Quando o amor é pra sempre (R...

By Strange-Boy

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(COMPLETO E REVISADO) No ano de 1989, em Denver, Colorado - Estados Unidos, Harrison é um garoto de 18 anos q... More

Prólogo
1 - Robin
2 - A festa e a academia
3 - Quadrinhos
4 - Como (ou não) se aproximar de alguém
5 - Uma noite peculiar
6 - Go, Tigers!
7 - 1989... 1990!
[nota aos leitores]
[boas notícias!]
8 - Eu vou sentir falta dos anos 80...
9 - Volta às aulas
10 - O último baile colegial
11 - Chuva de verão
12 - É com você que eu quero estar
13 - O adeus
14- Mudanças da vida
15 - Memórias
16 - C'est La Vie!
17 - Há quem acredite em coincidências
18 - Decisões, decisões...
19 - O que fazer?
20 - Laços que nunca foram rompidos
21 - Lar?
22 - A luz nas trevas
23 - Se reerguendo aos poucos
24 - Desequilíbrio
25 - Arrependimento
26 - Na saúde e na doença
27 - De coração quebrado
28 - Prova de amor
29 - Coisas que estão além do nosso alcance
31 - Forte como era antes
32 - O pedido
33 - Como nos velhos tempos
34 - A vida normal
35 - Faça um pedido
36 - (Des)confiança
Epílogo
Continuação: A História de Gael

30 - Não vou desistir de você

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By Strange-Boy

HARRISON

Mais dias dessa tortura se passaram e nada mudava.

Trabalho, correção de exercícios e provas, noites mal dormidas no hospital e lágrimas de dor diárias. 

Em um dia ou outro, Robin conseguiu me convencer a sair com ela para um pub, um bar... Ou até mesmo para assistirmos algum filme em sua casa. Durante esses momentos, de qualquer forma, eu não conseguia me distrair muito. Minha mente permanecia preocupada com Scott e sentindo sua falta. Eu sentia a necessidade de estar ali, perto dele. Sentia que ele precisava de mim, da minha esperança e da minha energia, ainda mais depois de todos perderem as esperanças nele. 

Comentei isso com o psiquiatra que me consultava e ele me recomendou tentar dormir uma noite no motel, pelo menos. O obedeci, afinal, o médico de Scott, Robin e Nathalia me aconselhavam o mesmo. 

Mas foi pior ainda... Não consegui dormir um minuto sequer. 

No dia seguinte, era domingo. Consegui dormir a tarde toda na poltrona ao lado da cama de Scott. 

Certo dia, o médico me disse que nunca havia visto alguém ficar tantos dias e tantas noites seguidas com algum paciente no leito do hospital, principalmente em coma. Eu não ligava para os sacrifícios, eu só queria estar com ele e vê-lo acordando logo... 

Eu falava com Nathalia normalmente, mas de forma um pouco forçada depois que ela me falou sobre aquela possibilidade horrível de desligar as máquinas que mantinham Scott vivo. 

Eu sentia uma preocupação e tristeza enorme, mas no fundo procurava entender a dor que ela, como irmã, também sentia. 

Amanda nunca me surpreendeu tanto. Ela realmente aparentava não estar nem ligando para Scott e já nem me cumprimentava mais nos corredores. Acredito que o rancor e o ódio, quando permitidos, podem dominar um coração bom de uma forma que ninguém nem pudesse imaginar. 

E mais um dia eu chegava ao hospital... 

Talvez estivesse fadado a isso? Acompanhar pessoas em seu leito de morte?

A vida já tirou o meu pai de mim e pouco tempo depois, quando reencontrei o meu amor, ela quer tirá-lo de mim também? Que tipo de ser humano eu e Scott éramos pra sofrermos tanto assim? 

— Oi, Scott... — sorri ao entrar na sala, jogando o meu corpo na poltrona. — Senti sua falta. 

Toquei a sua mão e a acariciei. 

— Sabe... Ninguém mais acredita em mim, ou em você. Acham que eu sou ingênuo ou louco, mas... — mexi no cabelo dele delicadamente. — Eu sei que você vai voltar pra nós. Sei que você vai acordar. Eu sigo esperando todos os dias pacientemente. Vou estar sempre esperando por você. 

