Only God can judge you

By rakeool

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Um romance de faculdade. Nenhuma novidade. Acontece toda hora. Mas não com Lorena, cristã fervorosa que nunca... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capitulo 3
Capítulo 4
Capitulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Especial: They call you monster
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Agradecimentos

Epílogo

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By rakeool

10 anos depois...

Jade

Acomodei-me na poltrona, coloquei meu pé por cima de meu joelho, abri um sorriso. Observei em volta, Tiffany dormia como pedra recostada no ombro de PJ, seu cabelo agora bem mais curto estava todo bagunçado. PJ estava com a mão sobre o ombro dela, o rabo de cabelo pequeno caindo pelo seu ombro e o cavanhaque bem feito acentuando o sorrisinho ao ver a expressão engraçada de Tiff enquanto dormia.

Ele pegou o celular com a mão livre e começou a mexer, agoniado. Teclava rápido e parecia impaciente.

— Isso ai tá em modo avião, não é?! — questionei, cruzando os braços. — Sabe como é né, essa coisa inteira pode cair por causa de uma mensagem enviada. 

Ele me olhou feio. 

— Óbvio que tá em modo avião, você acha que eu sou idiota de esquecer?! — reclamou, dando um estalinho com a boca. — Eu tava só checando onde vai ser o próximo show depois desse em Londres... 

— Liverpool. — revelei, me reclinando na poltrona de novo, ainda não satisfeita com a posição que eu estava. — O Julian fala disso o tempo inteiro, não sei como você não memorizou ainda. 

Senhoras e senhores, apertem os cintos, o avião está prestes a decolar. Ouvi saindo da caixa de som do teto acima de mim.

Estávamos no avião, em partida para o início de nossa turnê no reino Unido. A The Dark Sunset tinha demorado um tempo pra decolar, mas de uns dois anos pra cá... Caramba, nos estávamos com tudo. Nosso novo álbum estourou, três de nossas músicas estavam no top 100 da Billboard, nos eramos a nova moda entre os adolescentes.  

E cara, a vida da fama é uma loucura, não consigo nem acreditar que estávamos indo viajar pra fazer nosso show no nosso próprio avião.  

— Quer chá? 

Virei pro lado, abri um sorriso. Lorena estendia a garrafa de chá gelado sabor pêssego pra mim, balancei a cabeça para negar, ela deu de ombros. Vestia uma saia cinza até o joelho, uma blusa social branca, o blazer por cima dos ombros no mesmo tom de cinza que a saia, e os cabelos da altura dos ombros caindo todo pra um lado só. Ela estava linda, sexy e parecia extremamente executiva. Ela afastou a garrafa da boca, deixando a boca da garrafa borrada com seu batom cor de rosa. 

— Não sabe o que tá perdendo. — deu de ombros, pegou o apoio de braço entre nós e colocou-o pra cima, se aproximando de mim. 

— Sério, até agora não acredito que você achou uma brecha em sua rotina ocupadíssima como pesquisadora renomada, só pra vir na turnê comigo. — passei o braço pelo seu ombro, ela sorriu. 

— Essa é a parte mais impressionante?! Estamos viajando num avião dado de presente exclusivamente pra vocês, e o que te impressiona é minha presença?

Dei uma risadinha. 

— Nada se compara a ter você no nosso show, podendo torcer por mim de camarote. — rebati. — Da até um nervosismo de cantar, juro, me tremo toda. 

Ela riu, dando um empurrãozinho no meu ombro. 

— Não tenho mais 19 anos, Jade. Somos adultas! Não precisa ficar nervosa. — ela sorriu. — E também... Confesso que também pensei bastante no fato da turnê ser no reino unido pra mudar minhas férias, estava começando a ficar com saudade demais de casa. — deu de ombros. — Mas claro, nada se compara a te ver tocando e ouvir essas multidões gritando seu nome... Mesmo que isso devesse ser só meu direito. 

Dei um sorrisinho, puxei seu rosto de leve e dei-lhe um beijo, ela passou a mão pela parte raspada de meu cabelo, mas meu cabelo já não estava como era na faculdade. Era bem mais curto, na altura de meu queixo, ainda tinha meu side cut e as pontinhas pintadas de verde... Mas depois de um tempo, resolvi dar uma variada. Ela afastou o rosto do meu e riu entre os beijos, passei a mão pela sua bochecha, tirando um instante pra apreciar sua presença ali comigo. 

