Quando o amor é pra sempre (R...

Von Strange-Boy

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(COMPLETO E REVISADO) No ano de 1989, em Denver, Colorado - Estados Unidos, Harrison é um garoto de 18 anos q... Mehr

Prólogo
1 - Robin
2 - A festa e a academia
3 - Quadrinhos
4 - Como (ou não) se aproximar de alguém
5 - Uma noite peculiar
6 - Go, Tigers!
7 - 1989... 1990!
[nota aos leitores]
[boas notícias!]
8 - Eu vou sentir falta dos anos 80...
9 - Volta às aulas
11 - Chuva de verão
12 - É com você que eu quero estar
13 - O adeus
14- Mudanças da vida
15 - Memórias
16 - C'est La Vie!
17 - Há quem acredite em coincidências
18 - Decisões, decisões...
19 - O que fazer?
20 - Laços que nunca foram rompidos
21 - Lar?
22 - A luz nas trevas
23 - Se reerguendo aos poucos
24 - Desequilíbrio
25 - Arrependimento
26 - Na saúde e na doença
27 - De coração quebrado
28 - Prova de amor
29 - Coisas que estão além do nosso alcance
30 - Não vou desistir de você
31 - Forte como era antes
32 - O pedido
33 - Como nos velhos tempos
34 - A vida normal
35 - Faça um pedido
36 - (Des)confiança
Epílogo
Continuação: A História de Gael

10 - O último baile colegial

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Von Strange-Boy


2 DE MAIO DE 1990

SCOTT

Tom, Dave e Mark me convidaram pra passar a tarde com eles na praça que gostavam de matar o tempo, andar de skate, fumar... Porém, eu não estava nem um pouco afim, então disse que estaria ocupado.

E é verdade sim, estaria ocupado vendo o Harry.

Há alguns dias, o colégio finalmente anunciou o baile de formatura: 24 de maio. Esse baile, acredito eu, seria o mais importante pra nós porque estaríamos concluindo uma fase inteira: a escola. Uma transição para a fase adulta, universidade, novos ares... Entre outras coisas.

— Nossa, a gente não tinha combinado um pouco mais tarde? — Harry perguntou, erguendo uma sobrancelha, assim que abriu a porta da sua casa. 

Olhei no meu relógio de pulso e brincando, disse:

— Hum... Acho que meu relógio está adiantado. — sorri. 

Na verdade, eu não estava mais aguentando esperar para vê-lo. 

 — Sorte que eu tô pronto pra te receber. — ele sorriu também. — Vem, entra. 

Eu não sabia qual seria a reação das pessoas. O que outros alunos e até os professores, coordenadores, diretores iriam pensar... Mas eu queria convidar Harrison para ir ao baile comigo. Será que ele aceitaria? Eu tenho certeza de que os meus amigos estranhariam, óbvio, mas eu poderia dizer que essa ação estaria fazendo parte do meu "plano para conquistar Robin" e estaria tudo resolvido.

— Então, vai ser aquele jogo que você comentou comigo ontem mesmo? — ele me perguntou.

— Sim, pode ser. — sentei na cama dele.

— Não aguentou perder pra mim em todas as vezes no California Games, não é? — Harry riu.

— É, né... — dei de ombros. — Fazer o quê. Você estava certo. É um nerd incorrigível. — ri.

Enquanto ele ligava o videogame, ficamos conversando sobre assuntos banais quando de repente o senhor Richard nos interrompeu. 

— Filho, é a Robin no telefone. 

— Já vou, pai. Obrigado. — ele se levantou e olhou pra mim rapidamente. — Já volto. 

Escutei ele descendo as escadas e atendendo o telefone. Sozinho, inevitavelmente comecei a pensar de novo sobre como poderia fazer para convidá-lo para o baile e...

Espera

Aquela revista de novo. Nossa, ainda está aqui embaixo da cama? Já tem tantos dias que a vi aqui e acabei não pegando pra ver o que era...

Eu mal podia acreditar no que eu estava vendo. Era uma revista da playgirl. Aquela que as meninas compravam pra ver celebridades e modelos nus... Bom, não só meninas, não é? Alguns meninos também. Isso só podia ser do Harrison. Não, não tinha outra explicação! Comecei a sentir um frio imenso na barriga enquanto folheava aquelas páginas, minhas mãos suando, o coração acelerando, respiração ofegante...

E então, de repente, o ouvi subindo as escadas. Rapidamente fechei a revista e coloquei ela embaixo da cama, onde estava antes. 

Não, não era uma HQ, uma revista em quadrinhos qualquer ou um livro. Era mais do que isso. Era um tesouro. E não porque era uma revista de homem nus, mas sim porque foi a comprovação que eu precisava pra saber que Harrison sentia sim, atração por homens. Seja gay ou bissexual, eu poderia ter uma chance com ele. Agora, passei a acreditar mais ainda na possibilidade dele corresponder de volta a tudo o que eu sentia por ele... De repente, todo esse nervoso que estava sentindo começou a se tornar uma coragem muito, muito grande. Que crescia e crescia e...

— Pronto. Ela só queria tirar uma dúvida sobre aquele trabalho de história. Ela tinha esquecido de um detalhe. Agora a gente pode jogar em paz. — Harry finalmente chegou ao quarto e sentou-se na cama, ao meu lado, pegando o controle do videogame. 

