My Protection (RABIA)

By gwritebrrk

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"O que você faria se fosse obrigada a ter uma segurança particular? Essa foi a condição imposta pela gestão d... More

Capítulo 1.
Capítulo 2.
Capítulo 3.
Capítulo 4.
Capítulo 6.
Capítulo 7.
Capítulo 8.
Capítulo 9.
Capítulo 10.
Capítulo 11.
Capítulo 12.
Capítulo 13.
Capítulo 14.
Capítulo 15.
Capítulo 16.
Capítulo 17.
Capítulo 18.
Capítulo 19.
Capítulo 20.
Capítulo 21.
Capítulo 22.
Capítulo 23.
Capítulo 24.

Capítulo 5.

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By gwritebrrk

Boa noite! Alguém acordad aí?

—————

POV BIANCA

M: O que pensa que está fazendo, bonitinha? - senti sua mão me segurar assim que entrei no quarto.

B: O que foi? - perguntei me soltando da sua mão.

M: Você sabe bem o que foi. Se Gabriela visse, colocaria Rafaella na rua no mesmo instante.

Bufei irritada.

B: Fui eu quem dei um beijo nela, se tu estava espionando deveria ter feito isso melhor.

M: Bia, venha aqui. - ela me seguia enquanto eu ia pro banheiro. Não estava a fim de iniciar uma discussão com Mari.

B: Mari, para! - pedi - Foi apenas um beijo e no rosto. Há tempos eu não me senti tão relaxada assim e olha que eu estou cansada pra caralho.

Eu sei que minha amiga não fazia por mal e que no fundo sua única preocupação era cuidar de mim.

M: Bebê, eu não me importo com nada disso, mas você sabe como Gabriela pega no meu pé... E você está afim da Rafaella?

Franzi as sobrancelhas. E se eu estivesse?

B: Ela é bonita. - dei de ombros pegando minha escova de dentes.

M: Sabe que não foi isso que eu perguntei. - cruzou os braços me encarando séria.

B: Mari, eu vou dormir está bem? - cortei o assunto quando comecei a escovar os dentes. - Vá também, você deve estar exausta.

A morena nada me respondeu, apenas saiu do meu quarto batendo a porta.

Acho que realmente me deixei levar pela emoção. Se Gabriela me visse numa intimidade tão grande com Rafaella, a coitada infelizmente não duraria uma semana na minha equipe. Eu não poderia fazer isso com a mesma, afinal eu via em seus olhos o quanto ela precisava desse trabalho. Fora que ela deve ter me achado uma assediadora depois daquele beijo e na real eu nem sei o que me levou a fazer aquilo.

Estava correndo na esteira da academia de minha cobertura, ao som de Me Gusta observando Rafaella que estava parada na porta cumprindo seu trabalho. Ela parecia pensativa e agora estou me perguntando se foi pelo o que aconteceu ontem. O pouco que a mesma falou sobre ela não me deixou saber se tinha um relacionamento com alguém e agora só consigo relembrar o que eu ouvi enquanto voltava para o camarim. Uma Rafaella completamente carinhosa falando amorosamente com alguém do outro lado da linha. Ela parecia ter perdido um pouco mais de sua cor quando me viu. Talvez fosse apenas sua irmã, afinal... Mas não sei, a forma carinhosa demais para isso.

A música foi interrompida pelo toque do meu celular. Desacelerei a esteira e atendi a ligação de um número que não estava salvo em minha agenda.

— Alô? - atendi desconfiada. Poucas pessoas tinha meu número pessoal.

Sua pequena piranha, por que não me disse que estava no Rio? - Marcela Mc Gowan, a menina que conheci na festa do pt.

— Bom dia para você também, Marcela. - brinquei. - Como tu tá doida?

Entediada. E você? Está bem depois daquela noite?

Aquela noite...

— Sim, agora estou bem melhor. - a informei um tanto ofegante por causa da caminhada. - E o que devo a honra de seus ligação?

Te liguei para irmos a uma festa e definitivamente não aceito não como resposta.