Então, inclinei meu corpo pra frente e repousei um beijo em sua testa.

ALGUM DIA EM 1988

SCOTT

Depois de tomar banho no vestiário, saí de lá chacoalhando a cabeça para secar o cabelo e fui até a arquibancada me sentar perto dos meus amigos. 

Estávamos conversando quando de repente o nerd se aproximou de nós.

— Ih, o que ele quer de nós? — Thomas ergueu uma sobrancelha enquanto nos entreolhou e começou a rir. 

— Eu só vim dar um oi pro... — o nerd tentou falar enquanto olhava pra mim.

— Pro Scott!? — David riu.

— É que pensei que a gente era am- — ele insistiu, sem tirar os olhos de mim.

— Amigos? Vocês dois? — Thomas caiu em uma gargalhada mais forte ainda. 

— Ou então namoradinho, quem sabe? — Mark acrescentou enquanto ria também. 

O nerd ficou me olhando com vergonha estampada por toda sua face e expressão corporal.

— Vaza, cara! Pelo amor de Deus. — Thomas secava as lágrimas.

— É, nerd. — assenti pra ele com a cabeça, sério. — Não tem nada pra você aqui. 

Ele abaixou a cabeça e se virou, andando pra longe. 

Me senti mal pela situação, mas eu não podia perder a pose para meus amigos, senão... O que eles diriam de mim?

Depois de conversarmos mais um pouco, os três se levantaram para ir paquerar algumas meninas da turma enquanto permaneci sentado no mesmo lugar. 

— Jogou muito bem como sempre, Scott. — Amanda se aproximou e sorriu pra mim, se sentando ao meu lado na arquibancada. 

— Obrigado. — sorri de lado pra ela. 

Como fazíamos algumas aulas de educação física com a outra turma, os meninos jogavam futebol e as meninas vôlei. As equipes eram formadas sendo turma versus turma. 

— A outra turma não tá com nada. — ela riu. — Tô brincando, eles também jogam bem, mas tem jogadores dos Tigers na nossa turma. 

— Pois é. — ri, me vangloriando. 

— Sempre tão convencido. — ela ergueu uma sobrancelha pra mim enquanto ria levemente.

— É, você e outras pessoas não ajudam. Me bajulam demais. — ergui o queixo.

— É porque você merece.

— Ah, mas obrigado, de qualquer forma. De verdade. — fiquei sem graça e abaixei a cabeça.

— Escuta, Scott... — ela se aproximou mais de mim. — Posso te perguntar uma coisa? Não vai levar a mal? 

— Acho que não. Pode falar. — olhei pra ela.

Nossos rostos estavam bem pertos um do outro. 

— Quando que a gente vai começar a namorar de novo? — Amanda perguntou.

— Amanda... — cocei a cabeça.

— É sério. Porque olha... Namoramos tem um tempo... Lembra que você foi o meu primeiro namorado? Embora eu tenha sido sua terceira...

— Claro que lembro, Amanda, mas o que isso de ser primeiro ou terceira importam?

— Nada! — ela riu. — Só estou lembrando desses fatos, é uma curiosidade, né. 

— Por que?

— Porque, bom... — ela olhou para os lados e começou a cochichar. — Porque mesmo eu sendo a sua terceira, foi comigo que você perdeu sua virgindade. 

— Ah. — ri, olhando pra cima. — De novo pergunto o que isso tem a ver. 

— Não foi um momento especial pra você? — ela cruzou os braços e ergueu as sobrancelhas. 

— Claro que foi, Amanda. Gosto de você. Cara, isso já tem o que? Uns dois anos?

— Acho que sim. Enfim, eu também perdi a minha virgindade com você, então trocamos isso, é algo muito especial... — ela voltou a cochichar. 

— Mas por causa disso não quer dizer que a gente tenha que ficar juntos pro resto da vida.

— Não temos, você tem razão. — ela suspirou. — Mas eu ainda gosto muito de você.

— Nós terminamos porque não dávamos muito certo, Amanda, você sabe... — bufei. — Eu te disse que sempre gostei de você, mas sei lá... Não temos muito aquela química, sabe?

— Quem disse!? — elevou a voz de novo. — Eu sou apaixonada por você, cara! Todo mundo já tá careca de saber.

