O Chaveiro de Corações

By kaimazu

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🏅 | Finalista do Prêmio Wattys 2022 🏅 | Finalista do Prêmio Wattys 2021 🌟 | Eleita uma das Melhores Histór... More

Avisos
Dedicatória
Personagens
Prólogo • O relojoeiro
1 • O tic-tac psicodélico
2 • Coisas quase ditas
3 • Bebida e banana split
4 • A desequilibrista
5 • A chave da coragem
6 • Um velho amigo
7 • Sonho cor-de-rosa
8 • Ás de copas
9 • Sustos encharcados
10 • A verdade covarde
11 • Desafogando fantasmas
12 • A miragem do farol
13 • Teimosa e egoísta
14 • Pedra, papel e tesoura
15 • O lar
16 • A chave da liberdade
17 • Filme de terror
18 • Ligações inesperadas
19 • O sofá
20 • Cartas claras no escuro
21 • Doces vontades
22 • Coração corajoso
23 • O chaveiro
24 • E se?
25 • Azul e dourado
26 • Fumaça e confetes
28 • Nomes e pronomes
29 • Caixinha de música
30 • Desatada
Epílogo • Déjà-vu
Extra • Beijo sob o visco
Agradecimentos

27 • À luz do dia

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By kaimazu

Os dias passaram tranquilos como domingos na praia. Eu e Gregory estávamos sentados na frente da escola e cochichando quando Amy apareceu muito contente, mesmo depois do teste de álgebra que havíamos acabado de fazer. Ela estava radiante como eu não via há algum tempo, toda feita sorrisos e alegria.

— Parece que alguém fez um bom teste hoje. — Gregory sugeriu, fazendo sinal para que Amy repousasse nos degraus conosco.

— Hmm... também. — Ela concordou, sentando-se. — Na verdade, estou mais contente por outra coisa.

— Eu acho que essa felicidade tem nome, então — insinuei, a encarando com um sorriso malicioso.

Amy não redarguiu. Ao invés disso, ela somente gargalhou baixinho e deu de ombros, apoiando as mãos no chão e pendendo a cabeça para trás com um sorriso.

— Tem sim. — Ela confirmou. — Louise me disse que a esperasse aqui. Ela quer me levar para algum lugar — emendou, os olhos como os de uma criança que acabara de ganhar um doce.

Eu e Gregory nos entreolhamos, confusos. Até onde sabíamos, elas infelizmente ainda saiam às escondidas e não costumavam estar juntas em público. Naquele dia, no entanto, parece que Louise buscaria Amy à luz do dia, e isso deixava minha amiga com o humor radiante. Seu cabelo esvoaçava para trás com o vento, deixando o rosto miúdo e os traços bonitos expostos e iluminados pelo sol do fim da tarde. Ela estava especialmente bonita ali, e eu quase me distraí quando, pelo canto da vista, vi que Louise vinha até nós — e com um enorme buquê de rosas brancas nas mãos.

Eu cutuquei Gregory, fazendo com que ele olhasse na mesma direção, o mostrando a bela garota vindo com um sorriso tímido e nervoso. Logo, Amy também a viu, levantando-se num pulo para recebê-la. Sua surpresa foi tanta pelo buquê que ela deixou a mochila cair no chão, não se importando em apanhá-la. Era o tipo de cena que eu só havia visto em filmes românticos: Louise com flores, congelada na frente de Amy. As pessoas parando o que faziam para as olhar, cochichando e se amontoando ao redor. O sol se pondo atrás dos prédios da cidade, fazendo tudo parecer mágico.

Eu olhei para Gregory, o perguntando silenciosamente o que estava acontecendo, mas ele balançou a cabeça como quem não sabia, tão surpreso quanto eu.

— Lou, o que é isso? — Amy indagou, os olhos arregalados e as mãos trêmulas.

Isso... — Louise começou, respirando fundo. — Isso sou eu sendo corajosa como você me faz querer ser, Amy — disse com o tom firme, mas os olhos ansiosos e marejados.

— Louise, você... — Amy balbuciou, a voz baixa, vacilante e receosa. — As pessoas, os seus pais... — E olhou ao redor, preocupada.

— Eu sei. — Louise respondeu, no entanto. — Eu quero que todos vejam.

