Sempre sua Garota [✓]

By ars_amanda

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🏆 OBRA VENCEDORA DO WATTYS 2021🏆 A vida de Lennon Clarke tomou um rumo inesperado ao ser traída por seu fut... More

SEMPRE SUA GAROTA
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prólogo
parte única| sua garota
01| antes | ele
02| agora | não volte
03| antes | nós e mais dois
04| agora | lar doce lar
05| antes | elas
06 | agora | feridas
07 | antes | quase
08 | agora | medos
09 | antes | idiota
10 | agora | em queda
11 | antes | aposte em nós
13 | antes | sem arrependimentos
14 | agora | as coisas que ignoramos
15 | antes | estamos bem
16 | agora | em colisão
17 | antes | estou bem
18 | agora | vida nova
19 | antes | não estou bem
20 | agora | verdades nunca ditas
21 | antes |é melhor assim
22 | agora | últimas palavras

12 | agora | minta por amor

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By ars_amanda

BOSTON, USA
METADE DO OUTONO

As pessoas vêm e vão, ignorando meus olhos atentos nelas, da mesma forma que os meus tímpanos ignoram os murmúrios de pessoas que se mesclam as sonoras máquinas que fabricam café expresso, chocolate ou chá – o som é quase como um soprar entre os dentes -, dentro daquele café localizado no centro da cidade.

— Aqui está — aquelas palavras desviam meu olhar do cotidiano alheio, focando na mulher de cabelos castanhos e soltos, trajando uma blusa de gola alta naquele começo de tarde gélido do outono, que desliza um copo de papel com tampa em minha direção — Café com leite de soja — revela o item dentro do recipiente.

Os dedos de Lisbon Taner batucam o canudo revestido em um papel, com facilidade ela despe o objeto comprido e cilíndrico de plástico, que prontamente fura o buraco no meio da tampa de plástico.

Seus lábios sugam o líquido, suas pálpebras se fecham em prazer. Meus dedos se limitam a envolver o cálido copo de material sensível entre os dedos e apoiar a borda nos lábios, bebericando algumas gotas do líquido quente adocicado.

Degusto, acomodando minhas costas no confortável encosto da cadeira de madeira, lanço meu olhar em direção a minha amiga de longa data, quase uma vida toda.

— Então — meus lábios laçam o preludio da retomada de uma conversa abandonada para ela pegar os pedidos — Vai me contar como você o convenceu a comparecer na reunião de hoje?

Seus lábios não produzem nenhum som, apenas se curvam perspicazes, a ponta da sua língua os umedece.

— Simples — aquelas palavras saem cantaroladas e cheias de prazer que aguçam minha momentânea curiosidade — O Bufton e ele foram presos a duas noites atrás — revela aquela informação desconhecida para mim — E o babaca do Henry pediu a minha ajuda, acabei apenas usando como moeda de troca — um dos seus ombros se infla buscando dar um tom de genialidade a suas palavras.

Minhas pálpebras se abrem e fecham mais vezes que o normal, para que meu cérebro pudesse processar aquela informação.

Presos?

— Presos? — meus lábios dão voz aos meus pensamentos.

Ela maneia positivamente a cabeça, afastando seus lábios do objetivo cilíndrico de plástico e engolindo o liquido que parecia agradável.

— Isso mesmo, presos — Lisbon acena — Eles brigaram no Maurice com um cara que é primo do capitão da delegacia local.

Brigaram?

— Mas eles estão bem? — agora é a vez da minha preocupação torna-se sonora, em uma pergunta apressada demais para quem não deveria se importar — Se machucaram? — tento proferir aquelas palavras o mais lento e casual possível.

Agarro o copo esquecido na minha frente, bebericando o liquido que já assumia uma temperatura mais agradável.

O cenho, castanho da mulher sentada do outro lado da mesa, se arqueia em curiosidade, seu corpo se empertiga e seus lábios tremulam algo.

— Pergunte o que quer perguntar, Lennon — sua ordem me desarma.

Meus ombros murcham em uma velada culpa por sentir curiosidade e necessidade de saber o que se passava na vida do homem que queria o divórcio. Irônico? Extremamente.

Era fácil ignorar a vida de John Avery estando em outro continente, as coisas importantes e significantes que aconteciam com ele, mas ali, na mesma cidade, respirando o mesmo ar que os seus pulmões, não podia negar que se pudesse estaria o seguindo.

Trago a amarga saliva, que prepara minha língua para dar voz ao que deveria calar.

— O Avery, ele está bem?

Uma risada resfolega entre as pálidas narinas da minha amiga, que maneia sua cabeça para os lados em uma razoável ponderação.

— Está vivo — revela — Ferido, machucado e com algumas cicatrizes, mas bem.

Solto o ar pelas narinas, percebendo que estive contendo o ar nos pulmões durante o tempo que levou entre a minha pergunta e a sua resposta.

