Apenas Um Acaso...?

By BeatrizMoori

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"- Não, não, não não, não! - desesperei-me, apertando o botãozinho que tem ao lado da cama e indo em direção... More

Playlist AUA
Prólogo
02- Histórias em Aviões
03- O Primeiro Confronto Com o Passado
04- Os Reencontros
05- O Convite
06- O Almoço
07 - Parte da Verdade

01- O Momento da Desgraça

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By BeatrizMoori

- Ah meu Deus! De novo não! - cobri meu rosto com as cobertas que antes estavam sobre mim, enquanto o alarme soava incessantemente.

Ouvi a porta do meu quarto sendo aberta e logo após aquele som extremamente irritante ser desligado. Suspirei aliviada, até sentir algo pesado cair em cima de mim.

- Ai! - resmunguei, descobrindo o meu rosto e vendo meu irmão me dirigir um sorriso - Meu querido... para que isso?

- Para tu acordar mais rápido - espreguiçou-se, ainda jogado sobre mim.

- Acontece que já tinha acordado com essa música maravilhosa em meus ouvidos - o empurrei para frente e me sentei. - Mas muito obrigada por poupar meus esforços.

- Que esforços? - olhou-me confuso, mas com um sorriso brincalhão nos lábios.

- De movimentar o meu braço para desligar o alarme - apontei para a escrivaninha que ficava ao meu lado, onde meu celular/despertador estava.

- Bah, pelo amor de Deus, Thalita! - pegou uma das almofadas que tinha em cima da minha cama e a jogou em minha cara, enquanto eu gargalhava.

- Rodrigo! Já a acordou? - minha mãe gritou tão alto que presumi que boa parte dos vizinhos a escutaram.

- Depois desse grito, seria impossível ela estar dormindo ainda - sussurrou, para não correr o risco de apanhar depois. Como ela sempre dizia "pode ser maior de idade, mas se continuar morando embaixo do meu teto, vai apanhar do mesmo jeito ou até mais do que quando tinha dez anos". Ele apenas olhou para mim e sorriu - Anda logo, senão tu vai se atrasar.

E saiu do meu quarto.

Levantei da cama me espreguiçando e abri a janela. Arrumei minha cama e fui em direção ao meu armário. Peguei um vestido branco com manga regata todo bordado, uma bota cano curta marrom e os vesti. Catei minha bolsa no chão, guardei meu celular e sai dali.

- Ei, minha filha! - meu pai passou por mim, depositando um beijo em minha testa - Dormiu bem?

- Dormi sim - disse, deixando minha mochila no chão e me sentando a mesa.

- Meu amor, vai querer que eu prepare algo para ti? - perguntou minha mãe, lançando-me um sorriso.

- Não precisa, mãe. O que tem aqui já está bom - sorri de volta para ela, pegando algumas bolachinhas e comendo.

Depois de algum tempinho, senti pequenos bracinhos envolverem meu pescoço em um abraço.

- Ei, minha linda! - trouxe Izzy, minha irmã de cinco anos, na minha frente e dei um beijo em sua bochecha - Acordou cedo hoje.

- É que eu estou ansiosa para o passeio - sentou-se, extremamente elétrica, ao meu lado.

- Que horas ela vai? - perguntei.

- As nove - papai sorriu.

- Eu te entendo, pequena - eu disse, voltando-me para Isabelle. - Eu ficava desse jeito também quando eu tinha sua idade.

- Não me deixava dormir! - lembrou meu irmão.

- É... isso aí não mudou muito não - sorri e todos gargalharam.

Terminei de comer e fui terminar de me arrumar. Voltei para a cozinha logo depois.

- E aí, Rod? Vai rolar minha carona? - perguntei, pegando minha mochila do chão.

- Meu carro está na manutenção, esqueceu? Ele deu um problema na semana passada - abaixou o tom de voz para não receber um daqueles olhares repreendedores do meu pai. Não deu muito certo.

- Putz... verdade. E agora? O papai está ocupado, assim como a mamãe. Eles não vão conseguir me levar - falei, sentando-me na cadeira. - Como eu vou para o colégio?

- De ônibus, como todo mundo - meu irmão disse, soando óbvio.

- Tudo bem... - peguei minha carteira e conferi o dinheiro que tinha. - A que horas o ônibus passa?

- Quinze para as sete - respondeu meu pai, com uma cara preocupada.

- E que hora são? - guardei minha carteira.

