se levanta da cama e sai do quarto.


Como o que estava ruim sempre podia piorar, assim que troco de roupa, recebo uma mensagem de John, perguntando se eu queria uma carona para voltar para a UNC.

Sem pensar duas vezes aceito.

Permaneço no quarto, até que John envia uma mensagem dizendo que está na frente da minha casa.

Saio do quarto segurando a minha mochila. Peter está sentado na sala, ao lado do meu pai. Assim que me vê, se levanta e caminha atrás de mim.

- Covey...

Não respondo. Continuo andando até passar pela porta de casa. Sequer me despeço da minha família, como sempre fazia.

Vejo o porshe de John estacionado na frente da minha casa, com ele ao volante.

- Porra, Lara Jean! Você chamou esse cara?! – Peter fala, caminhando atrás de mim.

Dou mais alguns passos, mas Peter me segura pelo braço, me virando para que eu olhe para ele.

- Você não vai embora desse jeito. A gente precisa conversar!

- Conversar sobre o quê? Eu estou com tanta raiva de você, Peter Kavinsky!

As imagens da garota nua passam na minha mente. Eu confiava em Peter, mas a dúvida estava lá, plantada na minha cabeça, como uma erva daninha no meio de um jardim. E se ele teve alguma coisa com essa garota além do que demonstrava pelas mensagens? E se as mensagens apagadas não fossem apenas fotos, e sim mensagens comprometedoras?

- Solta ela, Kavinsky. – ouço a voz de John quando ele se aproxima de nós dois.

- Não se mete, cara. O assunto é entre mim e a minha mulher.

- Mulher? – John pergunta, com a voz irônica. – Não estou vendo nenhuma aliança na mão da Lara Jean.

- Não está? Então deixa que eu lhe mostro.

Peter segura a minha mão direita e a aproxima do rosto de John. Sua mão aperta os meus dedos com força, por isso reclamo.

- Você está machucando ela, seu idiota! – John diz, empurrando Peter.

Peter não se move, mas solta a minha mão. De forma protetora, abraço a minha barriga e dou um passo para trás, enquanto os dois se encaram.

- Deixa eu adivinhar... – John diz. – Você fez merda de novo, não foi? Eu sabia! Tudo o que você faz é a Lara Jean sofrer.

- Era isso que você estava esperando, não era? Eu fazer alguma coisa de errado para você cair em cima dela.

John arqueia a sobrancelha, enquanto encara Peter, mas não nega aquela acusação.

- A Lara Jean merece uma pessoa muito melhor do que você.

Peter dá uma gargalhada sarcástica.

- Quem? Você?!

- Eu mesmo! Seria bem melhor para ela do que você.

Arregalo os olhos, em choque.

- Se toca, cara. Ela. Não. Te. Quer! – Peter fala, pontuando cada palavra, empurrando o dedo no peito de John.

John engole em seco.

- Por que você se intrometeu na história da gente.

- Que história?! Aquela bobagem de criança? Aquilo não significou nada para ela!

- Se não significou nada, por que você tem tanta raiva assim de mim?

Peter não responde. Ele olha para mim, como se buscasse no meu semblante alguma confirmação do que ele dissera. Eu estou assustada com o rumo da conversa, observando os dois.

- Eu pelo menos teria feito diferente. Seria mais homem do que você! – John continua. Peter trava o maxilar e fecha as mãos em punho. – Eu não teria engravidado ela como você fez, seu irresponsável. Você acabou com a vida da Lara Jean!

Mal as palavras de John são ditas, Peter acerta um soco em cheio no seu rosto. John cambaleia e cai sentado no chão.

Um grito de susto escapa da minha boca.

Assisto à cena em choque, enquanto vejo John se levantar, com o nariz sangrando bastante. Ele enxuga o sangue na manga da sua camisa e parte para cima de Peter.

- John, não! – peço, com a voz mais aguda do que o normal.

Meu grito chama a atenção de Peter, que é surpreendido com um soco de John em seu rosto. Peter dá alguns passos para trás, mas se segura de pé.

Ele olha para John e sua expressão é de puro ódio. Os dois se chocam e começam a trocar socos.

- Parem vocês dois!

Nenhum dos dois parece me escutar.

Minha família passa correndo pela porta. Meu pai segura Peter pelas costas, que reluta um pouco. Trina corre para o lado de John, parecendo pronta para segurá-lo, e Kitty assiste a tudo, um pouco mais afastada, parecendo assustada.

- Eu vou acabar com você, seu filho da puta! – Peter grita, enquanto se debate nos braços do meu pai.

- Calma, filho! – meu pai diz em seu ouvido, sem soltá-lo. Nesse momento Peter parece se dar conta de que era o meu pai quem o segurava, pois para de resistir.

