Só Mais Um Clichê

By paolabns

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Depois de perder a irmã, algo dentro de Anna Liz mudou. A dor foi capaz de mudá-la exageradamente. Além de se... More

Prefácio e apresentação
Dedicatória
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1 - Dear family
Capítulo 2 - Welcome to boarding school
Capítulo 3 - Sombras do passado
Capítulo 4 - O violino, a sapatilha e a garota
Capítulo 5 - Problems in sight
Capítulo 6 - Chocolate quente e confusão
Capítulo 7 - Consequências do passado
Capítulo 9 - Encrenca
Capítulo 10 - Conte a verdade
Capítulo 11 - Behind the messages
Capítulo 12 - Residência Collins
Capítulo 13 - Sensações
Capítulo 14 - Back to school
Capítulo 15 - Brown eyes
Capítulo 16 - Sobre sentimentos
Capítulo 17 - Fora do meu alcance
Capítulo 18 - Perto das estrelas
-
Capítulo 19 - Broken heart
Capítulo 20 - Opostos
Capítulo 21 - I want you for me
Capítulo 22 - Adore You

Capítulo 8 - Passado

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By paolabns

Ethan evitava me olhar nos olhos. Os ombros tensionados e a postura rígida mostrava o quão inquieto ele estava.

Lembrar das palavras de Daniel fez meu estômago embrulhar, me trazendo náuseas. Tentei não acreditar nas palavras secas dele enquanto me contava a história que eu estava custando a acreditar.

— O que você sabe? — Ethan perguntou, com a voz baixa e incrivelmente rouca.

— Ele me contou sobre a amizade de vocês — enterro meus dedos entre os meus cabelos, os puxando para trás, tentando me livrar dos fios que caiam em frente ao meu rosto. —, e sobre as corridas.

— Você acredita? — ele questiona, ainda com a voz baixa e os ombros tensos. — Você acredita nele? — completa a pergunta.

Engulo em seco o nó que se formava em minha garganta.

— Não sei — confesso. — Devo acreditar? — a verdade é que parte de mim estava desejando que ele desmentisse tudo aquilo, mas isso não aconteceu.

— Tanto faz — Ethan encolhe os ombros, transparecendo frieza quando cruzou os braços. — Você pode acreditar no que quiser.

Minha vontade era de arremessar uma cadeira nele por estar sendo tão  estúpido outra vez.

— Ótimo, então vou acreditar que você foi um sonso quando caiu na ladainha da Hilary e aceitou entrar naquelas corridas clandestinas de merda! — solto as palavras com veneno. — Acredito que você puxou o Arthur para toda essa porcaria e não se importou quando ele começou a usar drogas! — ele não parecia afetado com as minhas palavras, tanto que em nenhum momento demonstrou estar incomodado. — Eu acredito que você não se importa com ninguém além de você mesmo e, que eu sou uma idiota por pensar que você ainda era o mesmo.

— É, talvez você tenha razão — ele cruza os braços, sem parecer incomodado com a fúria em meus olhos direcionados a ele. — Lembra do que diziam sobre os Collins no bairro em que morávamos? Diziam que éramos ignorante e arrogantes. Lembra de como o seu pai não queria que fossemos amigos? — reprimo os lábios com as lembranças. — Talvez ele estivesse certo quando dizia que eu acabaria me tornando alguém tão arrogante e estúpido quanto o meu pai — Ethan deu uma risada amarga. — O engraçado é que julgavam o resto da minha família como se fossemos todos iguais ao desgraçado do Jonas — ele faz uma pausa, passando uma das mãos entre os cabelos castanhos escuros. — Agora você está jogando a culpa de toda essa merda em cima de mim com base no que o babaca do McCarthy te contou!

— Você está certo — me afasto alguns passos, coçando o nariz com as costas das mãos. — Acreditei em uma pessoa que eu mal conheço, porque você não tem coragem suficiente para me dizer a verdade — solto o ar, tentando não surtar, pelo menos não ali. — Acho que esse é o fim da nossa amizade, não é? — Ethan desvia o olhar. — E se quer saber, eu nem estou reclamando, até porque ao menos dessa vez tive a chance de ver o quão idiota você é.

