Pecados da Dama e a Redenção...

By byleticiia

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Cindy Padilla é uma garota ruim... Pelo menos, é o que finge ser. Provocar, implicar e colocar lenha na fogue... More

Cast
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42

Capítulo 27

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By byleticiia

Coloco um copo no balcão do bar, enquanto espero o Jonny aparecer. Passo as mãos suadas no meu cabelo, esfrego as mesmas nervoso.

Já faz duas semanas desde que eu terminei com a Cindy. E eu nunca fiquei tão mal na minha vida como estou agora. Tudo perdeu a cor, o sentido. Eu disse que ia embora mas não consegui, tenho que ir hoje, não porque quero, mas sim porque é preciso.

O Trevor disse que teria uma punição por eu não ter cumprido o teste, e adivinha qual foi a maldita punição? Ele enviou provas anônimas para o colégio comprovando que tinha um aluno traficante, e o melhor de tudo, minha identidade foi revelada. Os diretores do colégio já sabem que foi eu quem vendeu as drogas aos alunos.

Souberam ontem, e hoje preciso sumir do mapa. Amanhã todos os jornais da cidade estarão com a minha foto estampada e revelando a todos que sou um traficante. A polícia de Chicago vai vir atrás de mim, preciso fugir o quanto antes.

— E aí, cara? — Jonny aparece todo arrumado dando dois tapinhas nas minhas costas.

— Está todo arrumado, vai pra onde? — pergunto mesmo sabendo onde ele vai.

— Apresentação de balé da Cindy, ela disse que se eu não fosse iria acertar um salto no meu rosto de bebê. Não quero arriscar — levanta os braços em rendição e sorrio triste. A apresentação de balé dela é hoje à noite, queria estar com ela, mas eu não posso.

— Como está as coisas no colégio em relação a mim? Os diretores já falaram algo sobre as drogas e eu ser o traficante com os alunos? — pergunto nervoso.

— Nada ainda. Ouvi uma conversa da diretora Olívia e ela disse que ia falar com os pais no particular, não querem que a imagem do colégio seja manchada ao saber que um aluno era traficante e a maioria usuários — explica — O que tem nessa bolsa preta? — pergunta curioso apontando para a bolsa no meu colo. Deixo uma nota em cima do balcão pagando a bebida que tomei e puxo o Jonny para fora do bar.

— Eu roubei o Trevor — ele arregala os olhos — Na verdade, peguei uma parte da grana proveniente das drogas que eu vendia e ele ficava com a maior parte. Roubei toda a grana para fugir. O Trevor logo irá descobrir e ele já está com vontade de me matar, e ficará ainda mais. Preciso sumir o quanto antes. Vou para longe, não posso mais ficar em Chicago — ele abre um pouco a mochila para olhar a grana.

— Puta merda, Xavier! É muito dinheiro!— exclama com os olhos arregalados — Tem que ir logo, e eu preciso ir para a apresentação da Cindy. Irá ficar bem? — balanço a cabeça confirmando —Mantém contato — diz vindo me abraçar e o abraço rapidamente. Já me despedi da Valerie, ela quase chora ao se despedir.

— Pode... — coço a garganta — Pode gravar a apresentação da Cindy e me mandar? — peço e ele assente sorrindo — Valeu! Então, eu acho que isso é um adeus — solto uma risada, estendo minha mão para ele que a pega apertando — Valeu, cara. Se cuida, não faz merda com a Valerie senão eu volto para te bater — o ameaço divertido.

— Tchau, mano — me afasto acenando para ele e caminhando até minha moto, estacionada perto de uma árvore. Me sento no banco dela e acendo um cigarro, solto a fumaça e olho para o meu relógio. Daqui a pouco começa a apresentação dela. Havia prometido a Cindy que estaria com ela...

Ligo minha moto e piloto até uma ponte no centro da cidade. Estaciono no fim dela, hoje está bem pacata, tem uma vista bem bonita das estrelas. Sento-me no chão, colocando os meus pés para fora da ponte. Pego uma cerveja e abro, berbericando. Irei ficar sentado aqui por um tempo, me despedidindo da cidade. Olho para as estrelas e me lembro da Dama.

