Minhas Pernas balançavam para frente e para trás, ansiosas. Meu olhar estava fixo no relógio de parede de passarinhos fixado na oposta a Mim. O cheiro de álcool me fazia estar enjoada, mas ignorei, olhando ao redor.
Eu procurava por Bruce entre as várias pessoas naquele laboratório.
Continuei sentada na maca onde um auxiliar me indicou. Minhas mãos formigavam, ansiosas. Ajeitei as luvas de couro e peguei o celular, encarando a minha foto do papel de parede: Eu e Bucky no dia do noivado. Suspirei e entrei no aplicativo de mensagens, perguntando se alguém tinha visto o Bruce. Foi o Clint quem respondeu que sim e que já tinha avisado que eu havia chegado, que era para eu esperar um pouco porque Bruce estava vindo.
Voltei a desligar o telefone ignorando a tela dele. Minhas mãos voltaram a formigar e as luvas acionaram o resfriamento. Meu olhar passeou pelas pessoas vestidas com jalecos brancos e azuis naquele laboratório e nos sons estranhos que as máquinas faziam.
-Boa tarde, Amber!
Levei um pequeno susto e sorri quando vi Bruce aparecendo por trás de mim.
-Oi, Bruce!
-Desculpe te fazer esperar… Vamos começar os testes?
Concordei e levantei da maca, seguindo ele até a tão conhecida porta da sala particular e impenetrável dele. Enquanto Bruce ajeitava as coisas para os testes, sentei na cadeira e tirei as luvas, já até sabendo a ordem daquela semana. O interior do meu braço podia ser facilmente confundido com o de um viciado.
-Então, Amber… - Bruce me encarou, por cima dos ombros, ajeitando os óculos no rosto. - Ainda sem controle das habilidades?
Assenti, suspirando.
-Mas só quando eu fico nervosa demais, sabe? - Expliquei. - Quer dizer… Ontem eu tomei meia garrafa de vinho e fiquei meio embriagada mas não houve nada. Hoje, eu levei um susto por causa de uma estante que caiu e incendiei quase a livraria.
-Preciso que acenda sua mão.
Obedeci e acendi a mão direita, enquanto ele tirava sangue do braço esquerdo. Suspirei, vendo o liquido vermelho escuro subir pela ampola.
-Você sabe e eu também que isso é descontrole emocional, Bruce. Por quê fazer esses exames todos os dias?
-Eu já te expliquei… - Bruce me encarou, rapidamente. - Preciso ver se o nível de combustão do seu sangue está acima do níveis normais… O que pode ser a causa ou apenas um sintoma desse descontrole.
Bufei. Ele sorriu.
-Não faz essa cara, Amber. Você sabe que eu só estou preocupado.
Ele tirou a agulha do meu braço, pressionando um algodão no furinho.
-À toa!
-Espero mesmo que seja! Agora… Vem, cá! Temos que fazer os de imagem…
Segui Bruce para a sala onde os aparelho capazes de me avaliar estavam. Sentei em frente a um dele que era capaz de detectar calor através de raios infra-vermelhos e, enquanto eu tirava a roupa e ficava apenas com o uniforme que Tony me deu, Bruce ajeitava essa máquina, concentrado.
Sentei na frente dela e esperei, tentando controlar meu nervosismo e tirando as luvas. Bruce me encarou, chamando minha atenção.
-Libera seu fogo, Amber. E apaga quando eu pedir. Consegue fazer isso?
Assenti, apertando meu joelho com um pouco de força e sentindo meu estômago embrulhar. Olhei ao redor e percebi que o extintor de incêndio estava perto. Elevei meu olhar para o teto e achei os sensores de calor. As luzinhas vermelhas ao lado deles piscavam, indicando que estava ligados. Respirei fundo.
Bruce se encaixou atrás do computador. Eu engoli em seco. Tudo bem, o formigamento no meu corpo indicava que eu conseguia acender. Mas meu problema estava sendo apagar. Eu não conseguia apagar há algumas semanas e, por isso, estava evitando acender.