— Velho, vocês são muito fofas. — uma voz fina nos interrompeu daquele momento. 

Nos viramos, Jonas nos olhava sorrindo meio abestalhado, seu corpo curvado em uma postura péssima ressaltando sua estatura baixa, sua regata preta manchada e sua calça preta rasgada contrastando com sua pele branca e pálida. Os olhos azuis com lápis de olho, os cabelos platinados e as sobrancelhas escuras. Jonas meio que parecia Madonna no clipe de "Papa don't preach", mas evitaria dizer isso pra ele, pois isso poderia deixa-lo disfórico. 

Fofas uma ova. — PJ se intrometeu. — Você acha fofo porque conhece elas a pouco tempo, mas pra quem já conhece... Um saco. — ele revirou os olhos, eu e Lorena nos entreolhamos e rimos. — E você acha que melhora? Só pioram essas duas, elas são assim desde que se conheceram lá na Brown. 

Mais uma vez, promovendo a contextualização aqui: 

Jonas era o novo integrante da banda, ele tocava guitarra assim como eu, mas fazia a base enquanto eu fazia os solos e ficava no vocal. A história de como nos conhecemos é bem engraçada até, PJ estava usando o Grindr (não julguem-o, tempos de desespero) e seu perfil dizia: 

"Jonas, 24, escorpiano, me formando em musica pela NYU, garoto trans e emo fora de época. Sei que é o intuito do site, mas por favor, não venham comigo falar de sexo, sou demi. Só quero achar um cara interessado em conversar... Ou em formar uma banda comigo, rs" 

Na época, PJ mostrou o celular pra eu e pra Tiffany intrigado, e sinceramente, ele nos ganhou no "emo fora de época". Convidamos ele pra nos encontrar, nos demos bem com ele... E Julian já estava falando a muito tempo de integrar mais alguém a The Dark Sunset, sua aparição foi extremamente conveniente.

 Jonas riu, se inclinando pra PJ. 

— Você é muito besta as vezes, sabia? — provocou, com um sorriso de canto de boca. — Eu acho elas bem fofas sim, aposto que você só está sendo ranzinza.

PJ arfou. 

— É ai que você se engana, Jonas. — ele virou a cabeça reclinada na poltrona, também sorrindo. — Eu não tenho nada de ranzinza. Inclusive eu sou quase um raiozinho de sol, pra falar a verdade.

Eles se olharam por um instante e riram, mas reviraram os olhares, envergonhados. Eu e Lorena nos entreolhamos de novo, maliciosas. 

Tinhamos certeza que eles eram afim um do outro, dava pra ver de longe! Mas eles sempre negavam, diziam que eram só amigos... Mas eu e Lorena simplesmente não admitíamos o cinismo deles dois nem esse clima que ficava entre eles toda vez que rolava um clima e eles só disfarçavam, sério, era um absurdo! Da última vez que PJ ficou bêbado o suficiente, resolvi puxar essa informação dele, mas ele só me respondeu: 

— Cara... Sim. Mas melhor não, né?! Pra não estragar a banda... — lembro dele estar deitado no camarim com um garrafa de bebida na mão enquanto dizia isso. — E nem adianta ir se gabando, porque se você falar que eu te admiti isso amanhã, eu vou negar. 

E antes que alguém contradiga, as fãs também percebiam! Haviam milhares de videos por ai sobre as pequenas olhadas que eles davam um pro outro em entrevistas, e microexpressões de sorriso ao ouvir menção do nome do outro. E as fãs são as obcecadas, cara, elas não deixam passar nada. Mas mesmo assim, eles negavam.

Eu e Lorena apenas rimos, disfarçando que havíamos percebido o clima entre eles, Lorena balançava a cabeça em negação rindo. Ai ai, esses dois, viu.

— Sério, não queria encher o saco nem nada, mas sempre tive essa curiosidade... — Jonas comentou. — Como vocês se conheceram?!

Mais uma vez, eu e Lorena nos entreolhamos.

— Quer mesmo ouvir? — Ela perguntou, ele assentiu. — Se prepare então, por que essa é uma história longa. — Lorena disse, o riso contido. 

— Relaxe, temos muito tempo até chegarmos em Londres ainda. — Jonas riu, se inclinando pra gente. — Estou extremamente curioso, quero saber tudo. 

Estalei ambas das mãos barulhosamente, fazendo um drama. Lorena riu. 

