Escolhida para lutar

By gabsalgayer

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A ameaça está próxima. O rei feiticeiro de Thails pretende comandar todos os reinos do continente de Loxigan... More

Prólogo
Capítulo 1 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒖𝒎
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒅𝒐𝒊𝒔
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7 - 𝑷𝒂𝒓𝒕𝒆 𝒕𝒓𝒆𝒔
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Epílogo

Capítulo 28

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By gabsalgayer

-Estava ouvindo atrás da porta? - pergunto com uma leve indignação.

-Não preciso grudar a orelha na porta, ouviria vocês da cozinha se eu quisesse - ele responde friamente. 

-Majestade - Adam fica de pé ignorando nossa discussão e reverenciando o brutamontes intrometido.

-Quem é Heike? - Ethan repete e Adam se prepara para responder mas eu o corto.

-Adam, pode nos dar um minuto? - pergunto encarando Ethan, que devolvia o olhar com curiosidade e certa raiva.

-Claro - Adam sai do quarto fechando a porta atrás de si.

-Onde se conheceram? Há quanto tempo? Por que são tão íntimos? Quem é Heike? - Ethan pergunta novamente e eu bufo me jogando na cama.

-Ele é meu ex namorado. Eu o conheci aqui em Ahgnares da primeira vez que eu vim há quase três anos - respondo devagar e ele digere as informações com o cenho franzido.

-Heike? - Ele resmunga agora com certa hesitação.

-Minha filha -  respondo e observo seus olhos saltarem do rosto e seu queixo cair. - Antes que fale qualquer coisa, precisa saber que eu não  sabia dela até ontem. Carli escondeu tudo de mim...

-Uma filha? - Ethan procura algum sinal de que eu pudesse estar brincando, procura qualquer dica de que fosse mentira, mas ele não encontrou.

-Eu sei que é demais, e eu vou entender se voltar atrás na sua decisão - deixo claro.

Eu com certeza não pensava em obrigá-lo a ficar comigo depois da reivindicação, mas agora envolvia não só a mim e ele...

Ele fica em silêncio por um longo tempo, tempo demais. Eu decido que devia falar algo, mas ele o faz primeiro.

-A filha de Adam tem tudo a ver com você - Ethan diz e eu quase abro a boca em surpresa. 

-A conhece? 

-Sou padrinho dela - ele me encara com dor no olhar. - Só perguntei quem era Heike porque de certa forma torcia para não ser dela de quem falavam. 

Suspiro sem conseguir encará-lo. 

-Ele é o meu melhor amigo. E se depender de mim, ele e a filha vão ser as pessoas mais felizes que eu conheço. Se isso significar deixar que você faça parte da família dele, eu aceito e compreendo. 

-Ah, você também? - resmungo e ele me encara confuso. - Por que eu devo me casar? - xingo e ele desvia o olhar desconfortável.

-Até ontem eu achava que se casaria comigo, um dia - Ethan começa. - Mas eu não gostaria de crescer sem um dos meus pais presente.

-E por que eu não estaria presente? Só por não estar casada com o pai dela? Ah, pela Lua, Ethan!  - resmungo impaciente.

-Eu não sei! Isso é novidade demais! - ele fala alto e eu viro o queixo levemente para o lado com o olhar cerrado em sua direção o desafiado a gritar comigo. - Desculpe, é novidade para você também... Eu sinto muito.

-Tanto você tem o direito de surtar, e de voltar atrás na decisão de ontem...

-Eu não vou rejeitá-la de novo, Victória. Eu adoro aquela menininha. Tenho certeza de que você vai querer participar da vida dela, estaremos juntos nesse quesito, e no outro se você parar de enrolar - ele tenta fazer piada e eu bufo.

-Não estou enrolando - respondo e Ethan sorri.

-Tudo bem. Mas precisa saber que não importa o que você faça, eu nunca mais vou abandonar você. Independente do que escolher, seremos amigos, companheiros ou apenas conhecidos, vou estar do seu lado, me entendeu? - Ethan fala e eu deixo os ombros caírem ao assentir com um sorriso fraco. 

Ele caminha em minha direção e passa os braços pela minha cintura me puxando para um abraço que eu retribuo colocando as mãos em volta de seu pescoço. 

-Vou estar do seu lado no combate - Ethan fala e eu me afasto.

-Não - murmuro.

-Nada de não, não pode me impedir de ir - ele debocha.

-Ethan - começo e ele me manda um olhar me repreendendo. - Não quero que me veja apanhar, ou morrer.

-Confio no seu treinamento - ele diz. - Mas não confio nele.

-Acha que ele vai trapacear? - pergunto. Essa ideia nem havia passado pela minha cabeça, não sei porque já que é contra Thails que irei lutar, ele faria tudo para ganhar.