-Acende.
Levei doi segundos, apenas, para incendiar meu corpo inteiro, enquanto aquela máquina começava a tirar várias e várias fotos. Fechei os olhos, suspirando com satisfação.
O calor era gostoso. As chamas, me mantinham seguras. Eu sentia parte do vazio que eu ostentava no centro do meu peito ser preenchida e por mim, eu nunca mais apagava aquelas chamas. Eu estava em casa.
-Eu preciso que você diminua, Amber. Ou vai incendiar o laboratório!
Abri meu olhos e percebi que as chamas estavam altas. Os sensores estavam piscando mais rápido. Tentei me concentrar, mas eu não queria sair dalí, não queria apagar o fogo…
-Amber… - Bruce tornou a repetir.
Respirando fundo, e com muita dificuldade, fui diminuindo a intensidade do fogo. Quando eu, finalmente, o apaguei, eu tremia inteira. Meu estômago estava tão embrulhado que eu tive que levantar e correr para longe de Bruce, agachando na frente de uma lata de lixo qualquer e colocando o almoço inteiro para fora.
Levei uns dois minutos para me recuperar e enfiar as luvas novamente. Bruce me observava nem muito longe, nem muito perto. Encarei ele.
-É descontrole emocional, Bruce.
-Eu sei. - Ele assentiu. - E eu não vou te culpar. Mas preciso que você volte. Faltam só mais dois exames.
Respirei fundo e segui ele para dentro da sala de treinamentos, alguns andares depois. Bruce pegou uma vela, levando o extintor junto.
-Mesma coisa de sempre. Apaga e acende a vela, está bem?
Assenti. Encarei o fogo quando ele acendeu o isqueiro. A chama tremeu na mão dele e eu sorri. Meu corpo implorava para que eu colocasse a mão nela e sentisse o calor.
Mas ao invés de diminuir a chama, eu sem querer a aumentei, fazendo Bruce levar um susto e ficar levemente esverdeado. Só consegui controlar a chama na terceira tentativa.
Bruce anotou na prancheta dele e voltamos a treinar outra coisa. Minha capacidade de absorver fogos e o liberar. Absorver era fácil. O liberar mais ainda. O difícil era parar de fazer isso. Mas consegui sem muitos acidentes alguns minutos depois.
Bruce me avisou que ia registrar no computador os resultados e eu fui liberada. Como ainda faltava uma hora inteira para a reunião, sentei em um dos corredores da Shield, agarrada a minha mochila, depois de tirar um livro qualquer de dentro dela.
Eu lia as páginas, mas ao mesmo tempo, meu cérebro não registrava nenhuma palavra, o que me fazia ter que ler quatro a seis vezes cada página para conseguir entender.
Por fim, desisti. Guardei o livro de volta e fiquei apenas observando as pessoas que passavam para lá e para cá: Agentes com roupas formais, o pessoal das equipes táticas com os uniformes e as armas, o pessoa do jurídico ao telefone, irritados com seus clientes…
O esforço que eu tinha feito me fazia querer fechar os olhos e dormir e, por duas vezes, tive que mudar de posição na cadeira para não cair de sono.
Mas talvez, mesmo contra minha vontade, meus olhos tenham fechado apenas um pouquinho.
Tanto que quando alguém me sacudiu, levei um susto enorme e acabei segurando a mão da pessoa, enquanto torcia o braço dela. Só depois meus olhos focaram em Tony Stark, que me encarava, de boca aberta.
-Tá maluco, Tony?!
-Eu só encostei em você! - Tony argumentou. - Pode soltar meu braço, Miss Fire?
Larguei o braço dele, o vendo esfregar o local onde torci. Esfreguei meu rosto, suspirando.
-Desculpe, eu estou meio tensa…
-Fica tranquila! Precisa de muito mais que isso para me machucar! - Tony suspirou e me encarou. - Só vim avisar que a reunião começou! Vem logo!