— Que bom — balbucio, impedindo meus lábios de esboçarem qualquer reação.

Desvio o olhar para o enorme vidro ao nosso lado, agradecendo ao fato de as mesas serem dispostas de forma mais espaçada naquele lugar, sem mencionar que a maioria dos frequentadores apenas eram transitórios, entravam, faziam um pedido, pegavam o pedido – normalmente um café – e partiam deixando uma gorjeta para trás.

— Que bom? — os lábios femininos próximos a mim repetem minhas palavras em forma de questionamento, giro a cabeça, para encontrar sua cabeça apoiada em sua mão, cujo o cotovelo fincava-se no tampo de madeira — Para alguém que está prestes a se divorciar — seu comentário é cheio de curiosidade — Você deveria estar desejando dor, ferimentos, cicatrizes e a morte, é o que a maioria deseja.

Aceno positivamente processando cada uma das suas observações.

— Não sou assim.

Lisbon joga seu corpo contra o encosto da cadeira, seus olhos se fixam no copo diante de si, mas seus dedos se dedicam a tarefa de acariciar o objeto de plástico que a permite beber o líquido do recipiente.

— Mas ainda assim quer se divorciar de um homem com o qual se preocupa.

— Lisbon — a advirto para não ir por aquele caminho.

Sua cabeça maneia negativamente, balançando alguns fios da sua cabeleira em tom de castanho.

— Nada de Lisbon — é sua vez de me advertir, levantando seu indicador ereto em minha direção — Até hoje você tem dado voltas e voltas e não me contou o que realmente aconteceu para você querer se divorciar.

Meus ombros murcham em culpa por mentir para a minha melhor amiga, porém quanto menos pessoas soubessem de tudo melhor séria, menos chance de chegar aos ouvidos do Avery, conhecia Lisbon, confiava nela, mas tinha coisas que deveriam morrer comigo.

— É complicado — balbucio a única verdade que é permitido a meus lábios proferirem.

Seus olhos castanhos me alcançam e como se aquela resposta fosse suficiente, sua mão se estende em minha direção sobre a superfície amadeirada. Agradecida, apoio minha mão na sua, seus dedos me envolvem com força.

— Você sabe que se — seus lábios acentuam a palavra de probabilidade — Se ele aceitar, será o fim?

O fim de uma história. Um conto que começou na primavera e terminou no verão, assim como o mudar das estações. Ele ficaria para trás.

Ele vai ficar para trás

Aperto com força minhas pálpebras, tragando uma saliva que mais parecia um caroço de azeitona. Enquanto que a única coisa que meus dedos queriam era agarra-lo e prendê-lo. E ele ficaria, eu sabia que ele ficaria.

Mas não seria justo com ele, tudo que ele queria e merecia.

Desde o começo eu tinha a certeza de que precisava se justa com ele. Que deveria ama-lo mais do que a mim mesma e deixa-lo para trás.

— Eu sei — balbucio com desgosto a resposta.

Seus dedos se comprimem contra a minha pele, como se percebesse o quanto aquilo me afetava.

— Tem certeza de que é o que você quer? — e não sendo a primeira a me perguntar aquilo, mas sim a terceira pessoa, Lisbon começa a querer me fazer vacilar.

Assim como Isobel e meu pai, que sempre pareciam discordar das minhas decisões, principalmente a de deixar para trás Avery.

Os gentis e acolhedores olhos da mulher diante de mim se desviam, seus dedos se afundam com mais força contra a minha pele, mais como se me detivesse, do que me acolhesse.

— E falando no diabo — seus lábios pintados com um batom vermelho escuro balbuciam, enquanto seu olhar se foca em algo além dos meus ombros.

Giro minha cabeça sobre o pescoço, na tentativa de vislumbrar a mesma cena que os seus olhos, mas infelizmente meu pescoço parece não girar o suficiente, alcançando apenas as figuras de transeuntes apressados.

Puxo meu braço, tentando suprir a falta de movimento do meu pescoço, mas os dedos que outrora me acolhiam, agora me detém.

— Melhor não — suas palavras tentam me desestimular.

— Lisbon — pestanejo, arranjando forças para arrancar minha mão que desliza por entre seus dedos.

Giro meu pescoço, giro quase todo meu corpo sobre o assento de madeira, apenas para que meus olhos pudessem encontrar a figura pouco sorridente parada na esquina da calçada que passava pelo café.

Meu coração se quebra em mil e o café que deveria me acalmar, começa a querer ser expelido pelo meu estômago que inapropriadamente reage a cena, enquanto meus dedos se afundam contra a dura madeira do encosto.

E diante dos meus olhos está John Avery parado em frente a uma mulher morena, de cabelos negros e enrolados em perfeitos caracóis que pareciam molas – nada demais -, os dedos, do até então meu marido, tentavam abrir o emperrado fecho do capacete da moça.