— Ah, sim. Sabe, nerd... 

— O que foi?

— Eu queria te perguntar uma coisa, mas não sei se devo. 

— Ora, e por que não? — ele parou e me olhou fixamente. 

Corajoso ou não, o nervoso voltou e meu coração acelerava como um tambor.

— Scott... Agora você vai ter que me dizer. 

— Ué, e por que? Vai me obrigar?

— Sim. Agora que já começou, termine. O que quer perguntar?

— Tá bem. — eu ri, mostrando uma plenitude que eu não possuía no momento. — Então...

— Vai, para de enrolar! — ele riu e me bateu com uma almofada. 

— Eu queria saber se você acharia estranho se... Se você ia achar esquisito de alguma forma, eu sei lá, né, eu não sei o que você pensa sobre isso...

— O que? Pode confiar em mim. Pode dizer. — ele assegurou.

— Se você acha que seria legal de alguma forma se a gente fosse ao baile juntos. — finalmente falei.

Ele ergueu as sobrancelhas enquanto olhava pro lado, um pouco boquiaberto. Logo depois, porém, voltou o seu olhar a mim. 

— Bom, nós vamos, não? Não acho que teria nada de estranho nisso, Robin vai com a gente também e...

— Não, nerd. — soltei um riso frouxo e abanei a mão negativamente. — Não desta forma...

Ele me olhou por alguns segundos. Me senti desconfortável com o suspense da situação, causado pelo silêncio e a sua expressão de surpresa. Parecia uma eternidade, mas por um milagre ele finalmente reagiu.

— Ah... Você quer que eu vá... Como o seu par? — me perguntou em um tom aparentemente incrédulo. 

De repente, a insegurança veio com tudo. E se ele achasse totalmente esquisito, mesmo sendo gay, bi, o que fosse? Se ele quisesse desistir da minha amizade por causa disso? Não, eu ia me sentir destruído se ele saísse da minha vida... Ele poderia estar em conflito pra aceitar sua sexualidade também... Ah, céus, tanta, tanta coisa...

— Como... Como amigos, claro! — menti, em pânico. 

— Olha, eu acho que as pessoas vão de fato estranhar, né. — ele sorriu de leve e deu de ombros. — Mas eu não me importo nem um pouco.

— Mesmo? — sorri. — Que bom... Eu também não me importo. 

Ficamos em silêncio olhando pro chão por algum tempo.

— Então está decidido, né? — ouvi a sua voz.

— Sim, mais do que decidido! — assegurei.

E fomos jogar videogame. 

Eu estava completamente decepcionado e triste comigo mesmo por não ter conseguido me abrir e expressar o que realmente queria e o que eu realmente sentia por ele. Por outro lado, ele aceitou o meu convite e com isso sim eu estava muito feliz. Céus, não acredito que estaríamos chamando a atenção do baile inteiro quando chegasse essa noite... O que mais me importa, porém, é estar com ele. 

***

— E aí ela aceitou ir ao baile comigo! — Tom finalizou.

Dave e Mark comemoraram. Amanda tinha aceitado o convite de Thomas para o baile.

— E você, Scott? Só falta você contar pra gente qual foi a sortuda desse ano. — Mark falou, olhando pra mim. 

— Bom... — coloquei as mãos nos bolsos da minha jaqueta. Estávamos nos preparando pra mais um jogo do Tigers contra outro time em breve. — Eu tive que fazer uma coisa muito difícil, mas que é parte do meu plano. — menti.

— Ah, não... — reclamou Dave.

— Não é possível. De novo esse plano? A gente já tá cheio dele. — foi a vez de Tom.

— Eu convidei o nerd pra ir comigo no baile. Como amigos

Os três se entreolharam por alguns segundos e depois caíram na gargalhada. Fiquei aguardando, sério, até terminarem de rir. 

— Olha... Você endoidou de vez. — Tom continuou. — Essa foi a gota d'água. Essa menina é de ouro? É virgem? Qual é a dela?

— Isso não interessa a você. — retruquei, já com raiva, cerrando os olhos.

— Ui, afetou ele... Não podemos falar do lírio dourado do campo dele não, ouviram? — Tom caçoava e ria mais ainda. 

— Relaxem. — quis dar uma trégua, pois já não aguentava mais. — Vocês vão entender tudo depois, eu vou explicar. É complicado. — tentei enrolar mais uma vez. 

— Eu não digo mais nada... — comentou Dave em um tom muito duvidoso. 

***

— Mano? Posso entrar? — ouvi a voz abafada de Nathalia ao bater na porta do meu quarto enquanto eu tentava dormir.

— Pode.

Lentamente, abriu a porta e veio caminhando até mim, sentando do meu lado.

— Eu queria falar com você sobre algo que aconteceu há muitos dias, Scott. Não tivemos a chance de conversar direito até hoje, esperei a poeira abaixar, digamos assim. 

— O pai e a mãe não fizeram por mal. Eles estão passando por uma situação muito delicada, você sabe... Se divorciaram...