Marcela era jovem socialite herdeira única de uma famosa marca de roupas. Onde a mulher pisava crescia dinheiro. Ela também era muito influente, e igualmente polêmica. Era uma boa pessoa. Eu só conhecia por sites de fofocas, até que nos esbarramos na boate àquela noite.

— Impossível, Marcela. - me lamentei já esperando uma chuva de palavrões. - Eu tenho outra palestra às cinco horas.

Não tô te chamando pro chá da tarde na casa da minha avó, Andrade. - ri com sua provocação. Será que Marcela e Mariana não eram irmãs separadas? - É uma festa privada na Vitrinni. Vai começar por volta da meia noite, da tempo o suficiente de você vir.

Festa é uma coisa que eu nunca rejeito, mas ter Gabriela no meu pé o tempo todo falando como isso destruía minha imagem pelo também meu público adolescente já me fazia querer desistir. Mordi os lábios pronta para aceitar a proposta quando me lembrei do pequeno detalhe.

— Vai ficar meio difícil. A gestão da empresa resolveu contratar uma segurança particular pra mim. - falar isso em voz alta tornava a situação ridícula.

Pude ouvir Marcela rosnar do outro lado da linha.

Bianca, quantos anos você tem mesmo? Não sei como você aceitou isso.

Não havia nada que eu podia fazer.

— É complicado, Marcela. - tomei um pouco d'água. - Não quero que Gabriela contrate mais uma.

Essa porra de Gabriela não tem ninguém pra trepar? Que inferno. - eu também me fazia a mesma pergunta todos os dias. - Você promete tentar fazer um esforço, pelo menos? A festa vai ser privada, então vai ser tranquilo.

— Prometo, Marcela! - sorri. Eu queria ir, afinal. Era a última palestra da semana, então nada melhor do que fechar com uma comemoração.

Desliguei a esteira me secando com a toalha que estava em meu pescoço. Por mais que eu odiasse fazer esses exercícios contra minha vontade, reconhecia que me dava mais disposição para encarar tanto o dia a dia quanto os compromissos. Não era nem meio dia ainda e tudo o que eu queria era uma fatia de pizza com bastante queijo.

B: Terminei aqui. - informei a Rafaella que não sabia onde por os olhos. - Podemos subir?

A morena apenas afirmou com a cabeça. Ela estava linda aquela manhã, com seu cabelo preso e uma blusa social preta. Preto definitivamente era sua cor.

Seguimos em silêncio para o elevador. A mulher esperou para que eu entrasse e entrou em seguida.

R: Você parece cansada, está com fome? - ela me observava enquanto eu me olhava no espelho. Eu usava uma calça preta da adidas, uma regata branca e meus cabelos estavam meio desgrenhados.

B: Muito. Eu estava pensando ainda agora o quanto queria uma pizza. - confessei lhe tirando um sorriso.

R: E por que não come?

B: Dieta. Aposto que já tem uma salada com frango grelhado ao molho crítico me esperando lá em cima.

R: Esse é o lado ruim, então.

B: Tu nem imagina o quanto.

Tive tempo de almoçar com calma e descansar. Quando dei por mim, já estava em cima dos palcos fazendo o que sabia fazer de melhor: falar do que amo. Eu amava a energia do público, que embora cada público fosse diferente, não deixava de ser única. De cima dos palcos eu podia ver cada rostinho prestando atenção e exalando felicidade, seja por me ver ou pelo o que eu falo. Tudo o que eu preciso para seguir em frente. Eles estavam aqui por mim e eu estava aqui por eles.

O tempo inteiro.

Quando acabou, me despedi dos meus pequenos rumo ao camarim improvisado. Estava morrendo de fome e por mais que a salada de mais cedo estivesse ótima, aquilo definitivamente não me sustentou por um dia inteiro.

M: Você foi ótima, bebê. - Mari resolveu se pronunciar, pois desde o acontecimento da noite passada minha morena estava me evitando.

B: Saia da frente, eu estou com fome. - fui em direção a mesa de donuts recheados com os olhos brilhando.