Aquele fecho sempre emperra.

Me recordo, não consigo afastar minha atenção do branco sorriso que se delineia nos lábios da moça. Infelizmente pessoas passando começam a dificultar minha visão e a cena fica entre cortada, meus olhos somente conseguem captar o tirar do capacete. Avery apoia o acessório na traseira da sua Dyna. Pessoas passam. Seus lábios estão colados, os braços dela agarram seu pescoço com direitos, como se ele a pertencesse.

Meu coração se parte em tantos pedaços possíveis.

— Ela é a nova garota dele — aquele comentário serve quase como uma legenda para aquela cena.

— Nova garota — balbucio, não conseguindo ignorar o ciúmes.

Eu sou a sua garota, a garota de John Avery. Ou era.

Eles se afastam, ela se mistura do meio da multidão. Ele não a observa partir, aquele detalhe aquece algumas partículas do que deveria estar morto. Ele guarda os capacetes. Passa a mão nas madeixas, ele estava nervoso ou ansioso, eu sabia, podia sentir. E antes que pudesse ver com precisão, lá estava John Avery partindo, atravessando a rua, em direção a nosso encontro. Ele estava indo ao meu encontro.

Volto a posicionar meu corpo na cadeira, os olhos acolhedores e verdes de Lisbon não escondem a compaixão, a mesma compaixão que não queria.

— Não sabia? — sua pergunta é sussurrada, quase como se suas palavras fossem capazes de me quebrar.

Maneio negativamente a cabeça, tentando ignorar a ardência na ponta do meu nariz e a gota de água fujona que escapa da minha pálpebra, não faço questão de esconde-la, apenas a deixou chegar no seu destino final e morrer contra o tecido do jeans que revestia meu corpo.

— Billy Johnson — aquele pronome próprio é novo para os meus tímpanos — É o nome dela — a figura amigável revela, sem meu interior saber se aquela informação era de importância ou não — Faz alguns meses que eles começaram a se envolver, ela é fotógrafa na revista — meus dedos envolvem o esquecido copo de papel, bebericando o liquido quase gélido que não era nada forte, não como eu precisava — Nunca vi eles saindo como um casal, mas várias pessoas sabem que eles vivem se pegando nos corredores da revista.

Eu mereço

O que eu queria ou esperava?

De uma forma direta ou indireta eu o tinha jogado para os braços dela. Sabe o mais irônico? Eu nunca tinha sentido ciúmes do Avery. Nunca. Eu sabia que ele me amava, não tinha motivos, confiava nele.

Até aquele momento, em que o sabor amargo revirava meu estômago e a ira oscilava em meu interior, uma raiva contra ele – era inevitável – e uma raiva contra mim, por deixa-lo para trás.

— Está bem amiga? — seus dedos tocam minha mão.

Quase reajo com um pulo com o contato da sua pele com a minha e a percepção de que estava com o braço apoiado sobre a mesa.

Trago com força o ar pelas narinas, tentando afundar e afogar tudo que deveria e precisava estar morto. Passo meus dedos sobre meus olhos, deslizando pelas minhas madeixas soltas, aperto as pálpebras e solto o ar com calma.

— Você acabou de dizer que eu quero o divórcio — murmúrio com toda vontade possível — Não tenho o direito de controlar com quem ele fica.

Mesmo querendo.

Mesmo precisando.

Mesmo querendo correr atrás daquela mulher e dizer que aquele homem tinha dono, mas não tinha e eu não faria aquilo.

— Mesmo assim não consegue evitar o sabor amargo — observa.

Curvo os lábios sem humor, inflo os pulmões e sopro o ar pelas narinas.

— Você me conhece — silabo aquela verdade.

Seus lábios se curvam animados, seu polegar e dedo anelar produzem um sonoro estalo.

— Então caso eu consiga que ele assine o divórcio hoje — seu indicador aponta simbolicamente para baixo — Você vai ter que me contar tudo.

Uma risada um pouco humorada é expelida por entre meus lábios, aceno positivamente. Tendo a certeza que se aquilo – aquela hipótese- se concretizasse, não teria perigo contar aquela verdade guardada, ainda mais porque finalmente seguiria meu caminho ao lado de Tobias.

— Feito.

— Então vamos.

O corpo alto e esguio de Lisbon antecede ao meu, assim que seus dedos envolvem a maçaneta, abrindo a porta da sala de reunião do seu escritório. Sabíamos que já estavam a nossa espera, uma informação dada pela secretária que só acentuou o desconfortável enjoo embaixo das minhas costelas.

— Bom dia — aquelas palavras saem sorridentes da mulher a minha frente.

Não ignoro o suave coro masculino que retribui as palavras, uma voz mais saliente que a outra, e o tom que eu conhecia não era o mais presente. Meu corpo invade o enorme espaço, com uma enorme mesa de reunião centralizada e rodeada por cadeiras. O enorme vidro do lado oposto a porta proporcionava uma visão incrível da cidade.