— Tudo bem então, melhor se preparar pra essa história... Teve risadas, choros, momentos de tensão, problemas com religião, festas, jejuns, vários quase-beijos interrompidos... E até paramos no hospital uma vez. — Declarei, cruzando as pernas em um quatro, sentindo uma onda de nostalgia boa inexplicável ao contar tudo aquilo. — ...E tudo isso, começou com uma foto secreta que foi tirada com um flash.

• • •

A história de nosso romance havia tomado umas boas horas daquela viagem, mas eramos meticulosas, queríamos contar tudo de importante com detalhes. Estava demorando tanto, que já tínhamos cedido ao vinho caro que a comissária de bordo havia passado e nos oferecido. E já estava fazendo efeito, por que nos ali estávamos rindo que nem idiotas. 

 — Cara, você tá distorcendo TUDO! — Lorena reclamou, falando alto. 

— Hm... Nada disso, Jonas!! — contestei, dando um gole da boca da garrafa e virando pra Jonas. — Ela literalmente me agrediu na primeira vez que eu beijei ela, eu tenho provas!! 

— Não é por nada não... — PJ se intrometeu, também ria meio altinho. — Mas eu tava lá no dia, e agrediu sim viu, o tapa foi estalado ainda.

Lorena gargalhava, se inclinava pra frente segurando sua barriga.

— Cara, eu só levei um sustoooo!!! — se explicou, entre risos. — Você acha mesmo que eu faria uma coisa dessas?!!

— Não é questão de achar, é saber. Eu vivenciei, lobinha, não adianta negar agora. — falei, fazendo ela rir mais ainda. 

— Caraca, essa história toda... Lobinha, como na musica! Tudo faz sentido! — Jonas comentou, impressionado. — Vocês faziam e aconteciam, hein?! Se divertiram muito mais que eu, na minha época de faculdade... E seus amigos dessa época, vocês ainda se falam?! Onde eles estão agora?!

— A maioria sim, e cara, alguns deles tiveram destinos tão doidos quanto o nosso... — disse, entre risos. 

— Sabe a Diana, minha melhor amiga?! — Lorena perguntou, Jonas assentiu. — Ela se deu muito bem, cara, ela tá na final daquele programa de costura, Project Runaway!

Jonas arregalou os olhos. 

— Sério?!

— Seríssimo. — Lorena assentiu. — Meu filho, tá pensando o que?! A garota é uma gênia. — ela sorriu — A gente se fala todo dia pela internet, e agora que ela vai se mudar pra Nova York, a gente vai poder ser ver mais.

— Falando em fama, parece que a talento das Chermont está no sangue. — contei, convencida. — Sabe minha irmã, Victoria?! Então, ela ficou internada por muito tempo por causa da bulimia, e durante esse período, ela escreveu tipo um diário de tudo que ela passou, contou sobre o passado dela, a pressão que ela sentia de ser perfeita, sobre os podres do mundo das modelos e dos concursos... E cara, ela se curou com o tempo, e quando viu essa diário repleto de sua história de superação... Ela transformou isso tudo num livro. É um best Seller, cara! Ela está arrasando!! 

Me abaixei pra pegar o livro na minha mochila abaixo de minha poltrona, pude ouvir Lorena fazer um estalinho com a boca. 

— Jade, você é a pior irmã do mundo. — Ela comentou, reclamando. — Sério, eu já li o livro da Victoria DUAS VEZES, e você ai penando pra ler! 

Dei uma risadinha, me levantei com o livro na mão. 

— Eu sou lerda, ela disse que me perdoa pela demora. — comentei, a fala arrastada. Me inclinei pro lado e mostrei a capa do livro pra Jonas. — E cara, o titulo é a parte mais genial de todas. 

A jornada da 'Victoria.' — ele leu na capa, o tom de voz fascinado. — Uau, genial mesmo.

— Nossa, aconteceu foi coisa com essa galera... — Lorena riu, se lembrando. — Acho que a gente andava com um grupinho diferenciado também.

— Com certeza. — concordei, guardando o livro não lido de novo ali na minha mochila abaixo da poltrona. — Jonas, sabe a Zoey, a meio maluquinha? Virou paparazzi. — comentei, aos risos. — Eu vivo conversando com ela ainda, ela diz que se gaba pra todo mundo de ter conhecido a gente antes da fama.— Nossa! — exclamei, lembrando. — Sabe a Chloe, a das festas?! Prima da Zoey?! Cara, ela se  casou, tipo, ela casou. E teve dois filhos!!

— Meu deus... — Jonas riu. — O tanto que as pessoas mudam, hein?!