John está um pouco mais afastado, com o corpo armado como se estivesse pronto para continuar o embate. Ele podia ser muitas coisas, mas não era covarde. Por isso não faz nada, enquanto Peter está imobilizado pelo meu pai.

Ele respira fundo e ajeita a sua roupa, depois cospe um bocado de sangue no chão. John caminha devagar e pega a minha mochila no chão, que eu sequer havia me dado conta de que tinha soltado das minhas mãos durante a briga.

- Vamos embora, LJ! – ele pede, me oferecendo a mochila.

Pego a mochila das suas mãos.

- Eu não vou com você.

- Como? – John pergunta, com a expressão confusa no rosto.

- Não posso ir, depois de tudo o que você disse. – seu olhar fica triste. – O Peter não acabou com a minha vida, John. Você está muito enganado! E acho que você nunca iria entender isso... – olho para Peter, que está com os olhos fixos em nós dois. Seu rosto está vermelho e uma mancha rocha já aparece no seu olho direito. Meu pai continua o segurando, como se estivesse com medo de que a briga recomeçasse se ele estivesse livre. Olho novamente para John. – Você nunca seria o melhor para mim, John Ambrose. E nunca vai ser!

John abre a boca, como se fosse falar alguma coisa. Não fico para escutar. Caminho em direção a Peter, que foi solto pelo meu pai.

- Vamos botar um gelo nesse olho. – digo, puxando-o pela mão em direção à minha casa.


Caminho segurando Peter pela mão até a cozinha. Ele se senta em uma das cadeiras do balcão. Tento me afastar para pegar o gelo na geladeira, mas ele não me solta. Peter me puxa pela mão para que eu me aproxime, olhando para mim com um meio sorriso no rosto. Eu o encaro, séria.

- O que foi?

- Você ficou. – ele fala e seu sorriso aumenta.

- Claro que eu fiquei! Como eu podia entrar no carro de John, depois que ele disse aqueles absurd...

Peter segura o meu rosto entre as suas mãos e me beija, encostando seus lábios de forma delicada nos meus.

Percebo a aproximação da minha família na cozinha e me afasto dele. Peter continua com o mesmo sorrisinho no rosto. Tirando seu cabelo bagunçado, sua roupa amarrotada e seu olho roxo, nem parece que acabou de trocar socos com alguém.

- Deixa eu dar uma olhada nesse machucado. – meu pai diz, se aproximando dele.

Pego uma bolsa de gelo no congelador. Sempre deixávamos uma no fim de semana, por causa dos jogos de Peter. Às vezes ele precisava, quando voltava da partida.

- O John Albert ficou muito pior, com certeza! – Kitty comenta e troca um cumprimento com Peter, que sorri parecendo satisfeito. – Você viu o tanto de sangue que ele cuspiu no chão antes de entrar no carro?!

- Katherine! – Trina reclama.

- Aquele garoto estava merecendo há muito tempo!

- Estava mesmo! Au! – Peter fala, depois reclama, quando encosto a bolsa de gelo no seu olho.

- Não foi nada grave. Só um pouco de gelo e esperar o machucado cicatrizar. – meu pai diz. Ele olha bem sério para Peter. – Não é bom para a gravidez da Lara Jean passar por esse tipo de situação. Que maluquice, filho! Vocês dois eram tão amigos!

- Foi mal, Dr. Covey. – ele diz, parecendo envergonhado.

- Acho que a sua filha não está tão inocente assim nesse caso. – Trina reclama, me lançando um olhar de repreensão.

Não digo nada, porque ela tinha um pouco de razão.

Minha família sai da cozinha e ficamos só eu e Peter, ele sentado na cadeira e eu segurando a bolsa de gelo sobre o seu olho. Ele envolve minha cintura com os seus braços. Estou de pé, entre as suas pernas.

- Você ainda está com raiva de mim? – ele pergunta.

- Claro que estou! – ele faz um bico. – Menos, mas estou.

Ele afasta minha mão com o gelo do seu olho e encosta a cabeça em meu peito.

- Foi tão bom ver você me defendendo daquela maneira!

Dou um pequeno sorriso e acaricio o seu cabelo com a minha mão que estava livre.

- Você é o pai da minha filha, Peter Kavinsky. Pode não ser perfeito, mas é o homem que eu amo.

Ele levanta o rosto, envolve a minha nuca com uma das suas mãos e me beija. O beijo dessa vez não é gentil, como fora o último. É intenso, urgente, como se ele estivesse buscando uma confirmação das minhas palavras nos meus lábios.

- Seu olho... – digo.

- Depois.

Seus beijos dessem pelo meu pescoço e ele acaricia as minhas costas.