ALGUNS DIAS ATRÁS 

Eu fiquei sabendo que ganhei uma vaga na universidade de Denver enquanto estava passando um fim de semana no apartamento novo do meu pai. Após o divórcio com a minha mãe, ele arrumou esse lugar. Pequeno, mas satisfatório para ele. Era próximo de onde eu morava, então eu conseguia ir até caminhando sem problemas.  

— Pai?

— Oi. — respondeu enquanto estava sentado em uma cadeira na cozinha, lendo o jornal e tomando uma xícara de café. 

— O senhor está ocupado?

Ele inspirou fundo, abaixou o jornal e olhou em minha direção. 

— Agora que já está falando comigo, filho, não mais. Não percebeu? Agora vamos, pode dizer. O que é?

— É que eu vim dar uma boa notícia ao senhor. — sorri. 

Ele ergueu uma sobrancelha, como se fosse um sinal de que estava aguardando que eu continuasse de prontidão.

— Então. — prossegui. — Graças ao meu desempenho no time de futebol, eu consegui uma vaga pro meu tão sonhado curso de nutrição na universidade de Denver!

Meu pai mais uma vez inspirou fundo e voltou a sua atenção ao jornal. Esperou um breve momento para finalmente me dar uma resposta:

— Está cumprindo com suas obrigações e responsabilidades, Scott. Isso não é uma boa notícia, é apenas algo normal. Incomum seria se você, com toda educação e recursos que ganhou dos seus pais, não ganhasse uma vaga em universidade alguma. — bebeu um gole de café enquanto seguia fitando o jornal. — Não fez mais do que sua obrigação. 

Ouvir aquilo do meu pai foi como um tiro direto no meu coração. Ele e minha mãe eram mestres em me ferir. Eu, sem querer me gabar, um bom filho, queria demonstrações de afeto e carinho vindo deles, mas era inútil. Às vezes acho que eu e Nathalia só estamos aqui pra cumprir a reprodução da árvore genealógica de nossa família e nada mais. Tudo o que eles esperavam de nós dois era um comportamento equiparável a de uma máquina: feitos para serem perfeitos o tempo todo e trabalharem ao máximo até a morte. 

Sem rebater, apenas assenti com a cabeça e me virei para o meu lado esquerdo, pegando o telefone que ficava na parede. Iria ligar pra minha mãe pra dar a notícia e...

— Se for avisar a sua mãe, não se dê ao trabalho. Ela está muito ocupada na viagem de negócios. Ela pediu para avisar a você e Nathalia, para que não ligassem para a perturbar até ela voltar pra casa de vocês. 

Mais decepcionado impossível, abaixei a mão, deixando o telefone no lugar.

— Eu estou indo embora pra casa, pai. Nos vemos depois. Até logo.

— Até. — respondeu sem fazer muito caso.

Mas eu era forte. Eu era forte pra superar tudo isso. Logo eu moraria sozinho, teria minha independência. Aguenta só mais um pouco, Scott. E eu tinha... Eu tinha, do meu lado, Robin e principalmente Harrison. Eu tinha Harrison.

É isso! Ele sim vai ficar feliz por mim! Eu vou correndo pra casa avisar a ele que sou oficialmente um universitário de Denver!

PRESENTE 

— Eles já passaram pelo divórcio, Nathalia. Estão vivendo felizes. Cada um no seu lado. Só você que não vê. 

— Eles são nossos pais, Scott. Nos amam.

— Não sei não. — olhei pra ela. — Sempre quis mais atenção, carinho e amor dos dois, mas sempre foi muito difícil. 

— Quando éramos crianças, eles nos deram bastante at...

— Sim, eu concordo, Nathalia! Mas e depois? E depois que a gente foi crescendo? Por acaso não precisamos mais? Temos que agir como se fossemos máquinas pra trabalhar e ganhar dinheiro?

— Nossa família tem essa tradição de ter membros com um nome importante, um bom emprego... É a família Miller, Scott. Somos essa família! — ela tentava me convencer. 

— Exatamente. E falta mais compaixão e amor. Eu não quero mais fazer parte dessa família, Nathalia. Na verdade, acho que só me importo com você. Fora isso... mais ninguém. — virei na cama, dando minhas costas a ela. 

Nathalia suspirou, levantou e foi até a porta. 

— Boa noite, Scott. 

***

HARRISON

— Rob, eu juro que não sei mais o que pensar ou fazer. — disse ao telefone, enquanto tomava o cuidado de estar sempre olhando pra ver se meu pai não desceria as escadas a qualquer momento.

— Harry, eu tenho muito medo. 

— Por que, Robin?

— E se o ato final do plano desses garotos for nesse baile? E se eles jogarem um enorme balde de tinta com sangue em cima de você igual fizeram em "Carrie, a Estranha"?  

Ri do comentário de Robin, mas depois respirei fundo. 

— Eu não sei, Robin. Eu não sei. Espero que não tenha nenhum plano e que seja algo verdadeiro o convite do Scott.

— Mas você aceitou ir ao baile com ele, então?

— Aceitei.

— Harrison...

— O que eu posso fazer? Eu gosto muito dele, Robin. Não faria o mesmo se estivesse no meu lugar?