- Vinte para as sete. Falta cinco minutos para ele passar. Se é que ele não se adiantou.

- Ai, saco! - levantei-me correndo e fui em direção a porta - Só vocês para me fazerem passar por isso!

Saí de casa e me pus a correr pela rua. Naquele dia ia ter prova na primeira aula. Eu não podia me atrasar. Não podia.

Não estava prestando atenção em nada a minha frente. Tentava não esbarrar nas poucas pessoas que havia na rua, mas não rolava. Teve uma hora que trombei muito forte em um guri que acabei caindo no chão.

*- Cuidado, moça! Você está bem? - ajudou-me a levantar.

- Estou sim - dei batidinhas em meu corpo para me limpar. - Mil perdões moço, mas eu estou super atrasada. De verdade, me desculpa!*

Voltei a correr sem nem esperar por uma resposta. Cheguei à parada de ônibus e estava vazio. Ah não!

Peguei meu celular, ofegante e vi a hora. 06:43 a.m. Faltavam dois minutos ainda. Por favor, por favor, por favooor!

Vi o veículo se aproximar da parada. Obrigada! Guardei o aparelho de volta na bolsa e o motorista abriu a porta para mim. Subi, paguei a passagem e fui encontrar um lugar para me sentar. Por sorte, o ônibus estava meio vazio. Tirei a mochila das minhas costas e me sentei, colocando-a no colo.

Pude finalmente soltar um suspiro aliviada.

🌹 🌹 🌹


*- Até que enfim. Achei que não ia chegar - Stayce me parou já na porta da escola. - Por que demorou tanto?

- Foi só cinco minutos atrasada, relaxa - falei, entrando junto com ela.

- Esses dias eu estou tudo, menos relaxada! - ela colocou o celular no ouvido.

- Nada ainda?

- Nada - desligou a chamada que tentou fazer e suspirou preocupada. - Elas não atendem a nenhuma das minhas ligações. Isso está me deixando maluca! Mesmo que não fossemos tão próximas, elas poderiam ter mandado uma mensagem do tipo "Vamos sumir! Não nos pergunte nada, só aceite!".

- Você já tentou falar com o Bryan? - perguntei, tentando pensar racionalmente.

- É, eu não tinha pensado direito sobre isso. Mas eu nunca o encontro pelo os corredo... - interrompe-se ao olhar para o lado. - Ei, Bryan!

Stayce saiu correndo em sua direção. Ele subiu o olhar para ela, totalmente desanimado. Cara... ele estava muito mal!

-Fala - ele respondeu de modo natural assim que chegamos perto dele.

-Você tem notícias da Ally e da Raine?

Vi que seus ombros se curvaram de cansaço.

-Elas foram viajar - passou a mão no rosto.

- Então é verdade o que estão dizendo por aí? Não é mentira? - perguntei, olhando-o nos olhos.

- É! É sim! - estava tentando não soar irritado. Acho que tinha respondido aquela pergunta demais aquela semana.

- Por que você não foi junto? - a loira não tinha percebido.

- Olha... - começou nervoso, mas respirou fundo tentando se controlar. - Meus pais não me deixaram ir. Eu tenho que ficar aqui para resolver algumas coisas, então não ia dar certo.

- Mas você... - a interrompi.

- Stayce, acho melhor nós...

- Não faz falta! - um cara super aleatório apareceu de repente.

- Desculpe-me? - Bryan virou para ele devagar. Vai dar merda!

- Amigo, não me leve a mal, mas sabe como é...

- E como é? - cruzou os braços.

- Apesar de tudo, a Ally era legal, sabia como entreter a galera. Já a Lorraine...

- Cara, acho melhor você calar a boca! - tentei salvar o babaca.

- Não Thalita, pode deixá-lo falar. Vamos Joey, o que tem a Raine?

Olhei para os lados a procura de ajuda. Todos já estavam indo para as suas respectivas salas. Não tinha quase ninguém nos corredores.

- A Lorraine é apenas uma vadiazinha que tenta ao máximo ser como a Allyson e falha miseravelmente. Além do que, ela tenta ser superior a Kelly, mas no final é um lixo comparado a ruiva. Sinceramente? Se ela desaparecesse para sempre não faria falta nenhuma.

Stayce abriu a boca para falar, mas antes que ela pronunciasse qualquer palavra, o guri a nossa frente prensou Joey contra os armários que estávamos perto.

- Bryan, não!