Kitty está na sala, mas meu pai e Trina aparentemente subiram para o quarto. Deveriam estar conversando sobre todo o ocorrido.

- Ainda estou com raiva de você. – sussurro.

- Está nada... – ele provoca.

Me afasto e ponho o gelo sobre o seu olho novamente.

- Au! – ele reclama.

O encaro, com a expressão fechada. Ele respira fundo.

- Amanhã vou conversar com o diretor. Vou deixar as fotos menos... menos expostas e mostrar para ele. Talvez ele possa chamar a atenção da garota.

- Você deveria ter feito isso antes!

- Eu pensei que ela iria desistir! Não queria mostrar as fotos da garota para outra pessoa, ainda mais para outro homem...

- Você pode falar com a Sra. Duvall. Ela vai saber o que fazer.

- É uma ótima ideia!

Retiro o gelo e guardo novamente na geladeira. Peter fica de pé e me abraça.

- Desculpa, amor. Não vou mais esconder nada de você. Prometo!

Eu não podia recriminá-lo, pois já tinha feito isso tantas vezes! Escondi a minha viagem para a França, depois escondi meu retorno à UNC...

- A gente tem que começar a confiar mais um no outro. Nós temos uma filha. A gente não pode continuar se comportando como um casal de namorados adolescentes.

- Você tem toda razão!

Encosto minha cabeça em seu peito, pensando que toda essa confusão tinha servido para um propósito. Pelo menos as minhas dúvidas sobre as intenções de John haviam sido esclarecidas de uma vez por todas. Não havia mais como manter uma amizade com ele.


Quando chegamos à república, e encontramos o carro de John estacionado na rua, penso que aquela história parecia longe de terminar.

- Esse cara quer apanhar de novo, só pode! – Peter resmunga, enquanto estaciona o carro.

- Calma! Eu converso com ele.

- Conversar?! Você não ouviu as coisas que aquele filho da puta falou?

- Eu deixei você conversar com a Diana quando a gente voltou, não deixei?

- Deixou porque quis! Eu não pedi nada.

- Peter...

Saímos do carro e caminhamos até a república. Antes que Peter entre, eu o seguro pelo braço.

- Por favor! Eu prometo que essa história acaba aqui.

Sua expressão de raiva se suaviza. Entramos na casa de mãos dadas.

A cena que vejo me surpreende. John está sentado no sofá, ao lado de Bete, que segura um pano, provavelmente com gelo, sobre o rosto de John. Ela está vestindo um short curto e uma camiseta folgada, e seus cabelos estão presos em um rabo de cavalo. Eles estão tão próximos e a cena é tão íntima, que sinto a mão de Peter relaxar em volta da minha.

John percebe que chegamos e olha para nós dois. Bete também. O silêncio paira por três segundos, como se ninguém soubesse o que dizer.

- A gente precisar conversar. – sou eu quem digo, olhando para John. Ele concorda, com um aceno de cabeça.

Viro-me para Peter. Ele está encarando John, com os olhos estreitos.

- Me espera lá em cima, por favor. – peço, mas ele não me olha. – Peter...

Ele olha sério para mim, segura o meu rosto e me dá um beijo. Eu deixo. Se era o que ele precisava para acalmar o seu coração, então não iria negá-lo.

Peter sobe as escadas e Bete se afasta, caminhando em direção ao seu quarto.

Vou até o sofá, e me sento ao lado de John. Ele me olha, parecendo profundamente envergonhado.

Eu simplesmente não sei o que dizer.

- Você perdoou ele? – John pergunta, me surpreendendo. Olho para ele, sem entender. – Ele traiu você, não foi? Como fez naquela época com a Gen, por isso vocês brigaram?

- Não, John.

- Ele não merece você!

- Você está enganado! O Peter não me traiu com a Gen.

- Mas a gente viu os dois juntos naquele dia...

- Ele estava ajudando uma amiga! Estava ajudando uma amiga de forma desinteressada, como eu pensei que você estivesse fazendo comigo.

Os olhos de John são pura confusão.

- Mas eu pensei que...

- Pensou errado! O Peter nunca faria uma coisa dessas comigo. Se você o conhecesse melhor, saberia. As pessoas estão acostumadas a pensar muitas coisas erradas a respeito dele.

- O Kavinsky é um irresponsável, Lara Jean! Engravidou você...

- Errado de novo! Esse bebê foi feito por nós dois, John. Ele não me forçou a fazer nada. Na verdade... eu tive até um pouco mais de responsabilidade do que ele, já que eu sabia que não estava mais tomando anticoncepcional, e ele não.

O rosto de John fica totalmente vermelho.