-Tenho certeza que vai, depois de tudo que já ouvi dele... - Ethn suspira. - Eu vou apenas para garantir que a minha companheira não morra.

-Não pode impedir - digo e ele resmunga algo que não entendi.

-Posso e vou, se você ainda não soube, os escolhidos recebem os poderes dos Deuses e se tornam os próprios - ele fala e pude sentir o sangue se esvair do meu rosto. - Olharia na cara de um Deus e diria que ele não pode impedir qualquer coisa? - Ethan pergunta se aproximando perigosamente.

Por um segundo esqueci que ele era o Ethan, meu companheiro e mais novo amigo. Apenas a imagem endeusada e majestosa dele permaneceu entre nós no quarto e eu sabia que não devia contradizê-lo naquele momento.

Então apenas balancei a cabeça negando. Ele trinca o maxilar mas não se afasta. Por um momento pareço esquecer como respirar, e meu coração parece querer sair do peito. A respiração de Ethan se acelera e eu encaro seus olhos cinzentos sem saber se queria me afastar.

Engulo seco e ele recoloca a mão na minha cintura me puxando para mais perto. Com a outra mão, ele tira minha franja do rosto e a coloca atrás da minha orelha em um gesto delicado. 

Pude ouvir o coração dele como se fosse um tambor no meu ouvido, sentir sua respiração como um vento forte em um dia de chuva, e hoje ele cheirava à panquecas e café, mas o leve cheiro de morango ainda estava ali, devia ser apenas culpa do olfato lupino que eu o sentia.

Mas antes que pudéssemos fazer qualquer coisa, algum desocupado bate na porta e eu me afasto à contragosto ouvindo Ethan bufar e caminhar até a porta a abrindo.

-Sim? - ele resmunga e ouço a risada inconfundível de Elena.

-Que cara é essa? Atrapalhei alguma coisa? - ela pergunta entrando e me encara com um sorriso malicioso.

-Não - digo com um pequeno sorriso desajeitado e encaro Ethan por dois segundos desafiando-o a me  contrariar, ele apenas ergue uma das sobrancelhas e balança o rosto dispensando o desafio. 

-Ótimo, eu trouxe sua roupa de hoje. E Ethan, você foi liberado pelo papai  hoje então eu, como sua irmã, estou mandando ir passear por Ahgnares com a sua adorável companheira - ela diz e sorri para mim. Faço mesmo sem mostrar os dentes.

-Não vejo por que negar... - Ethan fala e encara Elena. - Nem como - ele suspira em direção a Elena que apenas nega com um sorrisinho inocente. - Eu volto em meia hora - Ethan diz e me manda um sorriso mostrando os caninos levemente pontudos, coisa que me fez suspirar involuntariamente. 

Assim que ele sai Elena bate a porta. 

-O que rolou? - ela quase berra.

- Ah, você quer dizer o que quase rolou? - retruco e ela se encolhe com um pequeno sorriso malicioso.

-Então eu atrapalhei alguma coisa - Elena diz e eu cerro os olhos em sua direção. - Não vai falar mais nada não é?

-Não - digo sorrindo inocente e pego a roupa que ela me trouxe e corro para o banheiro.

Coloquei a roupa que Elena trouxe em poucos minutos, era um vestido amarelo de chiffon bem leve, e por cima uma jaqueta preta, e como Elena já conviveu comigo por tempo suficiente, ela trouxe um par de coturnos pretos. 

Saí do banheiro e ela se joga em cima de mim para arrumar meu cabelo. 

-Alguém já lhe disse que você é muito bruta? - pergunto enquanto esfrego meu ombro, a parte do meu corpo vítima de sua força.

-O Ethan, a Estela e a Eveli - Elena responde depois de terminar meu penteado que se tornara habitual, meio preso.

-Eles estão certos - digo rindo e ela acompanha.

-Mas você não vai mesmo me contar nadinha? - Elena me encara fazendo carinha de pidona. 

-Nananinanão - digo rindo e ela bufa sentando de braços cruzados feito uma criança birrenta. - Se eu tivesse certeza de que você não contaria para as suas irmãs, eu até deixaria escapar alguma coisa... 

-Eu não conto nadinha - Elena se anima descruzando os braços e se aproximando. Ergo uma das sobrancelhas e observo seu rosto ficar emburrado novamente.  - Eu contaria tudinho, desculpe - ela admite e ri de si mesma.

-Eu sei - gargalho e ela acompanha.  

Logo ouvimos batidas na porta. Elena corre até ela e abre dando-nos visão de Ethan. 