— Mas eu não sou apaixonado por você, Amanda... — falei baixo, a olhando. 

Amanda fez uma feição triste e continuou a me fitar. 

— Por que não?

— Nós já conversamos sobre isso... Não é nada pessoal. Você é uma garota incrível e um dia vai encontrar um garoto com quem combine mais, com quem tenha química... Por favor, não insista.

— Eu vou fazer você gostar de mim!

— Amanda, por favor...

Ela me ignorou, se levantou e saiu andando pela arquibancada pra logo depois descer as escadas. 

Apoiei a minha testa na mão enquanto fechava os olhos. Já estava com dor de cabeça. 

O sinal da escola já havia tocado. 

Essas garotas só enxergavam a minha beleza e sinceramente... Isso não era o suficiente pra que me cativasse. 

Seguirei esperando por alguém que se apaixone não só pela minha beleza, mas pela minha alma, minha essência...

Nossa, Scott, que pensamento mais gay!

Ri e me levantei.

Depois de andar pela quadra, me deparei com meus amigos em um corredor. 

— Ei, escuta só. — David comentou comigo. — Se liga na pegadinha que preparamos pra aquele nerd. 

Olhei para longe e o vi abrindo o seu armário no corredor.

— Ah... Vocês não cansam, não é? — revirei os olhos.

— Olha, olha, presta atenção. — Tom riu entre os dentes. 

Assim que abriu a porta do seu armário, vários papéis caíram em cima do nerd, fazendo com que ele escorregasse e caísse sentado no chão. 

Altas gargalhadas ecoaram pelo corredor. Eu também não pude conter as minhas. 

— Viu só? — Thomas ria. 

Eu gargalhava junto das pessoas até a minha barriga começar a doer. 

Meu riso, no entanto, foi embora assim que vi os dizeres que estavam escritos por todos os papéis.

"BICHA  BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA BICHA"

O nerd bateu seu armário com força e o chutou depois de trancá-lo, cheio de raiva. Saiu apertando os passos e entrou no banheiro masculino.

Observei Thomas, David e Mark rindo. Enquanto estavam distraídos, saí andando e entrei no banheiro também.

Aparentemente não havia ninguém exceto eu e o nerd dentro daquele lugar.

Havia apenas uma cabine fechada e eu estava ouvindo ele chorar lá dentro.

Por mais que eu não o conhecesse, ouvir aquilo cortou o meu coração. 

Quis falar com ele, mas eu estava com muita vergonha pra exibir meu rosto, ainda mais depois do que havia acontecido na arquibancada da quadra.

Então eu silenciosamente entrei na cabine ao lado, fechando a porta enquanto me sentei em cima do vaso. 

Respirei fundo e tentei me preparar pra deixar a minha voz mais grave do que o normal, torcendo para que ele não a reconhecesse.

— Não chora. — finalmente disse. 

Houve um breve silêncio. 

— Quem está aí? — fungou o nariz e me respondeu.

— Isso não importa. Por que está chorando?

— Porque... Bom, porque as pessoas me odeiam. 

— Nem todo mundo te odeia. 

— Ah, não? Me diz alguém então nesse inferno de lugar que não me odeie. Você não sabe nada sobre mim! — ele continuou a chorar. 

— Eu não te odeio. 

— E quem é você!? Se mostra então! Aposto que é mais um desses trotes idiotas! — ele chutou a porta da cabine. 

— Não, eu juro que estou sendo sincero. 

— Não acredito em você. 

— Você não tem amigos? — perguntei, preocupado.

— Os que eu tinha se mudaram pra longe... Esse ano estou sozinho.

— Talvez possa fazer amigos novos. — pressionei os lábios, curioso para o que ele ia me dizer. 

— Tentei fazer um, depois que a gente se encontrou na biblioteca. 

— É mesmo? — sorri sabendo que ele falava de mim. — Quem é ele?

— É um jogador idiota de um time de futebol que nem é da minha turma.

— E por que ele é idiota? — estava preocupado com a resposta. 

— Porque ele apoia os amigos dele nas... Nas coisas ruins que fazem comigo. 