O Jonny me disse que a Cindy nem toca mais no meu nome, sempre que ele pergunta a mesma finge que eu nunca existi. Talvez seja melhor assim.

Eu sei que não irei conseguir esquecê-la. Como posso esquecer a única pessoa que me fez feliz?

A Dama é pura demais e eu sou apenas um vagabundo corrompido pela vida...
Qual futuro nós teríamos juntos?

Eu não sabia que doía deixar de amar alguém. O preço de amar é bem caro, estou pagando o preço de amar Cindy Padilla, mas eu não me arrependo.

Não me arrependo de nada, só queria que ela não corresse perigo estando perto de mim.

Eu viveria o inferno só para poder amar a Cindy eternamente!

— Estou quase terminando a maquiagem! — Mattel exclama eufórico enquanto passa batom na minha boca —Está lindíssima. Sua apresentação vai ser um arraso! — sorrio de lado, me ajeitando na cadeira e mexo as mãos nervosa.

Hoje é o dia que irei dançar balé na frente de todos novamente. Espero que não seja igual ano passado. Foi um desastre!

Estou em um camarim improvisado que fizeram para algumas apresentações. O Mattel veio me ajudar a me arrumar e lá fora está cheio de alunos e pais. Estou super nervosa.

— Pega aquele copo de água pra mim, por favor — peço ao Mattel que me entrega, bebo a água rapidamente.

— Comeu algo hoje, Cindy? — nego me olhando no espelho — Você passou o dia ensaiando, não comeu nada. Por quê? —pergunta sério.

— Minha mãe não come antes das apresentações de balé dela — murmuro, passando a mão no meu colar cintilante.

— É, Cindy, mas a sua mãe é uma bailarina profissional! Se não comer irá desmaiar — reviro meus olhos — Não dá mais tempo de você comer, falta minutos para sua dança — ele começa a tagarelar sobre maquiagem e cabelo —Vou colocar uma música enquanto dou os toques finais — diz colocando uma música no celular e me olho no espelho enquanto escuto a melodia e a letra.

Em uma outra vida, eu seria sua garota.
Nós manteríamos todas as nossas promessas.
Seríamos nós dois contra o mundo.
Em uma outra vida, eu faria você ficar.
Assim eu não teria que dizer que você foi aquele que foi embora.
Aquele que foi embora.

Nem percebo quando uma lágrima escorre do meu olho. Levanto-me da cadeira assim que o Mattel termina de arrumar o meu cabelo, passo a mão no figurino que uso e sorrio para ele.

— Você pode me deixar sozinha? —sussurro e ele assente sorrindo. Caminho até uma cabine do camarim e fecho a porta. Me olho no espelho e não consigo ver nada além de um sorriso falso, olhos tristes e uma garota fingindo que está tudo bem, sendo que não está.

Eu me sinto sozinha, com medo. As ameaças do tal admirador secreto se tornaram mais frequentes e estou apavorada. E eu não tenho mais o Xavier comigo, não tenho mais o Vagabundo aqui para dizer que vai ficar tudo bem. Que nada no mundo irá separar nós dois.

Não consigo esquecê-lo, não deixo de pensar nele por um segundo. Como será que ele está?

Todos os dias estou escutando que preciso ser perfeita da minha mãe, que não posso envergonha-la, que preciso ser suficiente. Todos os dias eu acordo colocando um sorriso ridículo no rosto, um sorriso falso para passar a imagem de que está tudo bem, tudo perfeito. Que tenho uma família perfeita e que nada nos abala.

Eu não aguento mais!

Respiro fundo várias vezes. Me olho no grande espelho e tento sorrir.

Vai ficar tudo bem, eu irei conseguir. Esquecerei o Xavier. Irei dançar lindamente, minha mãe ficará orgulhosa de mim. Serei perfeita e suficiente.

