Desculpa se atrapalhei sua leitura com a atualização dos capítulos (é por uma boa causa), mas, por favorzinho, deixe um comentário e sua estrelinha para me incentivar a continuar <3
Beijos purpurinados,
Kami <3
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Leo estava incontrolável na noite anterior ao seu aniversário e só dormiu após a meia-noite, quando era oficialmente o dia do seu aniversário. Me senti um pouco mal por não dar a ele o videogame que tanto queria, mas dei um lançamento anterior e ainda assim ele ficou extremamente feliz.
Em conjunto com Vic, Leo decidiu o tema da sua festinha: o circo. Meu filho se apaixonou pelo tema quando o pai o levou ao circo pouco antes de partir. Nunca tive a oportunidade de levá-lo novamente. Também não tinha conseguido lhe proporcionar algo além de um bolinho e alguns balões nos seus aniversários. Seu aniversário de três anos nunca chegou a acontecer, pois, no fim de semana que seria a comemoração, Mauro se foi.
Animado, Leo acordou cedo. Não tive de me preocupar com a possibilidade de ele encontrar Victor Hugo na minha cama. Desde que ele viajou, mal havíamos nos falado. Eu estava com saudades, mas hoje era o dia do meu filho.
Vic mandou um carro para nos buscar antes de meio-dia e quando chegamos, não consegui não ficar sem palavras. O jardim dos fundos da casa de Vic estava inteiramente decorado com a temática. Até mesmo uma tenda e arquibancada. As cores branca e vermelha predominavam e minha amiga avisou que o mágico e o palhaço já estavam a caminho.
A piscina estava fechada, como havíamos combinado. Eram crianças, afinal. Não queria correr o risco de acontecer algo com qualquer uma delas.
Apesar de linda, a festa estava bem além do que meu bolso conseguiria bancar. O bolo gigantesco, obviamente, tinha custado uma fortuna. Era simplesmente uma tenda de circo aberta com todas as atrações e uma miniatura de Leo no centro. Além de centenas de docinhos perfeitamente decorados.
— Vic! — Puxo ela de canto enquanto Leo se veste. — Você ficou maluca?
— Como assim? Não gostou?
— Tá brincando? Eu amei, mas...
— "Mas" nada, Helena. Esse é meu presente para o Leo.
— Nós combinamos que seria algo mais simples!
— Helena, sabe que eu amo o Leo. Amo vocês dois. É como se sempre tivessem feito parte da minha vida... — Me abraça. — Além do mais, você é namorada do meu irmão.
— Eu vou aceitar porque já está tudo pronto e eu amei, mas não tente me passar a perna, doutora Victoria! — resmungo com um sorriso.
— Tô pronto! — Leo volta com calças largas de palhaço com listras verticais brancas e vermelhas e suspensórios, camisa branca e uma gravata borboleta colorida, além de, é claro um sapato grande.
~*~
Leo até queria esperar por Victor Hugo para cantar os parabéns, mas não consegui falar com ele e não tinha certeza de que chegaria para a festa e, mesmo um pouco decepcionado, meu bebê se divertiu, principalmente após a chegada de Carina.
Há tempos não a via e foi muito bom colocar os assuntos em dia. Com a adaptação ao serviço, esconder Leo de Victor Hugo e depois o meu relacionamento com ele, não tivemos tempo de nos falarmos além de pelo telefone.
— Queria me despedir do Leo. — Carina diz checando o celular. — Mas está tudo bem, vejo vocês no próximo fim de semana. — Minha amiga se despede, é a última a deixar a festa.
— Victoria, preciso de ajuda! — Escuto uma voz conhecida e vou na direção. — Victoria!
— Luciano? — O encontro nervoso e ao me ver, parece piorar.
— Helena? — O marido de Samara parece tão surpreso quanto eu ao me ver. — O que faz aqui?
— O que houve, amor? — Escuto minha amiga se aproximando e sussurro para ele:
— "Amor"?
— O garoto, Victoria. Escutei ele gritando e o encontrei caído na escada! — Puxa minha amiga e meu coração se aperta quando os sigo e encontro meu filho desacordado.