- Ele é só mais um dos apaixonados pela Kelly. Não vale a pena! - falei, enquanto eu e minha amiga tentávamos fazê-lo soltar o cara.

- Ah tá! Então ele pode xingar minha namorada e eu não faço nada? Sinto muito, mas não é assim que funciona comigo! - ele não olhava para nós.

- Espera um pouco - Stayce o soltou, com um sorriso gigante no rosto. - Você e a Raine estão namorando? Ai meu Deus! EU SHIPPO BRYRAINE! Mas quando foi...

- Amiga, foco, por favor! - pedi, tentando controlar o punho do Bryan que teimava em tentar encontrar o rosto do Joey - Meu querido, você já foi parar na diretoria por ter empurrado o Coby e ter quase quebrado a cara ele.

- Ele falou mal da Allyson! O que você queria que eu fizesse?

- Eu sei. Não tiro sua razão. Só estou dizendo que sua situação já está complicada. Você não quer ser expulso no seu último mês aqui, quer? - ele hesitou um pouco - Bryan, você não pode se ferrar mais, então por favor, solta ele.

Ele ainda segurava Joey, mas podia-se ver que ele estava pensando no que fazer. Finalmente os amigos dele viram a cena

- Ficou maluco? Agora a gente não pode te deixar nem cinco minutos sozinho que você já bate em alguém? - Killian falou, tirando o guri de cima do babaca - No que estava pensando?

- Ele não chegou a bater - Stayce contou. - Foi quase, mas não bateu.

- Melhor. Pelo menos dessa vez você não vai para a diretoria.

- Quem disse que não? - Joey levantou do chão que tinha caído, com a mão no pescoço - Ele me enforcou só porque eu disse algumas verdades sobre a namoradinha idiota dele - os amigos dele tiveram de segurá-lo para não avançar. - A diretoria vai ficar sabendo sim.

- Ah é? E que testemunhas você tem? - Frederick, o outro amigo, perguntou.

Ele olhou ao redor. Ninguém por perto.

- Ninguém poderá provar que você está falando a verdade, já que as câmeras de segurança estão com defeito desde semana passada - eu disse sorrindo.

- E se você insistir em falar, o Bryan pode alegar que fez isso em legítima defesa - continuou Fred.

- E nós, como fomos os únicos que vimos tudo e não iremos entregar nosso amigo, podemos confirmar tudo o que ele disser - Stayce cruzou os braços e levantou uma das sobrancelhas, o desafiando.

- Vocês não fariam isso... - Joey disse, meio amedrontado.

- Melhor não duvidar disso - Killian se aproximou dele. - Caso contrário... Você vai se dar muito mal!

O loiro apenas se recompôs e saiu, tentando parecer forte:

- Isso não vai ficar assim! Vocês vão se arrepender!

E desapareceu por entre os corredores.

Todos suspiraram aliviados e Fred deu um pescotapa na cabeça de Bryan.

- Ei! - ele reagiu, passando a mão onde foi atingido.

- Vamos entrar antes que você faça mais besteira. Já bateu o sinal - empurrou o guri para a sala.

Peguei o meu celular para ver a hora. 07:09 a.m. Só tinha mais um minuto de atraso liberado para entrar na sala.

- Amiga, a gente precisa ir urgente! - mostrei o celular para ela e a loira arregalou os olhos - Beijo, beijo, beijo!

Sai correndo para um lado e Stayce foi para o outro. Minha primeira aula era de inglês e eu tinha prova! Estava torcendo para que ela não a tivesse passado ainda.

Cheguei com um estrondo na porta da sala e todos olharam para mim.

- Posso... posso entrar? - perguntei, morrendo de vergonha.

- Claro, pode ir até o seu lugar - ela sorriu para mim. Eu a amava, cara. - Já vou entregar as provas.*

Fui até o meu lugar e me sentei, deixando minha bolsa de lado. Pude finalmente relaxar.

🌹 🌹 🌹


*- Thalita! - escutei meu nome sendo chamado na saída da escola.

Olhei para trás e vi Stayce correndo em minha direção. Sorri para ela.

- Diga.

- Vamos sair para almoçar? - perguntou, respirando fundo para tomar o folego - Estou morrendo de fome.

- Eu adoraria, mas se eu não for agora, eu perco o ônibus para o trabalho.

- Por que você ainda não tem habilitação? Você sabe que pode dirigir já faz três anos, não é? Não é igual ao seu país que tem que se esperar fazer dezoito.