— Não sei. Te disse que estou muito desconfiada e insegura com essa história toda. E outra coisa, se ele realmente quis te convidar pra ir ao baile e não tem nenhum plano mirabolante por trás de tudo isso, então ele gosta mesmo de você, Harry. Não acredito que ele te convidou pra ir ao baile como um amigo não... Aí tem coisa. 

— Bom, nós vamos descobrir logo. Afinal, o baile não está tão longe. E o que é que você tinha pra me contar?

— Então... É o Ben, lá da sala.

— O que tem ele?

— Ele me convidou pra ir ao baile! — riu.

— Nossa! — ri também. — Não sabia que você estaria tão feliz porque Ben Winters te convidou pro baile. 

— Bom, eu nunca falei, mas... Sempre achei ele muito gatinho. — riu ainda mais.

— Então divirta-se, pequena Robin. 

— Pode deixar, querido, eu irei! E se tudo der certo... Você também.

— Tem que dar certo, Rob. Tem que dar...

***

24 DE MAIO DE 1990

Ajeitei minha gravata borboleta no espelho do meu quarto. Logo em seguida, meu cabelo. Como sempre, eu não tinha nenhuma barba em meu rosto e meu cabelo estava penteado. Usava um terno azul marinho. Tinha combinado de ir ao baile com Scott no carro do pai dele, o qual ele vez ou outra pegava emprestado para dirigir, já que não tinha um. Pedi pra que ele me esperasse na rua de trás, pro meu pai não ter a chance de ver e achar esquisito.

Já tinha dado a hora. Borrifei mais um pouco de perfume, conferi o meu hálito e parecia estar totalmente pronto pra sair. Respirei fundo, apaguei a luz do meu quarto e desci as escadas. Meu pai, lendo um livro na poltrona da sala, me olhou.

— Filho, as chaves do meu carro estão em cima da mesa da cozinha.

— Não se preocupe, pai... Eu não vou usar seu carro.

— Ué, não vai? — se ajeitou na poltrona. 

Tive que pensar em algo rápido para despistá-lo e não fazer com que ele ficasse mais desconfiado ainda. 

— É que o pai da menina com quem vou ao baile tem um carro muito... Muito chique, digamos. Ela quer que eu vá com ela nesse carro. Pra gente... causar uma boa impressão, sabe?

— Claro. — ele riu, e voltou a atenção pro livro. — E ela mora perto daqui?

— O suficiente pra eu poder ir caminhando. Não preciso ir de carro. Na volta, a mesma coisa.

— Entendi, filho. Divirta-se. Está levando a sua polaroid?

— Com certeza, pai.

— Ótimo, vai ser maravilhoso ver fotos dessa noite noite tão importante. — sorriu pra mim. 

— Sim, pai, é mesmo. Agora eu preciso ir. — fui até ele e dei um beijo em sua testa. 

— Comporte-se, sim? — me pediu.

— Como sempre, pai. 

Abri a porta de casa. 

— Harry.

— Sim, pai? — fiquei parado, segurando a porta, esperando ele me dizer o que queria. 

— A menina com quem vai no baile... É Robin, não é? — olhou pra mim mais uma vez. 

Retribuí o olhar. Após um breve momento pensando, decidi enganá-lo, pois ele estaria mais convencido assim. 

— É, pai. Como adivinhou? 

— Seu pai sabe das coisas. Desde ano passado venho percebendo vocês dois juntos. — levantou a sobrancelha e voltou a atenção para a sua leitura mais uma vez.

Infelizmente você não sabe de nada, pai...

Mas soltei um riso de leve para não contrariá-lo. 

— Estou indo agora. Até mais tarde! 

— Até, filho. 

Fechei a porta de casa e caminhei até a rua de trás. Lá estava Scott já parado com o carro. Ao me avistar, ele saiu do veículo e deu a volta enquanto eu me aproximava.  

— Caprichou no visual, hein, nerd? — sorriu pra mim, cruzando os braços e encostando no carro. 

Ele vestia um terno preto, junto de uma gravata borboleta da mesma cor. Seus sapatos estavam impecáveis, tão engraxados e brilhantes que se tivesse uma iluminação melhor na rua, acredito que eu poderia ver meu reflexo neles. 

— Você também, jogador. — sorri de volta enquanto observava atentamente o seu visual. 

O cabelo de Scott, como todos já estão cansados de saber, possui muitas ondas de cor castanho claro. Estas, por sua vez, se espalham por sua testa, pelos lados e por trás. Ele aparenta pentear o cabelo sim, mas essas mechas com certeza ficavam um pouco bagunçadas conforme o dia ia passando. De qualquer forma, isso sempre foi um de seus charmes. Era lindo. Hoje ele ainda estava lindo como sempre, mas com outro penteado. Hoje Scott decidiu vir um pouco diferente. Ele havia passado algum gel no cabelo, algo do tipo, eu não sei. Penteou todo o cabelo pra trás. Sim, ainda era volumoso, mas com um ar muito mais elegante, formal, para a noite de hoje. 

— Gostei do cabelo. — não pude deixar de comentar. 

— É mesmo? — ele passou as mãos cuidadosamente por ele. — Estava com medo de não ter ficado muito bom. — riu. 

— Ah, mas ficou sim, não se preocupe. Estou até invejando. — ri também. 