Porém o que chamou a minha atenção não foi a visão da cidade, mas as duas figuras sentadas diante do vidro. Henry Bufton, charmoso e arrogante como sempre dentro do seu terno de marca e sob medida, em um tom acinzentado que enaltecia suas madeixas loiras e olhos azuis. O mesmo sorriso boçal – de anos – ainda estava estampado em seus lábios com cicatriz.

E passando rapidamente ao lado, sinto meu coração palpitar mais vezes do que devia, desacelerando minhas passadas em direção a cadeira. Lá estava ele, tão próximo, e tão distante, seus olhos não vagam sobre mim, olham algum canto insignificante de uma parede branca.

Não consigo ignorar sua mão envolta em uma atadura branca, fazendo-me lembrar da cena do seu punho estilhaçando um vidro, não sei o que me chocou mais, se aquele novo gesto agressivo dele – porque nunca o tinha visto naquele estado – ou se o estridente barulho.

Surpresos meus dedos tocam o encosto de couro da cadeira, as rodinhas fazem um suave barulho ao deslizarem sobre o carpe de madeira. Alojo meu corpo no assento que move o pistão da cadeira. Seus olhos continuam a me ignorar, mas um enorme corte na lateral do seu lábio é saliente.

Pressiono meus dedos contra o braço de plástico da cadeira, tentando consumir com as ganas de sanar todas as suas feridas. Comprimo minhas pálpebras.

— Vamos ao que interessa — a voz de Lisbon é precisa e direta ao meu lado — Ao divórcio.

Uma risada masculina reverbera por entre as paredes, abrindo minhas pálpebras, chocando minhas pupilas que se deparam com aquelas imensidões de avelã que me encaram, analisando cada parte do meu ser. Remexo meu corpo no assento, dissimulando normalidade.

— Sempre apressada Lisbon — o comentário de Bufton soa como uma música de fundo de restaurante.

Meus olhos não desgrudam da mancha roxa em torno do seu olho, a curvatura do seu nariz estava no mesmo tom, seu supercilio tinha um pequeno curativo colante. Afundo meus dedos contra o plástico, desviando o olhar para o mais longe possível.

Longe da figura do homem machucado e derrotado diante de mim, não conseguia ignorar as faíscas de culpa que queimavam em meu interior, como se aquelas feridas externas fossem culpas das internas.

Prefiro encarar os lábios vermelhos balbuciantes da mulher ao meu lado, um som que meus tímpanos captam um pouco.

— E você sempre devagar — aquela ofensa é dirigida ao homem de terno a sua frente, enquanto sua mão abre a pasta de couro diante de si e arranca duas folhas de papéis, uma ela desliza em direção ao outro advogado e outra folha ela destina ao homem silencioso na cadeira ao lado — Aqui estão os bens que o casal adquiriu durante o casamento, uma casa.

Uma casa

Uma bela, aconchegante e linda casa. A nossa casa. Trago a amarga saliva, junto com a lembrança dos cômodos do lugar em que tinha sido feliz. De soslaio não ignoro os dedos de Avery, que agarram a folha de papel, passa seus olhos e a atira quase em minha direção.

— Eu não quero — seus lábios proferem som pela primeira vez.

— Nem eu — balbucio para s ouvidos de Lisbon.

Aquelas avelãs correm até a minha figura como uma fera, voltando a me analisar, voltando a deixar-me desconfortável naquele assento. Me remexo, o desconforto não some, nem seu olhar se afasta, apenas se acentua, quando seus dedos entrelaçados deslizam sobre o vidro, inclinado seu corpo em minha direção, como se quisesse me perguntar algo.

— Podemos vendê-la e dividir o dinheiro — e a solução fácil vem da minha amiga, que trata aquele lugar como um bem a mais, ignorando tudo o que era guardado em seu interior e os momentos vividos lá.

Pela primeira vez os olhos do meu – ainda – marido vagam sem emoção em direção a mulher ao meu lado.

— Eu não quero — anuncia em um tom sereno, antes de voltar a me encarar — Deixa para a Lennon — não consigo ignorar o tremor que percorrer meu corpo assim que meu nome é proferido por seus lábios — Ela decide se quer ficar ou vender, não me importo.

Não se importa?

Droga Avery, não aja assim. Não.

Seus atos, suas palavras, estavam deixando tudo mais difícil, impossível, nós levando ao mesmo caminho circular que percorríamos nos últimos anos. Ele não queria algo que era mais dele do que meu. Ele deveria estar morando naquela casa, afinal ele precisava de um teto, de um lugar para levar sua nova garota.

Aquela ideia queima em meu interior, obrigando-me a conter minha fértil mente que ameaça em colocar aquela figura morena em todos os cômodos da nossa casa, na nossa cama, cozinha, sofá.