Não deixei que ele falasse, peguei o violino que estava sobre a mesa e saí o mais rápido possível daquela sala, sentindo meu coração tão pesado quanto no dia em que o vi partir.

Segui em direção aos dormitórios o mais rápido possível. Não perdi tempo em largar o violino sobre a cama e começar a contar mentalmente, tentando não enlouquecer.

Cheira a flor e assopra a vela. Essa era a frase que a minha antiga professora de balé costumava dizer depois de uma aula cansativa, era como eu estava me sentindo naquele momento. Estava cansada fisicamente e psicologicamente.

— Ah meu Deus! Que bom que eu te encontrei! — Addie entra correndo no quarto, batendo a porta em seguida, parecendo cansada enquanto respira com a mão sobre o peito. — O Walter está me procurando, mas eu não quero falar com ele — ele segue até a cama da Louisa. — Por favor, fala pra ele que eu não estou aqui.

Minha vontade era de cair na gargalhada quando Addie se enfiou em baixo da cama, sem dizer mais nada. Escuto batidas na porta e, me levanto, enquanto Addie continua em silêncio em baixo da cama.

Abro a porta e encontro Jimmy Walker do outro lado.

— Esse é o quarto da Addie, certo? — ele pergunta com as sobrancelhas erguidas.

Tive que lutar contra uma crise de risos pela situação icônica.

— Ahn... sim.

— Ela está aqui? — ele pergunta no exato momento que Addie se descuida e faz um barulho de algo batendo em baixo da cama.

— Não — minto, vendo o garoto mudar o semblante para desconfiado.

— Tem certeza? — ele coloca as mãos no bolso do uniforme. — Então talvez eu deva entrar, porque estou suspeitando que possa existir um monstro em baixo daquela cama ali — engulo a risada em seco quando ele aponta em direção a cama da Louisa com divertimento.

— Aquilo? — solto uma risada nervosa. — Não é nada — abano com um das mãos. — É só o meu cachorrinho que chegou hoje.

— Pensei que não fosse permitido animais aqui — ele diz, parecendo achar graça da situação e do meu notável péssimo hábito para contar mentiras.

— Er... olha, eu acho que a Addie está com as outras líderes de torcida lá no refeitório — péssima mentira, parabéns pra mim.

— Vou conferir — ele diz, olhando para a cama com os lençóis cor de rosa uma última vez. — Diz para a Addie que ela não pode se esconder de mim pra sempre — ele sorri em minha direção e se vira, seguindo pelo corredor quase vazio.

Mordo o lábio inferior negando com a cabeça antes de fechar a porta atrás de mim, enquanto Addie saia debaixo da cama. Dou risada vendo minha colega de quarto bagunçar os cabelos tentando retirar a poeira.

— Que cretino, ele me comparou com um monstro — Addie reclama, me fazendo rir. — Garotos não prestam! Como ele pode vir atrás de mim depois de ter ficado com a nojenta da Penélope? — ela bufa, mas acaba dando risada. — Só caio em cilada — lamenta, me fazendo sorrir minimamente.

— Liz, precisamos conversar — Arthur vem até mim na manhã seguinte enquanto eu procurava o livro de geografia.

— O que você fez dessa vez?

Ele finge um olhar ofendido.

— Não posso vir até você apenas porque quero desejar um bom dia para a minha irmãzinha? — ele ironiza, me fazendo revirar os olhos.

— Fala logo, Arthur — bato a porta do armário o encarando. — Preciso ir pra aula.

— É sobre aquele assunto de novo — ele levanta o celular me mostrando que o aplicativo de mensagens estava aberto em uma conversa. — Me mandou mensagem nessa madrugada.

Ergo as sobrancelhas pegando o celular da sua mão para poder ler a mensagem de texto.

— Está dizendo que vai fazer esse assunto chegar no diretor... — engulo em seco na última parte. — Pretende contar sobre as corridas — Arthur assente quando termino de ler a mensagem direta. — Isso é muito ruim.