M: Você sabe que não pode e nem vai me ignorar pra sempre, não é? - eu sabia mas estava orgulha demais para isso.

B: Vai te fuder, Mari. - falei enquanto mastigava os donuts.

G: Falando de boca cheia, Andrade? - ah pronto. Gabriela entrou no camarim com sua inseparável mala. Uma mala carregando outra.

B: Vai te fuder também, Gabriela. - resmunguei e a morena tirou a rosquinha açucarada da minha mão.

Comer era a única coisa que eu achei que ainda teria liberdade, mas desde meu último ensaio fotográfico aquilo era milimetricamente proibido. Gabriela insistiu que era preciso e desde então, chocolate apenas amargos, pois segundo Gabriela e a nutricionista, o ao leite que era meu preferido tinha um grande teor de gorduras ruins. Imaginem minha cara de felicidade sentindo o gosto amargo de cacau, e fingindo estar amando. Meu fãs sempre me traziam doces quando possíveis, e sempre mandavam comida lá pra casa, mas eu nem chegava a sentir o cheiro. Massas? Apenas uma vez na semana, antes das quatro da tarde e pior, apenas integrais. Refrigerantes? Há tempo que eu não tomo uma boa coca gelada. Salgadinhos, tacos e demais frituras eu nem preciso falar não é?

B: Gabriela, eu estou com fome. - resmunguei indo atrás dela, pegando o pedaço de volta e dando uma bela mordida.

G: Você deveria me agradecer, Andrade. - seus olhos desceram por todo meu corpo. - Se está com fome, coma uma daquelas barras de fibras e proteínas. Você está ficando imensa de gorda.

Parei estática ao ouvir isso, parando até de mastigar. Gabriela era uma provocadora nata, mas não sabia que ela podia jogar tão sujo. Eu sentia os olhos de Bianca e Mariana sobre mim. Elas sabiam o quanto eu me sacrificava para manter meu número e ouvir isso foi como se todos os meus esforços tivessem sido em vão.

Fui até a lixeira, jogando o donut que graças às palavras da cobra, se transformaram no mais amargo fel em minha boca. Sai batendo a porta, sem nem ao menos me despedir das minhas amigas.

B2: Isso foi totalmente desnecessário, Gabriela. - ouvi Bianca comentar do outro lado da porta.

Procurei o motorista que estava conversando descontraidamente com Rafaella. Ambos se viraram quando notaram minha presença, visivelmente estranhando os motivos por eu estar ali.

B: Me levem pra casa. - ordenei num tom elevado.

O motorista apenas assentiu com a cabeça e foi em direção ao estacionamento. Fui seguindo seus passos, ouvindo o ecoar de meus próprios saltos pisarem com força no porcelanato.

B: Eu vou acabar com essa filha da puta um dia. - eu murmurava desconexa em meus próprios pensamentos enquanto entrava no carro.

R: Quer me contar o que aconteceu? - escutei a voz preocupada de Rafaella. Seus olhos me fitavam de forma confusa enquanto eu abria uma latinha de soda como se fosse a última coisa que faria na vida.

B: Nada. Apenas me leve pra casa, eu estou cansada. Quando chegarmos, avise que eu não quero ver ninguém.

A morena não disse mais nada. Apenas afirmou com a cabeça uma vez e se manteve em silêncio.

Eu malho.

Eu fiz lipo.

Não como besteiras.

A droga da minha alimentação é baseada em frutas, legumes, peixes e verduras.

Aquela filha da puta só podia estar de brincadeira com minha cara.

Gabriela Melim, meus sinceros VAI TOMAR NO CU!

Assim que cheguei ao meu quarto, bati a porta com força e fui para frente do espelho. Ainda havia um pouco do açúcar de confeiteiro no canto de meus lábios. Tirei a blusinha que usava, tirando todo o resto em seguida. Completamente nua, minha mandíbula se fechou ao ver que realmente tinha engordado um pouco. Minha bunda estava maior, com marcas que minha mãe sempre disse serem marcas femininas, mas "não boas pra uma influencer", eu conseguia ouvir essa maldita fala de Gabriela dentro da minha cabeça.