Droga

Sustento seu olhar, empertigando meu corpo, balbucio:

— E você vai morar onde?

Minhas palavras precisas parecem não atingi-lo, pois suas pálpebras nem tremem.

— Eu não moro mais naquela casa — aquela informação me atinge de uma forma ambígua e estranha, ao mesmo tempo que me fazia indagar o porquê, fazia-me sentir aliviada por nenhuma outra mulher ter invadido aquele refúgio que deveria ser somente nosso.

Alimentada por aqueles questionamentos, reclino meu corpo para frente, apoiando minhas costelas na borda do tampo de vidro, apoiando meu antebraço.

— Mas talvez você precise — murmuro diante do seu olhar inabalável — Para recomeçar sua vida com alguém — mesmo não querendo ir por aquele caminho, coloco o pé no acelerador e sigo em frente — Eu não vivo aqui, tenho meu apartamento em outro lugar — pela primeira vez seus pulmões se inflam sob o tecido cinza da sua camiseta — Não tenho interesse naquela casa — meu tom de desdém me surpreende, assim como os movimentos dos meus ombros que dançam para cima somente para enfatizar minhas palavras.

A ponta da sua língua estala no céu da sua boca, enquanto sua mente parece processar aquela informação, é sua vez de acentuar o reclinar do seu corpo sobre a mesa.

— Claro — seu tom é áspero — Já deve ter um apartamento com o seu — seus lábios se alargam, enquanto seus globos oculares dançam na orbe em busca da palavra correta — Seu amante. Comprou um apartamento com ele?

Sério Avery?

Aceno a cabeça, processando aquelas palavras, entro no seu jogo.

— Você pode levar a sua namorada para morar naquela casa — insinuo rispidamente.

Com nossos corpos reclinados sobre o tampo de vidro que nos separava, parecíamos duas crianças medindo força em um cabo que certamente arrebentaria para o meu lado.

— Eu não tenho namorada — sem emoção alguma ele revela.

Não sei se fico feliz ou triste com aquela afirmação.

— Não? — o instigo, estreitando meus cenhos em sinal de dúvida — Não é o que eu fiquei sabendo.

Seus lábios, que outrora delineavam um sorriso fácil e gostoso, se curvam forçosamente. Enquanto seus dedos entrelaçados, permitem que seus polegares batuquem um no outro. Ele estava ansioso. Eu o conhecia bem para saber.

— Diferente de você não — seu tom é sagaz, irritantemente sagaz — Não tenho namorada, amante ou qualquer outra coisa — e lá estava ele continuando negando a existência de uma mulher que tinha visto com os meus próprios olhos. Afinal ela deveria significar algo, ter alguma posição na sua vida — Tenho apenas uma esposa que quer o divórcio.

Jogo meu corpo contra o couro da cadeira atrás de mim, rangendo sua engrenagem e movimentando milimetricamente as nada estáticas rodinhas que tocavam o solo.

— Eu vi você com outra — rosno entre meus dentes amostra.

Ele ri, gargalha, joga a cabeça para trás, sem um humor algum.

— Ciúmes? — sugestivamente seu cenho dança para cima — Quem sabe podemos fazer uma troca de casais, o que acha?

Sarcasticamente ele leva a conversa para um rumo irritante. Fecho meu punho sobre o braço da cadeira, sentindo – pela primeira vez na vida – vontade de dar mais um soco naquela cara.

— Você está sendo ridículo — o advirto.

Novamente ele ri, prendendo a ponta da língua entre os dentes, antes de estala-la no céu da sua boca.

— Só você pode ter amante querida?

Comprimo meus dentes uns contra os outros, não ignorando a raiva que fervilhava em meu interior. Nunca tinha conhecido esse lado provocador de John Avery, nunca, definitivamente aquele homem que estava sentado diante de mim não era o cara com quem tinha me casado.

— Eu não tenho amante — rosno em sua direção.

Seus lábios se curvam melancólicos.

— Apenas um marido? — aponta uma verdade inegável.

Aceno positivamente.

— Não por muito tempo.

Seu corpo atira-se contra o encosto da cadeira, dando espaço para seu indicador que choca-se em direção ao papel atirado no meio da mesa.

— Não por muito tempo? — repete provocativamente — Eu não vou assinar isso.

Reviro meus olhos, juntando ar suficiente para inflar minhas bochechas e expelir um sonoro bufo.

— Sério Avery? — o encaro inabalável — Você está sendo infantil.

Seus ombros dançam em desdém sob a jaqueta de couro marrom.

— Não vou deixar de ser seu marido — anuncia, girando a cadeira para o lado e apoiando seu tornozelo sobre seu joelho.

— Você é um idiota — suavemente choco meu punho cerrado contra o braço da cadeira.

Seus olhos me alcançam de soslaio.