- Eu sei, e eu tenho habilitação. Você me fez tirá-la ainda, lembra? - eu disse, sorrindo - Porém, além de não ter dinheiro para comprar um carro, eu não penso em dirigir tão cedo.

Ela sorriu e assentiu.

- Tudo bem, então eu ligo para você mais tarde e talvez consigamos ir comer lanche de noite?

- Sim, combinado* - pisquei para ela e me despedi.

Comecei a caminhar em direção a parada de ônibus, mas recebi uma mensagem:

Hoje

Mommy💓😍: Filha, tu poderia vir direto para casa hoje? É que temos um assunto meio urgente para tratar 😘

12:22 p.m

Você: Ai, mãe... é q eu tenho q trabalhar...

12:22 p.m

Mommy💓😍: Não tem como tu pedir pra chegar um pouquinho atrasada? De verdade, eu não estaria te pedindo isso se não fosse de extrema importância

12:23 p.m


Respirei fundo sem saber muito o que fazer. Eu era secretária de uma psicóloga, ou seja, ela dependia de mim para o agendamento de pacientes e até o avisar que eles haviam chegado ao consultório. Por mais que a minha chefe fosse legal, - e ela de fato era - sabia que seria pedir muito isso, principalmente por não saber quanto tempo eu precisaria ficar fora e que, de segunda-feira, o dia era mais movimentado.

Mas como minha mãe disse, ela não pediria isso se não fosse importante, então... eu teria que ao menos tentar:

Hoje

Você: Oi, Dra. Lewis, tudo bem? Eu sei que está no horário do seu almoço, então perdão por atrapalhar. Eu poderia chegar, só hoje, um pouco atrasada? É que surgiu um assunto familiar que eu preciso resolver urgente...

12:24 p.m


Enviei a mensagem e voltei a ir em direção a parada de ônibus. Independente da resposta dela, o mesmo veículo me levaria para os meus dois destinos mais prováveis. Sentei-me no banquinho que tinha ali e senti meu celular vibrar na minha mão:

Dra. Lewis (Chefinha Maravilhosa): Oi Thali, tudo sim e você? Sem problemas, pode tomar o tempo que precisar, eu dou um jeito aqui até você chegar 😉 (e eu não vou falar nada sobre você ainda insistir em me chamar pelo sobrenome).

12:26 p.m


Sorri e a agradeci. Logo, o ônibus chegou e me levou direto para casa. Esperava que o Rodrigo não tivesse feito merda.

🌹 🌹 🌹


- Mãe! Cheguei! Espero que... - parei de falar assim que vi aquela mala no meio da sala. - O que significa isso?

Rodrigo apareceu na sala com um olhar que eu não consegui decifrar..., mas não era bom.

- Se eu fosse tu, eu me sentava.

- O que... - mas ele me interrompeu.

- É só para não cair dura no chão.

Sentei-me no sofá que estava próximo de mim. Meu coração começou a apertar tão forte... alguma coisa estava acontecendo e eu não tinha a menor ideia do que poderia saber.

Meus pais entraram na sala com expressões sérias.

- Filha, nós precisamos conversar... - mas interrompi minha mãe antes de continuar a falar.

- Não me mandem embora. Eu não fiz nada, eu juro!

- O quê? - meu pai perguntou, confuso.

- Eu não fiz nada ao ponto de vocês me mandarem embora de casa. Na verdade, eu não fiz nada para isso acontecer. Por que vocês...

- O quê? Pare de paranoia, maluca! - meu irmão gargalhou.

- Mas essa mala...

- Não é tua - meu pai estava sorrindo também. - É a mala do Rodrigo.

Olhei para ele chocada.

- Tu vai sair de casa? Tu não podes! Porque tu não... - mas fui interrompida de novo.

- Thalita! Amor da minha vida, pare de falar um pouquinho e só escuta, por favor? - minha mãe se aproximou de mim e pegou as minhas mãos.

Fiquei quieta e cravei meus olhos nos dela. Seu sorriso se desmanchava a partir do momento em que não sabia qual seria a minha reação quando ela contasse.

- Então... - minha mãe soltou as minhas mãos e olhou para o meu pai, em busca de ajuda.

O que estava acontecendo?

- Filha... - ele respirou fundo e lançou um olhar para o meu irmão, que assentiu para revelar a bomba. - Nós vamos voltar para o Brasil.

Glossário:

*: Usado para marcar aberturas e fechamentos de diálogos em inglês.

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