Camila POV
Eu acho que nunca me senti assim na vida.
Altamente impotente, de mãos atadas e com uma sensação de derrota como nunca antes. Eu estava abrindo mão de conhecer alguém que, sem dúvida alguma valia a pena, e não ter a decência de falar a verdade pra ela fazia com que eu me sentisse ainda mais suja.
Ela não mentiria.
Vou voltar um pouquinho para que vocês possam entender.
Ontem a noite as coisas estavam muito bem, leves, me sentia completa. Beijar a Lauren era como caminhar nas nuvens. Ela fazia como que eu me sentisse especial, valorizada, amada como nunca fui!
Quando Shawn me ligou, me senti mal pela forma como ele agiu. Ir até a minha casa, como se nada tivesse acontecido e jantado com meus pais em um falso gesto de que estaria tudo bem. Aquilo só reforçou o quanto eu não o queria mais por perto, era tóxico e de alguma forma precisava me libertar, mesmo que meus pais não entendessem a princípio.
Lauren me deu colo, me deu ombro, conversou comigo e me fez enxergar as coisas com a sua ótica, sempre plena, calma, tranquila e sem dramas desnecessários. Eu sentia como se precisasse dela, como se a simples presença dela me tornasse uma mulher de verdade.
Aquele clima gostoso era um verdadeiro convite ao pecado, eu a queria, a desejava cada segundo mais e sentia que ela também. Cheguei inclusive a tomar a iniciativa de leva-la pra cama e olha que por mais que sexo estivesse longe de ser um tabu pra mim, não estava nos meus planos transar com alguém que eu tinha acabado de beijar pela primeira vez.
De qualquer forma, não aconteceu.
Quando a Cris nos interrompeu, me fazendo voltar à realidade, de repente me vi atingida por palavras que eu não queria ouvir. Lauren disse com todas as letras que não tínhamos nada. Ela disse isso para a pessoa mais próxima a ela, a que mais gozava de sua confiança... Eu não esperava, mas sabia o que ela queria dizer. Doeu, mas eu entendia seu ponto de vista, mesmo não sabendo mais como esconder que aquilo me magoou.
Na volta para o meu quarto, tomei um banho, coloquei um baby doll confortável e me deitei, ainda reflexiva sobre os fatos daquela noite. O clima de romance entre eu e Lauren, o jantar entre amigos, a ligação de Shawn, as palavras da Lauren... só fui retirada dos meus pensamentos quanto meu celular vibrou sobre a mesa de cabeceira. Era a minha mãe.
- Oi mama! Que surpresa me ligar a essa hora, está tudo bem?
- Me desculpe pela hora meu amor mas eu precisava ouvir a verdade de você. – Ela parecia preocupada.
- Que verdade mama? Do que está falando? Está me assustando... – Eu já deveria estar branca pensando em algum possível vazamento sobre São Francisco.
- Antes de ir embora Shawn chamou seu pai para conversar e bem... ele pareceu pedir conselhos sobre vocês. E comentou que você havia terminado com ele. Hija isso é verdade? Eu não ouvi toda conversa mas confesso estar preocupada com isso.
- Mama... Olha eu sinto muito que esteja se sentindo assim, mas sim, é verdade. – Disse em um suspiro ouvindo minha mãe fazer o mesmo do outro lado da linha.
- Kaki você sabe que isso terá consequências... Não pode agir assim por impulso minha filha. Você não tem uma vida comum...
- Mama não foi por impulso, eu e Shawn já não temos um relacionamento saudável há muito tempo, ele é mimado, eu me sinto podada com ele me sufocando. Tudo é sempre sobre ele e eu me anulo para fazer as vontades dele. – Desabafei na esperança de que ela me compreendesse.
- Camila. Shawn está finalizando um trabalho importante, precisa do seu apoio. Ele pode te ajudar no seu álbum, vocês sempre se deram tão bem... Você acha que eu e seu pai nunca tivemos problemas? Mas nem por isso terminamos. Nós não abandonamos quem gostamos, nós enfrentamos as dificuldades! – Seu tom era firme e aquilo estava me balançando.
