Os vestígios de lavanda entre os lençóis e a caneca manchada de batom foram tudo o que sobrou da presença dela. Se fechasse os olhos, Harry ainda podia sentir os ecos da noite passada em seu corpo. A pressão de dedos em suas costas. A maciez ofegante de lábios contra os seus. O calor inebriante de outro corpo marcado em sua pele. Ele poderia ficar ali o dia inteiro, sentindo sua alma ser consumida lentamente pelas memórias da noite passada.
O som irritante do toque de chamada em seu celular, no entanto, chamava-o para a realidade. Era Liam. Harry respirou fundo, antes de aceitar a ligação, já esperando a bronca que levaria do amigo.
- Onde você está, cara? Temos uma reunião com a Desmond's em cerca de uma hora.
- Desculpa. Juro que vou chegar a Desmond's a tempo. A sede da empresa não é tão longe do apartamento.
Liam respirou audivelmente. Harry conseguia sentir que o outro estava controlando sua irritação. Sabia o quanto fechar aquele acordo era importante para o amigo. Não queria desapontá-lo.
- Ok. Te vejo em uma hora. Não se atrase.
Harry suspirou, passando os dedos pelo cabelo. Ele se sentia inquieto. Indefeso. Sem controle. Refém daquele perfume doce e ácido. O sabor dela ainda em sua língua.
Balançou a cabeça em tentativa falta de afastar aqueles pensamentos. Precisava de uma generosa xícara de café e de um banho frio. Apenas isso. Lá fora, o dia estava chamando.
Se aquela maldita sala de reunião estivesse queimando, Harry sequer notaria. Tudo simplesmente esvaneceu no momento em que ela entrou no cômodo. O Universo só podia estar de brincadeira com a sua cara.
- Senhores.
Harry fechou os olhos por um breve instante.
Sentia as imagens da noite passada chocando-se contra a realidade em sua mente. O sotaque irlandês carregado havia sumido. A camisa amassada dele foi substituída por um blazer feito sobre medida. Os longos cabelos que se espalharam pelos seus travesseiros encontravam perfeitamente amarrados em um rabo de cabelo baixo. A única constante era a intensidade do olhar dela.
Aquele malditos olhos irresistíveis.
As íris essas que agora passavam lentamente pelo cômodo, demorando-se em cada dos rostos ali presentes. Ah, céus. Ela parecia uma leoa procurando sua próxima presa.
Harry percebeu o mais discreto arquear das sobrancelhas dela quando seus olhos se encontraram. Só isso foi o suficiente para lançar um arrepio pela sua espinha. E isso foi tudo o que recebeu durante as duas longas horas de reunião que se seguiram.
Ele agradeceu silenciosamente quando o riscar da caneta de Rose contra o papel fez ouvir na sala de reunião. Liam sorriu levemente em sua direção, parecendo claramente aliviado. Harry retribuiu como pôde; os pensamentos ainda em polvorosa.
- Tenho um almoço marcado com Niall agora. Quer se juntar a nós? - Liam disse assim que saíram, caminhando em direção ao elevador.
Harry mordeu o lábio inferior. Por mais que quisesse comemorar o acordo com a Desmond's, provavelmente não teria um minuto de paz sequer antes de colocar algumas cartas sobre a mesa.
- Foi mal, cara. Tenho que resolver umas coisas sobre o contato com a Srta. Moore ainda.
O amigo assentiu, com um sorriso.
- Boa sorte.
Ele iria precisar.
Harry a encontrou, debruçada sobre a mesa de sua secretária. Elas falavam francês, identificou ao resgatar das memórias as terríveis madrugadas que passara decorando conjugações verbais.
A garota atrás da mesa fez uma leve careta ao ouvir o que a Srta. Moore havia perguntado antes de responder em uma cadência pausada e clara.
Ele viu um sorriso no canto da boca de Rose surgir.
- Parece que alguém ganhou 10 minutos extras na hora do almoço.
A outra devolveu o gesto com um misto de alívio e alegria. Por mais que desejasse admirar aquela cena e aquela Rose, Harry tinha assuntos a tratar. Pigarreou.
- Senhorita Moore? Poderia me emprestar um pouco do seu tempo?
Ela lançou um olhar por sobre os ombros. O sorriso torto dando lugar ao mesmo semblante sério e inescrutável da reunião. Por baixo da máscara, no entanto, Harry notou a malícia em seus olhos.
- Seria um prazer, senhor Styles. Por favor, me acompanhe até o escritório.