— E falando em mudanças... Sabe meu ex, André?! Ele foi pra Brown, e meio que se aceitou total lá, até largou a religião! — Ela comentou, indignada. — Eu nunca tive que deixar de ser cristã pra ser lésbica, mas parece que cada um é diferente... 

— Falando nisso, e seus pais?! — Jonas perguntou, a voz sóbria do único ali que não bebeu. — Tipo, depois de você se assumir no hospital ficou tudo bem entre vocês?! 

— Assim... Bem é uma palavra forte. — ela explicou. — Eles se sentiram culpados quando eu contei de meus traumas e tudo mais, mas não se resolveu tudo tão simples assim... Demorou, foi muito chato por muito tempo, até fiquei sem falar com eles por um tempão por causa da tensão entre nos. Mas acredite, as coisas melhoram. — ela sorriu pra ele. — E adivinha quem foi o pastor que fez nosso casamento?! 

Jonas ficou boquiaberto. 

— Nem fudendo... Sério, não acredito. 

— Pois acredite sim. — ela se reclinou na poltrona. — Pois foi Harold Leslie que fez nosso casamento, também conhecido como meu pai.

— Caraca... 

— Falando em casamento. — adicionei, lembrando. — Robbie e Jenny se casaram, eles deram certo mesmo, cara. 

Nesse momento, Tiffany que dormia até agora levantou, esfregando os olhos. 

— Gente, o que aconteceu aqui?! Quanto tempo eu dormi?! 

— Bastante, deu tempo dessas duas aqui contar toda a história de como se conheceram pro Jonas. — PJ explicou, rindo. — E todo mundo se embebedar — PJ completou, virando a garrafa pra Tiffany. Ela pegou e começou a encher uma das taças vazias.

— E você, Tiff?! — Jonas se virou pra ela, que sentava distante dele. — Você e o Tony, no caso, o que aconteceu depois que vocês voltaram?! 

— Ah... — ela bocejou, alongando o braço. — A gente terminou. 

Ele ficou em silêncio, parecia meio sem graça. 

— Eu sinto muito... 

— Mas não teve nada a ver com droga não! — Tiff explicou, finalmente abrindo os olhos completamente. — A gente passou um tempo namorando, e terminou por outro motivo. 

— Acontece. — PJ deu de ombros. — Nem todos os casais da faculdade duram. 

Mas vocês duraram. — Jonas rebateu, sorrindo pra gente. 

Eu e Lorena nos encaramos, sorrimos. 

— Com certeza... — sua voz estava meio lenta pelo álcool, mas ela sorriu. 

— Cara, isso foi divertido, a gente devia contar essa história mais vezes. — Declarei, passando o braço pelo ombro dela. — Se algum dia a gente tiver filhos também, eu demorar temporadas e temporadas pra contar tudo só pra no final pode dizer... E CRIANÇAS! Essa é a história de como eu conheci sua mãe... — ela gesticulou no ar.

PJ revirou os olhos, mas os outros riram.

— Anos se passam, e você continua sem graça. Impressionante. 

— Discordo plenamente... — Lorena apoiou a cabeça no meu ombro, cansada. — Eu acho a Jade tipo, a mulher mais engraçada do mundo. 

Ele revirou os olhos de novo. 

— QUE GAAAAYYY!!! — ele berrou, se jogando pra trás na poltrona. Todos rimos, aproveitando os bons momentos que PJ bêbado nos proporcionava. 

— Cara, como você pode ser tão ranzina?! — Jonas questionou, aos risos. — Isso é inveja, cara. Arranja uma vida, arranja um namorado. — ele brincou. 

— Um namorado, Jonas... — PJ virou a cabeça pra ele, deixou escapar um sorrisinho. — Quem sabe um dia.

E quase que instantaneamente, as bochechas pálidas de Jonas coraram. Ele virou a cabeça abruptamente pro outro lado pra disfarçar. 

— É... — Ele pigarreou. — Ótima história, Jade, Lore. Mas acho que agora vou dormir, o voo ainda vai demorar.

— Boa ideia... — PJ ajeitou um daqueles travesseiros de pescoço e fechou os olhos. — Álcool me deixa sonolento...

Jonas observou PJ até ele fechar os olhos e se virar pro lado pra dormir, desviou o olhar e colocou uma daquelas vendas de dormir, deixando o silêncio pairando sobre nos, fazendo com que eu e Lorena nos encarassemos novamente, e novamente, dassemos risadinhas disfarçadas. Meu deus, a tensão entre os dois era tanta que era quase desconfortável ficar entre eles. 