— Em que sentido? — ele me provoca, fazendo menção ao nosso primeiro encontro.

— No pior possível.

Inspiro e expiro o ar algumas vezes em busca da calma perdida. Sem conseguir ignorar a figura diante de mim, que descruza suas pernas, gira a cadeira em minha direção, cruza seus dedos e desliza suas mãos sobre o tampo da mesa em minha direção.

— Só porque não quero te deixar livre para o seu amante? — o seu tom é calmo e controlado — Ele sabe que você é casada?

O encaro, sem temor, apenas irritada e querendo esmurra-lo. Juro que se achasse um espaço em sua face idiota que já não tivesse levado algum soco eu daria um, mesmo que não causasse dor naquele ser, pelo menos aliviaria a minha raiva.

Como se pode amar e odiar um ser ao mesmo tempo?

Não sabia se era possível, durante minha vida tinha ouvido alguns comentários paralelos, mas era diferente estar naquela situação.

— Sabe — sem vontade, balbucio a resposta.

Seu queixo enrijece, seus dedos se descruzam para roçarem em sua grossa barba.

— Sabe? — seus olhos formam um vinco no meio ao se estreitarem em minha direção — Sabe de tudo?

O que ele queria se referir por tudo? Tudo o que?

— Sabe — automaticamente rebato.

Ele acena, seus dentes mordem seu lábio inferior.

— E aceita? — ele continua

— Aceita — meu tom é mais determinado e verdadeiro.

Porque gostando ou não Tobias aceitava aquela situação, me aceitava como uma mulher casada que ainda sonhava com o marido, mesmo que isso quebrasse seu coração em mil, seu amor era maior e isso doía em mim.

— Aceita ser o outro?

Sopro o ar entre as minhas narinas, exausta com aquele jogo.

— Ele me ama — aquelas palavras doem em meu interior, pois o amor dele por mim era maior do que o meu por ele.

Droga

Aonde Avery estava querendo chegar? Como se aquele jogo fosse revelar algo, que ele parecia procurar. Seus olhos se estreitam em minha direção.

— E você o ama? — e lá estava seu objetivo escancarado em palavras.

Meus lábios se selam, meus olhos fixam em suas avelãs que outrora me traziam tanta paz, mas agora pareciam querer possuir meu interior com repostas que não estava disposta a dar. Poderia mentir, dizer uma meia verdade, mas sabia que correria o risco de Avery me pegar no meio da mentira e tudo ruir, eu ruir diante de si.

Trago a saliva em um silêncio que certamente leva mais tempo do que realmente percebo, pois o sonoro limpar da garganta de Bufton, em um pigarro, afasta meu olhar dos do homem a minha frente, me fazendo recordar e perceber pela primeira vez que não estávamos sozinhos.

— Tem sala de café aqui, Lisbon? — o homem loiro, com um olho roxo e lábio cortado questiona a mulher sentada ao meu lado.

— Isso é um escritório de renome, não a espelunca que você trabalha — áspera Lisbon afasta a cadeira com a ponta dos seus pés — Tem sim.

Os lábios, circuncidado por uma barba loira rala, se curvam.

— Podemos tomar? — questiona dançando seus cenhos sugestivamente — Preciso de cafeína.

Lisbon sopra o ar entre os lábios, seus finos dedos tocam meu antebraço repousado na cadeira.

— Fica bem? — seus lábios sussurram contra o lóbulo da minha orelha.

Aceno positivamente. Ela arrasta as sonoras rodinhas sobre o piso de madeira, colocando-se em pé, caminha em direção a porta.

— Vamos.

O baque seco da porta é uma melodia que anuncia que ficamos a sós. Eu e John Avery, sozinhos em um espaço considerável. Seu corpo continua repousado no encosto de couro da cadeira. Meus olhos focam em minhas mãos repousadas sobre o tampo de vidro.

— Você não respondeu minha pergunta — e são os lábios dele que quebram o silêncio — Você o ama?

Curvo os lábios, sabendo a resposta que queimava em minha mente. Amava Tobias, talvez e principalmente talvez nunca da mesma forma que um dia o tinha amado, mas sentia uma chama diferente do amor.

— Você ama sua namorada? — meus olhos passeiam pelo tampo até chegarem a seus olhos.

Suas avelãs fixam em mim.

— Já disse que não tenho namorada — suas palavras são claras.

Reviro os olhos, soprando o ar entre os lábios.

— Defina como quiser — me corrijo impaciente — Você a ama?

Diz que não, por favor, diz que não.

Uma parte de mim suplica. Implora para não ser esmagada por uma simples palavra positiva, que poderia me destruir, mesmo que por fora sorrisse. Imperceptivelmente aperto minhas pálpebras, em uma suplica inconsciente que estava se tornando cada vez mais consciente. Um momento em que me perco em tudo que deveria ignorar, em que meu ódio e raiva se esvaiam dando espaço para um ridículo medo.