- Mama, eu sinto muito, mas não somos casados. Sim, eu o amo, mas não como antes, não como homem. Eu preciso pensar em mim, preciso viver a minha vida, eu preciso ser...
- Eu espero que isso não seja mais algum devaneio sobre mulheres, Camila. – Minha mãe me cortou fazendo com que um silêncio caísse sobre nós.
Meus pais sabiam que eu não era hétero. Eles só nunca aceitaram bem. Meu pai era mais simpático a isso, mas minha mãe não. Tive um pequeno relacionamento que quando descoberto pela minha mãe tive que terminar, com ela alegando o bem da minha carreira.
Quando comecei a namorar o Shawn ela levou isso como uma "cura" mas nunca perdeu o medo de que em algum momento eu voltasse a me encantar por mulheres novamente.
Eu nunca me senti hétero, talvez bi... mas tanto meu corpo quanto a minha mente nunca teriam a mesma vibração como quando me deparava com uma mulher que me chamasse atenção. E nesse momento, tudo em mim gritava por Lauren.
- Mama... Não posso dizer que não há outra pessoa na minha mente. Mas isso em nada tem a ver comigo e Shawn.
- Volte pra casa Camila. Você precisa pensar na sua carreira. Tem um álbum para terminar e precisamos conversar a respeito como uma família. Eu não quero falar mais por telefone para não ser injusta com você, filha. Apenas volte e vamos resolver o que precisar ser resolvido ok? – Minha mãe agora me parecia mais calma e sensata.
- Tudo bem. Eu vou providenciar para voltar amanhã e conversamos, só por favor, não quero o Shawn por perto, mama...
- Ele já voltou para LA. Seremos apenas nós, como sempre foi meu amor. Agora descanse. Eu te amo e estarei sempre ao seu lado.
- Tudo bem mama, também te amo.
Meus pais eram realmente incríveis, estavam sempre ali por mim, mas minha mãe tinha momentos em que colocava suas crenças e desejos acima de qualquer coisa. E eram nesses momentos que entrávamos em atrito.
Depois dessa ligação, permaneci boa parte do tempo acordada refletindo sobre a minha vida de uma forma geral. Não seria justo tentar resolver a minha vida enquanto me envolvia com alguém novo. Eu precisava focar na minha carreira e seria mais simples se eu não tivesse envolvida emocionalmente com ninguém.
E a melhor forma de garantir isso era evitando que esse "nada" que eu tinha com Lauren, evoluísse para algo que nos magoasse lá na frente.
Seria preciso acabar algo que nem ao menos começamos. E isso estava me machucando mais do que acabar com Shawn.
Na manhã seguinte acordei tarde, com Dinah quase derrubando a porta do meu quarto, me fazendo levantar no susto para abrir.
- Você está louca??? – Disse dando passagem para que entrasse.
- Ah, bom dia! Achei que estivesse morta. – Debochou. - Na verdade, primeiro eu não quis incomodar achando que você só estava apagada depois de uma longa noite de sexo, mas como a Jauregui perguntou por você no café da manhã, percebi que vocês não passaram a noite juntas.
- Não, não passamos a noite juntas. Inclusive, eu quem te dei banho e coloquei pra dormir. A propósito, ainda estou esperando um muito obrigada por isso. – Alfinetei enquanto fechava a porta.
- Se eu não lembro eu não fiz. – Deu os ombros.
- Mas me conta, o que foi que rolou? Porque vocês estavam em uma pegação muito boa para simplesmente não terem transado por minha causa... - Dinah continuou.
- Ai Dinah... Algumas coisas aconteceram e eu... – Ponderei se realmente queria colocar isso pra fora.
- E você... – Dinah me incentivou a continuar.
- E eu acho que é melhor acabar por aqui antes de me machucar.
- Você o que??? Camila me fala que você tá brincando. Que você ainda está bêbada, sob efeito de algum entorpecente de má qualidade...
- Dinah... – Eu estava triste com isso mas decidida a levar em frente.