Depois, ele abriu a porta do banco do carona pra mim. 

Milady. — disse com um ar de deboche ao se curvar, segurou a minha mão e beijou o seu dorso. 

Devo ter feito uma expressão de total estranheza na hora, apesar de ter adorado sentir os seus lábios tocando a minha mão. 

— Ah, deixa de bobeira. Foi só uma brincadeira, seu sem graça. — falou e riu ao perceber o quanto estranhei sua brincadeira. 

— Eu não sou nenhuma milady. A convidada de hoje é você, tigresa. — retribuí a brincadeira enquanto entrava no carro.

— Ah não. — Scott fechou a porta e se debruçou na janela, olhando pra mim. — Vai começar?

— Ué... É só uma brincadeira, seu sem graça. — imitei seus dizeres.

— Você joga sujo, Lennox! — riu levemente mais uma vez e deu a volta no carro, entrando logo em seguida.

— Bom, o maior baile colegial de nossas vidas nos espera. 

— Ah, pode ter certeza que sim. — ele sorriu e fechou a porta do carro, dando partida. 

***

Ao estacionarmos no enorme estacionamento do colégio, nem precisamos sair do carro para que praticamente todas as pessoas ao redor nos olhasse. Muitos desses olhares eram de julgamentos seguindo para cochichos e risadas. Tentei me manter forte e não me importar muito. Scott, que obviamente notou também, deve ter feito o mesmo. Ele nem sequer comentou sobre isso e nem eu comentaria.

Muitas pessoas estavam chegando no baile. Não parava de chegar gente.

— Ah! Você trouxe a polaroid, nerd. Não tinha notado, só vi agora... 

— Sim, trouxe. Precisamos tirar muitas fotos hoje. 

— Precisamos mesmo. — falou enquanto buscava alguma coisa no bolso do seu paletó. Scott tirou então um isqueiro e um cigarro. 

— Scott, desde quando você fuma?

— Não faz muitos dias. — disse concentrado, acendendo o isqueiro e logo em seguida o cigarro. 

— Não acredito que vai entrar no baile fedendo a cigarro! — exclamei enquanto olhava pra ele. 

— Não esquenta, é só um trago. — ele me olhou e sorriu. — Eu vou comprar uma bala de menta depois. Lá dentro vende. 

— Mas o problema nem é esse, Scott... Isso... Isso faz muito mal pra sua saúde. 

— Eu sei... — ficou com a expressão preocupada. — Você... Se importa?

— O que? Claro que me importo! — ri, incrédulo, jogando as mãos pro ar e deixando-as baterem nas minhas coxas. 

— Às vezes acho que não mereço você. — sorriu sem graça com o canto da boca e abaixou a cabeça, fumando mais uma vez para então apagar o cigarro na sola de seu sapato. Então, o guardou no bolso novamente. 

— Por que diz isso? —perguntei, preocupado. 

— Porque você é um ser humano incrível, Harrison. Um ser humano incrível na minha vida de merda. 

— Vamos, não fale assim. 

— Mas é verdade. Odeio meus pais. Meus amigos... Se é que posso chamar eles assim, nunca estão disponíveis pra mim quando eu preciso deles. 

— Não importa o que aconteça, você tem a mim e a Robin. — apoiei minha mão em seu ombro, o que fez com que ele olhasse pra mim. 

— E será que mereço vocês? É disso que estou falando. Tanta coisa ruim na minha vida e eu só penso... Será que sou uma boa pessoa? Talvez eu mereça tudo isso de ruim que acontece.

— Você é uma boa pessoa. É uma das pessoas mais incríveis que já conheci em toda minha vida. — sorri. 

— Está sendo sincero? — deu um sorriso torto. 

— Claro que sim, Scott, como sempre fui. 

— Obrigado. — finalmente sorriu naturalmente. 

— Não há de quê. Só estou dizendo a verdade. — retirei minha mão de seu ombro. — Por favor, nunca pense assim de novo. Fico muito triste em ver você desse jeito. Você é popular na escola, faz parte do melhor time de futebol que poderia fazer, as garotas ficam aos seus pés...

— Ah, nerd. Gosto muito da parte do futebol, apenas, mas isso não me faria muita falta, pra ser sincero. — ele olhou pra frente, pra fora do carro. — O que eu mais quero na minha vida é poder amar e ser amado de verdade pelas pessoas. Por quem se importa comigo de verdade, entende?

— Claro que entendo. Como eu disse, eu e Robin estamos aqui pra isso, tá bem?

— Tá bem. — olhou pra mim de volta e sorriu. 

— Agora vamos entrar? 

— Vamos. Já passou da hora. — ele disse e saiu do carro.

Fiz o mesmo. Dei a volta no carro, me aproximando dele. 

— Agora me diz. Por que está fumando? De onde tirou isso?

— Credo, nerd. Falando assim até parece minha mãe! 

Bufei e cruzei os braços.

— Meus amigos começaram a fumar, então aceitei experimentar também. 

— Só podia ser ideia daqueles três... — resmunguei.

— Mas eu aceitei por causa dos estresses que a vida tem me causado ultimamente. Isso costuma me acalmar. 