Saio da cabine assim que escuto minha mãe me chamar. Sorrio assim que a vejo. Ela me olha de cima abaixo e esboça um sorriso.

— Está linda — me elogia — Pronta? —aceno insegura — Quero que dance balé perfeitamente, sem nenhum erro. Não me envergonhe como no ano passado. Não me humilhe, sei que tem o meu talento para o balé. E Cindy, se eu me sentir humilhada irei enviá-la para um internato na França no exato momento — fala seriamente — Só digo isso para o seu próprio bem — ela toca meu rosto —Sorria, e seja suficiente pelo menos uma vez na vida. Seja perfeita!

— Claro — sussurro, caminhando atrás dela. Minha apresentação vai ser na quadra do colégio, está toda arrumada, bem chique. Arqueio a sobrancelha confusa assim que vejo alguns alunos com ovos na mão. Ignoro, continuando a caminhar. Vejo a Samantha perto das cortinas que irão se abrir assim que eu chegar lá. A vaca está com um sorriso estranho no rosto e assim que me olha solta uma risada.

— Hoje alguém vai cair do cavalo — Samantha diz assim que me aproximo das cortinas — A hora da verdade está chegando. O show ja já irá começar —sussurra no meu ouvido, e a olho confusa. A diretora caminha até o centro da quadra e começa a anunciar minha apresentação.

Olho para a Valerie, Mattel e Jonny que estão acenando para mim do outro lado da quadra e sorrio. Respiro fundo, antes de caminhar lentamente até o centro da quadra assim que as cortinas se abrem. Mordo os lábios nervosa, sentindo todos os olhares e luzes em mim.

— Só precisa dançar balé bem, seja perfeita e suficiente. Perfeita e suficiente — murmuro com o coração acelerado. Minhas mãos estão trêmulas e o coração acelerado. Estou com medo. Não quero ser humilhada e vaiada como da última vez — Vou conseguir — se eu não dançar bem irei para um internato na França, e eu não quero ir.

Franzo a testa esperando a música clássica tocar e nada de ouvir o som. Todos os olhares se ligam para algo atrás de mim, me viro lentamente vendo um telão na parede e a Samantha bem do lado com um microfone na mão. O que ela está fazendo?

— Boa noite à todos. Desculpe-me por estar interferindo na apresentação dessa aí, mas eu tenho algo muito melhor para revelar a vocês! — Samantha exclama animada — Cindy Padilla sempre gostou de coisas erradas, não é mesmo? Ilegalidades sempre chamaram a atenção dela. E adivinhem o que eu descobri? Que neste colégio estudou um traficante — não, não... — Isso mesmo! Um traficante!

— Desça daí, Samantha! Pare com isso!— a mãe dela grita, mandando ela parar.

— Um traficante que saiu do colégio há duas semanas. O nome dele? Xavier Russell! Ou melhor, Xavier, por assim dizer — as pessoas começam a conversar alto, totalmente assustadas — Um loiro alto, forte, dos olhos azuis. Sabem quem é. Ele disse que tinha família. Uma mentira. Descobri que ele é um órfão e pobretão. Um horror!

— O que está fazendo? — pergunto entre dentes.

— Esse Xavier é perigoso, um bandido! Poderia ter matado todos nós. Vendeu drogas aos alunos inocentes. Um criminoso que será preso! A polícia de Chicago já está atrás dele! — o quê? Não!— Agora vem a melhor parte da história!— ela olha para mim — Gente, Cindy Padilla é mulher de bandido! — todos me encaram, a maioria com nojo — Ela sabia que ele era um traficante e se envolveu com ele mesmo assim. Foi cúmplice o tempo todo! — grita com o microfone na mão. No telão começa a passar fotos minhas e do Xavier juntos, no colégio.

— Eu vou acabar com você! — corro até ela tentando pegar o microfone, mas a mesma se esconde atrás de dois jogadores baba ovos dela — Vem aqui, sua vaca! — grito furiosa.