A respiração de Amy pareceu ficar presa na garganta e suas mãos vacilaram. Ela quase não piscou quando Louise a entregou um sorriso apaixonado e disse em alto e bom som:

— Eu não quero mais me esconder com você, Amy. Não quero mais me esconder. Eu passei os últimos anos da minha vida pensando no que todos diriam, no que pensariam de mim, mas agora não dou mais a mínima para isso! Eu só quero ficar com você à luz do dia. Quero andar de mãos dadas e dançar com você em público. Eu não me importo com o que vão achar sobre isso. — E suspirou, lágrimas ameaçando seus olhos. — Eu quero que todos saibam que estou apaixonada por uma garota, e o nome dela é Amelie Li. Ela é engraçada, sensível e tão corajosa... o coração mais corajoso que já conheci. Eu quero ficar com ela de verdade. De todos os jeitos que esta vida possa permitir.

Louise pausou, respirando fundo e enxugando as lágrimas com o dorso da mão antes de abrir um sorriso de orelha a orelha, meneando o buquê de flores em direção à minha amiga.

— Amy, você quer ser minha namorada?

A multidão se calou num silêncio sepulcral. Eu mesma fiquei paralisada, e Greg enlaçou sua mão à minha com grande comoção. A expectativa tomou o ar e Louise pareceu não respirar por um minuto inteiro, completamente atenta à garota diante dela. Os dedos de Amy tremiam enquanto todos ao redor esperavam pela próxima cena: a do "sim" ou do "não".

Após o que pareceu uma eternidade, Amy saltou em Louise, a abraçando forte ao som da sua risada jovial e leve misturada com soluços de choro.

— É claro que eu quero! É claro que sim!

Um estrondoso barulho de palmas e gritos eclodiu. Todos ao redor agitaram-se, rompendo o silêncio como uma arquibancada que comemora um ponto do seu time após um longo suspense no jogo. Gregory assobiava ao meu lado e eu mesma não pude conter minha alegria, batendo palmas com saltinhos animados.

Sorrindo largo, Amy soltou Louise e apanhou o buquê das suas mãos, a puxando para um beijo. Mais palmas e assovios surgiram. Quando a multidão começou a se dispersar, todos comentavam somente sobre o que acabara de acontecer.

Me aproximando, eu recebi Louise para um abraço forte e apertado. Não podia acreditar que já havia sentido ciúmes dela num passado nada distante, agora a amando por fazer minha amiga tão feliz.

Amy também me abraçou, tão alegre quanto poderia estar. O buquê em suas mãos exalava o cheiro das rosas brancas como flocos de neve no inverno e como a paz de estar perto das pessoas que amamos. Assim que me soltou, ela voltou para Louise, agarrando sua mão com tanto entusiasmo que nos fez rir.

— Não podemos deixar esse momento passar sem uma comemoração, podemos? — Greg sugeriu, animado.

— De jeito nenhum! — Amy logo empolgou-se, dando pulinhos.

— Jamais negaríamos isso ao nosso cupido. — Louise falou, piscando para ele e estendendo uma mão em sua direção. — Nem sei como posso te agradecer pelo que fez, Greg.

Balançando a cabeça como quem dizia "não agradeça", Gregory segurou a mão de Louise, a chacoalhando um pouco antes de soltá-la. Em seguida, a garota estendeu também os dedos para mim, esperando que eu os tomasse.

— Obrigada também por guardar nosso segredo, Maddie. — Ela disse, sorrindo ternamente. — Quando Amy contou que você sabia sobre nós, eu preciso admitir que me preocupei, mas ela me garantiu que confiava a vida dela a você. Vejo que não estava errada.

Comovida, eu apertei a mão de Louise, a balançando no selar de uma boa amizade. Amy me olhou e piscou para mim como Louise havia feito com Gregory.

— Então, não temos uma comemoração a fazer? — perguntei.

Com acenos animados, nós partimos para o Jett, onde sorrimos, dançamos e comemos tanto que, quando acabamos, estávamos esgotados, ainda que extremamente felizes. Logo depois, Gregory deixou Amy em casa com Louise, pois era cedo e ela conheceria os pais da minha amiga ainda naquele dia. Com as mãos nervosas, mas atadas uma à outra, elas saíram do carro e caminharam pela frente da residência dos Li, onde foram recebidas pela mãe de Amy na porta. A Sra. Li as olhou, abrindo um sorriso amável e repousando uma mão no ombro de Louise enquanto falava algo que eu não podia ouvir de tão longe, encostada ao carro estacionado na frente da casa. Então, a mulher fez sinal para elas entrarem e as três sumiram pela porta.

Quando olhei para Greg outra vez, ele tinha um sorriso e um olhar ternos no rosto. Ele abriu a porta do passageiro para mim e eu entrei no carro, me aconchegando no assento antes que ele me alcançasse para um selinho furtivo, nos fazendo rir.