— Tem outras coisas que podemos fazer pra distrair a cabeça. Dançar, por exemplo. Hoje podemos dançar bastante. — sugeri. 

— É. — ele riu. — Você tem razão. 

— Então posso fazer um pedido pra você?

— Pode, nerd. Vá em frente. — ficou me fitando com uma expressão curiosa em seu rosto.

— Pare com isso enquanto é cedo, sim?

Ele riu e ficou meio sem jeito. 

— As coisas que faço por você... — murmurou, abaixando a cabeça e buscando o isqueiro e o cigarro em seu bolso. — Vamos. 

Automaticamente senti minhas bochechas esquentando e provavelmente corando igual a um tomate. Ele começou a andar lentamente e jogou o isqueiro e o cigarro dentro do lixo que estava mais próximo de nós. 

— Satisfeito, nerd? — olhou pra trás enquanto eu chegava ao seu lado, finalmente andando em seu ritmo.

— Ainda não. Falta a bala de menta que disse que compraria. — ri, tentando disfarçar o quão vermelho eu estava. 

— Ah... — ele disse em tom de raiva e depois começou a rir também. — Aposto que é interesse para comer algumas balas também, não é?

— Com certeza! Você me conhece bem. 

— Interesseiro. 

— Sou sim, às vezes, admito. — olhei para ele, esboçando um falso ar de superior. — Mas obrigado, Scott. Obrigado por desistir de fumar. Espero que não volte. 

— Não vou voltar. — olhou pra mim enquanto sorria e atravessou a mão pelas minhas costas, apoiando-a em meu ombro. 

Com esse gesto carinhoso de Scott, vieram as borboletas na barriga e caminhamos assim até a porta da quadra, onde o baile estava acontecendo. Entramos. O lugar era grande o bastante pra tal evento. Desde que estudei aqui, os bailes sempre ocorreram da mesma forma. A decoração era a única coisa que mudava anualmente. Forraram um carpete bege por todo o local. No centro, havia a pista de dança e um enorme globo pendurado no teto. As músicas animadas já estavam tocando e muitas pessoas já se divertiam bastante enquanto bebiam e dançavam. Várias bexigas coloridas de azul, branco e dourado estavam espalhadas por todo o lugar, enfeitando paredes e praticamente todo o teto. 

Os olhares estranhos, cochichos e risadas continuavam, mas mantive a minha armadura e acredito que Scott também. 

De repente avistamos Rob e seu parceiro (pelo menos por hoje), Ben Winters, caminhando até nós. 

— Vocês estão muito gatos! — disse Rob, toda espalhafatosa, nos abraçando forte. — Que bom ver vocês aqui.

Ela estava com o cabelo solto como usava sempre, mas aparentemente mais hidratado e penteado. Vestia um vestido dourado com vários detalhes em lantejoulas da mesma cor, um colar e um batom vermelho. Robin estava linda como sempre. Ela sabia como realçar sua beleza ainda mais! Ben estava vestindo um paletó cor de creme e calças pretas, com seu cabelo todo penteado para atrás, parecido com o jeito que Scott fez. 

— Você também tá gata, Robin. — comentou Scott. — Oi pra você também, Ben. 

— Ora, se não é o melhor jogador do Tigers? — Ben disse ao apertar a mão de Scott.

— Oi, Ben. — o cumprimentei também, com um sorriso. 

— Como vai, Harrison? — apertou minha mão e retribuiu o sorriso. — Escute, vocês dois, não liguem pra essa gente fresca que implicar que vocês vieram ao baile juntos. Não tem problema a gente vir ao baile com amigos. 

— Com certeza, cara. Obrigado pela dica. — respondeu Scott. 

— Ben é uma pessoa madura como nós. — Rob sorriu e se virou a ele. — Digamos que todos nós aqui estamos mais preparados pra entrarmos na vida adulta, não acham? 

Rimos. 

Depois de uma boa conversa jogada fora, Amanda se aproximou de nós também. Ela estava linda como sempre, usava um vestido azul, um batom dourado e o cabelo amarrado em um coque muito estiloso. 

— Pessoal, vocês estão tão bonitos... — beijava o rosto de Robin, a cumprimentando, e logo em seguida, Ben. 

— Você também tá um arraso, gata! — Robin falava alto. 

— Scott! — ela o abraçou forte pelo pescoço. Aquilo me deu um ciúme... Foi subindo um ar quente dentro de mim... 

— Oi, Amanda. — ele sorriu e a beijou na bochecha. — Bom te ver. 

— E Harry. — ela se virou pra mim, ainda sorrindo, e me abraçou. 

— Oi, Amanda. — disse, forçando um sorriso. — Está linda como sempre.

— Obrigada, querido, você também! 

Amanda sempre foi legal com a gente, mas a única coisa que eu tinha contra ela era o jeito como se oferecia pra Scott. Óbvio que eu sentiria ciúmes em todas as vezes. 

Ela ficou conversando um bom tempo com ele, enquanto eu conversava com Ben e Robin. É, Ben até que era um cara legal. 

Apesar de tudo, Amanda nunca nem mencionou o fato de eu e Scott sermos um par no baile de formatura. Quem tinha convidado ela, entretanto, foi ninguém mais e ninguém menos  que Thomas. Depois que ele a chamou pra dançar, Ben fez o mesmo com Robin. Eu e Scott aproveitamos para cumprimentar os professores, coisa que não havíamos feito ainda.