— Cindy Padilla, a diaba do colégio, é uma vergonha para a família Padilla. Mônnica e Otto, me digam qual o tamanho da vergonha que vocês carregam por terem uma filha como ela?— pergunta aos meus pais que me encaram revoltados e meus olhos lacrimejam.

— Por que está fazendo isso comigo? —minha voz soa embargada, ela não me responde e apenas continua a falar.

— Cantem comigo: Cindy Padilla é comida de traficante! — ela começa a cantar com o microfone na mão para todos escutarem — Isso mesmo! Cantem comigo! Cindy é comida de traficante! Comida de traficante! — a maioria da plateia começa a cantar e lágrimas escorrem pelo meu rosto.
Eles cantam "Cindy Padilla é comida de traficante", uns me chamam de nojenta, outros de coisas piores.

Nunca fui tão humilhada a minha vida toda. O que eu fiz para merecer isso? Amar o cara errado, foi isso?

— Samantha Saundres, já chega! — repreende a filha que apenas solta uma risada. Os jogares amigos dela me puxam para o centro da quadra contra a minha vontade.

— Tão malucos? Soltem ela! — Jonny grita tentando passar para o meu lado da quadra, mas outros jogadores o impedem, fazem o mesmo com a Valerie e o Mattel.

— Segurem ela, rapazes! — Samantha diz para os dois jogares que me seguram no centro da quadra, tento me soltar, mas eles não deixam — Gente, o marginal do Xavier conseguiu fugir, mas a comidinha dele está aqui — aponta para mim — Vocês não acham que ela merece uma punição por ter se envolvido com bandido? — a maioria dos alunos gritam que sim. Um soluço escapa dos meus lábios assim que a Samantha para na minha frente e arremessa ovos no meu rosto.

— Eu te odeio, vadia — sussurro entre dentes e ela apenas dá de ombros, segurando o microfone.

— Podem começar! — em questão de segundos vários ovos começam a ser arremessados em mim, no meu rosto e no meu corpo. Estou fedendo, totalmente suja.

— Parem! — meu pai grita caminhando até mim e empurrando os caras que me seguram.

— Pai — o abraço com a voz chorosa, enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto. Meu braço é puxado dele e neste momento encaro a minha mãe que me olha com desgosto e nojo —Mãe... — tento tocar o braço dela, no entanto ela se afasta com repulsa.

— É verdade? Se envolveu com um bandido? Um traficante? — lembro do que o Xavier me disse, que se alguém perguntasse que eu me envolvi com ele, era para negar e negar.

— É mãe, é verdade. Eu me envolvi com o Xavier sim. E eu não me arrependo de nada que eu fiz! — afirmo, fungando e passando a mão no meu rosto para limpar as lágrimas — Eu me envolvi com um bandido, um criminoso, e eu sabia de tudo. Ele é diferente mãe, não é do jeito que você pensa... — ela me corta.

— É um criminoso! Que vergonha! Nunca ninguém manchou o nome da família desse jeito! Que humilhação!!— ela exclama colocando a mão no rosto —Você só me traz desgosto — ela tira o celular da bolsa — Amanhã mesmo você estará na França, bem longe daqui!

— Não, eu não quero ir! — nego.

— Mônnica... — meu pai tenta argumentar, mas minha mãe o corta.

— Eu cansei! Cansei dos problemas que você me traz! Olha essa humilhação! —abre os braços e aponta para cada pessoa da plateia — Alunos, pais inocentes, que foram corrompidos por causa desse bandido. Que vendeu drogas a essas pobres pessoas! — caminho para trás e solto uma risada amarga.

— Eles são inocentes? Eles nunca foram inocentes! — grito apontando para aquelas pessoas hipócritas — O Xavier é o culpado de tudo, o traficante, bandido!— exclamo irônica — Vocês acham que ele venderia drogas nesse maldito colégio se não tivesse quem compra-las? Colocam a culpa no Xavier, mas ele não venderia drogas aqui se não tivesse esses alunos hipócritas para usar!! — grito sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto — A culpa não é só dele, e vocês sabem bem disso. Não são melhores que o Xavier! Não são melhores que ele! — minha mãe segura meu braço com força.