— Ruim? — Arthur debocha pegando o celular da minha mão. — Isso é péssimo! — afirma. — Droga, o Carlos já me odeia, e isso vai ser a gota d'água pra ele tomar a decisão de me mandar pra morar com a minha mãe.

— O Carlos não te odeia — conto, encostando o ombro no armário vermelho.

— Talvez não — ele dá de ombros. — Mas quando ele souber disso — aponta para a tela do celular. —, ele vai fazer questão de me odiar pelo resto da vida.

— Está exagerando.

— Não estou não — meu irmão postiço bufa. — Só está tão calma porque o assunto não é com você.

Arrumo o casaco do uniforme sobre os meus ombros, tentando me aquecer do frio que fazia naquela manhã.

— Arthur, eu não tenho culpa de você ter sido cabeça fraca quando entrou nessa roubada — alego, começando a caminhar, sendo seguida por ele. — Agora vem a parte chata de quando você se mete em uma encrenca, ter que sair dela.

— Esse é o ponto, Liz — ele parecia preocupado de verdade quando parou na minha frente, me fazendo parar de andar também. — Eu não sei como sair dessa — ele respira fundo, tenso. — Eu quero contar para o Carlos o que aconteceu nesses anos, mas preciso da sua ajuda. Você pode me odiar pra sempre depois, mas por favor — suplica, juntando as mãos uma na outra. —, me ajuda.

Coloco uma das minhas mãos no bolso do casaco, enquanto seguro o livro na outra que estava coberta pela luva preta.

— Não sei como posso te ajudar — confesso, com um aceno de cabeça. — Na verdade acho que ninguém pode te ajudar, Arthur. Isso tem que vir de você — ele virou o rosto com a respiração pesada. — Diz pra ele o que você está sentindo, conte a ele o quanto você está arrependido — encolho os ombros. — Acho que as vezes revelar o que a gente sente faz bem. Acredito que o melhor é esse assunto chegar nele por você.

Me surpreendi com as minhas próprias palavras. Eu – com certeza –, não sou o exemplo de pessoa que é verdadeira cem por cento das vezes, mas aquelas palavras fizeram tanto sentido na minha cabeça que não pude evitar de pensar como seria se eu levasse aquelas palavras para a minha vida.

Arthur pareceu ponderar a idéia por alguns instantes e, quando ele sorriu eu soube que havia – de certa forma –, conseguido ajudá-lo.

— Quer saber? Acho que você está certa — meu irmão aperta a alça da mochila preta que carregava. — Vou colocar isso em prática agora! — ele se inclina e beija a minha bochecha parecendo prestes a soltar fogos de artifício. — Você é a minha irmã postiça favorita!

Ele se vira, correndo na direção dos dormitórios.

— Mas e a aula?! — exclamo para ele.

— A aula é o menor dos meus problemas no momento! — ele devolve, sem olhar para trás.

O sinal toca, fazendo os alunos que estavam nos corredores, seguirem em direção as salas. Me viro com um suspiro pesado, caminhando em direção a sala do professor Turner, mas infelizmente nem tudo sai como o planejado e, infelizmente, Daniel McCarthy vinha em minha direção. Não estou brava com ele, mas não nego que estou tentando me afastar.

— Bom dia, Anna! — ele desejou com um sorriso pequeno, que me lembrou tudo o que ele me contou.

— Bom dia — murmuro, pedindo baixinho para que a aula dele não fosse a mesma que a minha.

— Ei, você está bem? — ele pergunta tocando o meu ombro enquanto caminha ao meu lado.

Anuo, esfregando minhas mãos em procura de calor.

— Claro — respondo, forçando um sorriso. — E você?

— Estou bem, mas poderia ficar ainda melhor se você aceitasse sair comigo novamente para podermos tomar chocolate quente outra vez — reprimo os lábios com o convite.