- Camila olha o que essa mulher fez pra te ter aqui, olha como ela te trata como uma rainha, quando foi a última vez que alguém fez 1% do que ela tem feito pra você em apenas 1 dia! Olha como ela te admira com aqueles olhos que eu não tenho nem adjetivo, te respeita, olha como ela te coloca num pedestal e zela pelo seu bem estar! E isso tudo durante a porra de UM DIA! Pra você acordar e dizer que não quer seguir em frente porque vai se magoar? Voltar para aquela merda de relacionamento com o Shawn não vai te magoar né?
Dinah esbravejou praticamente gritando comigo. Ela tinha muita razão... Mas eu também tinha meus motivos.
- Dinah eu não posso fazer isso, você sabe dos meus problemas com minha mãe, de como eu preciso lidar com a minha gestão, com a minha carreira.. Seria um problema gigantesco pra mim e pra ela. Lauren não merece entrar pra essa bagunça. Ela é uma mulher madura, ela precisa de algo mais concreto e eu não posso dar isso a ela.
- Ela te pediu alguma coisa?
- Como assim? – Perguntei confusa
- Ela te pediu para largar o Shawn de vez? Te pediu em namoro? Noivado? Casamento? Falou em ter filhos? Em se mudar para o Brasil com ela?
- Dinah que merda você tá falando? Ela não me pediu nada disso... – Respondi ainda sem entender onde ela queria chegar.
- Exatamente! Ela não te pediu nada para você está decidindo não levar as coisas a frente. Será que é tão difícil pra você entender que estão apenas se conhecendo? Camila você não precisa fazer isso, você sabe...
- Dinah por favor, o que eu sei é que preciso me afastar antes que não consiga mais. Preciso arrumar a minha vida antes de querer começar qualquer coisa com alguém. Ela me parece importante demais para eu simplesmente deixar as coisas acontecerem.
- E você já deu essa super notícia pra ela? – Disse cruzando os braços e me fuzilando com os olhos.
- Não sei como fazer isso. Mas voltaremos pra Miami ainda hoje, então... terei que descobrir como fazer isso.
- Você é inacreditável...- Falou balançando a cabeça em um gesto negativo enquanto abria a porta para sair – Cris vai nos levar para ver ela jogando em 15min. Se vista.
E bateu a porta com força me fazendo estremecer.
O bar era muito agradável, um balcão enorme em L, onde nos sentamos e um senhor muito simpático nos preparava drinks divertidamente enquanto assistíamos Lauren jogar através de uma TV.
Era hipnotizante. O olhar dela, a concentração... observava a forma como suas mãos se moviam segurando aquelas fichas fazendo movimentos que pareciam exigir anos de prática. Aquelas mesmas mãos que horas atrás me faziam um carinho gostoso no rosto...
Seus olhos eram penetrantes e parecia sugar a alma de cada um dos que estavam jogando com ela. Vez ou outra ela conversava com eles e sorria. Distribuía sorrisos de canto que poderiam tirar a sanidade de qualquer um.
Me doía saber que eu precisava me afastar. E vendo a forma como ela dominava a situação dentro do jogo me fazia pensar em como eu faria para não me deixar ser dominada por ela quando precisasse contar que estava partindo. Eu realmente precisava de um milagre.
Vlad me preparou alguns drinks e Dinah sentia como eu estava tensa.
- Já tomou sua decisão? – Perguntou baixo para que as meninas não ouvissem.
- Sabe que sim. Não posso seguir com isso.
- E se você se arrepender?
- Eu já estou. Mas ainda assim não posso seguir com isso. É a minha carreira, preciso me libertar antes de ter alguém como ela ao meu lado.
- Você sabe que ela não vai te esperar, não sabe? Sabe que você está abrindo mão dela e que está jogando fora a chance de ser feliz de verdade... – A filha da mãe sabia como me deixar pior. Mas eu precisava fazer isso.
Apenas assenti e não toquei mais no assunto. Interagimos mais com as meninas e com Vlad que preparava mais drinks, sempre muito observador.
Depois de algumas horas Lauren veio até nós desejando boa tarde e pegando uma água, antes de se sentar ao meu lado.
Aquele perfume, aquela presença dela... eu já sentia saudades do seu toque, do beijo, do carinho...