POV MARIANA

M: Gabriela, você tem noção do que falou? Você pegou pesado demais dessa vez. E totalmente sem motivo. - bufei e a morena parecia não se importar com minha opinião, como sempre.

Trabalhar na gestão da Melim's foi um grande marco. Quem consegue ir para uma empresa tão importante assim de primeira? Mas era tanto veneno gratuito, tanta sujeira, que isso estava me cansando. Eu estava ali unicamente por causa de Bianca, nem o alto salário me chamava mais a atenção. Com a experiência que eu tinha, eu poderia assessorar facilmente o melhor ator de Hollywood, se eu quisesse. Era por Bianca, apenas por ela que eu ainda estava ali.

G: Não venha sentir as dores daquela mimada, por favor Mariana. Você sabe que o que falei é verdade.

M: E daí? - ergui meus ombros - Se ela estiver engordando, qual é o problema? Bianca só está inchada e nada mais e isso é completamente normal. Aliás, seria normal se não fosse por conta dos hormônios naqueles malditos anticoncepcionais que vocês obrigam ela tomar para diminuir o fluxo.

G: E para ela não engravidar dos casinhos dela. - ela ressaltou erguendo o dedo.

B2: Gabriela, todo mundo aqui sabe que caras não é a praia da Bia. Ela pode até sair com eles, mas não acho que ela seja tão burra ao ponto de engravidar. - foi a hora de Venturotti se pronunciar.

M: Ela é um ser humano. Coloque isso na sua cabeça ambiciosa. Bianca não é apenas seu robô de dinheiro. - segurei a mão de Venturotti, a puxando pra fora.

Quando saímos, o carro de Bianca não estava mais. Ela havia ido embora e eu espero que tenha sido para casa. Infelizmente essa mulher é um tanto impulsiva e nem quero pensar no que ela pode fazer quando está nesse estado.

M: Por favor, diga que ela está lá em cima. - perguntei assim que entramos e damos de cara com Rafaella sentada na cozinha.

R: Sim. - ela franziu as sobrancelhas. - Alguma coisa aconteceu, não é? Ela se trancou desde que chegamos.

Bufei, espalmando a mesa de vidro. Gabriela era mesmo uma cobra quando queria.

B2: Vou ir falar com ela. - se pronunciou, mas antes que pudesse subir eu segurei sua mão.

M: Melhor não Bia. Você sabe como a Bianca pode ser ácida quando está assim.. Melhor a gente deixar ela respirar mais, e mais tarde nós vamos ao quarto dela.

Venturotti deu de ombros concordando. Sentamo-nos a mesa junto à Rafaella. Eu tinha que cuidar de Bianca, e sentia que a cada surto dela falhava nisso. De assessora a melhor amiga, eu só tinha que cuidar daquela pequena.

R: Alguém pode me dizer o que aconteceu?

B2: Gabriela outra vez. - cruzou os braços soltando um suspiro. - Ela chamou a Bia de gorda.

Rafaella nos olhou. Sua boca se abriu e fechou várias vezes antes dela falar.

R: Elas se dão tão mal assim?

M: Muito - me limitei dizer.

B2: Na verdade ambas tinham uma relação bem boa no começo. Óbvio, Bianca via em Gabriela a chance do século. Tudo bem que a nossa menina nunca foi o ser mais fácil do mundo, só que a "senhora Melim" - fez aspas com os dedos, revirando os olhos. - Começou a controlar até os passos que ela dava.

R: E ela pode fazer isso?

B2: Ou é isso ou a Bia perde tudo, então..

R: Ela tem tão pouca liberdade nisso - Rafaella comentou.

M: Pouca? - enfatizei. - Ela não tem nenhuma.