Aquilo martelou um pouco na minha cabeça. Na verdade eu não apoiava aquilo. Nunca apoiei, mas tinha medo de ser sincero e ficar contra eles. Tinha medo de ser julgado, ficar sozinho, sem amigos... Então eu não discordava deles.

Mas no fundo... No fundo eu sempre estive convicto de que não concordava com essas ações estúpidas deles.

Eu só não tinha coragem pra fazer nada diferente e me contrapor... 

— Talvez ele tenha medo de agir diferente. — falei.

— Medo dos próprios amigos? 

— Medo do que iam achar dele ficando contra eles. Eles poderiam abandonar ele, acabar com a amizade...

— Seria um livramento pra ele! — o nerd riu, debochando.

Respirei fundo e me agachei. Observei a fresta que tinha embaixo da parte de metal que separava a minha cabine da do nerd.

Eu conseguiria passar por ali. A fresta é bem grande. 

Apoiei as minhas mãos na parte debaixo e o garoto levou um susto.

Tomei impulso após me deitar no chão. Com isso, em um instante eu já estava na mesma cabine do nerd. 

Ele deu um grito e eu comecei a rir.

— Calma, calma... Sou eu. — segurei os seus braços.

— É, é você! — ele franziu o cenho e se soltou das minhas mãos. — Só podia ser você! Eu sabia que era mais uma daquelas brincadeiras de mau gosto! 

— Nerd, calma aí...

— Escuta, cara, só me deixa em paz, tá bom? Não fala mais comigo, por favor! — ele gritou estressado enquanto levantava, abrindo a porta da cabine e saindo depressa. 

— Nerd! 

Ele me ignorou, andando apressado para fora do banheiro. 

Eu continuei sentado no chão. Bufei e mexi no cabelo. 

O que eu estava pensando, afinal?

Agiu de forma injusta com o menino e agora esperava que ele fosse confiar em você? Na sua boa vontade, Scott? No seu sentimento genuíno de querer fazer uma amizade?

Como sou besta...

É... Afinal, seria praticamente impossível ter alguma amizade com ele.

Espero que ele encontre amigos que o mereçam de verdade. 

1998

HARRISON

Acordei assustado depois de ter um pesadelo. 

Ofegante, levantei da poltrona e fui até o filtro de água que ficava acoplado na parede. Bebi um pouco e consegui me acalmar com o tempo. 

Fiquei observando o céu e a cidade através da janela. Estava sendo uma noite muito fria lá fora e ventava muito. Em pouco tempo, começou a chover e a relampejar. Algumas folhas batiam contra o vidro e as árvores dançavam pelo ar livre. Era um clima agitado assim como a minha mente e a minha vida, eu acho...

Suspirei e me virei. Joguei o copo de plástico na lixeira e voltei a me sentar na poltrona. 

Fiquei observando Scott, tão lindo, mas naquele sono profundo e com vários equipamentos. Tinha dias que a dor era tão grande que eu me perguntava se aguentaria mais um minuto. 

Com a poltrona bem próxima da cama, inclinei meu corpo e o abracei gentilmente, como sempre fazia, tendo o máximo de cuidado possível. Deitei meu rosto em seu peito, pressionando uma orelha. Com isso, consegui ouvir as leves, calmas batidas do seu coração. 

Ouvir aquilo me trouxe uma alegria tão grande. Fechei os olhos e sorri em meio as lágrimas que escorreram no meu rosto. 

Gentilmente procurei uma das mãos de Scott e a segurei gentilmente enquanto ficava ali ouvindo o seu coração bater. 

— Não me deixe... Por favor. — sussurrei. 

Passaram-se alguns segundos enquanto eu sentia aquela paz, em contraste da tempestade horrível que acontecia lá fora.

— Eu te amo... — deixei o meu coração falar. 

Poucos segundos depois, senti Scott apertando a minha mão. 

Inicialmente sem reação e tentando organizar melhor os meus pensamentos para compreender o que havia acabado de acontecer, abri os olhos e vi quando ele apertou minha mão mais forte ainda. 

Boquiaberto e com o coração à mil, me levantei do abraço e olhei em direção a ele.

Scott estava com a cabeça inclinada para o lado e de olhos abertos, me olhando.

FIM DO CAPÍTULO

De novo volto a dizer, não estranhem caso o próximo capítulo demore alguns dias para lançar  ♥

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