Sinto minha cadeira girar, arregalo meus olhos, me deparando com a figura do homem que deveria estar longe. E lá está ele com seu aroma cítrico invadindo minhas narinas, com suas mãos apoiadas nos braços da minha cadeira e seus olhos repousados em mim, com seu corpo em pé reclinado sobre mim, perigosamente perto. Afundo meu corpo para trás, mas o encosto de couro me impede de me afastar.

— Não, não a amo — seus lábios balbuciam só para os meus ouvidos, estremecendo meu corpo com aquele momento íntimo, era a primeira vez que estávamos próximos com ele consciente — Alguém arrancou o meu coração e o levou embora.

Aquelas palavras produzem um nó em minha garganta. Trago o ar tentando afastar a latente melancolia daquela acusação dirigida a mim, uma bruxa cruel capaz de comer o coração daquele homem como um delicioso doce.

— E você? — seus olhos me analisam, sua camiseta dança solta para frente e o couro da sua jaqueta crispa em seus ombros — Ama ele?

Aperto minhas pálpebras, ignorando todas as perturbações daquela indevida aproximação.

— Não estaria com ele, se não o amasse — meus lábios tremulam um sorriso.

Meus pés ficam minhas botas de salto no piso de madeira, impulsionando meu tronco, que inapropriadamente esbarrar no corpo daquele homem, mas felizmente meus pés apenas passam por ele ao colar-me em pé e conseguir caminhar em direção ao enorme vidro com uma bela vista que pouco me interessava naquele dia.

— Você não respondeu a minha pergunta, Lennon Clarke — aquela acusação soa distante e em direção as minhas costas.

Meus braços envolvem meu corpo, não com frio, pois aquela sala estava com um clima aconchegante, mas envolvem meu corpo mais por uma auto preservação.

— Por que você quer saber? — balbucio alguma coisa.

Silêncio

Suas botas de couro de amarrar chocam seu solado de madeira contra o carpe de madeira produzindo um inapropriado som que denuncia sua aproximação.

O som para.

— Para saber se você me traiu por amor ou outra coisa?

Outra coisa?

Aquele homem não desistia. Eu deveria saber que seria difícil deixar de ser a garota de John Avery, um cara obstinado e capaz de tudo. Afinal ele tinha me convencido a me casar no meio do nada, sem ninguém, apenas nós. E sabe de uma coisa? Hoje em dia não pediria outro casamento, se pudesse voltaria a aquela pequena igreja e faria tudo de novo, sem arrependimentos.

Aperto minhas pálpebras, me amaldiçoando por aquela última palavra que sabia – não deveria saber -, mas sabia estarem tatuadas em sua pele, com a minha caligrafia.

— Isso vai mudar alguma coisa? — insisto.

Ele permanece imóvel.

— Tem que ter algum motivo para você querer o divórcio.

Elevo meus ombros em casualidade.

— Não demos certo — arrumo uma resposta que me parecia satisfatória.

— Não — inevitavelmente ele discorda, quebrando nossa distancia com seus sonoros passos, não faço ideia do espaço que nos separa, não tenho coragem de girar meu corpo — Não é o que eu me lembro — seu hálito quente salpica através de alguns fios do meu cabelo, acariciando a parte de trás da minha orelha — Dávamos muito certo — sua mão toca meu bíceps através da blusa de lã que trazia em meu corpo — Não lembra-se da nossa última manhã juntos?

Aperto minhas pálpebras, ignorando a corrente que passeia pelo meu corpo, palpita meu coração, seca a saliva no interior da minha boca e rouba o ar dos meus pulmões.

— Não — profiro com o pouco de forças que me resta.

Meus tímpanos não ignoram o solado do seu sapato contra o piso, chocando seu peito contra as minhas costas.

— Não? — seus dedos afastam os fios que cobrem a minha orelha, seus lábios roçam um ponto estratégico do meu corpo, como se nunca tivesse esquecido.

Quero fugir, correr, mas meus pés me detêm, sua mão repousa em meu ombro, descendo em direção ao meu bíceps . Quero me afastar, mas quero ficar. E acabo ficando, como se necessitasse daquele contato, daquelas palavras, dele, de John Avery.

— Não lembra de você me tocando assim? — seus lábios passeiam pela curvatura do meu pescoço, impossibilitando minha mente de ignorar os flashes dos meus lábios em seu pescoço naquela manhã, na última vez em que fizemos amor — Passando seus lábios assim — seus lábios depositam suaves beijos que fazem meu corpo tremer, não consigo ignorar o curvar dos seus lábios contra a minha pele — Você tremeu assim quando gozou nos meus braços pela última vez.