—Pare agora! — sussurra no meu ouvido.

— Não, agora eu vou falar! — me afasto dela — Pais do Mattel, vocês estavam me chamando de vagabunda por ter "traído" o filho de vocês? Eu nunca traí o Mattel, nunca nem tive nada como ele. Tudo era uma farsa e vocês sabem bem disso! — digo olhando para a família Preston — Sabe, eu acho que vocês deviam parar de julgar o filho de vocês e aceitá-lo, porque o Mattel é incrível, e se vocês não vêem isso, o problema é com vocês! — limpo algumas lágrimas —Diretora Olívia, eu só tenho uma coisa a te dizer: eu lamento muito por você ter uma filha tão amargurada e mal amada. A Samantha armou esse circo tudo para me queimar. Ela conseguiu, não é? Olhem como eu estou! — aponto para mim — Toda suja de ovo, estou fedendo. Fui humilhada como nunca fui. O porquê? Talvez seja pelo fato de eu amar o cara errado, o criminoso. Não é assim que vocês estão o chamando? E eu só digo uma coisa: eu não me arrependo de nada que eu fiz!

— Pare agora — mamãe diz entre dentes — Você cometeu um pecado amando esse traficante, criminoso.

— Eu faria tudo outra vez. Eu amaria o Xavier mil vezes se for preciso. Eu não ligo! Não ligo se ele é o pior homem do mundo. Pelo menos com ele, eu não finjo ser alguém que eu não sou. Eu o amo. O Xavier é o meu pecado. E eu pecaria mil vezes só para poder o amar eternamente! — sinto a lateral do meu rosto arder assim que minha mãe desfere um tapa no meu rosto quando para a minha frente.

— Eu deveria ter te abortado quando eu tive a chance! Não deveria ter nascido!!!— ela grita em voz alto e um soluço escapa da minha boca — Filha, eu não queria... — sussurra parecendo estar arrependida do que disse.

— Mônnica!! — meu pai esbraveja furioso. Passo a mão no meu rosto que arde pelo tapa, mordo meus lábios e solto uma risada de desespero.

— Amanhã você irá para a França — ela diz colocando um óculos escuro. Mais lágrimas escorrem do meu rosto. Minha mãe disse que eu não deveria ter nascido...

— Dizem que devemos perdoar, não é? Perdoar quem nos humilha e nos magoa. Cada um de vocês que me humilharam, jogaram ovos em mim e me ofenderam, eu desejo do fundo do meu coração que vocês... — olho para eles com raiva —Vão. Se. Foder! — mostro meus dois dedos do meio para a plateia.

Corro daquela maldita quadra. Corro para longe daquele colégio. Passo minhas mãos no meu cabelo fedorento, enquanto minhas lágrimas caem. Olho aquela rua escura e começo a correr mais. Eu não quero voltar para casa, eu não quero ir para França. Eu não quero! Ainda sou menor de idade, minha mãe vai me obrigar a ir. Mas eu não quero.

Só quero sumir. Ir para longe daqui com o Xavier. Quero fugir! Queria ele de volta...

— Eu não aguento mais! — grito sentindo meu coração doer.

Caio de joelhos no início de uma ponte no centro da cidade, nem sei como cheguei tão longe.  Minha cabeça dói e minha barriga ronca de fome, meus pés estão me matando. A dor é externa e interna. Fui humilhada, escorraçada, minha mãe disse coisas horríveis para mim.

Escuto o ronco de um motor, parecido com o barulho que a moto do Xavier fazia. Ele já deve estar bem longe daqui. Ido embora para sempre.

Minha cabeça começa a rodar e desmaio, ficando caída no meio daquela ponte.

Se soubessem tudo que eu e o Xavier fizemos com certeza diriam que eu cometi diversos pecados estando com ele. Mas o que posso fazer se o meu coração é do Vagabundo?

Ele é o meu pecado.

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