Ele havia trocado de roupa, colocou uma calça de algodão preta e uma camisa de seda azul com um casaco de moletom cinza. 

-Olá, garoto de vinte e um anos normal -  Elena diz com um sorriso.

-Oi, chatonilda - ele diz e ri. 

-Oi, pra você também - digo e ele me encara com um sorriso.

-Olá, adorável companheira - Ethan diz e eu gargalho. 

-Vão, vão, vão - Elena resmunga. - Estão perdendo tempo! - ela diz e empurra Ethan para fora enquanto me puxava pela mão nos jogando para fora do quarto.

Como não era possível contrariar Elena naquele momento, eu e Ethan apenas ríamos. 

Elena sumiu antes que pudéssemos nos despedir dela. Saímos do castelo e começamos a andar pela rua principal.

-Então? - Ethan fala com visível vontade de rir.

-Então o que? - pergunto e ele ri.

-O que a minha adorável companheira tem em mente para o dia? - Ethan pergunta olhando para o horizonte.

-Pensei que a vossa majestade tinha planejado nosso dia... - digo e ele bate seu ombro no meu carinhosamente enquanto ria.

-Não me chame assim - ele diz e eu rio.

-Vossa chiqueza real pode me dizer como prefere ser chamado? - pergunto e ele me encara com deboche e repreensão no mesmo olhar. - Por que raios não me contou? 

-Eu não queria que me tratasse diferente - Ethan responde. - Não queria que me visse como o rei de Ahgnares. Queria que me visse como o Ethan, a beldade conhecida como seu companheiro - ele diz e eu gargalho.

- Eu compreendo, mas realmente gostaria que tivesse me contado. Saber no baile, assim do nada foi... - faço uma careta arregalando os olhos tentando demonstrar como fiquei espantada e ele gargalha alto chamando atenção de algumas pessoas que estavam na rua.

-É, eu tenho certeza que foi uma surpresa - Ethan ri e eu acompanho. - Você devia ter visto sua cara - ele ri de novo e eu reviro os olhos e rio com ele.

-Você e Adam... - começo.

-Ah, pelas Estrelas, agora não - ele pede sem me olhar. E eu suspiro assentindo. - Esse é o nosso dia, por favor. Contarei tudo que quiser saber, amanhã.

-Espero que conte ainda de manhã - digo.

-Por... - antes que Ethan perguntasse, ele já sabia a resposta. - Vou com você - ele afirma.

-O que? Não! Isso nem faz sentido - eu digo. - Você é o rei, não pode sair do continente assim do nada. 

-O que eu disse sobre impedimentos? - ele pergunta e eu bufo.

-Se não impedimentos, obrigações. Você tem sua família e o seu povo aqui, não vai passar quase duas semanas fora - argumento e foi a vez dele de bufar.

-Tudo bem... Mas vou estar lá dois dias antes da luta - ele diz firme.

-Um dia - digo.

-Dois dias, e sem discussão - Ethan afirma parando no meio da rua me desafiando a negar.

Apenas ergo as mãos com as palmas para fora em forma de rendimento, e ele assente satisfeito voltando a andar.

-Um mico - ele fala do nada.

-O que? - pergunto e ele ri.

-Um mico, uma situação constrangedora que você passou - Ethan repete.

-Ahm... - resmungo começando a pensar. 

- Qualquer coisa - ele complementa.

-Uma vez, eu estava com Ben passeando pelo reino e pensei ter visto um pé de bergamotas, eu amo bergamotas. Saí correndo atropelando todo mundo, perdi coroa, sapatos, brincos e colar para chegar em um pé de limões - digo rindo e ele acompanha. - E todos os habitantes que estavam na rua ficaram me encarando como se eu fosse um monstro de sete cabeças por não saber que Sargenis não produz bergamotas... - digo e Ethan gargalha. - Sua vez.

-Pelas Estrelas... - ele resmunga ainda rindo. - Tá, eu tenho uma. Eu já era rei, mas há pouco tempo, e meu pai trabalhava na fazenda principal do castelo cuidando dos porcos. E um dia eu tive que falar com ele urgentemente, corri com a coroa e o manto até o chiqueiro e ao invés de parar de correr, eu literalmente voei para dentro do cercadinho, no meio dos porcos e saí cheio de lama carregando a coroa e o manto como se tivesse acabado de voltar da guerra. - Ele conta e eu gargalho alto.

-Pela Lua, eu daria tudo para ver essa cena! - digo ainda rindo.

-Minha mãe fez piada comigo durante um mês, e eu duvido que os outros funcionários não tivessem entrado na brincadeira. O pior era que toda vez que eu passava pelas minhas irmãs elas faziam o som de porco - ele diz e eu gargalho de novo, agora com ele me acompanhando.





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