— Quer apostar quanto que eles dois leem as Fanfics que as fãs fazem deles dois escondidos?! — ela sussurrou no meu ouvido, me fazendo dar uma risada abafada. 

— Nossa, com certeza. — concordei, sorrindo pra ela. — Você já ouviu falar daquela, EmoL0v3?! Ouvi dizer que é famosa. 

E dessa vez, foi ela que não conseguiu disfarçar sua risada. Ri junto com ela, aproveitando como mesmo depois de tantos anos, sua risada esquisitinha ainda era a coisa mais gostosa de se ouvir no mundo. Ela me abraçou com um dos braços, virou a cabeça pra abrir um sorrisinho pra mim. 

— Quanta nostalgia hoje, hein?! — comentou, besta. 

— Pois é. 

— Nossa, mas tá batendo forte mesmo! — ela continuou. — Sério, se eu falasse pra sei lá, Lorena de 15 anos que anos pra frente eu seria uma garota lésbica assumida, que estaria com minha esposa no avião particular dela pra acompanha-la em sua turnê... Com certeza eu diria que eu estava louca. 

Dei uma risadinha, coloquei uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha. 

— Parece que você surtou, mesmo... — comentei, passando o dedo delicadamente atrás de suas orelhas. — ...Bebendo todo esse vinho?! Coragem, Lobinha, você sabe que você é fraca pra bebida...

Ela riu. 

— Mas sério... Eu te amo muito. — falei de novo, ainda assolada por toda essa onda de nostalgia que pairava sobre nos. — E pensar que depois de tudo que a gente passou, hoje a gente tá aqui. — dei uma pausa, sorri. — É quase que bom demais pra ser verdade. 

Ela sorriu, seus olhos castanhos se enrugando, e me puxou para um beijinho. 

— Mas acredite, é verdade sim. E eu também te amo, Chermont. — brincou ela, me fazendo rir e ficar mais nostálgica ainda. — Parece que o amor sempre vence, não é mesmo?! 

Senti meu coração ficar quentinho, dei-lhe um beijo suave. 

— Sempre não sei... Mas com a gente com certeza venceu. — declarei, fazendo nos duas sorrirmos. 

Ela bocejou colocou a mão atrás do pescoço e apoiou a cabeça de novo sobre meu ombro. 

— Acho que vou dormir também... — ela disse, se ajeitando em cima de mim e entrelaçando sua mão com a minha. — Melhor você dormir também, você tem seu show amanhã...

— É, o dever me chama. — Abri um sorriso, ela sorriu também, os olhos marejados de sono.

— Denis teria tanto orgulho se pudesse te ver hoje... — Ela comentou, se apoiando em mim. — Não só pela música e o sucesso, mas por tudo que passou e como você cresceu com isso... Sabe?

Senti meus olhos se encherem de lágrimas, meu coração palpitando de saudade ao ouvir menção do nome dele. Mas acho que ela estava certa... Ele realmente teria orgulho se me visse hoje hoje, gostaria que ele pudesse estar aqui pra me ver hoje. Aproximei-me dela e dei um beijinho em sua testa.

— Ela gostaria bastante de você se te conhecesse — adicionei, ela sorriu, os olhos já fechado. — Boa noite, Lobinha. — apoiei minha cabeça em cima da dela, consegui ver que ela dava um sorrisinho de canto de boca. 

— Boa noite... — ela disse, os olhos se fechando. 

Deixei escapar mais um sorrisinho, minha cabeça encostada com a dela, nossas mãos entrelaçadas... Nos duas, nos demos certo. E mesmo com toda a fama, dinheiro, contratos com gravadoras e jatinhos particulares... Era por nos duas que eu era mais grata, afinal. Depois de tudo que passamos... Era inevitável que de vez em quando ainda batesse essa onda de euforia toda vez que me lembrava de nossa história, e que mesmo com todas os obstáculos no caminho, o nosso amor foi mais forte e fez que ficássemos juntas até aqui, e que ainda nos faria ficar juntas por muito mais.

Puxei sua mão de leve e dei-lhe um beijo nas costas da mão, coloquei nossas mãos de volta no meu colo. Sorri fechando os olhos, percebendo que também estava cansada... 

Por que afinal, depois de um dia longo, tudo que eu mais queria era poder dormir com a mulher de minha vida. 

Fim

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