Por favor, não!
Como se tudo passasse em câmera lenta, começo a reviver o momento em que tudo aconteceu com Mauro e me obrigo a reagir. Tento me aproximar de Leo, mas sou impedida por alguém. Vic o examina enquanto Luciano usa o telefone para chamar a emergência.
Depois do que parece ser uma eternidade, paramédicos invadem a casa e colocam o corpo delicado do meu filho sobre uma maca enquanto Vic diz coisas desconexas e os segue.
— Vamos, Helena. — Só então percebo que quem me segurava, na verdade, era Victor Hugo. — Precisamos ir para o hospital.
Quando saímos da casa, a ambulância já saíra de lá. Rapidamente Victor Hugo dirige ao hospital, os demais veículos e paisagem pelo caminho não passam de borrões e logo que chegamos, me vejo literalmente correndo para a recepção informando o nome do meu filho.
Parece demorar uma vida até que finalmente consigo notícias, através de Victor Hugo, que não faço ideia de como conseguiu. Por alguns momentos ele volta a sumir e vejo Luciano parando ao meu lado.
— Você não pode falar sobre a Samara para a Victoria — diz.
— O meu filho está machucado — falo calmamente.
— Eu sei disso, mas, Helena, Vic não sabe sobre meu... Meu primeiro casamento e...
— Luciano, eu tô me fodendo para você e para sua vida. — Me levanto e o puxo pelo colarinho. — A única vida que me importa, nesse momento, é a do meu filho. Então se não tem notícias sobre ele, some da minha frente. — O empurro e, sem reação, ele se vai.
Me obrigo a respirar fundo e tento me lembrar que o que aconteceu com Mauro não é o mesmo que aconteceu agora com Leo.
— Helena... — É Victor Hugo me oferecendo a mão. — Vem, ele precisa de você.
~*~
Leo não soube explicar o que aconteceu de fato, estava muito assustado quando finalmente acordou, cercado de profissionais, e só sabia chorar pela mãe. A única pessoa que não saiu de perto até que eu chegasse foi Vic, que acariciava seus cabelos e lhe garantia que eu já estava a caminho.
— Mamãe! — O choro aumenta quando me vê. — Tá doendo, mamãe. — Mostra o bracinho direito enfaixado.
— A mamãe tá aqui, meu amor. — O abraço devagar, com medo de o machucar mais.
— Helena, achamos que vai precisar de gesso. — Minha amiga avisa baixinho enquanto Leo se agarra mais em mim. — Também precisamos fazer uma tomografia, mas ele não quis fazer sem você.
— Leo, olha para a mamãe. — Ele afunda mais o seu rosto em minha blusa. Um pequeno corte em sua testa já coagulou e assustado é pouco para definir o estado do meu bebê. — Precisa deixar a Vic te examinar para sarar o dodói — aviso e ele grita que não, se segurando em mim e chorando.
— Leo... — Vic tenta, mas reunindo forças, com um nó na garganta e com meus olhos queimando, volto a falar.
— Meu amor, por favor, faz isso pela mamãe. Eu prometo que não vou deixar nada de ruim acontecer.
— Eu não quero, mamãe! Tá dodói! — Seu choro parte meu coração.
— Amigão... — Victor Hugo o chama e imediatamente Leo olha para ele. — Vamos lá, você precisa deixar a tia Vic examinar você. Se você não estiver bem, como vamos passear no próximo fim de semana? Ou como que eu vou te levar para a escola na segunda-feira?
— Mas tá doendo... — resmunga choroso e mostra devagar o braço para Victor Hugo enquanto ele se aproxima.
— Eu já usei o gesso igual a tia Vic vai colocar em você — afirma e Vic confirma com a cabeça quando o olhar de Leo a fita rapidamente. — Sabe o que é mais legal? — Leo nega com a cabeça fungando. — Todos os seus amigos vão poder assinar com canetinha no seu braço. — Meu filho me olha e rapidamente confirmo com a cabeça.
— Até você? — pergunta parecendo ceder.
— Tá brincando? Eu vou ser o primeiro! — Victor Hugo garante, finalmente convencendo Leo.