Seja forte Camila, só não olhe pra ela.
Ainda perdida em meus pensamento só voltei a me pronunciar quando ouvi Dinah citar meu nome.
- Sério... Você pode me ensinar a fazer esse olhar? É intimidador e pelo que eu tô vendo aqui só essa gata que está jogando na mesa com você tem coragem de encarar. E me perdoe Milla, QUE GATA.
- Não temos nada Dinah, não tem porque me colocar no meio disso. – Foi automático, quis me arrepender no mesmo segundo em que proferi aquela frase, mas talvez aquela fosse a minha melhor oportunidade de acabar com aquilo.
- O que acham de pegarmos algo para comer? – Cris convidou as meninas em uma clara tentativa de nos deixar sozinhas, o que funcionou quase que automaticamente.
- Sabe o que eu acho engraçado? Que ontem à noite você falava como se eu estivesse te cobrando algo. E hoje, você está agindo como se eu tivesse partido o seu coração. Precisa se decidir se quer me ver como a mocinha ou a vilã, Camila.
Aquilo doeu. Ela tinha 500% de razão e sabia exatamente o que falar, o que fazer... Ela já estava dominando a situação e eu me sentia ainda mais perdida. Guiada por um piloto automático em marcha ré, tentando fugir desesperadamente.
- O que você quer de mim? – Foi o melhor que consegui dizer, ainda sem olhar para ela.
- Antes de qualquer coisa? Que seja capaz de manter uma conversa franca comigo.
- Estamos tendo.
- Não, não estamos. Em uma conversa franca e madura de verdade não se joga na cara do outro palavras e frases fora de contexto. Quando eu disse que não tínhamos nada, eu me referia a não termos chegado a nenhuma conclusão sobre essa nossa conexão. Eu não quis parecer rude, te ofender e nem muito menos soar como se estivesse apenas me divertindo com você, Camila.
Dinah tinha razão, eu nunca fui tão bem tratada em toda minha vida. Nunca alguém se importou tanto comigo, aquilo sim era responsabilidade afetiva... Ela era incrível e eu estava cada vez mais culpada em fazer o que estava fazendo.
Só queria chorar. E me controlava para que isso não acontecesse...
- E você sabe disso, porque você sente o mesmo. A mesma atração, a mesma sensação... e é tão consciente quanto eu de que em apenas um dia não temos como dar nome a seja lá o que isso for. Então não, eu não me arrependo de dizer que não temos nada. Mas isso não quer dizer que não quero ter algo, pois você sabe que quero e é por isso que estamos aqui, certo?
Ela sabia como eu me sentia. Ela me lia com uma perfeição... a mesma perfeição como que jogava poker. Mas isso não fazia com que me sentisse vulnerável, e sim protegida. Eu me sentia segura e extremamente confortável em saber que ela sabia o que eu sentia.
- Sinto muito se a minha verdade te doeu de alguma forma, não foi minha intenção. Nós ficamos, foi muito bom e gostaria de continuar conhecendo mais de você. Mas pra isso eu preciso que você se mostre disposta a tentar também. O que envolve ter um pouco de maturidade e estar aberta a um diálogo. – O tom dela ia ficando cada vez mais firme. Era possível notar que ela queria passar uma borracha naquilo. Eu também queria, mas não podia.
- Não sei se eu deveria estar aqui... – Murmurei balançando a cabeça em um gesto de negação. Eu só queria acabar com aquilo e chorar sem demonstrar toda minha fraqueza pra ela.
Em um lapso de coragem, me atrevi a olhar nos seus olho e me arrependi no mesmo instante. Ela me olhava confusa. Sem entender e ao mesmo tempo buscando uma resposta que eu não podia te dar.
Eu não podia manter aquele contato, mas ainda assim segui minha linha de raciocínio usando de todo artifício que ela não dominava, o que me fazia sentir ainda mais culpada por tudo aquilo: mentiras.