O decorrer da noite foi muito divertido, exceto pelos momentos em que Scott saía para passar um pouco do tempo com seus três amigos insuportáveis. Ele reclamou deles pra mim, mas continuava mantendo contato com eles? Por mim, ele acabava com essa "amizade" logo de uma vez! 

Mas quem sou eu pra dizer o que ele deveria ou não fazer? No máximo aconselharia caso me perguntasse alguma coisa. Obviamente, jamais iria dar ordens a ninguém. 

Tirei muitas fotos com a minha polaroid. Acredito que mais de 15. Batia uma tristeza só de pensar que logo logo esse filme estaria acabando. Comprar outro não seria um problema, mas o preço era um pouco caro. Guardei todas as fotos no meu bolso do paletó. 

Dançamos muito! Muito mesmo! Vários hits dos anos 80 tocavam sem parar, é claro. Não podiam faltar, obviamente, os nossos prediletos: Cyndi Lauper, David Bowie, Michael Jackson, Whitney Houston e é claro... Madonna. Um ícone para as mulheres e para o público gay! 

Chegou então, a hora em que os casais se formam na pista de dança para dançar algumas músicas lentas. 

Eu estava distante dos meus amigos. Scott foi pegar uma bebida no bar e Robin foi dançar mais uma vez com Ben.

Sentei, então, em uma cadeira que estava um pouco longe da pista de dança. Rob parecia dançar muito bem as músicas lentas e eu sorri ao vê-la indo tão bem. Não é nenhuma novidade que eu não sei dançar dessa forma. Olhei para o lado e vi uma garota sozinha não muito longe de mim, sentada também. Pensei em chamá-la pra dançar, até porque certamente Scott chamaria alguma menina pra dançar também. Eu que não ficaria aqui sozinho sem aproveitar ao máximo dessa noite e uma dança com uma menina não significaria nada além disso! Então, me levantei rapidamente e...

— Eu sei que você ama essa música. Que tal a gente dançar? 

Aquela figura havia parado em minha frente tão de repente. Estava estendendo a mão pra mim. Tamanho foi o meu susto que mal pude colocar minha cabeça pra funcionar direito no momento e entender melhor o que estava acontecendo. 

— O que foi? O gato comeu sua língua?

— Não, Scott. — ri, tentando disfarçar o meu nervosismo. — Você não acha...

— Vamos ou não? — ergueu as sobrancelhas e esboçou um sorriso. 

Eu estava quase tendo um treco, sei lá! Eu não sei como descrever, mas... Mas... Meus braços formigavam, minhas mãos suavam frio e eu sentia que estava começando a tremer... Por pouco, quase que deixei minhas pernas falharem. 

Mas confiei nele. Confiei assim que toquei a sua mão e ele me guiou pra pista de dança, logo embaixo do enorme globo giratório. 

Eu... Dançando ao som de Cyndi Lauper no baile de formatura com Scott Miller? Eu jamais imaginaria isso, nem em meus sonhos. 

𝅘𝅥𝅮  Deitada na minha cama
Ouço o tique-taque do relógio e penso em você 
𝅘𝅥𝅮

Fiquei de frente pra ele. 

— Já dançou assim com alguém antes, nerd?

— Não.

— Não precisa se preocupar. É fácil. Eu vou te ensinar.

𝅘𝅥𝅮  Presa em círculos
Confusões não são nenhuma novidade
Recordações de noites quentes, quase esquecidas
Uma mala de lembranças  
𝅘𝅥𝅮 

Eu sentia alguns pingos de suor escorrendo pela minha testa. Não era calor, o ambiente estava até fresco demais. Era nervoso. 

— Você pode colocar as suas mãos nos meus ombros. — com muita delicadeza, ele posicionou minhas mãos sobre seus ombros. 

— Tá bem. — afirmei.

— Agora, eu vou colocar as mãos na sua cintura. — e assim ele fez. 

Sorri rapidamente, tentando descontrair. 

𝅘𝅥𝅮   Se você estiver perdido você pode procurar
E vai me encontrar, hora após hora
Se você cair, eu vou te segurar
Estarei esperando, hora após hora  
𝅘𝅥𝅮 

— Bem devagar, eu vou dar alguns passos para os lados e você precisa me acompanhar, tá bem? — pediu.

— Certo. 

E assim fomos. Errei umas três vezes.

— Droga... — resmunguei na segunda vez. 

— Não tem problema. — ele riu baixo. — É assim mesmo. Você vai pegar o jeito. 

E na quarta vez eu realmente peguei o jeito. Estava conseguindo acompanhar ele. 

— Viu só? — ele sussurrou. — É isso. Não tem segredo.

𝅘𝅥𝅮  Observando pelas janelas
Você está pensando se eu estou bem
Segredos roubados de lá do fundo
A batida do tambor está fora do ritmo 
𝅘𝅥𝅮

— Eu tô indo bem, então? — perguntei. 

— Está indo muito bem. — Scott sorriu e fez o gesto da noite que conseguiu ser o ápice do meu surto apaixonado. 