Ele sentiu um arrepio descer pela sua espinha ao ouvir o tom sugestivo e o sotaque carregado naquela única palavra. Prazer. Sem poder confiar na própria voz, Harry se limitou a assentir e seguiu ao encalço de Rose.
Imaginava que o clima solene e polido sumiria no momento em que as portas de madeira se fecharam, mas o teatro ainda continuava.
- O que o traz aqui, senhor Styles? - Rose perguntou ao acomodar-se na cadeira do outro lado da mesa.
As sobrancelhas de Harry se ergueram instintivamente. Não era óbvio?
- Então vamos simplesmente fingir que nada aconteceu ontem à noite?
Rose apoiou os cotovelos sobre a mesa com interesse fingido.
- E o que aconteceu ontem à noite?
Ele sorriu, resignado. Se ela queria brincar, então entraria no jogo.
- Vejamos... Na noite passada, eu conheci uma mulher encantadora em um bar qualquer. Ela era incrivelmente linda e cativante. Eu simplesmente não conseguia parar de admirá-la. Nunca era suficiente. Eu vi sua linguagem corporal e soube como estava se sentindo. Ela parecia o tipo de mulher que estava cansada de falar e de estar com alguém que não sabe o que ela gosta. Tudo o que eu quis a partir daquele momento foi mostrar que eu poderia ser sua boa noite.
Harry tomou aquele maldito brilho nos olhos de Rose se intensificar, queimando cada pequeno pedaço de pele por qual percorria. Ele ajeitou-se na cadeira e continuou a falar.
- Pensei que eu poderia ser o vício dela naquele mesmo instante. Eu estava em seus lábios e sentia que estava trancado ali. Senti-a em meu pescoço quando chamava o táxi, subindo em cima de mim enquanto eu subia no banco de trás. Mas acho que o feitiço se virou contra o feiticeiro. Pensei que seria apenas um caso de uma noite. Pensei que nunca mais iria vê-la. Por sorte ou azar, isso não foi o caso. Agora, não consigo tirá-la da minha mente. Não consigo me conter. Nem me importo se isso é óbvio, eu apenas não consigo ter o suficiente dela. De Rose. De você.
A senhorita Moore caminhou lentamente de seu assento até estar de frente a Harry, recostada no canto da mesa de madeira.
- O que você deseja, senhor Styles? Uma segunda rodada? Um caso sem compromissos? Não me importaria com nenhuma dessas opções, se souber manter a boca fechada e o profissionalismo dentro das reuniões. Posso ser o seu concerto temporário, se desejar.
Ela inclinou na direção de Harry, deixando seu perfume de lavanda instalar-se no sistema dele.
- Tudo que você precisar saber é que pode me ligar quando estiver sozinho, quando não conseguir dormir. Você pode me controlar, mesmo que por uma noite.
Harry sentiu, então, as mãos de Rose sobre seu coração disparado e o doce calor de seu hábito em sua orelha.
- Devo admitir que meu orgulho feriu-se quando o nome que seus lábios sussurram não foi o meu na noite passada. Talvez eu devesse fazê-lo esquecer do seu na próxima vez.
Ele sentiu a tensão em seus ombros aumentar. Lembranças mais antigas ressurgindo em sua memória. Não conseguia acreditar que os sentidos tinham o traído daquela maneira. Pensava que o nome dela havia morrido junto com seu coração...
A pressão dos dedos de Rose, porém, o trouxeram de volta a realidade. Ele a sentiu mordicar o lóbulo de sua orelha. Sentiu lábios deixarem uma trilha de beijos pelo seu pescoço, seu maxilar, sua boca. Ele perdeu-se nas sensanções, tomado completamente pelo controle de Rose. Naquele momento, ele a pertencia. Ela era seu concerto temporário.
eu me sinto desconfortável. meu deus. sem maduridade para escrever esse tipo cena mais "quente". socorro. enfim... esse era um tipo de imagine estava vivendo sem pagar aluguel na minha mente por um tempo, então quis escrever com um especial. é clichê, mas ao mesmo tempo que não é. sla. dificilmente a personagem principal desse tipo de história está em uma posição igualitária com o interesse romântico. é sempre o chef e a secretária. a babá e o cara milionário. não quero "militar" nem nada. são só romances ficionais e não necessariamente precisam ser levados a sério. só quis inovar um pouco as coisas kk. espero que tenham gostado da história. sei que deixei essa parada do harry aberta no final. mals. ficaria feliz se quiserem compartilhar suas teorias. seria um relacionamento passado mal resolvido? um amor antigo que já faleceu? ou que já partiu sem deixar maiores explicações? deixem me saber nos comentários. xx m.