Eu me sentia numa péssima posição sempre que Gabriela determinava alguma coisa. Cuidar da imagem de Bianca no início foi algo tranquilo e natural que eu já estava acostumada, mas depois que começamos a estabelecer uma forte relação de amizade as coisas ficaram um tanto complicadas. Ela era minha amiga que tinha todo o direito de fazer o que quisesse, só que logo depois o tapa em minha mente vinha e eu lembrava que precisava ela ser perfeita na frente da mídia.

POV BIANCA

00h12min

Abri sorrateiramente a porta do meu quarto com o medo de dar de cara com Mariana plantada ali. Não seria a primeira vez que ela ficaria me esperando sair durante uma crise de raiva que eu tinha. A morena veio no meu quarto umas três vezes depois que cheguei, na primeira não a deixei entrar, porém ela conseguia ser tão, tão chata quando queria que foi meio impossível de não abrir na segunda. E na terceira veio com um prato de sopa de legumes que eu prontamente fiz questão de recusar.

Depois das palavras de Gabriela eu não conseguia comer nada.

B: Gabriela, eu estou com fome. - resmunguei indo atrás dela, pegando o pedaço de volta e dando uma bela mordida.

G: Você deveria me agradecer, Andrade. - seus olhos desceram por todo meu corpo. - Se está com fome, coma uma daquelas barras de fibras e proteínas. Você está ficando imensa de gorda.

Saí do quarto quase na ponta dos pés. Estava tudo bem silencioso, como teríamos que voltar cedo para São Paulo, todo mundo já estava dormindo.

Mais do que nunca eu precisava relaxar a mente, então o convite de Marcela era algo irrecusável. Desci com sobretudo e os óculos escuros, ignorando o fato de estar de noite. Apenas não queria que ninguém me visse.

O táxi que eu havia pedido já estava na calçada do prédio a minha espera. Felizmente o motorista parecia estar cansado o suficiente para não me reconhecer. Hoje eu só queria ser a Bianca de sempre, uma jovem normal no auge dos seus vinte e cinco anos curtindo uma boa noite de balada. Boca rosa não existiria por uma noite.

01h52min

B: Arriba, Abajo, Al Centro y Adentro! - agora era minha voz que comandava o quinto shot de tequila. Bebi em conjunto aproveitando a queimação que o destilado faria em minha garganta.

Mar: Hey, Bianca do céu, vai devagar. - Marcela riu enquanto eu me servia de mais uma taça de espumante. - Olha só, já acabou com a garrafa inteira.

B: Não me fode, né Marcela. - revirei os olhos. - Estou no meu momento, me dá licença? Eu vou ir ao bar comprar outra.

Ouvi ela resmungar algo e me coloquei de pé - tentei -, os saltos enormes e o grande efeito de álcool sobre minha cabeça estavam dificultando um pouco as coisas. A boate era linda, escura e muito excitante. Suas paredes negras com luzes em tom de azul, rosa e roxo deixavam o ambiente muito convidativo. Era uma festa privada, e apenas a elite do Rio se encontrava presente. Empresários, políticos, grandes CEOs, e claro, as socialites e filhinhos de papai que amanhã não lembrariam nem seus nomes.

B: Hey! - me sentei no banco do bar chamando a atenção do jovem barman. - Eu quero outra dessa aqui. - ergui a garrafa e fui olhando para a vitrine de bebidas atrás dele. - Aliás, me dá aquela ali.

Apontei para uma garrafa de espumante que tinha um líquido meio rosado.

— Não vendemos a dose da Boërl & Kroff Brut Rose, senhora - respondeu impaciente e sem olhar na minha cara. - E a garrafa custa US$ 1.615,44, então...

Molequinho filho da puta.

B: Então pode me ver duas. - Estendi meu cartão. Eu odiava ser imponente, porém ele implorou.

O rapaz fitou os próprios pés antes de assentir com a cabeça indo pegar as garrafas no congelador.

I: O que devo a honra de encontrar Bianca Andrade na Vitrinni? - ouvi a voz animada e alta atrás de mim. Ah, minha criança.

B: Ivy! - exclamei puxando-a para um abraço apertado. - O que tu tá fazendo aqui?