Não consigo ignorar a lembrança do prazer que senti naquele dia em que ainda nem sabia que iria embora, apenas queria aproveitar as últimas horas com ele, antes de viajar. Um gemido involuntário escapa por entre meus lábios, como se pudesse sentir o mesmo prazer.

— Avery — queria soar em advertência, mas minhas palavras saem quase gemidas.

— Não lembra? — ele insiste, como se a resposta do meu corpo não fosse suficiente.

Maneio negativamente a cabeça com o pouco de forças que me resta, seus braços rodeiam meu corpo, como se soubesse que meus joelhos estavam ameaçando fraquejar.

— Não — balbucio sem forças.

— Mentirosa — suas palavras são calmas e precisas, quase como a primeira vez que ele me acusou daquilo.

Seus lábios exploram a pele sensível do meu pescoço, um espaço que parecia não receber carinho a muito tempo, involuntariamente minha cabeça tomba em seu ombro, uma autorização para que seu corpo colasse no meu, para que sua pélvis roçasse contra o jeans que revestia minhas nádegas, apenas uma provocação, apenas para mostrar que ainda o deixava excitado.

Apenas para acabar com o pouco de forças que me restava.

— Por que você fica remexendo no passado? — seus dedos se afundam contra meu quadril.

— Por que se pudesse viveria nele — trago a amarga saliva com aquela resposta.

Sopro o ar entre meus lábios, enquanto os seus continuam a depositar beijos no meu pescoço, esfregando sua pélvis saliente contra o meu corpo. Sabia que se pudesse me possuiria ali mesmo, como tantas vezes. E sabe o pior? Eu me deixaria ser possuída por aquele homem.

— Eu te trai — tento desestimula-lo, mesmo não querendo o faço.

Afinal mesmo não querendo, não consigo me desvencilhar do seu toque.

— Você já disse isso — ele responde contra a minha pele.

Sem se importar, seus lábios alcançam a parte detrás da minha orelha, a ponta do seu nariz roça minha pele.

— Eu fui embora com outro — continuo minhas tentativas, sem realmente tentar, apenas para não me render por completo.

— Eu conclui isso

Concluiu e não se importa?

— E ainda assim você quer ficar remexendo no passado?

Seus lábios deixam um enorme vazio em minha pele quando a abandonam. Suas mãos giram meu corpo, meus pés obedecem. Minhas pálpebras continuam apertadas, não posso, nem quero encara-lo, como se pudesse me afogar.

— Me olhe — ordena.

Minhas pálpebras obedientes se abrem, se deparando com tudo que queria evitar, suas avelãs calmas e profundas e o meu Avery estava ali, o cara com quem tinha me casado estava diante dos meus olhos, roubando o piso sob meus pés.

— Você quem trouxe o passado à tona com esse divórcio — suas palavras são calmas, sem ódio ou magoa.

Eu caio.

Nossa bolha é invadida com um sonoro e brusco barulho das dobradiças que rompem, dando passagem a duas pessoas falantes que trocam ásperas ofensas.

Minhas forças voltam, dou dois passo para trás, me desvencilhando daquele toque, suas pálpebras se apertam, como se amaldiçoasse a intromissão. Dois pares de olhos curiosos nos encaram em silêncio.

— Eu não vou assinar nada — volto a encara-lo, ele aponta para os papéis esquecidos sobre a mesa — Aceita Lennon, você vai continuar sendo a minha esposa, até que a morte nos separe. — seus ombros dançam em desdém — Pode me matar se quiser, mas não vou deixar você livre para outro.

Suas palavras são precisas em minha direção.

— Você deveria me odiar — observo, a única coisa que não queria, mas que esperava que ele sentisse depois de tudo.

Seus lábios se curvam melancólicos, realmente tristes.

— Esse é o problema, eu me odeio, gosto de sofrer, por isso não posso deixar de te amar, nem deixar você partir — parte de mim quer agarra-lo e agradecer, enquanto outra parte quer esmurra-lo, dizer que por aquele caminho quem sofria era eu — Pode ir embora quantas vezes quiser, ficar dois, quatro ou dez anos fora — suas mãos dançam no ar com seu tom algumas oitavas mais alto — Eu não vou mudar de ideia, ainda vou estar aqui, no mesmo lugar, sendo o seu marido, você goste ou não — e tudo que eu não queria é decretado por seus lábios — Você é a minha garota — não consigo dar um passo para trás, quando seu indicador acaricia a curvatura do meu nariz como antigamente, estremecendo a velha Lennon, a que deveria enterrar a que se machucaria se corresse em direção a aquele homem — As coisas não vão mudar só porque você quer — melancólicos seus lábios esboçam um sorriso — Eu sou o amor da sua vida, aceite.

Pisco lentamente, sentindo-me cair, em queda livre, queria me agarrar nele como nos velhos tempos, mas não o faço, apenas caio, enquanto ele gira os calcanhares e parte.

E aí meu povo? Gostaram?
Final de semana tem mais

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