Ele encostou sua testa na minha e olhou fundo nos meus olhos, sorrindo.

Seu hálito era de menta, o que confirmava que ele realmente havia comprado as balas. 

𝅘𝅥𝅮   Se você estiver perdido você pode procurar
E vai me encontrar, hora após hora
Se você cair, eu vou te segurar
Estarei esperando, hora após hora
  𝅘𝅥𝅮 


Certamente estávamos cercados de olhares estranhos e julgadores, mas eu já não me importava tanto. Nem Scott, parece. Só olhávamos um para o outro. Bem fundo nos olhos do outro, enxergando até a alma. Eu queria que essa música nunca acabasse, mas infelizmente, chegou a hora. Nos distanciamos e ele continuou sorrindo pra mim enquanto várias pessoas aplaudiam o encerramento da sessão de músicas lentas. Eu e ele fizemos o mesmo, sem parar de fitar um ao outro por mais alguns segundos.

***

Como todo baile colegial que se preze, fizemos a votação do melhor casal da noite. Eu votei em Robin e Ben. Estávamos nós quatro sentados em volta de uma mesa redonda coberta por um tecido branco de cetim. 

— Votei em você e Ben. — disse, me dirigindo a Robin. 

— Eu votei em você e Scott. — ela arregalou os olhos e esboçou um sorriso maníaco no rosto, fazendo com que todos nós ríssemos. 

— Você é louca! — gritei, rindo. 

— Por que? Eu também votei em nós. — disse Scott. 

Fiquei vermelho pela... Pela... Ah, perdi as contas.

— É, Harrison. Qual o problema? — disse Ben. — Eu votei em mim e Robin, também. Amor próprio é tudo. — riu. 

A anunciadora subiu ao palco e pegou o microfone, começou a fazer um discurso chato e prolongado, mas finalmente, a hora do anúncio parecia ter chegado.

— E o casal vencedor da noite é... — sorriu para o público e abriu o envelope. — Então... O príncipe é... Thomas Byers! 

Todos começaram a gritar e aplaudir alto. Uma verdadeira algazarra. Ben não era diferente. Aplaudia também. Scott até gritava. Afinal, era o amigo dele, eu acho...

Eu e Robin nos olhávamos, com vontade de rir, pois nos recusamos a aplaudir. 

— ... e a princesa Amanda Ryman! 

Dessa vez sim, nós aplaudimos.

Estávamos prontos para irmos embora. O sol já nascia no horizonte. Scott conversava com Ben sobre carros enquanto estávamos no estacionamento. 

Eu e Robin, um pouco distante deles dois, também conversávamos. 

— Que noite foi essa hein, Harry... — deu um tapa em meu ombro. — Dançaram igual dois pombinhos apaixonados.

— Você viu!? — fiquei totalmente constrangido. 

— Garoto, vocês estavam no meio da pista de dança. Quem não veria? 

— É... Você tem razão. — falei logo antes de lembrar da teoria de Rob sobre o plano mirabolante dos jogadores do Tigers. — Viu só, Robin? Ninguém nos chamou no palco pra derrubar nenhum balde de sangue em cima de mim. — ri. 

Robin riu, encostou em um carro e olhou pro céu. 

— É, Harry... Se Scott chegou até aqui e tudo continua bem... Acho que talvez...

— Talvez o quê? 

— Robin, vamos! Vou te levar pra casa! — Ben gritou e ela olhou rapidamente.

— Talvez, Harry... — ela continuou. — Talvez ele esteja mesmo apaixonado por você. — sorriu pra mim e foi andando ao encontro de Ben, acenando para mim enquanto se despedia. 

Soltei um sorriso bobo e logo Scott estava buzinando para que eu entrasse no carro.

— Estou tão cansado que devo dormir por 24 horas seguidas. Não estranhe se eu desaparecer por mais tempo, até. — falou pra mim enquanto ligava o carro. 

— Idem. — eu ri. 

Conversamos um pouco mais enquanto ele me levou em casa. Nossos assuntos pareciam nunca ter fim. 

— Te vejo por aí, certo?

— Claro. — sorri e fechei a porta do carro. — Nos vemos. 

— Até mais. — sorriu, com o rosto cheio de sono e seu cabelo já todo descabelado, com o penteado desfeito e as mechas de volta para seu lugar natural. 

Ao entrar em casa, vi meu pai preparando café.

— Bom dia, filho. 

— Bom dia, pai... — sorri, com sono. 

— Eu estou acordando agora e você está indo dormir, eu suponho? — riu de leve.

— Sim... — fechei a porta.

— Como foi a noite?

— Foi a mais incrível da minha vida até então... — continuei sorrindo igual um bobo e fui subir as escadas. 

— Depois me mostre as fotos e bom descanso! — gritou lá de baixo. 

Joguei meu corpo em cima da cama, de barriga para baixo. Hoje eu fui dormir feliz, lembrando de Scott me guiando na pista de dança ao som de Time After Time enquanto olhava bem fundo na minha alma, com um sorriso que só ele tinha. 

FIM DO CAPÍTULO!

Gente, até eu to chocado com o quanto esse capítulo foi um dos mais lindos da história, não é mesmo? Ai ai... Logo logo tem mais, hein.


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