🗝

Ao som de uma conversa divertida, em pouco tempo nós estacionamos na frente da minha casa. Diante do meu destino, eu suspirei, destravando o cinto de segurança e virando-me para Gregory. Ele me encarava com um olhar curioso, também se desfazendo do seu cinto e deslizando a língua sobre os lábios inferiores do jeito que eu sabia que fazia quando estava pensativo.

— O que foi, hum? — Eu indaguei baixinho no silêncio e no escuro da noite e do carro. — Tem alguma coisa passando por essa cabecinha? — E escorreguei a mão pelo cabelo dele, a parando no seu rosto.

Gregory não respondeu de imediato, mas sorriu carinhosamente para mim e se aproximou, encurtando o espaço entre nós.

— Na verdade, sim. — Ele finalmente respondeu, deslizando seus dedos nos meus repousados sobre minha coxa, brincando com eles antes de sussurrar: — Você quer sair comigo, Maddie?

Eu franzi o cenho automaticamente, confusa. No primeiro momento, não entendi exatamente o que a pergunta queria dizer, mesmo que parecesse muito óbvio. Nós saímos juntos o tempo inteiro, mas nunca havíamos feito aquilo como um casal. Meu coração palpitou com a ideia e minha expressão embaralhada rapidamente se desfez num sorriso animado.

— Sair tipo sair? — perguntei com empolgação, mordendo o lábio inferior.

Greg riu baixinho, deixando escapar o som charmoso e doce como mel aos ouvidos.

— É, exatamente assim — confirmou. — Sabe, sair de verdade, um encontro. Eu sei que saímos muito juntos, mas nunca fizemos isso desse jeito. O que me diz? — perguntou, parecendo um pouco ansioso.

— Hmm... vou checar a disponibilidade na minha agenda... — Eu fingi, simulando indiferença e o fazendo rir novamente. — É, parece que tenho um pouco de tempo livre para isso — brinquei, segurando seus dedos inquietos e enlaçando-os nos meus.

Gregory sorriu baixinho enquanto eu me aproximava mais dele, arrastando-me até a beirada lateral do banco do carro. Ele deslizou a mão para o meu rosto e deixou que ela escorregasse até minha nuca, fazendo um carinho nela. Eu estava completamente confortável sob seu afago, mas num segundo, algo me veio à mente. Era uma preocupação boba que rondava e afligia minha cabeça há alguns dias, e resolvi que devia contá-lo.

— Greg... — chamei, respirando fundo. — Há uma coisa que preciso conversar com você.

Os olhos de Gregory se prenderam aos meus no mesmo instante e um relampejo de ansiedade passou pelo seu rosto, mas ele logo voltou à sua habitual serenidade.

— Estou todo ouvidos — garantiu, a voz baixa e suave.

— É que... bem, nós fomos somente amigos por muito tempo, você sabe — comecei, suspirando. — Relacionamentos são difíceis e nós dois estamos assumindo um risco... há o risco de nos perdermos. — Eu despejei rapidamente e ele inspirou fundo, permanecendo em silêncio. — Mas o que eu queria mesmo te dizer é que, apesar disso, estou disposta a tentar, se você estiver — confessei, nervosa.

Greg apenas me examinou por um segundo, mas com um meio sorriso terno, aproximou seu rosto do meu até que sua respiração se misturou à minha e sussurrou:

— Eu estou disposto a tentar qualquer coisa com você, Maddie. — Beijou a ponta do meu nariz carinhosamente, voltando a me olhar. — Não se preocupe com isso. Mesmo se nós nos perdermos, sempre nos encontramos, não? — indagou com uma risadinha.

Eu concordei com a cabeça, apertando sua mão na minha e me sentindo aliviada por ter finalmente falado. Gregory era fácil e sereno exatamente do jeito que o amor deveria ser.

— Então, posso te pegar amanhã às seis? — Ele perguntou e nós dois sorrimos.

— Às seis. — Eu confirmei, animada, me inclinando em sua direção para lhe dar um beijo de boa noite.

Eu definitivamente poderia me acostumar com aquilo.

• • •

Oi, anjo! Que bom te ver por aqui! 💕

Primeiro, espero que tenha gostado do capítulo! É muito importante para mim saber o que achou, então não esqueça de votar e comentar, fico muito feliz em saber sua opinião. Segundo, e ainda mais importante: O AMOR VENCE! 🌈

Muito obrigada pela leitura e até já! 💗

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