I: Eu que te pergunto, não é Bia? - ela riu e eu peguei a taça de suas mãos virando em minha boca. - Eu aposto que a Gabriela não sabe disso.

Dei de ombros. Eu queria que Gabriela pegasse sua opinião e enfiasse no cu.

B: Sinceramente, Ivy, eu não tô nem aí. Tipo, ela é sua irmã eu sei, mas eu realmente não a suporto. - peguei as duas garrafas de espumante quando o barman folgado me estendeu. - A Melim mais velha é um pé no saco.

I: E você acha que eu não sei? Todos são na real. Por isso que eu prefiro ser conhecida como Ivy Moraes. Os Melim são um bando de engomadinhos, não quero esse nome pra mim.

Ivy era quase um pássaro. Extremamente intensa e apaixonada pela vida, além claro de gritar muito. Eu a chamava de criança pela sua idade, um poço de loucura com apenas dezenove anos. A mãe dela conheceu e se casou com o senhor Melim quando Gabriela tinha nove anos e Diogo sete, logo depois engravidou de Ivy. Ambas tem uma relação até que boa, apesar das diferenças. Gabriela é seria o tempo inteiro e cuida dos negócios do pai, sem desamparar a irmã. Ivy é a herdeira caçula da Melim's e parece estar nem aí pra isso. Sua vibe é praia, viagens, cruzeiros caros e Europa. Filha única de uma CEO importantíssima nos Estados Unidos que aliás, trabalhava com meu pai.

Mar: Bia, você foi fabricar a bebida? - Marcela apareceu risonha, os cabelos desgrenhados mostravam o quão louca a loira já estava.

B: Desculpe, eu encontrei minha amiga. - entreolhei para as duas. - Marcela Mc Gowan, essa é Ivy Moraes. Ivy Moraes, essa é Marcela Mc Gowan.

I: Espera, Mc Gowan? Da Vuitton? - minha criança cerrou os olhos e Marcela afirmou com a cabeça. - Que sensacional!

Mar: É um prazer te conhecer, Ivy Moraes. - a loira sorriu simpática. - Espero que não esteja de saída, pois vai se juntar a nós.

POV RAFAELLA

A porta do meu quarto sendo praticamente esmurrara fez meu coração quase sair do peito enquanto eu dormia. Me levantei com urgência pois para alguém bater assim, algo não estava saindo como o esperado. Mariana andava de um lado para o outro e respirou aliviada quando notou que eu já havia aberto a porta.

M: Rafaella, mil perdões por ter te acordado dessa forma. - pediu com as mãos juntas. - Me diz, por favor que a Bianca está no seu quarto.

Arqueei as sobrancelhas surpresa com a pergunta. Por que raios ela estaria aqui?

R: Não, ela não está. - liguei o interruptor, para que ela pudesse ver com seus próprios olhos. - O que aconteceu, Mariana? Você está me preocupando.

A morena não parava de roer as próprias unhas.

M: A Bia simplesmente evaporou. B2 foi beber água e viu que o quarto dela estava vazio. A procurou pela casa inteira e nada... a garota simplesmente desapareceu.

R: Como isso é possível? - estranhei. - Ela não estava dormindo quando cê foi vê-la pela última vez?

M: Aparentemente sim. - respirou fundo. - E Gabriela está vindo pra cá, para melhorar a situação.

G: Já cheguei. - olhamos para a mulher que mantia seu semblante sério. - Aquela inconsequente está com minha irmã. - mostrou uma foto de uma jovem com a Bianca.

M: Não acredito que ela fez isso. - Mariana massageou sua têmpora. Mais um problema envolvendo Bianca Andrade.

G: As duas vão buscá-las. Agora! - a mulher parecia uma fera. - Eu iria, entretanto se eu for vai ser muito, muito pior pra ela.

Mariana e eu nos entreolharmos e assentimos discretamente com a cabeça.