Penso em uma maneira educada para negar, mas quando vi Ethan caminhar com um braço sobre os ombros de uma garota ruiva em direção a sala de geografia, acabei mudando de idéia. Ele olhou na minha direção e posso jurar que vi ele fechando as mãos em punho, fazendo a garota também olhar na nossa direção. A garota ruiva demonstra um olhar enjoado antes de puxar Ethan pela mão para dentro da sala.

— Sem problemas — abano com uma das mãos, aceitando o convite.

Daniel sorri.

— Ótimo, podemos nos ver depois do sexto tempo — ele segura a minha mão, a beijando por cima da luva preta. — Boa aula, Anna — e com um sorriso satisfeito ele se vai.

Vejo Louisa se aproximar da sala de geografia, ela acena em minha direção quando me vê. Penso se eu realmente quero estar no meio de um clima tenso entre o mim e o Ethan depois de saber o que aconteceu.

Nego com a cabeça, fazendo uma careta como se aquela aula fosse sem importância.

Louisa dá de ombros e entra na sala. Me viro na direção contrária e caminho até a sala de música que pelo horário, deve estar vazia.

A sala – como eu imaginava –, estava vazia. O silêncio reconfortante me fez soltar o ar que estava preso em meus pulmões.

Me sentei no canto da sala, deixando o livro de geografia ao meu lado no chão frio. Apoio minhas costas na parede gelada, tentando levar a minha mente para pensamentos e lembranças agradáveis, assim como minha psicóloga – Mary –, havia me instruído durante uma das minhas consultas de rotina.

Lembrar das minhas sessões me trazia angustia, como se – de repente –, o ar ficasse pesado. Me recordar da primeira vez que estive na sala branca e sem graça de Mary me deixava aflita.

— Eu acredito em você, bailarina — a voz animada da minha irmã atravessa a minha mente, como um zumbido agudo sussurrado em meu ouvido. — Agora você vai subir naquele palco e mostrar para todas essas pessoas o que você faz de melhor — Helena aponta para as cortinas fechadas.

Minha mente vaga pelas lembranças daquele dia. Me recordo do quão nervosa estava naquele dia. Posso sentir o abraço apertado que recebi do meu melhor amigo quando a minha primeira apresentação de balé teve fim.

— Sabia que você conseguiria — Ethan diz, com um sorriso bonito ele tocou a minha bochecha com as pontas dos dedos. — Você foi incrível.

Sinto um gosto amargo na boca, o que me fez engolir com dificuldade. Meus olhos ardiam e só consegui pensar que aquele não era o momento ideal para uma crise.

Esperei até que o sinal do fim da primeira aula tocasse para mim poder sair da sala de música.

Encontro com a Addie no corredor. Ela estava andando nas pontas dos pés, olhando para todos os lados, como se estivesse fugindo de algo, ou de alguém. Logo penso que ela pode estar tentando despistar o Jimmy.

— Aonde você esteve? — ela pergunta se abraçando, tentando se proteger do dia gélido.

— Perdi o horário.

— Uau, você é uma péssima mentirosa — diz, parecendo se divertir. — Se você deu cano na aula é porque alguma coisa aconteceu.

— Não aconteceu nada — posso ser uma ótima mentirosa quando tenho o incentivo certo.

— Olha, você não precisa esconder esse tipo de coisa de mim — começa em tom de segredo. —, sei que a Louisa é um pouco chata com essa coisa de fazer tudo certo sempre, mas quero que você saiba que não vou te julgar se você decidiu deixar uma aulinha de nada pra dar uns amassos com alguém atrás da escola.

Me engasgo com as palavras indiscretas.

— O que?! Claro que não! — exclamo, sentindo minhas bochechas queimarem. — Estava em uma ligação com a minha mãe — minto tentando parecer natural.

— E está tudo bem? Com a sua família? — assinto, ajustando a gravata do meu uniforme ao redor do pescoço.

— Aham, não era nada demais.

O dia mal havia começado e eu já pude sentir que seria um dia cheio. Ainda teria que lidar com o Ethan durante o nosso ensaio e me encontrar com o Daniel depois do fim das aulas.

É, será um dia cheio.

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