Lauren POV
- Hey! Você veio mesmo...
Me aproximei de Camila que tinha um sorriso singelo no rosto, como se estivesse tentando conter suas reações. Ela parecia desconfortável, muito tensa e definitivamente eu não queria que ela ficasse assim.
Minha ideia era que nesses dias pudéssemos nos aproximar mais e entender melhor essa tensão palpável que existia entre a gente.
A cumprimentei com um abraço firme mas não tão apertado, sentindo o cheiro floral do perfume que usava e dos seus cabelos quer eram incrivelmente macios e estavam soltos caindo sobre suas costas. Ela retribuiu o meu abraço soltando um longo suspiro, como se estivesse retirando um peso das costas. Antes de soltá-la depositei um beijo no seu ombro e apertei uma de suas mãos, só então me afastei para cumprimentar Dinah.
Essa sim me deu um super abraço de urso, já um pouco alegre, acredito que pelo álcool.
- Branquela! Achei que ia largar a gente aqui. Você não disse que estaria aqui às 16h? Está atrasada! – É, ela realmente estava alta...
- Desculpe, demorou um pouco mais do previsto. – Fui sincera me afastando dela e recebendo uma taça de vinho das mãos de Cris.
Me dirigi para sentar no sofá ao lado de Camila, que estava sentada com uma de suas pernas dobradas enquanto seu braço repousava no encosto do sofá, tendo sua mão apoiando a cabeça. Na outra mão, uma taça com água, sobre em seu colo.
- Não está bebendo? Perguntei olhando nos seus olhos de chocolate. Ela era realmente linda e de pertinho assim eu não tinha palavras.
- Parei um pouquinho. Acho que acabamos com boa parte do estoque deles somente nessa tarde... – Respondeu com um sorriso.
- Posso imaginar!
Ficamos um período nos olhando sem falar nada, ela parecia estar começando a se sentir à vontade e não se importava em eu estar olhando tanto para os seus olhos, até porque ela fazia o mesmo, dessa vez sem esconder o sorriso. Era um silêncio confortável, com apenas nossos olhares conversando.
- Com foi lá Laur? – Mateus ia se aproximando e sentou em um sofá pertinho de nós.
- 3º lugar. – Eu não queria entrar nessa conversa, estava cansada e queria pensar em outra coisa que não fosse poker, falar algo que todos pudessem interagir. Não acho que Camila e Dinah compreenderiam tanto nossas conversas sobre o jogo.
- Legal! – Mateus iria começar a puxar assunto sobre o torneio, mas Renata o chamou, fazendo com que saísse. – Já volto.
Bom, no que dependesse da Renatinha, ele não voltaria. Ela queria me deixar mais à vontade com Camila, era bem óbvio.
Me virei ficando de frente pra Camila, em uma posição semelhante a que ela estava.
- Então, correu tudo bem? – Perguntei fazendo referência às preocupações dela sobre a nossa exposição.
- Como foi que você disse mesmo? Ah! Um total de zero problemas. – Ela falou divertida.
- Eu disse que te garantiria isso.
- Sim, você disse... – Camila repetiu bebendo sua água, antes de continuar.
- Eu só não sei como, mas acho que estou começando a confiar que você tem mesmo seus meios.
- Pode confiar. Não pretendo te trazer mais problemas. Um já foi mais que suficiente, né?
- Tudo bem, posso lidar com isso. – Deu os ombros de um jeitinho fofo me fazendo rir.
- Está com fome? – Perguntei
- Um pouco. Mas eu acho que a Rebeca ficou de fazer alguma mudança no cardápio, então daqui a pouco a gente deve jantar.
- Acho que você já conheceu todo meu staff então. Te trataram bem?
- Sim. Eles são todos incríveis. Vocês são muito unidos e é lindo de ver como interagem. – Ela falou desviando um pouco o olhar do meu e observando o restante do pessoal, que agora já estavam em pé um pouco mais distante de nós.
- E no hotel?
- Você me parece muito preocupada. Relaxa Lauren, está tudo bem, não foi o que me garantiu? – Camila sorriu balançando a cabeça.
- Desculpe, é o hábito. – Respondi sorrindo e bebendo mais vinho.