Tony me puxou pelo braço, me arrastando pelos corredores. Enquanto isso, fomos conversando sobre a filha de Tony, a qual ele já havia escolhido o nome e seria Morgan. Pepper estava grávida de cinco meses já e Tony estava terminando de montar, ele mesmo, o bercinho dela.
Entramos na sala, que estava abarrotada de Vingadores, Phil Coulson, alguns agentes e, para minha surpresa, o Rei Tchalla e a irmã dele, a Princesa Shuri. Como eles estavam mais perto de mim, foram os primeiros que vieram falar comigo.
-Olá, Majestade! - Fiz uma breve reverência, mas Tchalla apenas esticou a mão e a beijou, com um sorriso levemente triste.
-Oi, Amber. Olha… Eu ainda não tinha tido oportunidade de falar contigo desde que tudo aconteceu, mas eu queria dizer apenas que eu sinto muito por tudo!
Dei de ombros, suspirando e tentando sorrir.
-Não foi sua culpa, Tchalla. Foi culpa do Fury…
-Eu sei. Mas de qualquer forma, eu não percebi antes que era uma armadilha.
-Ninguém percebeu. - Balancei a cabeça, desviando o olhar. - E eu agradeço o apoio que o Senhor tem dado para nós…
Tchalla assentiu, mas foi chamado por Coulson, então se afastou de mim e foi Shuri quem veio me dar um abraço. Ela me olhou atentamente quando nos soltamos.
-Você está bem? Está tão magrinha…
-Tô bem, Princesa! - Tentei sorrir de novo. - Eu só resolvi fazer dieta…
Shuri estreitou os olhos para mim, como se soubesse que eu estava mentindo, mas não falou nada. Sentamos nos nossos lugares e eu escolhi um entre Hope e Sam. Aos poucos, os burburinho foram cessando e todo mundo ficou em silêncio, esperando o início da reunião.
Phill se posicionou na cabeceira da mesa comprida de vidro, ao lado de Tchalla. Os dois se entreolharam, antes dele pigarrear e começar a falar:
-Boa noite! Eu sei que muitos de vocês preferiam estar em qualquer outro lugar nesse momento e eu não vou julgar vocês, mas se o Tony puder guardar o celular que ele está mexendo embaixo da mesa, eu agradeço.
Segurei a vontade de rir quando Tony bufou e, revirando os olhos, guardou o aparelho no bolso. Phil voltou a falar.
-Voltando: O Motivo dessa reunião é um be conhecido por vocês: A Busca dos três desaparecidos.
Bufei alto, revirando os olhos. Algumas pessoas me encararam, outras desanimaram.
-Vocês acharam algo concreto? - Clint questionou. - Porque das últimas seis vezes, vocês disseram que sim e apenas perdemos tempo!
-Nada contra essas buscas, é claro! - Wanda comentou. - Pelo contrário, acho válido procurarmos incansavelmente eles…
-Até porquê, eles fariam isso por nós! - Natasha a interrompeu.
Antes que elas começassem uma briga sem sentido, me meti, levantando da cadeira e chamando a atenção, tanto das duas, quanto do resto da sala.
-Calem a boca as duas! Por que ao invés de criar polêmicas a gente não deixa o Phill falar e depois enche ele de perguntas, hein?
-Mas quem foi que determinou que ela ia ser a líder do grupo para falar desse jeito? - Wanda indagou, para ninguém específico.
-Você não ouviu ela, não? - Hope a encarou. - Cala a boca!
-A questão é achamos uma pista importante e foi a coisa mais concreta que achamos até agora!
Todos nós viramos para Tchalla, que trocando um olhar com Phill, andou um passo a frente, acionando um projetor com o mapa do Continente Africano. Ele começou a apontar.