- Talvez isso tudo não passe de uma aventura. Uma carência, um tesão que sentimos uma pela outra e em um momento de loucura nos trouxe até aqui. Eu confesso que estou fragilizada com o término do meu relacionamento, tenho a pressão de um álbum para ser lançado e de repente você me aparece com esses olhos verdes, roubando o meu chão e fazendo com que eu perca o controle de tudo. – Estava nervosa, brincando com o canudo do meu copo e notando o silêncio dela, apenas continuei.
- Eu gostei muito de ficar com você Lauren, mas não sei se estou pronta para seguir te descobrindo mais. Eu tenho medo de como isso vai acabar e eu não estou certa se sou a pessoa ideal para dar o que você procura.
- Camila eu não vou entrar nesse mérito de novo porque nem você está se entendendo mais. Eu te disse que não estava te cobrando nada, depois você me fez achar que eu fui a maior filha da puta por ter dito que não tínhamos nada, e agora você me fala que não apenas, "não temos nada", como também "é melhor que não tenhamos". Sério mesmo? – Lauren estava visivelmente confusa e procurando explicação para tudo aquilo.
- Eu vou voltar pra Miami no início da noite. – Disse friamente.
- Olha... Porque não tentamos novamente? Dessa vez mais devagar e quem sabe sendo mais francas uma com a outra.
Lauren era incrível. Mesmo depois de tudo, não deu a mínima se estaria correndo demais atrás de mim. Queria ter aquela maturidade, queria viver aquilo, mas sabia que não estava pronta e ela não tinha obrigação alguma de lidar com toda minha confusão.
- Eu agradeço muito e reconheço o que fez pra me ter aqui, mas eu realmente preciso voltar.
- Posso ao menos te pedir o seu telefone? Não gostaria de ficar falando com você pela DM do instagram...
- Lauren eu não acho que devemos continuar a ter contato... – Suspirei e disse em um fio de voz. Aquilo era algo muito pequeno, mas eu sabia que ainda assim seria melhor se eu não o fizesse. Eu precisava ter foco!
- Então eu sou alguém com quem foi massa você trocar uns beijos a ponto de me convidar pra ir pra cama, mas não o suficiente para ter o número do seu telefone? – Disse com um sorriso totalmente irônico e sem humor, enquanto balançava minha cabeça em um gesto negativo. Visivelmente ofendida. – São dois pesos e duas medidas totalmente desproporcionais Camila, pelo menos para o meu entendimento.
Eu podia sentir o peso das suas palavras. Eu estava a tratando como uma qualquer. Como alguém descartável e isso só aumentava a minha dor. Mas como uma perfeita imatura eu continuava a fazer mais merdas na tentativa de livrar da pressão que me consumia.
- Lauren, não torne isso mais difícil, ok? Eu só me dei conta de que nada disso vai valer a pena. Não chegaremos a lugar algum insistindo nisso.
- Mais uma vez Camila, eu não estou te cobrando nada. Só queria te conhecer melhor, mas tudo bem. Não vou insistir. E não se preocupe: nada sobre a sua aventura vai chegar ao olhos ou ouvidos da mídia. Faça uma boa viagem de volta para Miami.
Essas foram as suas últimas palavras antes de me deixar sozinha e seguir de volta para o torneio.
Respirei profundamente com um falso alívio e junto com todo o ar dos meus pulmões, algumas lágrimas grossas já corriam pelo meu rosto sem controle algum.
- Está tudo bem, minha querida? – Ouvi a voz daquele simpático senhor que me fez drinks incríveis, e agora me empurrava um shot de tequila. – Tome. Por conta da casa. Não acalma as dores do coração, mas ajuda a acalmar a mente.
Sorri e agradeci bebendo.
- Vlad, poderia avisar as meninas que fui para o meu quarto? – Pedi gentilmente.
- Sim, senhorita Cabello.
- Eu agradeceria se não mencionasse o que aconteceu aqui...
- Não sei do que a senhora está falando... – Ele disse com um sorriso. Sabia que aquela era a forma como ele e todos os outros funcionários com quem tive contato, demonstravam sua fidelidade para com o conceito de privacidade.
E assim me levantei, rumo ao meu quarto para arrumar minhas malas de volta para Miami, com a certeza de que estava deixando o meu coração ali em São Francisco.