Suas mãos se aproximam das minhas e as seguram. Eu deixo. Suas mãos estão suadas e os nós dos seus dedos machucados, pelos murros dados no rosto de Peter.

- Você acha que ele vai ser um bom pai para a sua filha? O Kavinsky... ele... é tão egoísta!

Não consigo deixar de sorrir. Solto suas mãos e acaricio a minha barriga.

- Você sabe por que desisti da ideia do aborto? – os olhos azuis de John estão cheios de lágrimas. – Por causa do Peter. Ele não deixou de jeito nenhum! Na verdade... ele ficou louco porque cogitei a ideia. – olho para a minha barriga, me lembrando do quanto ele sofrera na época, e como ele lutara para me fazer mudar de opinião. – O Peter não falta a nenhuma consulta, nem aos exames mais simples quando eu estava na Virginia. Me lembra de todos os remédios e cuida da minha alimentação. Ele conversa todas as noites por telefone com a bebê. – agora sou eu quem estou ficando emocionada. – Nós temos uma poupança. Todos os meses ele deposita quase a sua bolsa toda do estágio para montarmos o enxoval da Evie. – ao passo que falo, ele parece profundamente envergonhado. – John, minha filha não poderia ter um pai melhor do que ele!

John pisca os olhos e disfarça, quando uma lágrima escorre no seu rosto, a enxugando.

- Quando vi você na cafeteria naquele dia, me dizendo que iria voltar para a UNC... depois a sua irmã disse que o Kavinsky não concordava com a ideia. Eu... eu tive esperanças. Eu nunca esqueci você, Lara Jean. A gente parecia tão... certos juntos! Os mesmos gostos, personalidades parecidas... e eu achava o Peter tão... babaca!

- John, nós estávamos esperando um filho.

- Não pensei que o Peter fosse assim, como você disse. Pensei que ele podia... abandonar você no meio do caminho.

Não era um pensamento surpreendente aquele, principalmente sabendo o que John pensava sobre Peter. A maioria dos garotos fazia isso quando descobria que as namoradas engravidaram, não fazia?

- Você precisa seguir em frente, John. Parece que está mais apegado ao que a gente não viveu do que ao que realmente aconteceu entre nós dois. O amor de verdade é construído no dia-a-dia, com as pequenas coisas. Com uma mensagem enviada no meio do dia porque você se lembrou da pessoa. Ou com um cochilo no colo do outro enquanto estamos assistindo a um filme, porque a pessoa está muito cansada, mas quer estar presente de qualquer forma. Com uma comida que você tentou seguir a receita, mas não deu nada certo, e não importa porque fez com todo carinho. O amor de verdade se constrói nas brigas e implicâncias e principalmente no momento de reconhecer que errou e fazer as pazes. Nada disso a gente tem, John. Mas você precisa ter. Com outra pessoa. E então você vai entender que o que sentia por mim não era amor.

John permanece em silêncio, enxugando mais uma lágrima que rolou no seu rosto. Meu coração está tão pesado ao vê-lo daquela maneira! John era uma pessoa importante para mim. Um dos meus amores juvenis, um bom amigo... mas ele parecia preso em uma história nossa que na verdade terminou antes mesmo de começar.

Caminho com John até a porta, e antes que ele vá embora, lhe dou um longo abraço. Não preciso dizer que a partir de agora não continuaríamos próximos, porque aquilo estava implícito em cada uma das minhas palavras. Ele não deixaria de ser meu amigo, e eu não deixaria de sentir carinho por ele. Mas aquele era claramente um abraço de despedida.

A página John Ambrose havia sido virada do livro da minha vida de forma definitiva.


Quando vou subir as escadas, me surpreendo com Peter sentado em um degrau, no meio da escada, com as pernas abertas e os braços escorados sobre elas. Sua cabeça está baixa. Ele olha para mim e dá um sorriso aliviado.

- Não acredito que você ficou aí ouvindo a nossa conversa?!

Subo os degraus até ele. Ele me puxa pela mão e me senta em seu colo.

- Claro que fiquei! Não sabia se o idiota iria tentar alguma gracinha.

- Você é inacreditável, Peter Kavinsky!

Ele sorri, jogando meus cabelos para trás dos meus ombros.

- Inacreditável é você!

Seu nariz roça no meu de forma carinhosa, depois ele beija a minha bochecha, minha testa, meus olhos... seus lábios tocam de leve nos meus. Abro a boca e encosto a língua em seu lábio inferior. Peter captura meus lábios com os seus, enquanto nossas línguas se tocam.

Seguro seu rosto entre as minhas mãos, e seus braços me envolvem.

Não havia sensação melhor no mundo do que estar nos braços da pessoa que a gente ama de verdade.

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