-Para quem nunca foi, Wakanda fica próximo a essa área aqui. E essa… É o Congo. É de onde recebemos uma mensagem de um celular, rápida…
Troquei um olhar com Sam, quando ele explicou que parecia a voz de Steve. Essa mesma história…
Mas como eu mesma mandei que todos calassem a boca, não falei nada. Esperei até que ele tivesse explicado que era, sim, pouquíssima coisa mas que era melhor do que nada, ainda mais quando ele tinha conseguido uma ressalva do governante do Congo para explorar as terras por algum tempo para ver se achavámos alguma coisa.
Fiquei quieta na cadeira, apenas escutando as brigas que se seguiram, já que muitos achavam que era um desperdício de tempo novo (eu estava incluída nesses muitos, mas não comentei nada) enquanto alguns achavam que tínhamos que tentar até os últimos recursos.
Surpreendentemente, Tony e Bruce também acharam que deveríamos tentar mais uma vez. Eu não achava. Na verdade, eu não ia aguentar mais uma decepção. Talvez, se isso acontecesse, eu virasse alcoólatra de vez, e eu não estava muito certa se álcool e fogo era uma boa combinação.
Esperei que Todos estivessem discutindo. Todos mesmo. Até Tchalla e Coulson. Juntei minhas mãos e formei uma bolinha de fogo to tamanho de uma de tênis e joguei na mesa, contando até cinco.
Ela explodiu, fazendo um barulho alto e alguns papéis pegarem fogo. Hope pulou de susto e acabou sentando no meu colo, me abraçando, o que fez com que eu tivesse eu sério ataque de risos.
Quando todos calaram a boca e perceberam que eu queria dizer algo, levantei e andei até a beirada da mesa, sem a menor vontade de falar como uma líder, até porquê, Coulson me apurrinharia pelo resto da semana para assumir esse cargo, coisa que ele queria desde antes de Steve sumir, pelo visto.
Me dirigindo a Tchalla e a Coulson, mas falando alto o suficiente para todos os presentes ouvirem.
-Eu acho o seguinte: Se vocês dois acham que deve haver mais uma expedição de busca atrás deles, ótimo! Nem eu, nem ninguém, tem o poder ou o direito de impedir de vocês os buscarem. Mas tem gente que assim como eu, está cansado de não achar nada e prefere não ir. O que eu gostaria de sugerir e acho que o resto do pessoal vai concordar, é o seguinte…
Pigarreei, voltando a falar alto.
-Ao invés de levar um monte de gente que não está afim de ir, quem está afim, põe o nome na lista e esses vão.
Silêncio.
-Olha, até que não é uma má idéia… - Wanda comentou.
-Claro que é. - Ouvi a voz de Hope. - Não foi você quem sugeriu!
-Calem a boca! - Natasha reclamou.
-Eu gostei, na verdade, Phill. - Tchalla comentou. - É uma boa idéia e vai gerar menos gente, o que chama menos atenção…
-É, gostei. - Coulson se virou para os outros. - Nós vamos para Wakanda no sábado. Vocês tem até sexta feira pela manhã para me informarem quem vai, com certeza.
Todos assentiram. Os dois viraram para mim.
-Podemos contar com a sua presença, Johnson?
-Não… - Peguei minha mochila e joguei nas minhas costas, sem olhar para eles. - Sinto muito, mas não aguento mais uma decepção. Mas desejo uma ótima sorte a vocês! Até a volta!
Sem dar chances de resposta, virei as costas e saí da sala a passos largos e apressados.
Ooie, Pessoal! ❤
Voltei! Esse não é o meu capítulo favorito e eu confesso que perdi muito tempo nele, de tanto que tive bloqueio, mas até que o resultado final ficou bom! Espero que diferente de mim, vocês tenham gostado e percebido que Dona Amber ganhou umas habilidades novas, né? KKKKKK Além de uma instabilidade emocional, que não é instabilidade 👀🌚 É outra coisinha heheh
Enfim, vim trazendo notícias que até a próxima terça, temos capítulos prontos! Iupiii! E vim agradecer a quem está acompanhando! ❤🥺 Vocês são tudo! ❤
Até sábado!
Beijos! 💋💋💋