- Hábito? Então você costuma mover céus e terras para trazer pessoas para perto de você? – Ela questionou divertida.
- Não. Me refiro ao hábito de querer que todos estejam à vontade.
Olhei profundamente nos olhos dela até que sorriu e desviou o olhar para o seu colo.
- Eu me sinto à vontade como nunca antes. – Seu tom de voz parecia mais como um desabafo.
- Isso é bom...
A noite estava agradável e o vento que batia nos cabelos dela trazia o seu perfume pra mim. A vontade de avançar o sinal era enorme e eu tinha muita dificuldade de disfarçar.
Quando jogamos poker, controlar o seu corpo é algo primordial para não dar nenhum tipo de informação ao seu oponente, mas a melhor forma de fazer isso é concentrando o seu olhar em um único ponto. E essa tática não funcionaria com ela, afinal eu também não conseguiria fixar meus olhos nos seus e manter meu corpo e mente sob controle.
Ela me desestabilizava muito mais do que eu podia imaginar. Mas eu precisava manter o mínimo de sanidade para não acabar tomando decisões erradas.
- E Shawn? Imagino que ele não tenha ficado muito feliz com os rumores... – Não queria, mas tinha que tocar no nome dele. Precisava saber como ela se sentia em relação a isso e principalmente manter na minha mente a informação de que ela era comprometida.
- É complicado. – Camila respondeu com um fio de voz, brincando com o restinho de água que tinha em sua taça.
- O que é complicado? – Perguntei me endireitando no sofá para servir mais vinho para mim e sinalizei oferecendo para ela, que com um aceno de cabeça aceitou.
- A relação que tivemos. – Ela disse enquanto lhe entregava uma nova taça com vinho. – Obrigada.
- Tiveram? E não tem mais? – A mínima possibilidade dela e Shawn terem terminado soava esperançosa para mim. Se fosse de fato verdade, eu não abriria mão de investir mais nela.
- Não sei o que responder.
- Que tal a verdade? – Camila deu um sorriso de canto, como se lembrasse de algo.
- A verdade é subjetiva. – Agora foi a minha vez de sorrir, vendo ela mencionar algo que eu dizia sempre. Claro que Cris já havia falado sobre o meu problema com mentiras.
- Vejo que vocês falaram muito sobre mim essa tarde.
- Digamos que um pouco. – Sorriu bebendo seu vinho e me olhando profundamente. - Então é verdade? Você não consegue mentir?
Apenas confirmei com a cabeça enquanto olhava para algum outro ponto que não aqueles olhos hipnotizantes dela.
- Então se eu te perguntasse qualquer coisa, você me diria a verdade? Somente a verdade?
- Te diria a minha verdade.
- Ela me basta. – Camila tinha um tom de voz suave.
- O que quer saber? – Perguntei voltando a beber meu vinho e jogando o cabelo para o lado.
- Você falava sério quando estava na Ellen?
- Achei que tinha ficado claro que eu não minto. – Sorri de forma debochada.
- Essa não foi a minha pergunta Laur... – A forma como ela falou me fez sorrir largamente. Ela parecia realmente a vontade agora.
- Sim. Eu falei sério. – Vi um sorriso tímido nascer nos lábios dela enquanto desviava mais uma vez o olhar para o colo, brincando com o vinho em sua taça. – Você fica linda com essa expressão envergonhada.
- Não estou envergonhada... – Ergueu os olhos e me fitou indignada.
- Você sorri timidamente e desvia o seu olhar para o colo sempre que fica sem graça. Sem contar que o seu vinho já deve estar tonto de tanto você girar ele na taça. E não posso deixar de comentar da forma como você movimenta a sua perna tentando controlar a inquietação.
- Uau! Agora sim eu estou sem graça! Você está me observando muito. – Falou em um falso tom de deboche e mudou totalmente de posição no sofá, cruzando as pernas.
- É inevitável.
- Você faz isso com todas? – Ela perguntou colocando seu cotovelo sobre o joelho e apoiando o rosto em sua mão, me olhando profundamente nos olhos.
- Todas?
- Sim, todas as suas conquistas.
- Você não é uma conquista, Camila.