Entrar na boate não foi uma tarefa difícil quando se tem o crachá e cartão de umas das marcas mais influentes do país. O lugar era amplo, bem dividido, porém obscuro e fedia a químicas. Há muito tempo eu não ia em noitadas assim, quase cinco anos para ser exata e por incrível que pareça, não fazia nenhuma falta. Quando se é jovem você vê um mundo magnífico de pessoas interessantes, mas depois de uma certa idade, balada apenas em encontros especiais e olhe lá, pois encarar uma multidão de gente bêbada é pra quem tem paciência mesmo.

O lugar estava recheado de pessoas bem vestidas, da alta sociedade. Jovens, mais velhos. Todos bêbados, se envolvendo seja por conta dos beijos ou da música alta.

M: Ela está bem ali. - falou próxima de mim e apontou. Foquei os olhos e vi uma Bianca que ainda não havia sido apresentada a mim.

A carioca estava completamente fora de si, sobre uma mesa redonda rebolando ao som de Surtada. Seu quadril avantajado e sua cintura se moviam com o ritmo da música enquanto ela bebia uma garrafa de espumante. Me aproximei da mesma, querendo acabar com esse fiasco de noite de uma vez por todas.

M: Oi gente, tchau gente. - Mariana falou quando eu peguei Bianca cuidadosamente pelo seu braço.

B: Rafaella, Mari? Vocês vieram? Que filhas da puta nem me avisaram, eu ache que vocês estavam dormindo. - ela precisou segurar na gola da minha camisa social de tão alcoolizada que estava.

I: Eu posso levá-la daqui a pouco, Mari. Fica tranquila. - a irmã de Gabriela se pronunciou.

M: Não precisa, Ivy. - agradeceu a morena. - Acho melhor você vir também, sua irmã sabe que você está com a Bia, graças a foto que vocês postaram.

Ivy soltou uma risada seca e sem nenhum pingo de graça.

I: Sou maior de idade, Mariana. Mas obrigada pela preocupação. - ela parecia um pouco mais sã que Bianca, ao menos.

M: Tudo bem, Ivy. Só tome cuidado quando for pra casa. - a morena se despediu enquanto guiávamos Bianca para o lado de fora.

B: Eu nem terminei minha garrafa de Boërl... Boërl & alguma coisa rosa. Caralho, Rafaella tu tem braços fortes.

R: Me desculpe. - pedi sinceramente afrouxando as mãos.

M: Bia, entra no carro.

B: Marizinha, por favor. Só mais uma rodada de tequila, eu juro que depois dessa a gente vai.

A morena e eu respiramos fundo em conjunto. Isso não seria tão fácil.

M: Entra no carro. Por favor.

A carioca resistiu pouco até entramos. Havia um bom copo de café esperando por ela.

O caminho de volta a cobertura foi até tranquilo, para a minha surpresa. Mariana e Bianca estavam sentadas juntas e eu reparava o quanto os olhos da carioca estavam pesados e confusos. Volta e meia ela esquecia que estava no carro e tentava se levantar como se fosse pegar uma bebida.

Eu tinha ido dormir confiante que seria uma noite tranquila e agora são quase três e meia da manhã e estou aqui, levando Bianca completamente fora de si para casa, onde um grande e inevitável sermão a esperava.

B: Eu não quero mais, Mari. - ela resmungava e ainda tomava o café. - Isso está horrível.

M: Não está. Forte e doce, como você gosta. - a morena dizia enquanto acariciava a mão de Bianca. - Me conta o que te fez sair escondida.

B: Só queria me divertir um pouco e relaxar os pensamentos. - sua voz soou manhosa.

M: Você deveria ter falado com a gente, Bia. Ficamos preocupadas com você.

A carioca ficou em silêncio por alguns instantes, olhando fixamente para seu copo de café.

B: Eu não fiz nada de errado, fiz? - suas palavras saíam meio embaralhada me dificultando entender.

M: Não bebê, você não fez. - soltou um longo suspiro e pude ver seus olhos encherem.

Eu imagino que posição difícil a loira se encontra. Ser amiga e assessora definitivamente é estar entre a razão de ter que cuidar da sua amiga e a emoção de querer deixá-la livre.