- Você não me respondeu.
- Talvez porque você não tenha me feito uma pergunta e sim uma constatação do que pensa sobre mim. – Ponderei.
- Ok. Vou reformular: Você costuma ser sempre galante assim quando, abertamente, tem interesse em uma das suas crushes?
- Não tenho 20 anos Camila. Não preciso ser galante com quem tenho interesse. Não jogo com pessoas. Eu leio as pessoas. - Sorri.
- E o que está fazendo comigo? – Ela perguntou em um fio de voz, quase como se estivesse pensado alto.
- Eu te garanti que não aconteceria nada que você não estivesse de acordo, não foi? – Ela continuava a me olhar nos olhos fixamente – Então estou apenas respeitando o seu espaço.
- Não... você não está. Você está invadindo o meu espaço. Invadindo a minha mente, os meus pensamentos, os meus sonhos e eu estou odiando a forma como está me fazendo confessar cada palavra dessa sem nem ao menos ter me perguntado nada – Camila parecia ter descarregado todo o peso das suas costas. Deu um longo suspiro e sorriu voltando o olhar para sua taça, agora vazia.
- Olha pra mim. – Pedi
Estávamos próximas uma da outra. Sentadas lado a lado. Fiz um carinho em seu rosto, que a fez fechar os olhos e manhosamente procurar mais contato do seu rosto com a minha mão. Continuei o carinho, passando para a sua nuca, fazendo com que meus dedos entrassem no seu cabelo.
Era possível ver ela se arrepiar.
- Você é linda... – Ela sorriu ainda de olhos fechados com o meu elogio.
Me aproximei um pouco mais dela e puxei levemente seu rosto para um suave toque de lábios. Eram tão macios... A princípio era apenas um leve encostar, mas foi impossível não buscar aprofundar aquele beijo. O cheiro dela era convidativo... a suavidade dos seus lábios... Pedi passagem com a minha língua e fui atendida sendo recepcionada por um dos melhores beijos que já tive. Era algo intenso, sensual, hipnótico. Tinha o sabor do vinho que bebíamos mas mais do que isso, tinha o sabor dela. Aquela menina definitivamente significava mais para mim.
Continuamos o beijo com uma deliciosa batalha por dominância entre nossas línguas. Sentia ela puxar a minha camiseta procurando por mais contato, enquanto eu mantinha um toque firme em sua nuca. Puxei seu lábio inferior com meus dentes e senti ela deslizar a língua em um movimento hiper sexy, tocando meu lábio superior. Ao soltar o seu lábio ela sorriu de um jeito sensual, mantendo os olhos fechados e mordendo o próprio lábio inferior.
Era uma visão e tanto.
Me inclinei para dar um selinho nela e só então ela abriu os olhos, soltando um suspiro aliviado.
- Algo me diz que vou viciar nesse teu beijo. – Camila disse jogando os cabelos para o lado.
- Posso encarar isso como uma promessa? – Brinquei deslizando minha mão sobre seus ombros massageando a região como forma de deixar ela menos tensa.
- Acho que sim. E isso me assusta. – Ela constatou voltando a fechar os olhos aproveitando a meu toque em seus ombros.
- Porque eu te assusto?
- Não você. Mas essas coisas que vocês está fazendo comigo. – Camila parecia em transe.
- Massagem? – Perguntei debochadamente, retirando a mão do seu ombro, fazendo com que ela abrisse os olhos e me desse fuzilasse fazendo um biquinho em protesto.
- Não para, continua. – Colocou minha mão de volta em seu ombro, voltando a sorrir. – Isso é bom.
Me aproximei ficando bem mais junto dela e dessa vez depositando alguns beijos em seu pescoço e sentindo o corpo dela se arrepiar.
- O que exatamente eu estou fazendo com você, Camila? - Perguntei sussurrando no seu ouvido.
- Hey, casal! – Cris gritou distante de nós, roubando nossa atenção e me fazendo parar para olhar para ela.
- Jantar! – Dinah concluiu.
Olhei para Camila que sorria aliviada.
- Salva pelo gongo. – Disse me dando um selinho rápido e se levantando, estendendo a mão para que eu pegasse. – Vem.