A subida para o apartamento foi difícil e longa. Felizmente Mariana parecia estar familiarizada com situações assim, pois quando a amiga começou a passar mal, pôde vomitar num saco plástico retirado da bolsa da morena. Bianca estaria péssima para viajar amanhã, sem sombra de dúvidas.

Gabriela abriu a porta como se estivesse sentindo nosso cheiro. Se ela pudesse matar Bianca com um olhar, ela certamente o faria.

G: Você quer acabar com sua maldita marca? - a mesma pegou Bianca pelos braços e a encostou na parede fazendo suas costas baterem com violência. A carioca franziu o rosto de dor e deu um pequeno gemido.

Mariana se enfiou entre elas negando com a cabeça olhando séria para Gabriela. Bianca abraçou a cintura de Saad e enfiou a cabeça em suas costas.

B2: Gabriela, por favor. - a voz de Venturotti interveio. - Apenas converse com ela.

G: Conversar? O que eu mais tenho feito nesses anos é conversar, Venturotti. - respirou fundo. - Eu não sei em que porra de pedra você bateu a cabeça Bianca, só que agora já deu! Quero uma pessoa séria na minha empresa.

B: E eu sou. Tu que é uma ambiciosa do caralho pra ver isso. - Bianca rosnava enquanto deixava algumas lágrimas cair.

G: Vice ainda tem muito o que aprender sobre esse mundo que vive, Andrade. E já que não quer ser por bem...

Ficamos em silêncio observando Gabriela ir até ao bar se servir de um pouco de Uísque. Ela tinha um semblante pensativo e aquela conversa parecia estar longe, bem longe de acabar.

G: Eu tenho algumas coisas para falar agora. E espero que ouçam muito bem. - ela deu um grande gole antes de apontar para B2. - Bianca Venturotti, chega de enxergar Bianca como um anjo sem defeito, pois é a última definição que você pode dar. - outro gole. - Mariana, eu não ligo se você é melhor amiga de alguém. Eu espero que você coloque seu trabalho acima de amizade, ou terei que tomar medidas sérias em relação a seu futuro na Melim's, e sabe que isso é fácil pra mim. - a morena se sentou e olhou diretamente para Bianca que abaixou o olhar. - Você não é burra, Andrade. Sabe que ainda tem um contrato a seguir e tudo o que você faz pertence a mim, então, chega de se comportar como uma adolescente rebelde. Você já não tem dezesseis anos há muito tempo.

M: Gabriela, não é dizendo essas coisas que você vai dar um jeito em tudo. Somos seres humanos, não uma porra de desejos seus. Está na hora de você entender isso. Você não pode colocar mil seguranças atrás de Bianca achando que isso vai resolver alguma coisa, quando na verdade você também deveria mudar suas atitudes.

G: Bem lembrado. - a morena ergueu um dedo antes de olhar diretamente pra mim. - Rafaella, temos um contrato de trabalho, não é?

Assento lentamente com medo do que já estava por vir.

G: Em que há muitas responsabilidades que você esteve de acordo a partir do momento em que assinou, não é?

R: Sim senhora.

G: Sabe o que são cláusulas, Rafaella?

R: Perfeitamente. - disse em um bom tom. - Cláusulas são itens dentro de um contrato que estabelecem condições específicas entre os contratantes.

G: Exatamente. - cruzou as pernas e voltou a beber. - Você não cumpriu o seu dever e deixou a Andrade sair sozinha, sem nenhuma proteção de sua parte.

R: Não posso prever o futuro, senhora Melim. Bianca estava em casa quando todo mundo decidiu ir dormir. - respondi seria. Só eu sabia como meu coração estava.

G: Certo, mais ainda sim você foi contratada para uma função na qual não cumpriu. - eu odiava o sorriso cínico que ela estava me dando agora. - Quando chegarmos a São Paulo, terá um carro a sua espera pronto para lhe levar de volta a sua casa.

Ela não...

— Em outras palavras, você acaba de ser demitida de sua função.

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